Tinha muita coisa que eu não sabia, porém eu já sabia de algumas informações que me levavam a pensar o que estava por vir. Para a psicóloga pedir para Marina dividir em partes o que ela sabia, com certeza era porque era muita coisa ruim e provavelmente ela sabia de tudo, ou quase tudo. Respirei fundo e disse a ela que eu estava pronta.
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Marina: Em primeiro lugar eu queria te contar que eu só fiquei sabendo do seu acidente dois dias depois que aconteceu. Ninguém me avisou, ou avisou minha família. Mas como você não apareceu no trabalho por dois dias em sequência e não conseguiram entrar em contato com você, eles ligaram para minha mãe. Ela me ligou perguntando se eu tinha notícias suas. Quando eu disse que não e minha mãe contou o que tinha acontecido eu tentei te ligar, mas só dava caixa postal. Fui ao seu apartamento, mas estava trancado. Perguntei ao porteiro se ela sabia de você. Ele disse que desde o dia do seu acidente, nem você e nem Michele tinham aparecido no apartamento. Nessa hora eu me assustei. Perguntei a ele que acidente, aí ele me explicou. Eu já comecei a ligar em todos os hospitais te procurando e te achei internada aqui.
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No mesmo dia eu vim aqui te visitar, mas não pude porque eu não era da família e não era horário de visita. Eu pedi para falar com o médico responsável e uma das atendentes ligou para alguém. Logo após eu fui levada até um escritório. Ali eu vi a Carla pela primeira vez e ela foi muito gentil comigo. Ela me contou que ela que tinha que te atropelado, me contou como tudo aconteceu. Como você estava e tudo mais. Eu perguntei porque não avisaram os amigos e ela me disse que no mesmo dia do acidente a polícia localizou sua mãe. Ela veio ao hospital e assinou os papéis da sua internação. Carla me disse que achou que sua mãe tinha avisado o restante da família e os amigos. Eu disse a ela que você e sua mãe não se davam bem. Ela me disse que não fazia ideia porque sua mãe e seu irmão estiveram no hospital no outro dia para te visitar. Eu já achei aquilo estranho, mas pensei que por causa da sua situação, eles poderiam ter realmente se preocupado com você. Grande engano.
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Eu perguntei a Carla se tinha algo para ser pago e ela disse que não, que mesmo não tendo culpa no acidente, ela se sentia responsável pelo que aconteceu a você. Ela disse que ela e o irmão eram os donos do hospital e seu tratamento iria ser todo por conta do hospital. Eu falei que mesmo assim se caso precisasse fazer qualquer coisa para ajudar que era para fazer que dinheiro não era problema. Ela disse que você tinha recebido os melhores tratamentos possíveis e iria continuar recebendo sem custo algum. Ela me contou que tinha designado as duas melhores enfermeiras para tomar conta de você e você iria ser bem cuidada o tempo todo. Eu a agradeci e perguntei se eu podia pelo menos te ver. Ela disse que poderia sim e me levou até onde você estava. Ver você ali naquela cama foi um dos piores momentos que já passei na minha vida. Foi difícil não chorar vendo você naquele estado. Eu me senti impotente, você estava entre a vida e a morte. Apesar de todo o dinheiro que eu tinha, eu não podia fazer nada. Eu saí dali arrasada e a Carla foi uma companhia incrível para mim naquele dia. Acho que foi ali que eu vi que ela era uma pessoa boa.
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Eu pedi a Carla para me avisar sobre qualquer coisa que acontecesse e perguntei se não tinha como ela autorizar minha visita. Ela disse que tinha sim e me pediu meu número para me manter informada sobre suas condições. Ela realmente foi muito gente boa comigo. Eu fui embora para casa, mas prometi que voltaria no outro dia. Ela disse que durante o dia era o irmão dela que ficava no comando do hospital, mas ia explicar para o irmão dela sobre minha situação e qualquer coisa eu podia falar com ele.
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No outro dia eu voltei e fui autorizada a ir te ver sem problema algum. Você estava do mesmo jeito, mas eu conheci suas duas enfermeiras. Como eu vim depois do trabalho eu conheci Carol, depois ela se foi e a Maria entrou. Gostei muito das duas, foram muito simpáticas comigo. Claro que eu reparei na Carol e achei ela linda, mas nesse dia eu nem imaginei que eu iria me apaixonar por ela. Foi Carol também que me falou que sua namorada sempre vinha te visitar de manhã. Eu achei normal na época, mas fiquei puta de raiva porque Michele não me avisou do seu acidente. Mas relevei porque achei que ela estava muito abalada com o que aconteceu. O tempo foi passando e eu vinha quase todos os dias te ver. Minha mãe e meu pai queriam vir, mas eu não deixei, já que você estava em coma. Falei para eles que quando você acordasse eles viriam. Minha mãe voltou ao seu posto no escritório, até você se recuperar.
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Nisso se passou um mês e aí você teve a parada cardíaca. Graças a Deus quando vim te ver o pior já tinha passado e você estava estabilizada. Mas foi um dia bem complicado. Depois de alguns dias o porteiro do prédio que você morava me ligou. Ele disse que tinha acontecido algumas coisas estranhas e não sabia o que fazer. Ele achou melhor me ligar porque eu era a dona do apartamento. Eu perguntei a ele que coisas. Ele disse que Michele não ia ao apartamento desde o acidente, mas apareceu a dois dias atrás. Ela não parecia muito bem, aí naquele dia ela saiu com um micro-ondas nas costas e sumiu. Ele disse que achou aquilo muito estranho, principalmente porque ela estava meio mal vestida e com uma cara de doida. Eu pedi para ele me ligar se ela voltasse ao apartamento. Achei aquilo muito estranho e quando vim te visitar eu perguntei à Carol se a sua namorada tinha vindo te ver. Ela disse que tinha uns dez dias que ela não aparecia.
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Aline: Ela estava vendendo minhas coisas para comprar drogas!?!
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Marina: Sim, estava. Mas amanhã te conto tudo sobre isso. Por hoje acho que está bom. Se eu entrar nessa parte você não vai querer que eu pare.
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Aline: Nossa, isso é maldade. Continua, por favor.
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Marina: Eu tenho que ir trabalhar. Carol disse que você precisa ir à fisioterapia e você tem que ir na psicóloga também.
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Aline: Não sabia que eu tinha que ir à fisioterapia. Está bem, o jeito é esperar até amanhã.
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Marina estava realmente com pressa. Ela já se levantou e disse que voltaria no outro dia. Me deu um abraço, um beijo na Carol e se foi. Carol pediu desculpas por não avisar da fisioterapia, mas ela disse que as visitas não deram tempo. Eu disse que tudo bem. Ela foi buscar nosso almoço Depois do almoço a gente conversou um pouco e seguiu para fisioterapia. O meu fisioterapeuta disse que eu poderia continuar indo ali quando quisesse, mas não era mais obrigatório. Ele pediu para eu apenas continuar fazendo meus exercícios que ele passou no quarto mesmo. Eu fiquei feliz de ouvir aquilo. Eu o agradeci e disse que eu iria voltar ali sim. Pelo menos enquanto eu estivesse no hospital.
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Voltei para meu quarto feliz com aquela notícia. Depois fui na minha psicóloga e a sessão durou bastante tempo. Mas foi bem tranquila, ela conversou bastante comigo e me fez um monte de perguntas. A maioria sobre os meus sentimentos por algumas pessoas e algumas situações. Acho que me saí bem porque ela estava com uma cara mais tranquila que das outras vezes que saí dali. Voltei para meu quarto e fiquei de papo com Carol até ela ir para casa. Assim que ela se foi, Maria apareceu. Mas ela disse que só passou para avisar que não iria mais ficar comigo durante as noites. Que ela iria voltar a fazer a função que ela fazia antes de vir ficar comigo. Eu disse que eu iria sentir falta dela e que era para ela vir sempre no meu quarto durante os turnos dela. Ela disse que viria com certeza.
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Eu queria que Maria tirasse uma folga, mas não que ela parasse de ficar comigo no quarto. Fiquei um pouco triste quando ela saiu, mas para minha surpresa ela voltou com nossa janta. Ela disse que iria vir todos os dias jantar comigo. Eu amei aquilo, pelo menos eu iria ver ela todos os dias enquanto eu estivesse ali. Ficamos ali conversando por uma hora mais ou menos e ela se foi. Quando deu umas 20 horas fui tomar meu banho para eu deitar um pouco. Eu estava rezando para Carla aparecer de madrugada. Eu queria muito poder beijá-la de novo. Como eu estava sozinha, quem sabe até não poderia rolar algo a mais. Eu estava sem sexo a uns sete meses e mesmo se não estivesse, eu queria muito fazer amor com ela.
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Depois de um banho demorado e relaxante me deitei para descansar. Não demorei a dormir naquela noite. Apesar de não estar em um dos melhores dias da minha vida, se comparar com os dias anteriores, foi um dia muito bom. Acho que isso ajudou o sono a me dominar rápido. Não sei por quanto tempo dormi mas acordei e senti um corpo junto do meu. Quando me movi, ouvi Carla dizer que era ela. Eu nem precisava ver para ter certeza que era realmente ela. Aquela voz era inconfundível para mim. Me virei de frente para ela e perguntei porque ela não me acordou. Ela disse que eu estava em um sono tão bom que ficou com dó de me acordar. Ela disse que ela tinha passado oito horas em uma cirurgia e estava cansada, então preferiu se deitar comigo. Eu me assustei e perguntei que cirurgia era. Ela disse que tinha feito um transplante de fígado em um paciente. Eu perguntei que tipo de médico ela era. Ela disse que era clínica geral, igual o irmão dela. Mas que não queria falar disso, que ela preferia falar sobre a gente. Eu achei aquilo tão fofo! ♥️
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Eu perguntei sobre o que ela queria falar. Ela disse que se falasse o que ela realmente queria, eu iria achar ela uma louca. Eu disse que ela só saberia disso se falasse. Ela disse que a vida dela de adulta foi estudar, criar a filha e trabalhar. Que no meio do caminho ela deixou alguns amores que talvez poderiam ter dado certo se ela tivesse tempo para cuidar deles. Porém ela não teve e agora ela estava com quase 40 anos e não queria desperdiçar a que poderia ser sua última oportunidade de ter alguém do lado dela. Ela disse que era o que ela pensava e o que ela queria. Mas ela queria saber o que eu pensava sobre a gente.
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Eu disse a ela que por um lado eu pensava que o sentimento que eu sentia por ela nasceu de uma forma tão incrível que eu só pensava em aproveitá-lo da melhor forma possível. Que eu queria muito ficar ao lado dela o resto da minha vida. Que se ela quisesse a gente se casaria naquele momento. Porém por outro lado eu pensava que a gente precisaria pelo menos se conhecer melhor antes de dar qualquer passo grande. Porque não é só o sentimento que sustenta uma relação. Em primeiro lugar a gente tinha que saber se a gente era mesmo compatível.
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Ela me olhou, passou a mão no meu rosto e disse que ela gostou muito da primeira opção, mas que seria sensato a gente seguir a segunda. Eu disse que eu concordava com ela. Ela continuou fazendo carinho no meu rosto e eu fui até ela. Dei um beijo nos seus lábios e perguntei se ela queria pelo menos namorar comigo, já que o casamento estava descartado por enquanto. Ela disse que aceitava sim, mas tinha que ser escondido por enquanto por causa da ordem de restrição. Eu disse que não precisava não, que eu assumia a responsabilidade por isso. Ela perguntou se eu tinha certeza. Eu disse que eu confiava nela como médica e queria que ela confiasse em mim como advogada. Ela sorriu e disse que confiava sim. Até porque já tinha procurado saber e eu era muito boa advogada.
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Ela olhou as horas e perguntou se eu estava com sono. Eu disse que não e ela saiu da cama. Eu não entendi nada. Ela esticou suas mão em minha direção e disse que precisava de um banho. Nessa hora eu entendi e levantei o mais rápido possível. Ela foi me puxando até o banheiro. Eu mal podia acreditar que até que enfim eu a teria nos meus braços.
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Continua..
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Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper