No Campinho

Um conto erótico de Gio Vaz
Categoria: Grupal
Contém 5474 palavras
Data: 23/10/2024 23:21:44

O ônibus estava lotado, pra variar. Eu estava voltando do trabalho. Passava das 19h e estava um dia insuportavelmente quente. A maioria dos passageiros estava transpirando e alguns estavam com um odor desagradável exalando das axilas. Em meio à multidão aglomerada no corredor do ônibus, eu observava um rapaz, de aproximadamente 1,80 de altura, barba por fazer, cabelo preto e curtinho, pele bronzeada e costas largas. Estava com uma mochila volumosa entre as pernas grossas. Ele encarava a rua. As luzes dos postes passavam rapidamente enquanto se segurava firme no apoio de metal do teto. Seus músculos se contraíam a cada movimento brusco do automóvel. Apertava forte a barra de metal pra se equilibrar, o que fazia suas veias saltarem. Sua camiseta estava molhada nas costas. Devia ter tido um dia infernal, assim como eu. Assim como a maioria das pessoas dentro daquela lata-velha.

Como de costume, minha mente divagou. Imaginei o quão bom seria se aquele ônibus estivesse vazio. Somente eu e ele... Ou melhor; passei a me imaginar - em um impulso de coragem - passando por entre os passageiros, sem pedir licença, indo até o rapaz e o segurando pelo braço brilhoso pela transpiração. Ele iria me olhar, confuso, e então eu iria me ajoelhar naquele chão imundo e trêmulo daquele ônibus degradante. Iria desabotoar a sua calça jeans, enfiar a mão em sua cueca úmida de suor e puxar seu pau pra fora. O cheiro subiria com um vapor de suas bolas quentes e molhadas. Eu iria abocanhar aquele pau grosso e mole e me deliciar enquanto alguns tarados iam começar a se masturbar assistindo, incrédulos. Ele iria endurecendo dentro da minha boca e, em menos de dois minutinhos, iria gozar rios de porra na minha boquinha. Porque talvez estivesse precisando disso; descarregar todo seu cansaço dentro de uma boca disposta a engolir cada gota. Ele iria gemer tão alto com sua voz grossa que iria soar como um rugido de um bicho feroz. Pensar no horror estampado no rosto de cada passageiro me deixava em êxtase.

O ônibus brecou violentamente, os pneus deram um berro agudo e o som estrondoso da buzina quase explodiu os tímpanos dos passageiros. Voltei à realidade rapidamente e agarrei forte a barra de metal pra não cair em cima de uma senhora sentada. Senti que estava molhada com os pensamentos que acabei de ter (tanto que uma gota escorria da minha calcinha ensopada e descia pela minha coxa por baixo do vestido social preto. Minha buceta pulsou. O motorista passou a discutir com o motorista do carro à frente e as pessoas passaram a resmungar enquanto uma ou outra reclamava em voz alta. Enfim, a bela harmonia de um transporte público lotado no fim do dia...

O rapaz alto havia descido do ônibus há mais ou menos meia hora, e eu jamais iria esquecê-lo. Tenho esse problema de me apaixonar diariamente por desconhecidos em transportes públicos.

O ônibus ia esvaziando e chegava o meu destino. Apertei o botão de parada e, antes que o ônibus parasse por completo, as portas foram se abrindo. Aguardei ele parar e então desci irritada com o motorista. O que ele queria? Que eu pulasse com veículo ainda em movimento? "Custa abrir as portas quando já estiver parado, porra?" pensei comigo mesma.

O ponto que eu descia ficava na calçada de uma praça, e nessa praça havia alguns aparelhos para idosos se exercitarem, um parquinho para as crianças e um campinho - não muito grande - de futebol. Haviam imensas grades em volta do campo, o separando da praça. Cerca de oito moleques, aos gritos, corriam atrás de uma bola, sujos e ensopados de suor. Aparentavam ter entre dezoito e vinte anos.

Encostei na grade e esperei meu marido chegar pra me acompanhar até em casa. Eu precisava passar por uma rua onde o poste de iluminação havia queimado há meses e muitos assaltos e abusos estavam acontecendo por lá, então meu marido se propôs a me buscar.

Percebi de relance quando um deles cutucou um dos colegas e apontou pra mim, ele estava ofegante. Logo, a maioria deles estava olhando e comentando. Ouvi um assovio e um deles murmurou algo e pude ouvir a palavra "loirinha gostosa" em uma frase pouco abafada pela distância entre nós. Eu fiquei levemente irritada. Peguei o celular e liguei pro meu marido. Depois de duas tentativas ele atendeu. Estava um barulho horrível na ligação e logo pude notar que havia uma música de fundo e algumas vozes. Estava bebendo, novamente... Não consegui entender nada do que ele dizia mas consegui compreender o que pareciam ser frases como "eu esqueci" e "já tô indo aí". Respirei fundo, profundamente aborrecida. Desliguei a ligação, guardei o celular na bolsa e saí andando em passos firmes.

Após uma caminhada de aproximadamente cinco minutos (pode parecer pouco mas faça uma caminhada de cinco minutos em uma subida íngreme e irá ver que há muito no que refletir nesse tempo) minha irritação logo se transformou em uma curiosidade. Durante o trajeto até em casa, eu refletia sobre a situação. Pensava na boa parte daqueles moleques chegando em casa e suas mães mandando eles irem imediatamente pro banho ou comerem alguma coisa. Imaginei cada um deles no banho pensando em mim, se é que me entendem. Minha mente fértil nunca me deixou em paz mesmo.

Antes de dormir, eu tomei um banho, me sequei, enrolei a toalha na cabeça e tive uma conversinha comigo mesma no espelho embaçado - um dos sinais da minha possível esquizofrenia.

- O que você quis com aqueles pensamentos?

- Não sei! Mente fértil, talvez? Esses pensamentos me controlam e você sabe disso. - eu movia os lábios mas não soltava um som enquanto passava uma máscara hidratante no rosto. Um fio dos meus cabelos dourados caiu sobre meu rosto e o ajeitei pra baixo da toalha, com cuidado pra não sujar o tecido da toalha com o creme. Meu marido estava roncando no quarto, fedendo a álcool.

- Mente fértil? Sua mente não é saudável. Pensar em garotos? Isso não é um tanto doentio?

- Não são crianças, Débora! São... Jovens. - dava de ombros enquanto gesticulava - E não, minha mente não é nem um pouco saudável, concordo com você.

- Tá, e por que não tem pensamentos assim quando é um marmanjo que mexe com você na rua? - me questionei e me deixei sem resposta. Aliás, era óbvio. Por que eu iria dar atenção a algum velho babão se posso aproveitar o fato de caras novos me acharem minimamente atraente? Uma pessoa nova tem menos chance de brochar.

- Não sei... Deve ser porque eles fazem isso com todas as mulheres que vêem. - respondi.

- E os garotos não?

- Acho que os mais novos costumam ser mais exigentes. Quando acham uma mulher bonita, é porque ela é realmente bonita. Eu sempre gostei de Mucilon e você sabe disso. Eu fui chamada de gostosa, o que eu posso fazer? - pisquei pra mim mesma e ri sozinha.

- Terapia?! - exclamei em resposta em pensamento, com os olhos castanhos claros arregalados.

- Terapia é cansativo. É desgastante. - fazia uma expressão de sofrimento enquanto gesticulava - Como eu iria chegar pra um psicólogo desconhecido e falar que tenho pensamentos eróticos com outros desconhecidos na rua? E outra, eu teria pensamentos eróticos com o psicólogo também.

- Isso é mais comum do que pensa.

- Ué... Então não preciso de terapia! Se é comum, é natural! - dei de ombros novamente.

- A questão é que você MAIS UMA VEZ pensou em descontar a raiva de seu marido em sexo com outra pessoa!

Fiquei em silêncio por um momento, pensando da vez em que eu e meu marido brigamos e no dia seguinte fui visitar um amigo nosso em comum. Tive uma recepção miserável que durou dez minutos, tirando os cinco que ele tentou me surpreender com um vinho caro me bajulando e outros dois procurando alguma música pra "deixar no clima". Argh.

- Mas foi tão bom... - eu respondi a mim mesma, fitando o sinal de nascença na lateral do meu queixo redondo.

- Não foi. Foi uma merda. Prometa que vai procurar terapia e tentar tratar isso, Débora.

Abri um sorriso maléfico, encarando a mim mesma através do espelho.

- Tá, tá... Prometo, Débora.

_

"Eu daria um tiro na cabeça de alguém agora, nesse exato momento" eu pensava enquanto observava, com a testa apoiada na janela gelada e barulhenta do ônibus, os postes de iluminação passarem com rapidez. A chuva estava cessando. "Isso iria me satisfazer, com certeza." continuava a pensar. Minha cabeça latejava, meus pensamentos se atropelavam e meu coração disparava.

Nunca me considerei normal mentalmente. Desde a infância eu costumava pensar nas possibilidades de caso eu tomasse uma atitude considerada "selvagem", como, por exemplo, dar um tapa na cara da minha mãe enquanto ela me colocava pra dormir. Eu pensava na suposta reação dela, o que ela iria fazer ou falar. Eu realmente sempre quis saber a reação de alguém diante de uma atitude feroz e inesperada da minha parte, como empurrar minha prima da escada. Mas nunca fiz nada do tipo. Não que eu me lembre, pelo menos. Mas só o fato de pensar me deixava eufórica.

O alcoolismo do meu marido estava me afetando, de todas as formas. As manchas roxas em meus pulsos estavam sumindo e eu ainda sentia a lateral da minha coxa latejando - resultado de um pontapé forte em uma das noites em que brigamos e nos agredimos. Minha cabeça, que já não era tão saudável antes, vinha piorando cada vez mais. Eu sentia que estava a ponto de transbordar, jogar tudo pro alto e cometer algum crime. Enfiar a faca no peito do meu marido bêbado era um pensamento corriqueiro. Acertar a cabeça do meu patrão com o taco de Baseball (que ele costumava deixar pendurado em sua sala) era o segundo pensamento que mais passava pela minha cabeça adoecida. Implantar uma bomba na advocacia em que eu trabalhava era algo interessante também, mas não me agarrava muito a esse pensamento pouco provável de se concretizar.

Não que eu REALMENTE estivesse planejando essas coisas, mas quando passei a perceber que eu pensava com uma certa frequência em tudo isso, me dei conta de que poderia ser algo que meu subconsciente estivesse planejando em caso de algum tipo de surto ou Burnout. Não entendo nada dessa síndrome (mesmo pesquisando e lendo algumas coisinhas) mas eu andava vendo inúmeros casos de pessoas - principalmente mulheres, pois somos obrigadas a engolir tanto sapo no nosso cotidiano... - tomando atitudes drásticas devido a esse esgotamento mental. Eu não queria matar meu marido e meu patrão, mas pensar nessas coisas não me abalava, só me questionava se isso me faria bem. Eu realmente estava precisando de uma terapia.

"Pense em três coisas que você gostaria de receber ainda hoje e eu lhe ajudarei" dizia um dos trechos de um panfleto molhado e parcialmente rasgado de uma cigana que estava grudado no poste da calçada.

"Hmm... Três coisas. Vamos ver..." entortei a boca pro lado e semicerrei os olhospouco de droga. Cocaína, talvez.

2 - Uma boa chupada, é claroCem mil reais.

Não fazia a mínima ideia do motivo de ter pensado na cocaína, eu nunca nem vi um grão dela na minha frente. Mas acho que daria uma onda super interessante enquanto eu receberia uma chupada beeem gostosa. Eu iria me sentir flutuando, talvez? Iria me entorpecer, sair de mim. E então eu iria gozar em alguma língua agitada entre os lábios da minha buceta... E os cem mil reais seria pra me mudar, óbvio. Comprar uma casa qualquer em algum lugar qualquer, onde eu pudesse viver bem longe do meu marido imundo e seu bafo de cachaça.

O ônibus chegou ao meu destino. Me levantei ajeitando o vestido e desci. Enquanto caminhava pela calçada da praça, meus olhos procuraram com rapidez os garotos no campinho: não havia ninguém. Meu coração apertou. A maldita chuva os impediu de serem felizes jogando bola aquele dia.

- Droga. Cadê vocês... - murmurei enquanto caminhava lentamente até a grade. Segurei a grade gelada e ainda molhada da chuva e fitei a grama lamacenta. Partes do campo estava sem grama e só tinha barro. Respirei fundo. Olhei pro lado e vi dois garotos atravessando a rua com chuteiras nas mãos. Meu coração disparou. Eles conversavam entusiasmados e suas vozes davam pra ser escutadas de longe, mas não dava pra entender muita coisa; apenas entendi que "os outros ainda não chegaram".

Eu preciso de um desses garotos. Atrás de alguma árvore, na rua sem iluminação, no escadão escuro que tem aqui perto ou nesse campinho mesmo. Talvez eu assuste a maioria deles, mas com certeza algum deles irá topar a minha loucura, e ele vai querer contar pros outros depois o que fez com a mulher que eles mexeram na noite passada. Todo adolescente (homem) quer compartilhar - exageradamente - o que fez com uma garota, mesmo que nada daquilo tenha acontecido. E, de fato, geralmente não acontece mesmo. Mas dessa vez eu iria fazer acontecer.

Naquela noite, com certeza eu não iria conseguir cem mil reais. Talvez nem a chupada - quem sabe. Mas a cocaína era possível, eu pensava. Ou talvez um pouco de maconha. Os garotos vinham de alguns bairros espalhados pela região, e um bairro era mais barra-pesada que o outro. Algum deles deve ter contato, direto ou indireto. Afinal, é o Brasil. Quem está imune ao contato às drogas? Ou eu estava sendo preconceituosa?

- Eu posso jogar com vocês? - sem rodeios lancei a proposta aos dois assim que chegaram.

Um tinha a cor preta retinta, usava uma camiseta branca de manga longa de algum time europeu, calção curtinho e folgado, mostrando parte das suas coxas definidas. O outro era pardo com alguns traços indígenas, olhos puxados, lábios grossos e cabelo liso e escorrido como uma tigela até as sobrancelhas grossas. Usava um moletom e um bermuda tactel. Estavam de chinelo. Eles se entreolharam e riram enquanto eu aguardava a resposta e colocava uma mecha de cabelos dourados atrás da orelha com um sorrisinho malicioso nos lábios.

_

Já havia, mais ou menos, duas horas que estávamos correndo. Aliás, eu estava correndo. Eles estavam driblando, gingando, fazendo acrobacias com a bola enquanto eu só corria de um lado pro outro do campo, ofegando e sentindo as canelas duras e pesadas queimando. Um dos meninos calçava o mesmo número que eu, 37, e me emprestou uma chuteira velha e surrada. Eles passaram um bom tempo me dizendo "você faz gol ali" e, como se estivesse ensinando uma criança, apontava pro gol onde estava o goleiro de quase dois metros. O garoto era cumprido e ágil, como um goleiro tem de ser, não é? Ele tinha a pele escura e brilhante, cabelo crespo curtinho e raspado nas laterais, um bigode escuro e fino. Seus olhos grandes e castanhos não saiam de mim - assim como os olhos da maioria dos garotos ali.

Eu usava minha camisa social branca por dentro da saia social preta até os joelhos. Cabelos amarrados em um rabo de cavalo, alguns fios grudados na pele da minha testa e pescoço pelo suor. Era horrível me movimentar rápido com aquela saia. Os meninos riam e diziam que eu parecia um pinguim tentando correr. Mesmo com os movimentos limitados eu tentava disparar a todo custo. Eu sempre fui uma garota dedicada mesmo.

Meu marido havia aparecido durante o jogo. Eu vi ele parado na grade me esperando e eu fingi que nem o vi. Depois de longos minutos ele decidiu olhar pros meninos jogando e eu pude perceber o imenso ponto de interrogação estampado no rosto dele. Ele me chamou e eu o ignorei. Ele chegou a invadir o campo, me chamando e perguntando o que eu estava fazendo. Exclamei a todo momento que não queria ir embora e que era pra ele me deixar em paz. Mas aí ele passou a ordenar que eu fosse embora, que era pra eu ficar longe daqueles moleques, e então os garotos se intrometeram.

"Qual que é a fita, parceiro? Ela não quer ir e já era!" um falava com firmeza e raiva.

"Se ela quer ficar e jogar 'com nois' ela vai ficar, tio!" outro disse.

"Se você encostar nela 'nóis vai' te arrebentar!" outro gritou e então a maioria assentiu, só aguardando uma reação dele.

Eu adorei aquilo... Com toda aquela proteção em volta de mim, eu só pude abrir um sorriso sarcástico de canto e voltar ao jogo enquanto ele ia embora em passos enraivados.

E eu me perdia em pensamentos sórdidos quando a bola caía em meu pé e alguns dos garotos, suados e ofegantes, vinham pra cima de mim tentar tirar a minha posse de bola. Confesso que eu segurava a bola o máximo que eu podia só pra sentir o mínimo de contato com os corpos molhados e quentes deles, mas nenhum se atrevia a chegar muito perto. Eu era café com leite, segundo um deles. Eu não queria ser café com leite... eu quero ser atacada e devorada por vocês, maldição!

Em um dos meus momentos patéticos dentro do campinho, um garoto do meu time driblou o adversário, correu pela lateral e chutou a bola forte pra dentro da área do goleiro - onde eu estava. Só percebi de relance a bola ficando imensa em questão de milésimos e uma pancada escura, violenta e ardida me levou ao chão. A bola explodiu na minha cara e entrou pro gol. É, eu havia feito um gol nessa porra! Débora, a camisa 10! A artilheira! A maioral! Dane-se a Marta, EU era a rainha do futebol!

Alguns moleques comemoraram o gol e a maioria veio correndo ver se eu estava bem. Eu estava, apesar de ver estrelinhas por um tempo e sentir o rosto latejando. Provavelmente estava vermelho e com a textura do couro da bola marcado na minha pele. Eu devia estar horrível e descabelada, mas eu fiz o gol e estava rodeada por um bando de garotos exalando adrenalina. Todos me fitando. Pude perceber alguns olharem pras minhas pernas, pois a saia estava um pouco erguida e não fiz questão alguma de ajeitá-la. Me levantei do chão e dei uns pulinhos de felicidade, eles começaram a rir, provavelmente sentiram um pouco de vergonha alheia. Percebi uns garotos num canto escuro e discreto do campo rindo da minha cara, sentados com as costas na grade e bolando alguns baseados.

- Eu posso dar uns tragos? - perguntei após atravessar o campo até os garotos. O jogo tinha recomeçado e eles haviam colocado outro rapazinho no meu lugar pra que eu pudesse "retomar a consciência" após a bolada.

- Você fuma? - um dos meninos perguntou com um certo deboche, me olhando de baixo pra cima enquanto esfarelava o pedacinho duro de maconha na palma da mão. A expressão dele me dizia "essa patricinha não fuma nem a pau". Seu olho desceu analisando minhas pernas brancas e grossas mas sujas pelo barro.

- Por que não usa um dichavador? São práticos, o processo é mais rápido e não deixa a mão toda fodida. - provoquei ele.

- 'cé loko', mano, curto o contato com a planta. - ele respondeu e o outro garoto riu. - Hoje em dia tá tudo muito fácil, tá ligado? Com essas praticidades, as pessoas tão perdendo o tato das coisas reais e ficando vazias, tá ligado?. - Seus olhos agora subiram até meu decote. O sutiã estava apertado. Meus seios fartos estavam quase saindo pra fora após alguns botões da camisa se arrebentarem com a correria e a queda.

Revirei os olhos, mas ele tinha razão. Tudo hoje em dia é "jogar tal coisa em tal máquina que sai pronta". As pessoas realmente perderam a paciência de fazer as coisas por conta própria.

A julgar grosseiramente a personalidade do garoto, o papo dele soava mais como uma rebeldia adolescente do que inteligência em si. Igual esses jovens que fumam maconha, escutam Nirvana, postam frases revolucionárias na internet e pagam de anti-sistema. É a fase onde achamos tudo injusto, não é? É onde temos aquela sede de justiça, de revolução, de anarquia; foda-se o governo e o sistema. Mas, querendo ou não, era um papo sábio, sim. As pessoas estão mesmo extremamente ansiosas, sem rotina, dormindo mal, viciadas em vídeos curtos, café e pornografia. Sempre ansiando por conteúdos mais curtos, impacientes, desistindo de ler um livro na segunda linha. Os pensamentos estão acelerados e intoxicados. Os relacionamentos estão acabando por toda essa ansiedade e bomba de dopamina que nosso cérebro não suporta.

- Deixa eu dar uns tragos e eu mostro meus peitos pra você. - falei tentando desarranjar o garoto. Era uma brincadeira, eu só queria saber a reação dele. Claro que... Dependendo da sua reação, não seria mais uma brincadeira. Aliás, no fundo sabemos que não era uma brincadeira, dane-se.

Ele gaguejou e seu amigo, que já havia fumado alguns, caiu na gargalhada. Esperei uma reação mas eu realmente o deixei desconsertado, com um sorrisão bobo na cara e resmungou um "as ideias da mina..."

- Mostra aí então. - ele respondeu firme, me desafiando, segurando o riso. Os dois começaram a me olhar com uma certa expectativa. Havia um brilho nos olhos dos dois, mas não parecia resultado da brisa da maconha, parecia mais como uma puta esperança. Como cachorrinhos imóveis aguardando o petisco delicioso.

Levei minhas mãos até meu corpo e desabotoei um botão da camisa, o suficiente pro meu peito quase vazar. Os garotos engoliram seco na mesma hora. Abri a camisa e eles saltaram pra fora enquanto observava a reação de ambos.

"Caralho..." um deles disse, incrédulo. O outro coçou a cabeça e pareceu segurar a excitação, inquieto. Me agachei pra pegar um dos baseados enrolados da mão dele, coloquei entre os lábios e pedi pra que os dois acendessem ao mesmo tempo. Eles estavam brisados de maconha e, agora, embriagados de tesão, com meus seios despidos e balançando próximos aos seus rostos. Meus olhos claros encaravam ambos e eu aguardava o fogo que iria me ajudar a ir pra outro mundo.

Cada um pegou seu isqueiro. Os dois levaram seus braços pra frente, acenderam os isqueiros e as duas chamas se chocaram na ponta do baseado. Eu dei um trago enquanto os encarava sobre as chamas acesas próximas ao meu rosto. Um deles não se aguentou e segurou meu peito. Soltei um riso fraco com o baseado entre os lábios e puxei a mão do outro pra que pegasse também.

Enquanto eles massageavam meus seios, ouvi passos atrás de mim e alguns cochichos. Voltava a garoar e uma festinha estava prestes a começar...

_

A chuva retornara e não havia ninguém na rua, somente alguns carros e os ônibus passando cada vez menos ocupados. Os postes em volta do campo emitiam uma luz fraca e amarelada. Não conseguia entender como eles conseguiam jogar bola naquele escuro. Não era um breu, mas era necessário ter uma ótima visão. Tudo bem que eles eram mais novos e seus olhos eram mais saudáveis que os meus, mas ainda assim...

Após alguns garotos se aproximarem, os dois tiraram as mãos dos meus peitos. Olhei pro grupo que havia chegado e percebi todos olharem pros meus peitos nus e molhados pra fora da camisa. A chuva estava virando uma tempestade e nenhum deles se propôs a ir embora - talvez um ou outro.

- Querem pegar também? - perguntei, cortando aquele silêncio esmagado pelo barulho da chuva caindo na grama e no asfalto da rua. Deixei o baseado encharcado cair dos meus lábios, a seda ficou colada em um dos meus peitos e eu ri. Um dos garotos se aproximou e tirou o baseado com uma certa delicadeza. Havia um silêncio estranho entre os garotos - cerca de seis. Eles só me encaravam de uma forma congelante, paralisados enquanto me analisavam quietos. Passou a ser terrível não saber o que estavam pensando... Tive um pouco de receio repentinamente. Fui caindo na realidade e me perguntei o que estava fazendo... Parada num campinho de futebol, com os peitos pra fora, em baixo de chuva, com maconha, um punhado de moleques excitados (alguns, pelo menos) e um vazio enorme dentro de mim. Me senti suja. Me senti nojenta.

Minha cara estava começando a queimar. Abaixei a cabeça e levei a mão até a camisa pra abotoá-la, mas minha respiração foi travada pela mão do garoto que havia tirado o baseado do meu peito; ele me segurava pelo pescoço. Meu coração disparou e engoli seco, fazendo minha garganta se remexer na palma de sua mão. Ele deu um passo e grudou os lábios nos meus. Uma onda de calor me envolveu e eu esqueci totalmente o receio e o arrependimento que havia me consumido. Senti uma mão passando pela minha coxa, subindo minha saia e apalpando minha coxa cheia de pedaços de grama grudados na minha pele.

O beijo era intenso mas todos os meus sentidos estavam incrivelmente aguçados. Eu percebi todos se aproximarem mais, senti as mãos me apalpando e o calor de seus corpos em volta do meu. A chuva despencava sobre a gente com raiva, como se algum dos deuses estivesse tentando limpar toda a profanidade que meu corpo e minha alma podre exalava naquele momento.

Havia uma mão desesperada por baixo da minha saia tentando encontrar a minha buceta. Outra apertava meu peito com força e afobação. O garoto que me beijava apertava meu pescoço com mais força e meu rosto estava ficando vermelho quase arroxeado.

O beijo parou. O menino me encarou e desceu o rosto, abocanhando meu peito. Sua língua pressionava e rodava sobre o biquinho rígido. Seu dentes certas vezes machucavam pelo seu desespero. Ele pegou minha mão e a enfiou dentro da sua bermuda. Estava incrivelmente duro. Seu pau era um tanto fino mas eu consegui sentir a potência de sua rigidez e quão quente estava. As veias estavam saltadas e era gostoso sentir o relevo quente e volumoso delas na minha mão molhada e fria. Comecei a masturbá-lo com paciência, sentindo toda a base do membro enquanto olhava os outros garotos em cima de mim.

Me assustei quando um deles ergueu minha saia até a cintura e puxou minha calcinha pro lado com pressa. As mãos dele abriu minha bunda e sua cara se afundou nela. Soltei um gemido abafado pelo som da chuva ao sentir seu bigode roçar no meu cu e sua boca dar um beijo voraz nos lábios da minha buceta toda melada.

Comecei a masturbar outro menino enquanto um chupava meu peito e outro a minha buceta. Fui me agachando e pedi pra que o garoto que me fazia o oral se deitasse na grama lamacenta. Ele se deitou e eu sentei em seu rosto, com os joelhos sobre o barro. Puxei pelo pênis os dois garotos de pé e abocanhei um por vez. Os chupava com vontade, em movimentos intensos num vai e vem forte. Os outros três se juntaram lado a lado, se masturbando enquanto me olhavam e acariciavam meu rosto; passei a chupá-los também. Revezava a cada engasgada.

Enquanto chupava cinco dos garotos, eu rebolava na língua do que estava deitado. Dois avisaram que iriam gozar e eu enfiei os dois na minha boca de uma vez. Senti que iria rasgar com dois paus dentro dela e continuei o movimento, até sentir o primeiro jato de porra bater na minha garganta e descer. Em seguida, outro jato, e os dois começaram a pulsar dentro da minha boca enquanto os dois gemiam e gozavam forte. Me engasguei e comecei a tossir. Vazou um pouco de gozo do meu nariz e senti o canal nasal queimar. Comecei a rir enquanto tossia e eles se afastavam.

Agora eram quatro garotos. Fiquei de quatro na grama e empinei bem meu rabo, igual a uma cadela no cio. O garoto que me chupava havia encaixado seu pau grosso na minha buceta e meu quadril subia e descia, fazendo seu membro sumir por completo a cada descida. Voltei a abocanhar um dos paus à minha frente enquanto masturbava o outro. O que sobrou caminhou pra trás de mim e abaixou um pouco pra encaixar no meu cu. Espremi os olhos ao sentir a afobação dele e achei que fosse doer - por sorte seu pau era pequeno.

Eu já havia feito anal algumas vezes, talvez umas cinco vezes. Nas três primeiras realmente ardeu e eu quis morrer. Mas nas outras duas até que foi gostoso. Dessa vez eu não estava sentindo incômodo algum... Ou estava arrombada ou o amiguinho dele era realmente muito pequeno. De qualquer forma, foi gostoso sentir o seu desespero atrás de mim. Suas mãos segurando minhas cinturas e sua virilha batendo na minha bunda grande e gorda enquanto ofegava com os movimentos. Se eu sentasse nesse garoto, provavelmente iria quebrá-lo ao meio.

Fui surpreendida por um jato de porra na minha cara e por sorte consegui fechar os olhos antes do impacto. Conforme gozavam, iam embora sem muita reação. Sobrou três. Um na minha boca e os dois comendo meus dois buracos.

Subi o olhar e percebi que era o goleiro quem eu estava chupando. "eu fiz gol em você" falei com a boca cheia e sorri com os olhos pra ele. Sua mão agarrou minha nuca, puxando meu rosto com força. Seu pau era enorme e eu tinha dificuldade de engolir ele todo. Meus olhos lacrimejaram e reviraram quando senti o garoto do pinto pequeno gozando dentro do meu cu, e imaginei o líquido escorrendo e caindo sobre as bolas do outro que comia minha buceta com precisão. Tentei afastar meu rosto do goleiro pra tomar fôlego mas ele me impediu em desespero - parecia que iria gozar. Mesmo sem fôlego continuei o chupando, não aguentando mais, até que uma bomba de porra explodiu dentro da minha boca. Era tanta que vazou um pouco pelos cantinhos cortados da minha boca. Ele gemeu em um urro grosseiro, como uma fera. Tirou o pau da minha boca e vários fios espessos da minha baba agarravam o seu cacete inchado e pareciam não querer deixá-lo ir embora.

"Safada" o goleiro disse após guardar o pau dentro da bermuda e ir embora junto com o garoto que comeu meu cu.

Comecei a rebolar intensamente no único garoto que sobrou enquanto ele segurava forte meus seios. Seu corpo se movimentava sobre a grama conforme eu rebolava com violência - meu corpo era pesado e estava arrastando o corpo franzino dele pela grama a cada rebolada. Dei um tapa em seu rosto e, num susto, ele começou a gozar. Soltou um gemido baixo e longo e eu senti seu pau pulsando dentro de mim. Invés de parar, eu comecei a rebolar mais rápido, contraindo os músculos da minha buceta, apertando o pau dele. Senti que iria gozar naquele pau - agora meia-bomba - e comecei a gemer de olhos fechados. Cravei as unhas no peito dele e soltei um grito. Um clarão tomou conta de tudo, as imensas nuvens densas e negras apareceram por alguns milésimos com um trovão cheio de ramificações rasgando o céu marrom daquela noite. Um estrondo horripilante fez meu coração quase pular pela boca - ou pela buceta - e eu tive um puta orgasmo. "Ahh!!"

Meu corpo caiu sobre o garoto sem reação. Estávamos ofegantes. Meu peito enchia e esvaziava quase que na mesma hora e meu corpo tremia todo. Meu coração surrava meu peito, e o coração dele parecia surrar o dele também. Eu podia ouvir nossos corações em uma mistura de "tuc, tuc, tuc, tuc" aceleradíssimos. Ele se arrastou, se libertando do peso do meu corpo e se levantou, ajeitou a bermuda e saiu andando olhando pra trás.

Parei pra pensar que todos saíram da mesma forma; sem reação, ajeitando a roupa, se afastando em passos apressados enquanto davam algumas olhadas pra trás, um tanto assustados - alguns tropeçaram e quase caíram enquanto olhavam pra trás. Como se eles dessem conta do que tinha acontecido, como se tivessem se libertado de um um feitiço hipnótico de uma bruxa que os controlavam. Quem sabe?

Deitada sobre aquela grama barrenta e molhada, sentia as gotas caindo sobre meu rosto, incapazes de lavar os vestígios de porra grudados na minha pele. Imaginei como seria me vendo de fora. Largada sobre a grama. A saia erguida e a calcinha pro lado. Os peitos pra fora da camisa aberta. Porra escorrendo do meu cu, da minha buceta, do meu rosto e da minha boca machucada. Com certeza achariam que eu fui brutalmente estuprada, é óbvio. Quem diabos acharia que eu quis dar pra uma cambada de moleques em baixo de chuva no meio de um maldito campinho de futebol?

O cheiro de moleque suado estava impregnado em mim. O cheiro de sexo também exalava forte. Literalmente suja.

O corpo.

A alma.

Era isso. O jogo foi esse: eu botei todos aqueles garotos na roda. Eliminei um por um, e aos 45 do segundo tempo da última partida, eu fiz o gol assim que aquele trovão apitou o fim do jogo.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 15 estrelas.
Incentive Gio Vaz a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Listas em que este conto está presente