Minha amizade com João Pedro seguia crescendo a cada dia. Eu, ele e Felipe nos tornamos praticamente inseparáveis na faculdade, e nos finais de semana era raro não estarmos juntos, seja curtindo uma balada, relaxando na praia ou apenas passando o tempo em casa. Antes de continuar, preciso esclarecer algumas coisas: minha rotina de trabalho na fábrica e a relação com Alysson. Ele vinha pouco para a capital, já que não gostava muito de estar por aqui e preferia ficar pelo Alto, focado nas reuniões e no planejamento da campanha para a prefeitura, que aconteceria em dois anos. Com isso, eu assumi grande parte das responsabilidades na fábrica, supervisionando a equipe e me organizando conforme a faculdade permitia. Ele confiava nos meus horários e me deu liberdade para conciliar as duas coisas. No primeiro ano, as aulas eram mais leves, alternando entre manhãs e tardes, o que me permitia acompanhar o trabalho sem problemas.
Com o tempo, Brena foi se tornando uma funcionária de confiança. Nós começamos a construir uma amizade aos poucos, mas ela ainda vai ter mais espaço nessa história. Em casa, minha mãe seguia morando comigo e começou a aceitar encomendas de bolos e salgados; uma coisa levou a outra, e logo os pedidos aumentaram. Ela ainda ajudava Letícia com Bruno, meu filho. Eu fazia questão de visitá-lo todos os dias, nem que fosse por um tempo curto, então isso se tornou parte fundamental da minha rotina.
Ainda havia o mistério sobre as saídas da minha mãe. Eu desconfiava que ela estivesse vendo Silas, mas respeitava seu tempo para me contar sobre isso; não iria forçar nada. Ela sempre foi minha maior apoiadora, e eu sabia que, quando estivesse pronta, me contaria tudo.
Assim, meus dias seguiam, entre a responsabilidade de trabalho, a rotina da faculdade, os encontros com os amigos e a tranquilidade de ver minha mãe e meu filho bem. Eu estava aos poucos construindo minha própria base de apoio, com liberdade para ser quem eu era e conquistar as coisas por conta própria.
Minha amizade com os meninos era o tipo de coisa que só acontece uma vez na vida – algo leve, íntimo e, acima de tudo, divertido. Nos pós-balada, era costume ir para minha casa, e a gente acabava dormindo juntos, os três na mesma cama. Nem sempre rolava algo com Felipe, e João Pedro, por mais que a gente insistisse, nunca participava. Ele era o tipo que ficava assistindo, soltando risadas ou virando o rosto com um sorriso maroto, mas se mantinha fora. A maioria das vezes, tudo se resumia a uma noite de sono meio desorganizada, depois de muitas risadas e conversas descontraídas até o amanhecer.
Teve uma noite em que as coisas foram um pouco diferentes. Estávamos numa balada quando Felipe resolveu dormir no hotel de um cara que ele ficou, que era turista, deixando eu e João Pedro sozinhos. A essa altura, eu já estava bêbado e, ao chegarmos, comecei a brincar com ele, tentando agarrá-lo enquanto ele se esquivava, rindo e me mandando parar.
— Ah, João Pedro, você não vai deixar eu dormir com esse fogo todo, vai? — provoquei, enquanto ele rolava os olhos, tentando se manter firme.
— Para, cara, dorme logo! — ele respondeu, rindo e empurrando meu braço de leve.
— Dormir? Do meu lado, macho só dorme pelado — retruquei, deitando uma regra que nem existia, só para provocá-lo.
— É? Tá bom então… — respondeu ele, com uma risada cética, achando que eu estava blefando.
Para minha surpresa, ele resolveu entrar na brincadeira. Pela primeira vez, ele tirou a roupa e deitou ao meu lado. Eu me aproximei, e cada vez que passava a mão nele, mesmo que fosse só para brincar, ele pedia que eu parasse, um pouco envergonhado, mas rindo da situação.
— Se você não tocar uma punheta pra mim não vou conseguir dormir — inventei, com um tom um pouco pidão, só para ver sua reação.
Ele suspirou, talvez mais divertido do que irritado, e começou a bater uma punheta pra mim, massageando meu pau, e eu acabei relaxando, enquanto ele tocava uma pra mim. A cada toque, eu relaxava mais, até que gozei e fui afundando no sono. Naquele momento, entre as brincadeiras e o toque leve dele, adormeci em paz.
Quando acordei, percebi que estávamos em uma posição íntima e engraçada. Eu, de barriga para cima, com a inevitável ereção matinal, e João Pedro abraçado em mim, a cabeça descansando no meu peito, dormindo profundamente. Sorri e, com um gesto cuidadoso, peguei a mão dele e guiei até o meu pau, que pulsava de tesão Ele resmungou e acordou, apertando os olhos contra a luz.
— Porra, você não baixa esse fogo, não? — murmurou, entre uma risada e um suspiro.
— Claro que não — respondi, provocador, enquanto subia em cima dele de um jeito brincalhão. — Acorda, dorminhoco! — comecei a rebolar de leve, tentando tirar uma reação dele.
Ele riu e, balançando a cabeça, pediu para eu parar.
— Você é muito careta — zombei. — Se o Felipe estivesse aqui, já teria feito muito mais.
— Pois é, mas eu não sou o Felipe — respondeu, meio sério, meio brincalhão, o que fez a gente cair na risada.
Acabou que não rolou nada demais entre a gente. Levantamos para tomar um banho juntos, algo que, de tão natural, fazia parte da nossa intimidade leve e sem vergonha. Nos arrumamos e voltamos para a cama. João Pedro pegou o celular, e enquanto mexia nele com uma concentração misteriosa, eu fiquei curioso.
— O que você tanto olha nesse celular? — perguntei, fingindo interesse descompromissado.
— Tô no Grindr, vendo se tem alguém interessante pra hoje — respondeu ele, sem desviar o olhar.
— Grindr? O que é isso? — perguntei, genuinamente confuso.
Ele me olhou surpreso, rindo da minha cara de curioso.
— Sério que você não sabe? É um aplicativo de encontros para gays — explicou. — Você vê quem está por perto, conversa, troca umas fotos... marca pra se encontrar e, bom, pra transar. Básico e direto.
— É mesmo? E isso funciona? — perguntei, mais interessado.
— Claro que funciona — ele disse, rindo. — Inclusive já saí com um cara aqui do seu prédio, uma vez que você e o Felipe estavam dormindo.
— Seu cretino! E por que não me chamou? — fingi uma expressão de desapontamento.
— Ah, deixa de onda, nem era nada demais — respondeu ele, dando de ombros, mas sorriu, balançando a cabeça.
Curioso, pedi para ver o aplicativo, e João Pedro foi me mostrando as conversas, os perfis e as fotos. Eu estava fascinado com a funcionalidade direta daquilo, e ele parecia se divertir com a minha surpresa. Demos risadas enquanto ele me explicava as nuances do app.
João Pedro estava sentado ao meu lado no sofá, com o celular na mão e um sorriso travesso no rosto.
— Olha só, tô conversando com esse aqui — ele disse, me mostrando uma foto. Um cara jovem, com um rosto bonito e um sorriso charmoso. Era um daqueles perfis que você para e olha duas vezes.
— Ele é gostoso — admiti, sorrindo. João Pedro percebeu minha reação e lançou um olhar ainda mais provocador.
— Pois é... perguntei se ele topava um a três, e ele disse que sim. O que acha de chamá-lo? — João Pedro me olhava, malicioso, com aquela confiança de quem sabia que tinha me pegado de surpresa.
Fiquei um pouco hesitante, embora a ideia fosse tentadora.
— Sei lá... você acha de boas? Seguro? — perguntei, tentando me convencer enquanto meu desejo começava a crescer.
— Fica tranquilo, eu cuido da situação — ele respondeu, sorrindo e tranquilo.
Decidi ceder ao impulso.
— Tá, acho que topo. Mas ele curte tudo? — perguntei, curioso.
João Pedro deu uma risadinha e explicou:
— Não, ele é só passivo.
Revirei os olhos, desapontado.
— Aff, logo agora que eu queria ser o passivo! E pelo jeito você também não vai querer me comer... — suspirei teatralmente, mas depois sorri, aceitando a situação. — Tá, chama ele então, mas vou ficar só observando.
João Pedro sorriu, já digitando rápido no celular, e em poucos minutos, o interfone tocou.
Ao autorizar a entrada do rapaz, fiquei surpreso ao abrir a porta e vê-lo. Ele parecia mais bonito e charmoso do que nas fotos. Devia ter por volta dos 18 anos, a pele levemente bronzeada, olhos escuros que brilhavam com um misto de curiosidade e excitação. Tinha um sorriso fácil, contido, e uma postura que transmitia segurança misturada com aquela ansiedade típica de quem está prestes a viver uma experiência nova. O corpo dele era magro, mas definido; o tipo de físico que exalava juventude e vitalidade. As roupas que vestia eram casuais, mas valorizavam bem suas formas.
— E aí? — disse ele, sorrindo ao entrar e me estendendo a mão. — Sou o Leo.
— Rafa — respondi, retribuindo o sorriso, e chamei João Pedro, que se aproximou com um brilho malicioso nos olhos.
Depois das apresentações, nos acomodamos na sala. João Pedro, já bem à vontade, se sentou perto de Leo e começou a puxar assunto, enquanto eu me recostava, observando a interação entre eles. Leo parecia animado, mas um pouco tímido, lançando olhares sutis e rindo das piadas de João Pedro. Para quebrar o gelo, João Pedro se inclinou e, de forma sutil, passou a mão pelo ombro de Leo, puxando-o mais para perto.
— E aí, tá confortável? — João Pedro perguntou, num tom amigável mas provocador.
Leo assentiu, os olhos faiscando de expectativa.
— Sim, bastante.
A tensão no ar foi ficando evidente, e logo eu me acomodei melhor, eu e o JP, estavamos sem camisas, e eu fui me preparando para assistir ao desenrolar daquilo tudo. João Pedro puxou o Léo para um beijo, que aos poucos foi ficando intenso, e as roupas sendo jogadas ao chão, enquanto eu observava, curioso. Era fascinante ver a confiança que João Pedro tinha, o Joao Pedro abaixou o short e revelou seu pau completamente duro, o pau do JP devia ter uns 16cm e era bem retinho, ele puxou a cabeça do Léo para o seu pau, e a cena era, o JP em pé no sofá, e o Léo de joelhos chupando, eu assistia toda a cena massageando meu pau, e fiquei completamente pelado, enquanto a cena seguia, eu sentia meu próprio desejo crescendo, mas mantive-me observador. João Pedro, notando meu olhar atento, lançou um sorriso para mim.
— E você aí, só de espectador? — ele provocou, ainda próximo de Leo.
— Digamos que estou aproveitando a vista — respondi, sorrindo. — Mas talvez me junte a vocês.
Leo riu, relaxando ainda mais e olhou para o meu pau, e logo as coisas se intensificaram. Num determinado momento, fui me aproximando e fiquei lado a lado com o JP, e o Léo de joelhos ele alternativa em me chupar, e a chupar o pau do JP, e aos poucos a sala foi pegando fogo. Aquele instante não precisava de palavras: havia uma conexão fácil e natural entre nós três, e tudo fluía com uma leveza que me surpreendeu. O JP se posicionou atrás do Léo, colocou uma camisinha e começou a meter, o Léo rebola no pau do JP e enquanto mamava meu pau até o talo, e aos poucos os gemidos se intencionavam naquela sala, o JP metia ora lento, ora rapida, e o Léo vez ou outra tirava meu pau de sua boca e fala, “mete mais forte” e o JP aumentava as estocadas, até que o Leo olha pra mim e pergunta se não quero meter também, e digo a ele que estava preferindo assistir, fomos os três para o meu quarto, e o Léo puxou a gente para um beijo e demos um beijo triplo, ora eu beijava o Léo ora beijava o JP, aquela era a primeira vez que tínhamos um contato mais íntimo, o JP tava se jogando e eu estava adorando, JP colocou o Leo de quatro, pegou outra camisinha e começou a bombar rapidamente, o que era uma delícia ouvir as estocadas e o barulho, e assistia tudo tocando uma punheta vendo a performance do meu amigo, era bonito de se ver, não demorou e o João Pedro falou que iria gozar, tirou a camisinha e esporou na cara do Léo, eu rapidamente puxei o Léo para um beijo e dividimos a porra do Joao Pedro no beijo, enquanto eu tocava uma punheta e acabei gozando no chão do quarto, e o Léo fazia o mesmo, e gozou também.
Quando tudo terminou, nos jogamos na cama, exaustos e satisfeitos, trocando risadas e olhares cúmplices. O clima era de descontração, e ficou claro que aquela experiência tinha sido boa para todos. Leo se despediu pouco tempo depois, com um sorriso de satisfação, e eu e João Pedro ficamos ali, rindo e comentando a noite. Aquela conexão entre a gente só fortalecia a amizade e o senso de intimidade que tínhamos, deixando claro que, no fundo, a confiança entre nós era a base para cada experiência nova.
João Pedro foi aquele amigo que me abriu as portas para um novo mundo — a vida de solteiro na capital. Foi ele quem me apresentou ao aplicativo, levou-me a lugares que eu nem imaginava, onde o jogo de sedução era intenso como locais de pegação, tivemos outros sexo A3 e até mesmo surubas, e me incentivou a descobrir novas partes de mim. Fomos cúmplices em várias experiências que, além de fortalecer nossa amizade, trouxeram uma cumplicidade que só crescia.
Mas essa história fica para depois. Hoje, era o dia da nossa visita ao Hospital São Vicente, onde assistiríamos palestras e conheceríamos alguns departamentos. O hospital tinha convênio com a nossa faculdade e, além de me deixar curioso, trazia um certo nervosismo. Afinal, Silas, meu pai, era um dos diretores de lá, e eu não sabia o que esperar caso cruzássemos nossos caminhos.
Nosso guia para essa visita seria o professor Márcio, que ministrava a disciplina de Introdução à Medicina. Ele era um homem marcante: cabelo grisalho cuidadosamente penteado, ombros largos, um porte físico que denunciava que passava tempo na academia e um carisma que deixava as aulas mais leves. Não era apenas atraente — era o tipo de professor que exalava segurança e sensualidade despertando a curiosidade dos alunos. Ele falava com firmeza, e seu jeito descontraído escondia uma presença um pouco intimidadora, com uma calça que marcava discretamente suas coxas fortes e um pau que sempre estava marcando, ele tinha uma postura que dominava o ambiente. Na faculdade, ele era bastante admirado, e não só por sua experiência profissional, mas era um professor cobiçado, por homens e mulheres.
No auditório do hospital, ele iniciou a palestra falando sobre o curso e as ligas acadêmicas que o Hospital São Vicente oferecia. As ligas eram grupos de extensão acadêmica onde podíamos praticar e ganhar horas curriculares, essenciais para o curso. Ele enfatizou que, para nós, do primeiro semestre, a única liga disponível era a de Pronto Socorro Básico, onde poderíamos acompanhar casos simples e entender a rotina de um hospital.
— A Liga de Pronto Socorro é concorrida — ele explicou. — Muitos de vocês querem logo ter uma noção prática e sentir como é a vida médica, e eu entendo essa ansiedade. Mas quero lembrá-los de que essa é apenas a introdução do que vão experimentar ao longo do curso.
Depois de detalhar o processo seletivo, o professor Márcio fez uma pausa e anunciou:
— E agora, quero chamar um dos diretores do hospital e nosso parceiro na faculdade, o Dr. Silas Carneiro. Ele é um médico respeitado e lidera a Liga de Nefrologia, uma das mais disputadas entre os alunos mais avançados. Só poderão participar dessa liga mais para frente, mas adianto que todos os alunos que passam por lá aprendem muito.
O professor deu espaço, e logo Silas entrou. A plateia aplaudiu. Ele trocou algumas palavras rápidas com o professor Márcio e, então, iniciou sua apresentação. Meus olhos foram direto para ele, e naquele momento, nossos olhares se cruzaram pela primeira vez.
Silas começou a palestra relatando alguns dos casos clínicos mais marcantes que viveu, destacando os desafios e a intensidade da profissão médica. Ele falou sobre as longas jornadas, as renúncias e a importância de não desistirmos, pois o caminho era longo, mas recompensador. Não pude evitar um certo orgulho ao ver esse lado do meu pai, que eu pouco conhecia. Apesar de ainda não termos resolvido nossas diferenças, era inspirador vê-lo assim.
Quando a palestra terminou, todos aplaudiram, e Silas anunciou que passaria uma lista para quem tivesse interesse em ingressar na liga. Haveria uma prova para as dez vagas disponíveis, e, com o entusiasmo de todos, acabei assinando a lista também. O auditório estava animado, com os alunos conversando e trocando impressões, e notei que Silas me olhava de longe. João Pedro, percebendo a troca de olhares, sugeriu:
— Por que você não vai falar com ele?
Dei de ombros, respondendo com uma voz meio indecisa:
— Sei lá… as coisas ainda são estranhas entre a gente.
Mas, decidido a seguir meu instinto, resolvi ir até Silas. Caminhei na direção dele, que conversava com o professor e alguns alunos. Fiz um gesto sutil com a cabeça, indicando que gostaria de falar com ele, e ele, percebendo, pediu licença e veio até mim. Estávamos ambos visivelmente tensos, como se o ar entre nós estivesse carregado. Faltava algo para quebrar aquele gelo, então apenas comecei com um tímido:
— Vim dar um oi e… parabenizar você. Conseguiu a atenção de todo mundo.
Ele sorriu meio sem jeito e respondeu:
— E então, está gostando do curso?
— Sim, estou… — respondi, um pouco sem jeito, e seguimos em silêncio por alguns segundos.
Finalmente, ele quebrou o silêncio, sugerindo:
— Se quiser, posso te mostrar outras áreas do hospital. Chama seus amigos… Tenho um tempo ainda. Só não posso levar muita gente, mas, se tiver um grupinho pequeno, podemos ir.
Sorri, e a ideia me animou. Aquela tensão que nos envolvia havia sumido, e eu realmente queria conhecer o hospital. Antes de sair, pedi:
— Posso te pedir um favor? Não fala para ninguém que você é meu pai. Não quero que se aproximem de mim por interesse, já que você é uma lenda por aqui.
Ele deu um sorriso discreto, talvez considerando aquilo um elogio, e assentiu. Fui até João Pedro e Felipe e chamei também mais dois colegas de turma, que aceitaram na hora.
Silas nos guiou em um tour completo. Mostrou-nos os consultórios, a UTI, o STI, as enfermarias, os dormitórios, e até as salas de cirurgia. Conversava com todos, respondendo cada pergunta dos meus colegas com paciência e detalhando as rotinas de cada setor. O entusiasmo no rosto dos meninos era evidente, e, aos poucos, fui me sentindo mais à vontade ao lado dele, interagindo e absorvendo tudo.
Quando o tour terminou, Silas nos olhou e disse:
— Então, meninos, é isso. Espero que tenham gostado e… estudem. A caminhada é longa.
Os outros colegas se despediram, agradecendo pela atenção antes de irem embora. Ficamos apenas eu, João Pedro e Felipe. João Pedro, ciente da nossa história, percebeu o clima e, com um sorriso disfarçado, olhou para mim e disse ao Felipe:
— Acho que é hora de irmos, né? O Rafa vai conversar uma coisa com o Dr. Silas.
Felipe estranhou, mas João Pedro piscou para mim e, sem fazer mais perguntas, ambos saíram, me deixando a sós com Silas. Um silêncio inevitável se instalou. Ele foi o primeiro a falar:
— E então?
— Ah, nada… só que… o João Pedro sabe que você é meu pai.
Vi um brilho nos olhos de Silas. Foi a primeira vez que eu o chamava de pai assim, naturalmente, em vez de apenas usar seu nome. Notei o que tinha acabado de dizer e, envergonhado, abaixei o rosto. Ele pareceu perceber e disse, com uma leveza no tom:
— Relaxa. Bom, você está de carro? Precisa de carona?
— Não, estou de carro. E já está na minha hora. Preciso ir até a fábrica resolver umas coisas.
Ele respirou fundo, como se escolhendo as palavras certas antes de falar:
— Rafa, tente se dedicar 100% à faculdade. Vai chegar um momento em que tudo vai apertar, e o trabalho com o seu tio pode acabar prejudicando seus estudos.
Fiquei um pouco tenso e respondi com firmeza:
— Mas eu preciso me sustentar… e tenho um filho pra cuidar.
Silas assentiu e, após uma breve pausa, disse:
— Eu sei. E posso te ajudar com isso. Se quiser, posso aumentar a mesada que estou te dando.
Ele fez uma pausa, observando minha reação, e então perguntou:
— Você está usando, né?
Assenti e respondi que sim, estava usando o dinheiro, e que aquilo vinha sendo uma grande ajuda, mas que não era necessário aumentar. Ele sorriu e, novamente, o silêncio se fez presente. Depois de um momento, estendi a mão, meio sem jeito:
— Preciso ir.
Apertamos as mãos, trocando um breve olhar. Era apenas um simples gesto, mas algo importante para nós dois. Eu não estava pronto para assumir plenamente uma relação de pai e filho, e ainda havia ressentimentos pelo que ele havia feito. Mas aquela conversa, tão inesperada e natural, foi um primeiro passo.
As palavras de Bernardo ecoavam na minha mente, sobre tentar ver a situação por outro ângulo e talvez dar uma nova chance a Silas. Sabia que o caminho até isso seria longo e desafiador, mas, pela primeira vez, considerava que talvez, algum dia, a gente pudesse encontrar alguma paz.
Depois de sair do hospital, encontrei com os meninos, e fomos almoçar. No caminho, Felipe me olhou curioso e perguntou:
— O que você foi falar com o Silas? Foi dar em cima dele, seu safado? Bem que percebi um clima entre vocês!
Eu e João Pedro caímos na risada com a teoria maluca do Felipe. Enquanto dirigia, falei, em tom sério:
— Preciso te contar um segredo, Felipe, mas você não pode contar pra ninguém.
Felipe me olhou intrigado, e eu finalmente revelei que Silas era meu pai. Ele arregalou os olhos e quase gritou:
— O QUÊ?!
João Pedro riu e comentou:
— Eu tive a mesma reação quando soube.
Felipe ainda parecia confuso.
— Mas como assim? No seu nome nem tem o sobrenome Carneiro.
Então, dei um resumo rápido da minha história e de como tudo havia acontecido. Ao final, Felipe estava incrédulo, e fiz questão de pedir segredo. Ele garantiu que não diria nada para ninguém.
No fim de semana, organizamos o primeiro churrasco da turma, e ofereci a área de lazer do meu prédio, que tinha churrasqueira, piscina e um espaço bem amplo, cercado por um belo jardim. Reunimos o dinheiro e compramos tudo para um churrasco completo — carnes, bebidas e muita animação. Ao longo do evento, rolou aquele clima de festa, com alguns casais já se formando e as amizades se fortalecendo. Conhecemos melhor os colegas além do nosso trio inseparável, e alguns professores até deram uma passada por lá, deixando o clima ainda mais descontraído.
Depois de horas de festa, ficamos só eu, Felipe, João Pedro, Breno e o professor Márcio. O resto do pessoal tinha ido para um bar, decidimos organizar a bagunça e continuar por ali, no meu apartamento. Breno era um cara forte, quase da minha altura, com um sorriso marcante e um corpo definido, ainda estava de sunga que por sinal marcava bem mala. O professor Márcio, por sua vez, também estava presente, exibindo o físico que chamava atenção desde a faculdade.
Já bastante “alto” pela bebida e embalado pelo clima, sugeri:
— E se a gente brincasse de verdade ou consequência?
A ideia foi recebida com sorrisos e olhares curiosos, dando início a um jogo que, entre risadas e respostas provocantes, prometia tornar o final daquela noite ainda mais quente e inesquecível.