Obsidian: De Esposa a Escrava - Parte 4

Da série Obsidian
Um conto erótico de Fabio N.M
Categoria: Heterossexual
Contém 3579 palavras
Data: 23/10/2024 13:43:55

Os dias que se seguiram à primeira visita ao Obsidian foram um misto de alívio e incerteza para Emily. Ela havia conseguido o que tanto desejava, se reaproximar de Adriano. O clube, com sua atmosfera envolvente e a liberdade que oferecia, havia funcionado como uma ponte entre eles. A dança lenta, o toque cuidadoso de Adriano, e a maneira como ele finalmente relaxara ao lado dela fizeram Emily acreditar, ainda que por um breve instante, que eles poderiam, de fato, reacender a chama que se perdera.

No entanto, a sombra de Vincent continuava pairando sobre sua mente, muito mais presente do que ela gostaria de admitir. Embora o olhar dele na noite anterior tivesse sido breve, algo naquela troca silenciosa mexera profundamente com Emily, como se ele visse dentro de sua alma. Ela não conseguia afastar a sensação de que Vincent a enxergava de uma maneira que ninguém mais via, nem Adriano, nem Isabela, nem ela mesma. Havia uma intensidade naquele homem que a intrigava, uma promessa oculta por trás de cada movimento e palavra.

Naquela manhã, logo depois de Adriano sair para o trabalho, Emily se viu sozinha em casa, imersa em pensamentos. O café esfriava lentamente na xícara em suas mãos enquanto ela encarava a janela. O silêncio da casa, que outrora a reconfortava, agora parecia amplificar a confusão dentro dela.

A conversa com Adriano após a visita ao Obsidian havia sido tranquila. Ele mencionara que se sentira mais à vontade no final da noite, mas não aprofundara o que realmente pensava sobre o clube. Emily sabia que ele ainda estava processando a experiência, e ela não queria pressioná-lo. Por outro lado, não conseguia ignorar os pensamentos persistentes sobre Vincent.

Emily pegou o celular e, sem saber exatamente por que, procurou o contato de Isabela. Ela precisava conversar com alguém que entendesse o que estava acontecendo, alguém que estivesse imersa naquele mundo de forma mais profunda.

— Oi, gata! — disse Isabela, sua voz animada do outro lado da linha. — Como você está?

— Estou bem… eu acho — respondeu Emily, hesitante. — Na verdade, queria falar com você sobre o que aconteceu no Obsidian. Foi muita coisa pra processar.

Isabela riu baixinho.

— Isso é completamente normal. A primeira visita pode parecer um choque, mas eu vi que vocês dois estavam se saindo bem. Especialmente na dança — ela comentou com um tom malicioso, fazendo Emily sorrir.

— Sim, foi bom… — Emily hesitou por um momento. — Mas preciso perguntar uma coisa. Vincent… ele parecia me observar. Foi só impressão minha?

Houve uma breve pausa antes de Isabela responder, e Emily sentiu seu estômago revirar enquanto esperava.

— Ah, Vincent — disse Isabela, com um tom que misturava diversão e algo mais sombrio. — Ele tem esse efeito nas pessoas. É parte do charme dele, mas também… parte do poder que ele exerce sobre o clube. Vincent sempre sabe mais do que parece. Ele observa, estuda, e parece sempre saber dos nossos desejos mais profundos.

— Isso não soa… perigoso? — perguntou Emily, tentando entender o que aquilo significava.

Isabela riu novamente, mas dessa vez com um ar de mistério.

— Depende do que você está buscando, Emily. Vincent pode ser perigoso, sim, mas só se você deixar. Ele é o tipo de homem que percebe desejos ocultos, aqueles que você nem sabia que tinha, e os traz à superfície. A pergunta é: você está pronta para isso?

Emily ficou em silêncio por um momento, sentindo o peso das palavras de Isabela. Havia algo em Vincent que a perturbava, mas também a atraía. Ela não sabia o que pensar. Não sabia se queria explorar esse lado de si mesma.

— Acho que… não estou pronta para isso — respondeu finalmente, sentindo a verdade daquelas palavras. Ela ainda estava tentando salvar seu casamento com Adriano. O que quer que Vincent estivesse vendo nela, não era o caminho que ela queria seguir.

— É compreensível — disse Isabela suavemente. — Mas lembre-se, o Obsidian não é apenas sobre você e Adriano. É sobre você se descobrir também. Só… vá com calma.

Emily desligou o telefone, sentindo-se um pouco mais leve, mas ainda com uma sombra persistente em seus pensamentos. Ela se levantou e caminhou até a janela, observando o dia ensolarado lá fora, tentando afastar as imagens de Vincent da mente. Mas elas continuavam voltando, como um sussurro constante no fundo de sua consciência.

Mais tarde naquela noite, quando Adriano chegou do trabalho, Emily tentou manter a conversa leve. Eles jantaram juntos, e ele parecia mais relaxado do que nas semanas anteriores. Talvez o Obsidian realmente estivesse ajudando, de alguma forma. Eles conversaram sobre assuntos triviais, riram um pouco, e Emily sentiu um leve otimismo crescer.

— Estive pensando… — Adriano disse de repente, enquanto terminavam a sobremesa. — Talvez devêssemos voltar ao Obsidian.

Emily ficou surpresa com a sugestão. Ela não esperava que ele fosse tão rápido em considerar outra visita.

— Você acha? — perguntou ela, tentando não parecer ansiosa.

Adriano deu de ombros, mas havia algo em seus olhos que mostrava que ele estava falando sério.

— Sim. Acho que, de alguma forma, aquilo nos fez bem. E… se isso é algo que pode nos ajudar, estou disposto a tentar novamente.

Emily sorriu, sentindo uma onda de alívio e esperança. Eles estavam avançando, mesmo que aos poucos. A decisão de Adriano de tentar novamente era um passo importante.

— Eu também acho que pode ser bom — respondeu ela suavemente. — Podemos voltar lá.

Adriano assentiu, e por um momento, tudo parecia estar no lugar.

Quando Emily e Adriano cruzaram novamente as portas do Obsidian, a atmosfera já não parecia tão estranha quanto da primeira vez. O calor sensual do lugar, a música que pulsava no ar, e a iluminação baixa criavam um cenário de intimidade, onde os limites da realidade se desfaziam em uma dança de desejos. Mas, naquela noite, algo estava diferente. A tensão entre eles era mais palpável, como se cada movimento, cada olhar, carregasse consigo uma promessa de algo mais ousado.

Adriano havia sugerido a segunda visita, e Emily, embora surpresa com a iniciativa dele, sabia que essa seria uma noite em que dariam um passo mais além. Eles não estavam lá apenas para observar, e o desejo entre os dois era evidente.

Assim que entraram, Isabela e Gabriel os cumprimentaram brevemente, mas, desta vez, não ficaram juntos. Emily e Adriano decidiram explorar por conta própria. Eles caminharam pelo salão principal, observando os casais já confortavelmente envolvidos em interações mais íntimas. As risadas e os sussurros enchiam o ar, e Emily sentia seu corpo responder àquela atmosfera. Era impossível ignorar o calor crescente em sua pele, e ela percebeu que Adriano sentia o mesmo.

Ele a segurou pela cintura, trazendo-a para mais perto enquanto caminhavam, o toque de seus dedos um pouco mais firme, mais possessivo. Ela olhou para ele de soslaio, sentindo algo diferente na forma como ele a tocava naquela noite, como se estivesse tentando reafirmar sua presença, seu domínio sobre ela naquele ambiente carregado de sensualidade.

— Está tudo bem? — perguntou ela suavemente, embora soubesse a resposta.

Adriano não a olhou, mas ela pôde sentir o leve tremor em sua voz quando respondeu.

— Sim… Só acho que estou começando a entender por que as pessoas voltam aqui — disse ele, com um meio sorriso, mas havia um brilho nos olhos dele, algo mais selvagem, mais ousado, que ela não reconhecia completamente.

Eles se aproximaram de uma área onde sofás de couro preto estavam dispostos em um círculo, criando uma zona mais íntima. Ao redor, alguns casais já estavam imersos em suas próprias explorações, sem medo de serem observados. Havia uma aura de liberdade e desejo puro ali, e Emily sentiu seu corpo reagir, o coração batendo mais rápido. Era isso que o Obsidian oferecia: a liberdade de ser quem eles eram, sem julgamentos, sem limites.

Ela e Adriano trocaram um olhar silencioso, e, sem palavras, ele a puxou para um dos sofás. Emily se sentou ao lado dele, sentindo o calor do corpo dele irradiar para ela. Os olhos de Adriano estavam fixos nos dela, mais intensos do que ela se lembrava em muito tempo.

— Acho que precisamos nos soltar um pouco mais — disse Adriano, a voz baixa, mas cheia de intenção.

Emily engoliu em seco, sabendo que a tensão entre eles estava prestes a explodir. O ambiente ao redor não fazia mais diferença. Ela sentia os olhares dos outros casais sobre eles, mas aquilo só parecia aumentar o desejo que estava crescendo dentro dela.

Adriano inclinou-se para frente, os lábios roçando os dela por um breve segundo antes de mergulhar em um beijo mais profundo, mais faminto. Emily sentiu a excitação percorrer seu corpo enquanto o beijo se intensificava, suas mãos já explorando o corpo dele, sem nenhuma hesitação. A sensação de serem observados apenas alimentava o desejo de ambos, como se, naquele momento, a presença dos outros fosse uma confirmação de que o que estavam fazendo era permitido, até mesmo incentivado.

As mãos de Adriano desceram pela cintura de Emily, e ela respondeu ao toque dele, seu corpo mais entregue do que nunca. A música, o ambiente, a liberdade, tudo parecia conspirar para que aquela noite fosse diferente de todas as outras. Eles não eram mais o casal cauteloso, tentando se reconectar; agora, eram duas pessoas entregues ao desejo.

Sem pensar duas vezes, Adriano a puxou para cima dele, e logo os corpos deles estavam entrelaçados, se movendo em um ritmo que não era só deles, mas do próprio clube, como se o Obsidian tivesse o poder de amplificar cada toque, cada sensação. Ela sabia que havia outras pessoas observando, mas isso só a excitava ainda mais. A sensação de estar à vista de outros casais, de ser o centro das atenções naquele momento, a fazia se sentir viva de uma forma que não sentia há muito tempo. Ela olhou ao redor, seus olhos captando os movimentos ao redor, as respirações entrecortadas dos outros casais, e sentiu um calor percorrer sua pele.

Foi nesse momento que ela o viu. Vincent.

Ele estava ali, parado à distância, um vulto ocultado pelas sombras, seus olhos fixos nela, como se soubesse exatamente o que estava acontecendo. O olhar de Vincent não era invasivo, mas havia algo perturbadoramente íntimo na maneira como ele a observava. Como se ele já esperasse por aquilo, como se soubesse que eles acabariam cedendo ao ambiente, ao desejo.

O coração de Emily acelerou ainda mais, mas desta vez não era apenas por causa de Adriano. Vincent a estava observando, e a sensação de estar sob seu olhar penetrante despertou algo nela que ela não conseguia controlar. Havia um misto de culpa e excitação, um conflito que a pegou de surpresa. Ela estava ali com Adriano, mas a presença de Vincent mexia com ela de uma forma que não conseguia explicar.

Adriano, alheio ao que estava acontecendo dentro da mente de Emily, continuava a explorar o corpo dela, e ela retribuía, mas sua mente estava dividida. Como Vincent podia ter esse poder sobre ela? Ela tentava afastar a imagem dele de sua mente, mas o olhar dele a seguia, e ela sabia que ele estava prestando atenção em cada movimento, cada toque.

Adriano deslizava com suavidade seus lábios pela pele ardente de Emily, que arfava sentindo seu corpo queimar de desejo. Enquanto ele se concentrava, massageando seus seios e tamborilava a ponta da língua nos bicos rígidos e amarronzados, ela se acomodava sobre seu colo, passando os braços pelos ombros do marido e sentindo sua masculinidade abrindo caminho dentro dela. Emily sentiu um prazer avassalador, mas junto com isso, um conflito profundo. O desejo que sentia por Adriano estava lá, mas havia também um desejo estranho, confuso, que surgia cada vez que olhava sutilmente para Vincent.

As mãos de Adriano a agarraram com força em seu traseiro instigando-a a cavalgar. O pudor e a prudência já não existia, apenas o desejo que precisava ser saciado. Os movimentos frenéticos e intensos, acompanhados pela sinfonia de gemidos embargados, despertavam a curiosidade dos casais que estavam em volta e observavam com entusiasmo.

Suas virilhas se chocavam com estalo e o suor brilhava em seus corpos sob a fraca luz violeta. Os olhares atentos do público elevam a tensão. Logo, eles se juntavam ao coro de gemidos e sexo intenso, conduzidos pelo casal que agora transavam com selvageria e brutalidade.

Agarrada à cabeça de Adriano em um abraço apertado, os olhos verdes e intensos de Emily estavam fixos em seu observador. A boca entreaberta, o fôlego escapando por entre seus lábios à medida que era empalada e movimentos frenéticos, o suor de sua testa fazendo mechas de seu cabelo colarem em seu rosto, lhe dava um ar erótico que mexiam com Vincent. Seus olhos se fecharam por um momento ao sentir o corpo estremecer em espasmos e a eletricidade eriçando sua pele até o grito de prazer escapar de sua garganta. Um orgasmo intenso e arrebatador que escorria por sua vagina levando junto todas as suas forças.

Enquanto eles terminavam, os corpos ainda entrelaçados, Emily lançou um último olhar na direção de Vincent. Ele já havia desaparecido na escuridão do clube, mas o impacto que ele causara permanecia. Ela queria salvar seu casamento com Adriano, mas não conseguia ignorar o fato de que, de alguma forma, Vincent havia se tornado um intruso nessa história.

Eles se vestiram em silêncio, ambos ofegantes, mas satisfeitos com o que haviam feito. Adriano, sem saber da batalha interna de Emily, parecia mais relaxado do que nunca.

— Isso foi… — começou ele, com um sorriso cansado, mas satisfeito.

— Intenso — completou Emily, tentando esconder o turbilhão de emoções que sentia.

Eles se levantaram e começaram a caminhar em direção à saída, mas Emily sabia que aquela noite havia aberto uma nova porta, uma que ela não esperava atravessar. E, agora, Vincent estava do outro lado.

Ao deixar o Obsidian naquela noite, algo havia mudado. O desejo entre ela e Adriano, a ousadia que haviam experimentado ao se expor diante de outros, havia sido libertador. Mas, ao mesmo tempo, a presença de Vincent havia interferido, plantando uma semente de dúvida.

A rotina de Emily havia se tornado uma montanha-russa emocional. Durante o dia, ela se esforçava para se manter focada no trabalho, nos compromissos diários, em tudo que fosse prático e concreto. Mas, à noite, quando as distrações se esvaiam e o silêncio tomava conta da casa, sua mente vagava inevitavelmente para Vincent. A cada dia, suas fantasias se tornavam mais intensas, mais difíceis de controlar. Ela queria, desesperadamente, afastar esses pensamentos, focar em Adriano e no casamento que estavam tentando salvar. Mas quanto mais ela tentava, mais forte se tornava o magnetismo de Vincent.

Uma tarde, encerrado mais um dia de trabalho em seu salão, enquanto cruzava a calçada, os pensamentos já começavam a se perder novamente em memórias da última noite no Obsidian, quando sentiu uma presença familiar. Ao levantar os olhos, seu coração quase parou. Vincent estava do outro lado da rua, parado em frente a uma cafeteria. Ele estava exatamente como sempre: elegante, imponente, e com aquela aura de mistério que parecia segui-lo aonde quer que fosse.

Por um momento, Emily congelou. “O que ele estava fazendo ali?” Ela jamais esperava encontrá-lo fora do clube, naquele ambiente casual, quase mundano. Vincent parecia um intruso na normalidade do dia a dia, como se pertencesse apenas ao mundo secreto e sensual do Obsidian.

Vincent a viu. Seus olhos azuis-claros a encontraram como se soubesse que ela estava lá o tempo todo. E, naquele exato momento, Emily sentiu seu corpo estremecer involuntariamente. Aos poucos, o barulho do trânsito, o murmúrio das pessoas na rua, até o calor da tarde, tudo desapareceu. Restava apenas o olhar penetrante de Vincent, e a sensação de que, de alguma forma, ele a estava puxando em sua direção.

Emily sentiu seu corpo reagir antes de sua mente. Ela tentou se mover, virar-se e seguir em outra direção, mas era como se algo a ancorasse ali. Ela queria falar com ele. Queria entender por que ele tinha tanto poder sobre ela, por que seu simples olhar conseguia desestabilizá-la tanto.

E então, de maneira quase imperceptível, Vincent acenou com a cabeça para ela. Não era um gesto óbvio, mas o suficiente para dizer que ele a estava convidando. Convidando-a a atravessar a rua, a se aproximar. O convite silencioso fez o sangue de Emily correr mais rápido, enquanto um misto de excitação e medo percorria seu corpo.

Ela sabia que deveria recusar. Sabia que, se cedesse, cruzaria uma linha que não conseguiria voltar, mas o que era exatamente que a impedia? Não havia Adriano ali, não havia o Obsidian, apenas ela e Vincent, duas pessoas em uma rua movimentada de uma cidade qualquer.

Com o coração acelerado e as mãos levemente trêmulas, Emily atravessou a rua. Cada passo parecia carregado de medo, como se estivesse indo em direção a um abismo de onde iria se jogar. Quando finalmente parou em frente a ele, Vincent sorriu, um sorriso suave e provocativo.

— Emily — disse ele, sua voz baixa, quase um sussurro, mas cheia de poder. — Que coincidência te encontrar aqui.

O som de seu nome saindo dos lábios de Vincent fez Emily estremecer. Ela sentiu um arrepio percorrer sua espinha, uma reação que não conseguiu controlar. Por mais que soubesse que deveria se manter firme, sua mente já estava dividida.

— Vincent — respondeu ela, a voz ligeiramente hesitante. — O que você faz por aqui?

Ele a observou por um momento, como se estivesse saboreando a tensão que pairava no ar entre eles. Vincent sempre tinha uma calma quase perturbadora, como se nada o abalasse. Como se sempre estivesse no controle.

— Às vezes, gosto de sair do clube — disse ele, casualmente, mas com um leve sorriso enigmático. — E você? O que te trouxe aqui hoje?

Emily olhou para ele, ainda surpresa com o quão casual ele parecia em um ambiente tão cotidiano. Por mais que quisesse manter a compostura, sentia-se cada vez mais atraída por ele, como se ele emanasse uma energia que a sugava para mais perto, mesmo quando queria resistir.

— Trabalho — respondeu ela, tentando soar despreocupada, mas o calor subindo pelo seu corpo a denunciava. — Saí há pouco.

— Hmm, trabalho… — murmurou Vincent, com um olhar que parecia ler mais do que ela dizia. — E como está a vida fora do clube?

Emily sabia que ele estava jogando com ela, desafiando-a a ser honesta sobre o que estava sentindo. Ele sempre soubera o efeito que tinha sobre ela, e agora, fora do Obsidian, esse poder parecia ainda mais forte.

— Está tudo bem — respondeu Emily, quase automática, mas não conseguiu manter o contato visual. Ela sabia que não estava tudo bem. Vincent era o motivo de suas noites em claro, de suas dúvidas, de sua luta interna entre o desejo por ele e a lealdade a Adriano.

Vincent inclinou a cabeça levemente, como se estivesse considerando algo.

— Eu fico feliz que você tenha se permitido explorar algo novo com Adriano — disse ele, seus olhos ainda fixos nela. — Mas vejo que há mais em você. Algo que ainda está preso.

Aquelas palavras atingiram Emily como um soco. “Ele sabia”. Sabia que, por mais que ela tentasse focar em Adriano, havia algo nela que estava sendo despertado, algo que ela não sabia como controlar.

— O que você quer dizer? — Emily perguntou, a voz mais baixa agora, sentindo o chão debaixo de si começar a se desfazer.

Vincent deu um passo em sua direção, apenas o suficiente para diminuir a distância entre eles. Não foi invasivo, mas o suficiente para que ela sentisse o calor de sua presença.

— Todos nós temos fantasias, desejos ocultos — disse ele suavemente, como se estivesse falando de algo completamente normal. — Alguns escolhem ignorá-los. Outros… exploram.

Emily sentiu sua respiração acelerar. Explorar. Aquela palavra ressoou em sua mente como uma tentação perigosa. Ela sabia que estava brincando com fogo, sabia que deveria se afastar, mas o que Vincent representava era algo que ia além do físico. Ele a entendia de uma forma que ninguém mais parecia entender.

— E o que você acha que estou escondendo? — perguntou Emily, quase sem fôlego.

Vincent sorriu novamente, dessa vez um sorriso mais íntimo, como se estivesse se aproximando da verdade.

— Você ainda está tentando salvar seu casamento — disse ele, sua voz firme, mas tranquila. — Mas parte de você… parte de você já sabe que não é só isso. Pelo menos, não inteiramente.

Emily sentiu um frio percorrer seu corpo. Ele estava certo. Ela sabia que, por mais que quisesse salvar seu casamento com Adriano, havia algo que a fazia se afastar. Algo que a fazia desejar mais. Algo que só Vincent parecia oferecer.

Antes que ela pudesse responder, o telefone de Vincent tocou, quebrando o momento entre eles. Ele olhou para o aparelho e, com um leve aceno de cabeça, pediu licença.

— Preciso ir — disse ele, com um tom de despedida que parecia mais uma promessa. — Mas lembre-se, Emily, as portas do Obsidian estão sempre abertas. E eu… sempre estarei lá.

Vincent a olhou uma última vez antes de se afastar, desaparecendo pela rua com a mesma calma que chegou. Emily ficou parada, sem saber como reagir. O coração ainda batia rápido, e as palavras dele ecoavam em sua mente. “Eu estarei lá”.

Ela sabia que, a partir daquele momento, as coisas nunca mais seriam as mesmas. O que havia acontecido entre eles naquela tarde, mesmo sem toques ou palavras explícitas, havia cruzado uma linha. Agora, ela estava dividida mais do que nunca entre o homem com quem se casou e o homem que despertava nela algo que ela nunca havia conhecido.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 44 estrelas.
Incentive Fabio N.M a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil de Morfeus Negro

Bom capítulo, continuo mantendo o interesse pela evolução dos desejos da Emily.

0 0
Foto de perfil de Samas

Caraca ,eu sabia que o Vicent captou a fraqueza da Emily no momento em que a viu ,mas não fazia ideia do poder que ele tinha . Esse cara consegue ver,sentir os desejos ocultos. Posso estar enganado mas a Emily tem desejos de exibicionismo,ela gosta de ser o centro das atenções,de sentir desejada ,até por tudo que passou com o Adriano a rejeitando de tempo todo.

1 0
Foto de perfil de Fabio N.M

Já te considero meu fã número #1 😅

Muito obrigado pelo feedback

1 0
Foto de perfil de Samas

Grato pela consideração. Você é um grande autor,seus contos até aqui tem sido muito bons . Sucesso! Só precisa atrair mais leitores para seus contos e para isso seria bom frequentar as obras de outros autores grandes do site: Lukinha ,Mark da Nanda ,Nanda do Mark ,Léon Medrado , Ménage Literário Erótico etc. E se possível peço que de uma olhada nos contos de uma amiga e ex escritora aqui do site: Katita . Um abraço e sucesso 👍

0 0

Listas em que este conto está presente