Meu relacionamento com Bernardo havia chegado ao fim, e só então percebi o peso do que eu tinha perdido. Aquela velha história de "só damos valor quando perdemos" nunca tinha feito tanto sentido para mim. Quando a porta se fechou atrás dele, o vazio que ficou me tomou por inteiro, era como se todas as pequenas traições, todas as vezes que fui egoísta e impulsivo, ganhassem uma dimensão real. Bernardo estava decepcionado, machucado, e isso era só a ponta do iceberg. Se ele soubesse de todas as vezes que traí sua confiança – das noites com Alysson, das escapadas com Caio, Matheus, e até as inúmeras vezes que estive com Luís Ricardo – eu sabia que ele se sentiria despedaçado. E eu, por mais que tivesse errado, ainda o amava.
A culpa me invadiu como nunca, uma culpa densa e paralisante. Era difícil encarar o fato de que tudo isso tinha sido apenas para saciar meus próprios impulsos. Tudo parecia tão vazio agora, e só restava o arrependimento por tudo que eu poderia ter feito diferente. Eu sabia que o estrago estava feito, e, por mais que tentasse voltar atrás, não havia nada que eu pudesse fazer para consertar as feridas que deixei em Bernardo.
Mas a vida não esperava que eu resolvesse meu caos interno. Em breve, eu começaria a faculdade, uma jornada que prometia transformar minha vida, e meu filho que acabara de nascer. Eu me via em meio a um turbilhão de sentimentos e responsabilidades, e precisava lidar com eles sem perder a cabeça. Caio, que já estava morando na capital, se tornou meu apoio nesses dias de fossa. Ele até tentou me convencer a transamos juntos, mas eu sabia que precisava de um tempo para mim. Pela primeira vez, prometi a mim mesmo que tentaria controlar meus impulsos, que daria um passo atrás para pensar nas consequências antes de agir.
Esse era o primeiro passo para entender o quanto ainda precisava amadurecer.
Meu primeiro dia de aula chegou com uma mistura de ansiedade e excitação. Entrei na sala de aula sentindo o coração disparar e uma leve sensação de nervosismo – como se pisasse em território sagrado. Aquela era a sala onde eu começaria a realizar meu sonho de cursar medicina. A sensação de estar finalmente naquele ambiente era quase surreal, como se cada passo dado ecoasse os esforços e sacrifícios que fiz para chegar ali. Olhei ao redor, tentando captar cada detalhe: as pessoas conversando, os risos de nervoso, e alguns rostos tão ansiosos quanto o meu. Senti uma adrenalina tomando conta do meu corpo, uma emoção que se misturava à realização do início de uma nova fase.
Enquanto me acomodava, uma figura chamou minha atenção: um garoto de pele morena, olhos cor de mel que refletiam uma profundidade misteriosa e cabelos longos, caindo sobre os ombros. Ele parecia distraído, mexendo no celular, mas seus traços capturaram minha atenção de imediato. Soube ali que meu interesse por Felipe estava só começando. Trocamos um breve olhar, e algo dentro de mim despertou. Ao mesmo tempo, fiz amizade com João Pedro, um cara simpático e engraçado, que já parecia ter se enturmado com metade da sala. Ele foi direto, me dando um sorriso amigável e dizendo:
— E aí, cara? Nervoso pro primeiro dia?
— Um pouco – admiti, rindo nervoso. – Mas acho que faz parte, né?
Ele deu uma risada, e, com um tom tranquilo, respondeu:
— Totalmente! Mas vai por mim, logo você se acostuma.
Nesse momento, o professor entrou na sala e todos se aquietaram. Ele era um homem de meia-idade, de voz grave e acolhedora, e ao dar o primeiro passo para o centro da sala, parecia carregar a experiência de uma vida inteira dedicada à medicina. Ele olhou para cada um de nós com um olhar atento, quase paternal, e iniciou a apresentação com um sorriso calmo.
— Boa tarde, turma! Sejam muito bem-vindos ao curso de Medicina. Meu nome é Dr. Renato, e eu serei um dos seus guias nesta jornada que vocês estão começando hoje. Sei que estão ansiosos e, para alguns, até um pouco assustados com o peso dessa escolha. – Ele deu uma pausa, olhando nos olhos dos alunos, como se quisesse passar confiança. – E isso é normal. Ser médico é um desafio constante, é mais do que uma profissão; é uma vocação.
A sala estava em silêncio, absorvendo cada palavra.
— Nos próximos anos, vocês vão passar por momentos incríveis, de muito aprendizado e superação. Haverá noites sem dormir, casos difíceis, e desafios que vão testar não só seu conhecimento, mas seu caráter e capacidade de empatia. Estarão no limite em muitos momentos, mas é nessas horas que vocês vão descobrir a força que existe dentro de vocês. E é isso que faz um bom médico.
Todos nós ouvíamos, quase hipnotizados, sentindo o peso e a responsabilidade do que aquilo significava.
— Quero que se lembrem – continuou o professor –, que cada passo dado aqui é uma oportunidade para se tornarem não apenas médicos, mas seres humanos mais completos, com compaixão e capacidade de fazer a diferença na vida das pessoas. Estamos juntos nesta jornada. E tenham em mente que nunca estarão sozinhos. Eu, e todos os outros professores, estamos aqui para apoiar vocês, para guiá-los. E, mais importante, para desafiá-los. Esse curso é exigente, sim, mas também é um dos maiores presentes que vocês podem dar ao mundo. Sejam bem-vindos e se preparem para transformar suas vidas!
Ele finalizou com um sorriso, e todos na sala se entreolharam, como se aquele discurso tivesse sido direcionado para cada um de nós. O peso das palavras me atingiu em cheio, e eu soube que estava no lugar certo. Olhei para João Pedro, que sorriu, compartilhando do mesmo sentimento de entusiasmo e compromisso. E, mais uma vez, meus olhos se encontraram com os de Felipe, que me observava com um leve sorriso no rosto.
O semestre estava apenas começando, mas já havia muita coisa à espera. E eu mal podia esperar para descobrir tudo que aquele ano me reservava.
A primeira semana de aula passou rápido, e eu estava envolvido em uma animação nova, uma empolgação genuína com tudo o que estava por vir. Aos poucos, fui me aproximando mais de João Pedro, a primeira amizade que construí na faculdade. Tínhamos uma afinidade natural, e ele era fácil de conversar e de confiar. Mas, enquanto isso, algo mais intenso se construía dentro de mim – uma atração crescente por Felipe. Fazia quase 20 dias que eu estava sozinho, desde o término com Bernardo, e a falta de alguém ao meu lado reacendia meu lado mais carnal. O olhar de Felipe e aquele jeito dele mexiam comigo, lembrando-me da saudade que eu sentia de um toque, de um corpo junto ao meu.
Eu ainda tentava contato com Bernardo, mas não recebia nada além de silêncio. Sabia que ele havia conseguido vaga em Publicidade, colocando a nota do Enem, e, mesmo assim, mandei uma mensagem parabenizando-o. A falta de resposta me doía mais do que eu admitia – era uma pontada de arrependimento. Era tarde demais, a decepção que eu havia causado tinha um peso, e a única coisa que me restava era aceitar e esperar que ele, algum dia, pudesse me perdoar.
Enquanto eu lidava com isso, a vida me pegou de surpresa com outra preocupação: meu filho teve um problema no coração e precisou ficar na UTI neonatal por alguns dias. Foram momentos de tensão e medo, mas no final ele superou e ficou bem. A alegria de vê-lo saudável, de segurá-lo nos braços, foi indescritível – ser pai era uma responsabilidade gigantesca e, ao mesmo tempo, a melhor coisa que poderia ter me acontecido.
Minha relação com Silas, no entanto, permanecia fria e distante. Mantínhamos o contato apenas o essencial. Além de pagar minha faculdade, ele passou a me dar uma mesada considerável, algo que inicialmente me deixou tentado a recusar. Mas, com as contas acumulando – aluguel, despesas básicas e agora um filho para cuidar –, cinco mil reais a mais todo mês era um apoio importante que resolvi aceitar. Eu ainda trabalhava com Alysson, que me pagava bem, mas não era suficiente para tudo.
Minha mãe decidiu vir morar comigo na capital para me ajudar com Bruno. De manhã, ela passava na casa de Letícia, que morava perto de nós, e os três ficavam juntos durante o dia. Mesmo assim, comecei a notar que minha mãe andava fazendo saídas misteriosas, o que aguçou meu instinto. Tinha quase certeza de que Silas estava por trás disso, principalmente depois que soube que ele havia finalmente oficializado o divórcio de Yves. Foi Sofia quem me contou sobre a separação e, desde então, nossa relação vinha se fortalecendo cada vez mais. No meio de tudo, ela foi uma grande ajuda após o término com Bernardo, sempre me apoiando e incentivando a seguir em frente.
A primeira festa da faculdade, a tão esperada calourada, chegou com toda a energia e excitação que esse começo trazia. Durante as primeiras semanas de aula, minha amizade com João Pedro cresceu rapidamente, e logo Felipe entrou no nosso grupo também. Em um dos primeiros trabalhos que fizemos juntos, formamos uma equipe, e, além de mim, João Pedro e Felipe, mais duas colegas se uniram a nós. Com o tempo, minha afinidade com Felipe também foi crescendo – conversávamos mais, e a faísca entre nós estava cada vez mais evidente. Ele se tornou o primeiro garoto a despertar meu interesse desde o término com Bernardo, e, a cada encontro, meu desejo de me aproximar dele ficava mais forte, mesmo sem saber como seria ou aonde isso poderia nos levar.
Na noite da calourada, como era de se esperar, bebemos bastante. Eu tentei me manter no controle, mas Felipe e João Pedro se entregaram à festa e estavam visivelmente bêbados no final. Quando decidimos voltar para casa, minha cama, que era grande, serviu como o refúgio perfeito para os três. João Pedro, que tinha “apagado” de imediato, não demorou a dormir. Felipe, no entanto, ainda estava acordado, um pouco alterado pela bebida, mas lúcido o suficiente para conversarmos enquanto estávamos ali, dividindo o mesmo espaço.
Nossas vozes foram baixando, e as risadas começaram a se acalmar, até que, em um momento, o silêncio tomou conta. Nossos olhares se encontraram e permaneceram, sem precisar de uma única palavra. Naquele segundo, a distância entre nós desapareceu, e trocamos um beijo. Foi um beijo quente, intenso, que não pedia permissão, apenas acontecia. Senti um misto de ansiedade e vontade, uma fagulha acendendo algo dentro de mim. O silêncio ao redor parecia amplificar tudo o que eu estava sentindo – o calor, a expectativa e aquela nova atração tomando forma.
Na penumbra do quarto, o silêncio era cortado apenas pela respiração tranquila de João Pedro, que dormia profundamente ao nosso lado. A proximidade entre mim e Felipe parecia queimar; nossas picas se encostavam, mas cada toque acendia algo mais. Quando nossos olhares se cruzaram e o silêncio se tornou intenso, não resisti e me inclinei em direção ao seu pau, e comecei a chupa-lo, o pau do Felipe era um tamanho normal, acho que tinha uns 13cm, então não foi difícil de engolir tudo, logo puxei o Felipe para um beijo carregado de vontade. Senti a maciez da sua boca, quente e sedenta, e nossos paus sarravam um no outro, o Felipe junta nossos paus e começa a tocar uma punheta segurando os dois paus enquanto trocamos um beijo, e sempre olhando para o lado para conferir se o Joao Pedro não havia acordado.
À medida que o beijo se aprofundava, suas mãos saíram do meu pau, e começou a explorar minha bunda de forma delicada e envolvente, ele beijava meu rosto, meu pescoço, descendo lentamente pelos ombros. Minhas mãos percorriam suas costas, cada toque desenhando uma linha invisível de desejo. Nos movíamos sem pressa, mas a intensidade aumentava com cada segundo. Mesmo com João Pedro ali, quase ao alcance das nossas mãos, não conseguíamos parar. A chama entre nós tornava impossível qualquer pensamento de recuo.
Em um momento, saímos da cama ainda presos ao beijo e com os paus estourando de duro, como se o mundo ao redor simplesmente desaparecesse. Ficamos em pé, e o desejo era palpável. Com uma certa ousadia, virei o Felipe levemente contra a parede, e ele sorriu entre os beijos, entregando-se ainda mais. Pressionei meu pau em seu cú e comecei a meter lentamente, nossos batimentos acelerados ecoando no peito, e aos poucos fui metendo no Felipe, e sussurrava no ouvido dele o quão gostoso ele era, não demorou muito e gozei dentro dele, ele se vira de frente para mim me puxa para outro beijo e guia a minha cabeça até o seu pau, onde voltou a engolir tudo chupando como se fosse o último pau do mundo, e então ele goza na minha boca se segurando para não dar um gemido alto.
Acordei com o som de alguém se mexendo desajeitadamente pelo quarto. Pisquei, tentando focar, e logo percebi João Pedro, só de cueca, inclinado ao lado da cama, vomitando no chão. Com um suspiro ainda sonolento, levantei-me para ajudá-lo, sem me importar com o fato de estar nu. Fui até ele e coloquei a mão no ombro do João, que murmurou com aquela expressão clássica de ressaca:
— Nunca mais eu bebo…
Contendo um sorriso, guiei-o até o banheiro e entreguei uma toalha para ele se recompor. Enquanto isso, Felipe ainda dormia profundamente, alheio ao caos ao redor. Fui buscar algumas coisas para limpar a bagunça no quarto, e logo que terminei, me aproximei de João Pedro, que estava sentado no chão do banheiro, ainda com um ar cansado.
— Quer um remédio pra ajudar? — perguntei em voz baixa, tentando não acordar Felipe. João Pedro assentiu, e depois de entregar o remédio, ficamos ali, trocando poucas palavras em sussurros, enquanto ele se recuperava aos poucos.
Felipe começou a se mexer na cama, esfregando os olhos devagar, até que abriu um sorriso preguiçoso ao me ver junto com o João Pedro conversando.
— Bom dia, dormi maravilhosamente bem — ele disse com um sorriso, espreguiçando-se na cama.
João Pedro, já se sentindo melhor, deu uma risadinha ao ouvir isso e veio até nós.
— Hmmm, então vocês dois dormiram juntinhos… peladinhos? Aposto que rolou sacanagem, e ainda por cima nem me chamaram! — Ele falou em um tom de provocação, com aquele ar brincalhão típico dele.
Felipe e eu caímos na risada, e Felipe aproveitou para responder:
— Pois é, João, na próxima vez tenta não beber tanto, hein! Quem sabe você não perde nada da diversão.
João Pedro deu de ombros, fingindo um ar dramático:
— Não sei se aguentaria acompanhar vocês dois. Mas, sério, preciso aprender a me controlar! — ele disse, ainda em tom divertido.
Rindo, Felipe e eu o ajudamos a se levantar, e eu sugeri:
— Vamos lá, bora tomar um café e dar um jeito nessa ressaca, que o dia tá só começando.
Nós três descemos, ainda conversando sobre as partes da festa de que nos lembrávamos — Felipe contou histórias hilárias de outros calouros, e João Pedro, entre uma risada e outra, prometeu beber mais devagar na próxima. A manhã foi leve e divertida, e parecia o começo de uma amizade especial entre nós.
Depois que os meninos foram embora, despedi-me de Felipe com um selinho rápido, que fez João Pedro rir e soltar:
— Sabia que vocês tinham ficado, seus safados! — disse ele, com um sorriso malicioso. Dei uma piscadinha para ele antes de me despedir de ambos, e fechei a porta, já sorrindo com a lembrança da noite.
Mas ao pegar meu celular, vi uma mensagem de Caio que interrompeu minha tranquilidade: “Precisamos conversar, tenho um assunto muito sério pra falar com você.” Meu coração deu um salto, trazendo à tona uma ansiedade que eu conhecia bem. Respondi que passaria a tarde em casa, depois de visitar o Bruno, e Caio confirmou, dizendo que também queria ver o Bruno e que, dali, poderíamos sair para conversar.
Fiquei inquieto. Da última vez que recebi uma mensagem assim de Caio, ele veio com a bomba de que eu seria pai. A mente começou a correr solta com todas as possibilidades. Mas, por mais que eu tentasse prever o que estava por vir, sabia que a única coisa a fazer era esperar e encarar essa conversa, seja o que fosse.