Transformação de Amanda 2
Relembrando como terminei meu último relato:
“Nossa despedida foi digna de uma novela mexicana. Eu me emocionei demais e não queria soltá-lo por nada. Sabia que aquela não era uma despedida definitiva. Mesmo sem ter certeza sobre meu próprio destino, sabia que o Zeca sempre faria parte dele, seja como amigo ou algo mais.
Já dentro do avião, várias reflexões me invadiram. Eu sabia que meu amor por ele estava diferente. Ele estava mais confiante, mais feliz. E isso me fez perceber que eu também precisava focar na minha mudança, me esforçar para crescer, para que, um dia, quem sabe, eu tivesse uma nova oportunidade com o homem da minha vida.
Esse pensamento foi o combustível para minha força de vontade. Não só naquela etapa da minha jornada, mas para toda a minha vida até hoje.
Parti para a viagem que mudaria minha vida.
Contarei tudo nos meus próximos relatos.”
…….
(Esse texto pode conter temas delicados que podem causar desconforto ou disparar “gatilhos” para algumas pessoas. Fica a informação antes de iniciar sua leitura. A escolha é apenas sua…)
As horas entre São Paulo e Curitiba pareciam intermináveis. Embora fosse uma viagem curta, o peso dos pensamentos esmagava minha mente a ponto de eu mal conseguir suportar.
Não era só a memória da despedida recente de meu amor. Tudo o que ocorreu naqueles últimos dias tornava as coisas ainda piores: a forma fria com que minha mãe me recebeu, as notícias sobre meu pai vindas de pessoas de fora da família mais íntima e, principalmente, o desespero no pedido do tio Paulo para que eu o ajudasse com algo relacionado a ele. Diversos pensamentos invadiram minha mente, cada um mais sombrio que o outro. O que poderia ter acontecido com meu pai?
Tio Paulo me enviou as passagens para Curitiba, mas não explicou por que não poderíamos nos encontrar em Londrina. A falta de respostas só aumentava o peso em meus ombros.
Assim que o avião decolou, as lembranças do relacionamento que tive com meu pai até a adolescência começaram a inundar minha mente. Por muitos anos, ele me tratou com carinho, me chamando de "princesinha" com uma doçura que sempre me comovia. Ele estava sempre presente em minha vida, pois trabalhava como administrador das empresas da família da minha mãe, o que o permitia ficar em casa, disponível para mim. Lembro do brilho em seus olhos, do orgulho estampado em seu rosto quando saíamos juntos, como se eu fosse seu maior tesouro.
Mas, com o tempo, ele pareceu perder o interesse. Começou a me evitar, de um jeito frio que me deixava perplexa. Eu nunca entendi o porquê. Eventualmente, também me distanciei, respondendo com a mesma frieza. Desde então, éramos dois estranhos convivendo sob o mesmo teto.
Naquela época, ele era um homem grande, com ombros largos, o cabelo loiro em corte tigelinha e olhos azuis brilhantes. Esse contraste com o vazio entre nós sempre me intrigou. Eu me perguntava como alguém como ele, que poderia ter quem quisesse, se prendeu a um casamento infeliz por tanto tempo.
As lembranças vieram à tona, e revivi as vezes em que ri das piadas cruéis da minha mãe sobre ele, especialmente na frente de amigos. Lembrava de como algumas eram sutis, mas a maioria transbordava ironia e amargura. Apertei as mãos contra as pernas, e, quando lembrei das vezes em que fui eu mesma quem o tratou mal, a angústia apertou meu peito como um peso. Minha respiração se tornou irregular, e comecei a arfar, lutando desesperadamente por ar.
A senhora ao meu lado se afastou, com os olhos arregalados de alarme. O burburinho ao redor indicava que todos estavam atentos, seus olhares pareciam me prender ao assento. Meu corpo tremia, e senti o rosto quente, como se estivesse em chamas. Tudo o que eu queria era sumir naquele instante. A voz do piloto ecoou pelo avião, perguntando se havia algum médico a bordo. Com as mãos trêmulas, alcancei minha bolsa e encontrei os comprimidos de Rivotril. Conseguindo controlar um pouco o tremor, expliquei rapidamente à comissária que era algo passageiro, implorando com o olhar para que a atenção sobre mim diminuísse.
Parecia que a viagem duraria uma eternidade. Os pensamentos se chocavam na minha mente, e, por pouco, não me deixei ser levada a um lugar ainda mais sombrio.
Nunca na minha vida um simples pouso de um avião trouxe tanto alívio. Ao sair da área de desembarque, diferente da recepção fria que tive na cidade natal de minha mãe, fui recebida com entusiasmo por tio Paulo, tio Marcelo (primo de meu pai), sua esposa Andreia e seus filhos, Vanessa, Gabi e Vitor Hugo.
Eles seguravam um cartaz e me receberam com sorrisos calorosos, como se fosse uma festa há anos planejada. Fiquei até um pouco constrangida, pois mal me lembrava deles.
Fui abraçada por todos, e tentei ser o mais simpática possível. Por fim, tio Paulo me abraçou e, com um olhar compreensivo, disse para eu ficar tranquila.
— Ele está bem. Poderemos visitá-lo a partir das 18 horas. Até lá, vamos para casa. Tome um banho, coma algo e descanse um pouco.
Eu não consegui responder. Gabi, a mais nova, com apenas 10 anos, me puxou pela mão, e todos caminhamos em direção ao estacionamento, onde o carro da família estava esperando.
No caminho para a casa do Marcelo, filho do tio Paulo, eu me encolhia no banco de trás, tentando ignorar a animação das crianças – especialmente das meninas mais novas, que agitavam os braços e trocavam risadas entre si. Suas vozes ecoavam pelo carro, leves e despreocupadas, enquanto eu fixava o olhar na paisagem que passava pela janela, sem conseguir desligar a mente dos meus pensamentos. O cheiro doce de balas e biscoitos que elas comiam pairava no ar, contrastando com o turbilhão de angústia que fervilhava dentro de mim.
A dor relacionada ao meu pai me corroía, como se uma faca afundasse mais a cada pensamento. Mantive os braços cruzados e as mãos fechadas, tentando suprimir a tensão que tomava conta de mim. As lembranças dos momentos em que minha mãe o ridicularizava em público voltavam com força, acompanhadas pela indiferença dos parentes e amigos que apenas riam ou ignoravam a situação. Desde a morte do meu avô paterno, nosso contato com essa parte da família se tornara quase inexistente, deixando um vazio que parecia pesar mais a cada quilômetro.
Lembrei das vezes em que, incentivada pela aprovação silenciosa de minha mãe, ri ao ver meu pai ser tratado com desprezo, ou o punia com comentários cruéis. O prazer amargo que sentia ao vê-lo se encolher, sem nunca levantar a voz, ainda me deixava tensa. Minha mãe sempre me olhava com aquele sorriso satisfeito, como se cada palavra minha fosse uma vingança compartilhada. Eu nunca questionei o que isso poderia causar nele – ou em mim.
Foi só quando conheci Zeca que comecei a ver o impacto das minhas atitudes. Ele se tornou um espelho das falhas que eu ignorava, e tratar alguém como tratei meu pai me fez perceber o peso das marcas que eu mesma causei.
Dentro do carro, me esforcei para parecer simpática, tentando responder às crianças da melhor maneira possível, embora minha mente estivesse a mil. De vez em quando, lançava um sorriso rápido e mexia na bolsa para desviar a atenção. Em certo momento, tio Paulo pediu que a Gabi fosse para o colo dele, já que ela havia passado boa parte do caminho no meu. Quando ele segurou minha mão discretamente, o aperto, leve e quase imperceptível, carregava um apoio silencioso, como se ele entendesse a tempestade que se desenrolava dentro de mim.
Apoiei a cabeça na janela, sentindo o frio do vidro contra a pele, e murmurei que estava cansada, que queria cochilar. A mãe das crianças, Andreia, entregou o celular para o tio Paulo colocar um desenho para as meninas assistirem. O som suave e ritmado do desenho encheu o carro, criando um ambiente momentaneamente mais tranquilo. Por alguns minutos, que pareceram horas, pude experimentar um pouco de paz.
Ao chegar ao destino, desci do carro devagar e pedi ao Marcelo para deixar minha bagagem na sala. Murmurei que iria para o quarto descansar, sentindo o peso da exaustão e da enxaqueca se intensificar. Aquele tempo sozinha foi um alívio. Mesmo com o estômago vazio, deitei-me, e o cansaço logo venceu, me permitindo dormir um pouco naquela noite.
Na manhã seguinte, fui acordada pelo tio Paulo, que bateu à porta. Pulei da cama aflita, o coração acelerado, pensando que talvez tivesse a ver com meu pai. A ansiedade pulsava nas minhas veias. Ele entrou no quarto, a figura de um homem marcado pelo tempo e pelas emoções, com traços que lembravam meu avô. Os olhos dele tentavam transmitir tranquilidade, mas havia um peso visível em seu semblante, como se ele carregasse o peso do mundo. Aproximou-se com um sorriso forçado, tentando esconder a gravidade do que estava prestes a me contar.
— Fique tranquila — ele disse, a voz suave, mas carregada de uma tensão que mal conseguia esconder. — Está tudo bem. Ontem, eu o visitei e avisei que você viria. Ele me entregou esta carta. Pediu para que você lesse e, se depois disso quiser vê-lo, ele vai te receber da melhor forma possível.
— Mas, tio... por favor, só me diga onde ele está e se ele está bem — implorei, já sentindo os olhos arderem com a ameaça de lágrimas. A sala ao meu redor parecia escurecer, e o peso das palavras não ditas flutuava no ar.
Tio Paulo hesitou, seus lábios tremendo antes de conseguir falar. O silêncio parecia se arrastar, cada segundo se estendendo como uma eternidade.
— Ele... ele abusou de substâncias ilícitas. Na verdade, veio para Curitiba antes do Ano Novo. — A voz dele falhou, e o nervosismo era palpável; suas mãos suavam enquanto apertava as palmas uma contra a outra, como se tentando se ancorar em algo.
— Seu pai já iria se separar da sua mãe. Na verdade, ele só não fez isso antes por sua causa. — As palavras saíam trêmulas, quase como se a dor o ferisse a cada sílaba. Tio Paulo começou a andar de um lado para o outro, controlando a própria respiração, como se estivesse lutando contra uma tempestade interna.
De repente, ele desabou em um choro incontrolável. Seus ombros tremiam, e balbuciava palavras que mal conseguia pronunciar. Eu não sabia o que fazer, apenas o abracei com força, deixando que minhas próprias lágrimas escorressem silenciosamente. Ficamos assim por alguns minutos, ambos imersos em uma dor mútua, como se o mundo ao nosso redor tivesse parado.
Foi o próprio tio Paulo quem interrompeu aquele momento, afastando-se de mim com delicadeza. Ele começou a acariciar meus cabelos e o meu rosto, um gesto que revelava o quanto ele também estava sofrendo. Suas mãos trêmulas, os olhos úmidos, e os pequenos gemidos que escapavam de seus lábios enquanto tentava conter o choro me mostravam o quão devastadora era aquela situação para ele.
— Seu pai... ele... ele tentou se matar. — A voz do tio Paulo quebrou, quase como se a revelação estivesse arrancando algo profundo de dentro dele. — Ele foi expulso da casa da família de sua mãe... pela sua própria mãe, assim que chegaram. Ele fez o certo, falou sobre a separação na frente de todos. O problema não foi ele ter sido expulso... — Ele hesitou, tentando recuperar o fôlego e a compostura, mas as palavras pareciam pesadas demais. — Mas foi quando sua mãe abriu o e-mail particular dele, o que ela tinha acesso, e mostrou todas as mensagens, fotos, vídeos do que estava acontecendo durante a sua viagem. O rapaz com quem você se envolveu enviou tudo isso para chantageá-lo.
As palavras ecoaram na minha mente como um golpe, e eu mal consegui processá-las. O ar parecia pesado e difícil de respirar, enquanto a realidade do que ele disse começava a se instalar como um frio cortante em meu peito.
Aquela revelação me atingiu como um soco no estômago. Senti minhas pernas fraquejarem, e, por um momento, pensei que fosse desmaiar. Tio Paulo me segurou, seus braços firmes impedindo minha queda, como um porto seguro em meio à tempestade. Não consigo descrever o que senti naquele instante — uma mistura de incredulidade, dor e um vazio que parecia me sugar para um lugar escuro e sem saída.
Por alguns minutos, tudo à minha volta se tornou distante. O ambiente parecia embaçado, e eu estava presa em uma espécie de torpor, incapaz de reagir às vozes e aos sons que pareciam vir de um mundo à parte.
Tio Paulo pacientemente esperou que eu me acalmasse, sua presença reconfortante em meio ao caos. Ele me assegurou que todas as respostas para as perguntas que bombardeavam minha mente estavam na carta. Com um gesto gentil, ele me ofereceu dois comprimidos que usava para controlar a ansiedade, e segurou minha mão enquanto me conduzia até a mesa do café. A casa estava em silêncio; as crianças já tinham saído, pois para elas era apenas mais um dia comum da semana.
Ele fez o possível para que eu me sentisse bem. Para minha surpresa, consegui comer algo, mesmo sem conseguir saborear o que estava à minha frente. O gosto dos alimentos parecia distante, como se eu estivesse comendo no meio de um sonho, onde os sabores se tornavam meras sombras.
Logo após o café, pedi ao tio Paulo que me deixasse sozinha no quarto. A urgência de ler a carta me consumia; ela certamente guardava a história mais impactante que eu já soubera, a verdade que pairava sobre mim como uma nuvem carregada.
Entrei no quarto, tranquei a porta e deitei na cama. Peguei o envelope branco, a textura fria e suave entre meus dedos, e, com um movimento brusco, rasguei-o, retirando a carta que parecia conter todo o peso do mundo.
Minhas mãos tremiam. Eu nunca havia sentido meu coração bater tão rápido, uma maré de emoções quase insuportável, e nem havia começado a ler aquele pedaço de papel que parecia pesar toneladas. O ar estava denso, e cada respiração era um desafio.
Vou transcrever a carta na íntegra do jeito que a li. Haverão alguns erros gramaticais e de concordância verbal. Por favor, apenas ignorem.
“Minha filhinha querida, minha princesinha.
Ainda me vejo sentado no chão brincando de tomar chá de mentira. Ou quando eu levava você para dançar balé.
Eu preciso te contar a minha história. Essa história é minha…foram meus erro e minha escolhas. Não quero que odeie sua mãe.
Você sabe que minha família e a família de sua mãe nos conhece por que nossos avôs vieram para o Brasil fugido da Alemanha.
A família de sua mãe que recebia as famílias fugidas lá da Europa.
Nós se conhecemo quando eu tinha 18 anos. Eu era já homem trabalhador e trabalhava na fábrica do pai de sua mãe.
Sua mãe começou a ter um namorico com o primo dela Romildo. Ele nunca prestou. Ele é filho de uma prima distante de sua mãe, foi aceito na família por compaixão de seu bisavô.
Já eu, eu estava confuso naquela época. Eu tinha um amigo de infância e a gente também estava num namorico danado. Mas meus pais nunca poderiam saber e eu realmente gostava desse meu amigo, eu sabia que seria expulso se falasse algo do tipo. Eram outras época, ainda hoje há preconceito , mas naquela época isso era considerado até coisa do diabo.
mas era bom de sair com as meninas da região também. Sempre tive minhas namoradinhas.
(Eu vou ter que contar com detalhes, por sugestão do doutor que está me tratando aqui na clínica. Desculpa se for algo muito fora do normal para você.)
Sua mae descobriu meu namorico e me fez uma proposta. Ela me chamou para sair e dentro do carro aconteceu o que vou contar.
Ela já era uma mulher formada, apesar de ser apenas um ano a mais que eu. Ela já sabia provocar os home e eu ainda maís. Eu no fundo sempre fui apaixonado por ela e ela sabia disso.
Ela me fez dirigir até uma estrada bem longe, e paramo num sítio de um trabalhador de seu pai.
Ao parar o carro ela me puxou pela nuca e me fez olhar nos olho. Nossa ela sabia me enfeitiçar.
Carlinhos…eu sei que você gosta de um pau bem gostoso certo? - ela falou isso e começou a abrir minhas calça.
Eu abaixei a cabeça e tentei tirar sua mão, mas ela puxou meu cabelo e falou com sua voz sedutora e autoritária que me fazia cegar.
Eu sei docê e do seu amiguinho. Se for bonzinho eu não contarei nada para ninguém.
Naquela hora eu já estava entregue. Ter a filha do patrão segurando o meu…o meu…você sabe…eu fiquei calado. Ela riu de forma fria e continuou começando a massagear o que segurava.
Eu tenho uma proposta. Eu amo e quero foder meu primo Ronildo pelo resto da vida. Que tal você virar meu namoradinho, eu deixo você continuar seu namorinho e você começa a me namorar.
Eu demorei para responder gaguejando. Na verdade eu não não respondi porque ela começou a aumentar a velocidade e a força dos movimentos de suas mão.
Vai ser muito simples. Você vai para casa, vai me pedir em namoro e vamos namorar. Em festas, eventos e outras situações sociais nos seremos como um casal realmente. Mas na verdade você vai me pegar em casa, nos iremos encontrar o Ronildo e então vamos para um motel numa cidade ao lado da nossa. Você ficará no carro o tempo que for preciso enquanto eu estou lá dentro com ele. Se você for bonzinho eu posso ter beijar e até fazer um carinho de vez em quando.
Eu sei que parece uma situação absurda, mas eu aceitei. Eu quero que você veja que foi escolha que eu fiz. Eu que escolhi estar naquela situação.
Naquele momento eu nada respondi, apenas fechei os olhos por que estava quase gozando.
Sua mãe parou de me fazer carinho e puxou meu cabelo. Eu olhei para ela esperando o que ela ia falar.
Você não me respondeu. Mas antes deixa eu te falar uma coisa que é para deixar claro. Eu te escolhi por que a Melissa falou de você e de seu pau. Realmente é muito bonito, grande e gostoso. Quando eu falei para o Ronildo que você seria o escolhido…
Ela parou de falar e voltou a suas mão. Dessa vez mais rápido e firme.
Ele ficou com ciúmes.
Sua mãe falou rindo da minha cara.
Eu falei que você seria um bom namoradinho. Até podemos casar também. Mas comigo não tem esse de menininha vindo falar com você, tirando seu namoradinho, não quero mais que fale com ninguém, entendeu?
Ela esperou eu responder, novamente fazendo o movimento forte e rápido. Era tão forte que começou a bater a mão na minha bolas. Eu tentei colocar a mão, mas ela não deixou.
Você quer gozar?
Quero, por favor.
Você entendeu que será meu namoradinho? Você não respondeu.
Entendi.
Nessa hora eu estava quase gozando. Ela percebeu e parou o movimento e ainda pegou meu saco e apertou uma das bolas. A dor me fez tentar escapar, ela não deixou e continuou.
Você vai gozar apenas com o seu namoradinho e comigo. Se eu souber que você bateu punheta você vai sofrer um castigo. Mas não se preocupa, seja bonzinho que eu também serei.
Nesta hora a situação, o tesão, não só por querer gozar mas por me sentir humilhado me fez responder sem pensar.
Por favor, me deixe gozar.
Implorei de forma humilhante, com uma voz fina que ela usava para me humilhar desde aquele dia.
Que bonitinha. Implora para mim e fala que você será meu. Meu namoradinho e fará tudo que mandar.
Eu vou ser seu. Eu sou seu, por favor.
Ela riu, me deu um beijo molhado, largou meu cabelo se arrumou no banco do passageiro e me fez ir buscar aquele…aquele…
Desculpa, o doutor disse que não devo ter pensamentos como raiva.
Eu fiz o que ela mandou. Chegando perto da casa do home de sua mãe ela voltou a reforçar que não era para bater punheta e era para esperar caladinho eles terminarem.
O Romildo sempre fez questão de me humilhar e essas humilhações só cresceram. Neste primeiro dia não foi diferente.
Mas no fim deu todo certo. Eu servi de motorista para eles, deixei primeiro aquele cara e depois sua mãe.
Antes de chegar na casa dela, ela manda eu parar o carro. Ela estava fedendo a sexo e seus lábios visivelmente estava brilhando, mas você sabe do que era.
Muito bom meu namoradinho. O Romildo quer que te chame de Carlinha. Como ele é meu macho e manda né mim, quando estivermos sozinhos ou com ele, você será a Carlinha, entendeu?
Eu cometi o erro de já ficar excitado com aquilo. Ela riu com minha falta de resposta e veio me beijar. Me fez sentir o gosto da porra daquele desgraçado.
O beijo era intenso. Ela comecou a tirar meu pau para fora da calça e viu que meu saco estava um pouco inchado.
Tadinha. Ficou com vontade. Quer que te faça gozar?
Ela perguntou isso e começou a massagear meu saco, de forma carinhosa no início.
Por favor… por favor.
Respondi apenas isso.
Calma vou te contar tudinho que aconteceu.
Ela então pulou para meu colo, continuou me massageando de uma forma bem leve e começou a falar tudo o que eles fizeram. Sempre elogiando o cara e me diminuindo.
Bom…acho que deu para entender. Essa dinâmica se tornou rotina. Nós começamos a namorar sério e, quando sua mãe teve idade, começou a fazer faculdade em são Paulo.
Eu fui para são Paulo com ela. Ela não me deixava trabalhar ou estudar. Deixava um dos motoristas da família me fazendo companhia, como babá. Esse cara foi o primeiro a transar com ela, depois do Romildo.
Eu tinha que cuidar de casa e ir para a academia. Desde aquela época ela trazia homens para casa e me mandava para o quarto da empregada. Nem no quarto de hóspedes ela deixava eu ficar.
Ela sempre controlou meu celular, minhas redes sociais, mesmo que naquela época a gente mal tinha telefone fixo.
Meu namoradinho, como sua mãe o chamava, se mudou para longe. Não sei onde, ele nunca se despediu.
Entenda que tudo foi minha escolha até o momento. Eu poderia ter me rebelado mas isso não aconteceu.
Eu tive minha primeira relação com ela apenas na lua de mel. Mas advinha quem viajou também, escondido da família dela.
Eu só a curti nos primeiros dois dias, depois disso ela mal me deixava sair do quarto. Nem para ir para a piscina. Tinha muitos ciúme mesmo.
Após o casamento a rotina se manteve, mas muitas vezes eu participava, as vezes eu fazia sexo com os home dela também, além de servi a ela como uma rainha.
O único período que ela interrompeu essa vida de sexo sem limites foi quando pensamos em ter você. Eu sei que você deve estar curiosa se realmente é minha filha. Não se preocupe, eu fiz o teste e confirmou que sou seu pai.
Quando você nasceu foi a maior alegria da minha vida. Me desculpa por molhar a folha, mas estou emocionado.
Eu nunca gostei do jeito que sua mãe te tratava e falava de sua aparência, te fazendo sentir gorda e todas as outras coisas.
Eu juro que eu tentei me impor pelo menos nisso, mas sua mãe proibiu de dar qualquer palpite e me ameaçou mandar numa cidade lá do norte, do Amazonas, onde um amigo tem uma empresa. Esse amigo existe e ficou em nossa casa inclusive dormindo na minha cama por semanas por isso fiquei preocupado e pensei que seria melhor tentar falar com ela com jeito em vez de sempre brigar.
O ponto de partida que me fez perder as esperanças de que você não virasse sua mãe foi quando, um dia antes do baile de 15 anos de sua amiga de escola, ouvi vocês na cozinha falando que iriam fazer sexo pela primeira vez com uns moleques da escola.
Eu ouvi e tirei satisfação, você simplesmente riu da minha cara, me xingou e me humilhou na frente de sua amiga. Depois ainda falou para sua mãe e a fez me deixar de castigo.
Desde aquele dia sinto que perdi minha princesinha. Eu já não tinha mais minha filha, mas uma cópia de sua mãe.
Tive a certeza que a perdi de vez e por isso minha vida não tinha mais sentido, quando vi as coisa que um de seus amigos mandou em meu email.
Fiquei sem acreditar por que sabíamos que você estava feliz e contente com um outro amigo, José Carlos (eu acho)
Eu me desesperei quando vi os prints das mensagens. Você precisa entender a angústia que deu em meu peito.
Eu me senti mais inútil, imprestável do que jamais senti, apesar de toda a loucura que aceitava por parte de sua mãe.
Eu peguei a passagem de ônibus que já tinha comprado e vim para Curitiba. Chegando aqui procurei uns traficante que sempre me davam drogas e comprei tudo que tinha no limite do cartão de sua mae. Não vou dizer o que comprei, apenas falar que foi muito, muito mesmo.
acabei tomando uns bagulho a mais do que sabia ser necessário e...Acordei aqui nesta clínica.
Essa é minha história.
Se você puder me ouvir eu poderia falar para você algumas coisas, eu pediria para você não machucar as pessoas. Muitas vezes essa história de que “quem cala consente” pode não ser a realidade.
E pense antes de agir. Quando você resolver alguma coisa apenas pelo desejo, pelo tesão, pode ter certeza que a chance de dar merda é alta.
Eu te amo. Eu estou com tratamento psicológico e psiquiátrico. Vou permanecer nesta clínica o tempo que for possível.
Se quando sair daqui você ainda me quiser como pai, eu juro, juro mesmo, que farei de tudo para ser o melhor do mundo.
Mas eu não deixarei você ir para um mal caminho. Fazer más escolhas. Pelo menos espero que o que me aconteceu te faça abrir os olhos.
Seu futuro é brilhante, você é brilhante. Tem tudo para brilhar , minha princesinha.
Te amo “
Eu terminei de ler aquela carta, as palavras ainda ecoando na minha mente como um peso impossível de suportar. As lágrimas escorriam incontroláveis, borrando minha visão, enquanto minha respiração ficava cada vez mais pesada. A dor de cada frase se impregnava em mim, e era como se o papel tivesse ganhado vida, me confrontando com a verdade crua e dolorosa. Como eu pude ser tão cega, tão estúpida ao ponto de machucar esse homem que só quis o meu bem?
As perguntas surgiam como um turbilhão, me arrastando para o fundo. Por que eu insisto em fazer sofrer aqueles que verdadeiramente me amam? Como pude agir assim, repetir o ciclo de dor que jurava abominar? A carta, com as palavras carregadas de tristeza e compreensão, parecia carregar a história de um coração quebrado que ainda, de alguma forma, encontrava forças para me perdoar.
Assim como meu pai, que sentiu a necessidade de deixar sua história escrita para que, através dela, eu pudesse aprender algo, sinto agora que é minha vez de fazer o mesmo por vocês. Sei que esse é apenas um capítulo crucial da minha própria jornada, uma peça que faltava para entender e começar a curar as feridas que deixei abertas.
Mas minha transformação, sei bem, só será completa após a conversa que ainda preciso ter com meu pai. Uma conversa que talvez me permita, enfim, reparar as marcas do passado e seguir em frente com um novo entendimento.
Mas isso relatarei apenas no meu próximo relato.
Continua…
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