Um dia após chegarmos em casa, o pai de Milena me ligou cedo para dizer que a sua mãe estava bem melhor e que ele gostaria de passar uns 15 dias com a filha. Ela estava com câncer, e ele estava cuidando de perto, achou melhor que Mih não a visse tão frágil. Segundo ele, também não conseguiria dar devida atenção as duas partes. Falei que ia conversar com nossa filha e ela retornaria mais tarde.
Assim que desliguei, outra ligação, era a mãe de um paciente que tem transtorno do espectro autista acompanhado de uma depressão profunda. Ela estava desesperada porque na última semana ele já tinha tentado se enforcar com um lençol três vezes. A mãe pediu desculpas porque já tinha ido na clínica e sabia que eu estava de férias e não queria me atrapalhar, mas não sabia mais o que fazer, por ele ser não verbal, a psicóloga ainda não tinha tido um bom progresso. No meio da semana ele havia feito uma consulta com o psiquiatra da clínica que passei meus pacientes, mas ele só queria se comunicar comigo.
- A senhora sabe que eu não vou fazer nada que provavelmente não já tenham tentado, não é? – Perguntei
- Isso é um pedido de ajuda, drª! – exclamou
- Certo, passa para ele. – falei
Nesse momento, Juh acordou e sentou no meu colo, eu estava com fones de ouvido, mas pelas minhas perguntas, ela sabia que envolvia o trabalho.
E do outro lado da linha, o jovem não aceitou ser atendido virtualmente, queria que fosse presencialmente e na clínica.
- Amor, vou ter que dar uma saída... – falei ao desligar – Prometo não demorar por lá... – falei
- É o nosso primeiro dia de férias aqui e você vai... Trabalhar? – Me perguntou já brava
- Eu nem vou chamar isso de trabalho, vou tentar ajudar uma pessoa... Por favor, me entenda... – pedi, mas ela permanecia com um bico enorme, eu dei um beijo e saí.
Deu tudo certo com o paciente, nós nos comunicamos bastante da forma que deu, coloquei a cabecinha dele para trabalhar, passei o olho na última receita e estava ok, não mudei nada.
A mãe dele ficou extremamente grata porque o rapaz saiu da "conversa" bem mais calmo, a aconselhei a procurar ajuda profissional para ela também, obviamente com uma equipe diferente.
Quando peguei meu celular, não sei quantas mensagens de Júlia, sabia que a muié ia estar espumando de irritação.
Mandei um áudio: "Amor, acabei de terminar aqui. Daqui a pouco estou indo para casa..."
"Não leu minhas mensagens? Eu estou aqui na frente já para conversarmos." - me respondeu
Eu já sabia que haveria uma discussão e ela não queria que fosse na frente das crianças. Só que eu não estava a fim disso...
- A gente precisa resolver isso - disse-me enquanto nos trancava
- Precisamos, mas por favor, sem brigar, vamos só conversar - falei me aproximando dela que evitou contato comigo
- Lorena, você está viciada em trabalhar - falou
- Amor, eu precisei conversar com uma pessoa, só isso... A mãe de rapaz estava desesperada, não é uma situação fácil... - tentei me explicar
- Amor, a questão é que sempre não é uma situação fácil, sempre é algo muito específico, uma oportunidade única. Você não consegue parar um minuto. - falou de uma vez
- Não é verdade, passamos todos esses dias e eu não troquei uma palavra com ninguém sobre trabalho ou com paciente, gatinha - falei fazendo um carinho no seu rosto
- Isso depois de trabalhar no Natal, não foi? - Perguntou
- Achei que isso tinha ficado para trás... Mas enfim, vou pisar no freio. Isso não vai acontecer novamente! - falei
- Hum, acho bom! - exclamou
- Agora me dá um beijo gostoso, gatinha - disse isso colando nossos corpos
Com uma voz vacilante e um olhar desconcertado ela disse que eu não estava merecendo, só me deu um selinho e se desenvencilhou de mim...
Aquele olhar... Não me era estranho...
Eu brinco que na minha cabeça existe uma pasta destinada somente aos olhares de Juh e seus significados. E tem um homenzinho que trabalha loucamente para me passar as informações. Nesse momento, o funcionário estava louco, vasculhando todos os arquivos porque eu já tinha visto aquele olhar dela, desconcertado, como se quisesse algo, meio envergonhado, extremamente açucarado, mas misterioso.
Fui desligar o computador e a chamei para perto, puxei para meu colo. Júlia parecia extremamente desconfortável, com o olhar perdido, nervoso.
- Por que tá me olhando assim? - Perguntei
- Não sei também - falou olhando para o chão e eu ergui seu rosto novamente pelo queixo
Ela estava mesmo envergonhada, fazia muito, muito, muito tempo que eu não a via assim. O clima estava estranho, havia uma tensão sexual ali e eu não fazia ideia do porquê. Não a provoquei de forma alguma, eu só queria evitar uma briga.
Comecei a transpirar e percebi que eu ainda estava de jaleco e o ar condicionado estava desligado. Fui tirar e Júlia me segurou pela gola e me beijou, como em um impulso incontrolável.
Plim! O homenzinho encontrou o arquivo.
Fui controlando e diminuindo a intensidade, dei micro beijinhos em seu pescoço e comecei a perguntar no seu ouvido de forma sinuosa porque já estava entendendo tudo: - Naquele dia que recebemos a notícia que estávamos na fila de adoção, você estava me olhando da mesma forma, disse que eu estava diferente, séria. Se não fosse a ligação, o que aconteceria depois?
GAY PANIC!
Ela agora me olhava como se tivesse cometido o maior crime do mundo e acabou sendo descoberta. Não conseguiu manter os olhos fixos no meu, quanto mais responder minha pergunta.
- Júlia olha pra mim - pedi e ela tentou, mesmo desviando de vez em quando - Você tem fetiche com sua muié assim, é? - Perguntei sorrindo e a encarando bem pertinho
- Não! - falou assustada
Fui beijando novamente sua boca, puxei seu corpo para mim, com mais força.
- Por que você tá com tanta vergonha de admitir isso pra mim? Esqueceu que eu sou sua esposa? - Perguntei sustentando seu rosto com um dedo
- Eu não sei, amor... - falou sem paciência - Eu só... Senti... - foi falando pausadamente - Um negócio diferente, não sei explicar - e me abraçou enfiando o rosto no meu pescoço
Eu ri um pouco e ela falou: - Tá vendo, é vergonhoso...
- Não, não é... Na verdade, eu adorei saber que te desconfigurei, dei pane no seu sistema... - disse-lhe e minha mão subiu por baixo do seu vestido apertando seu bumbum
- Você quer que eu faça uma ceninha? - Perguntei
Com uma carinha mais animada e com os lábios pra dentro da boca negou com a cabeça.
- Responde, mulher! - exclamei
- Não precisa - falou com um sorrisinho
- Não? Mas e se eu quiser? - Perguntei mordendo seu lábio inferior
- Aí eu vou morrer de vergonha e vai acabar não rendendo nada - disse bem baixinho, ajeitando meu cabelo para trás da orelha e pude sentir suas mãos geladas e trêmulas.
- Acho que você tá precisando de um atendimento mais específico, Júlia. Quer ir comigo para o meu escritório? - perguntei e ela não respondeu, ou melhor, respondeu beijando minha boca com toda vontade do mundo.
Minhas duas mãos agora invadiam a sua bunda apertando e movimentando nossos corpos involuntariamente procuravam mais contato. Com um único impulso levantei com ela no colo e sem soltar nossas bocas, me dirigi ao escritório, no percurso me bati com algumas coisas, mas não estava ligando para mais nada. Um queimor, um fogo fazia parte de mim agora, todo aquele desejo recém descoberto mexeu comigo, toda timidez que a envolvia... Tudo me fazia querer aquela mulher nua na minha mesa.
A sentei e desci o zíper do seu vestido tendo acesso as suas costas, ela saltou para o chão, deixando-o cair, me empurrou na cadeira e veio para cima de mim. Juh estava amando aquilo, era perceptível no seu sorriso enquanto nossas bocas se encontravam. Suas mãos adentraram por baixo da minha camisa apertando meus seios e acho que percebendo o quanto eu suava, resolveu finalmente começar a tirar minha roupa.
Assim que o jaleco saiu do meu corpo, passei por trás dela e a puxei para mim.
- Sua safada! - falei no seu ouvido e dei um tapa na sua bunda e apertei
Não restava mais peça alguma em nossos corpos, deitei o máximo que foi possível na cadeira, de forma que Juh ficou encaixada na minha coxa direita, nosso beijo envolvente, ficava cada vez mais movimentado, ela começou a esfregar a sua pepeca e rebolar em mim, querendo e buscando mais contato. Ela já escorregava de cima para baixo, com a respiração pesada e cortada, as vezes jogava a cabeça para trás com os olhos fechados e soltava pequenos suspiros. Busquei colocar dois dedos e Júlia rebolava de forma esplendorosa, e em alguns segundos enquanto eu chupava seus seios ela explodiu em um gozo farto e com gemidos roucos.
Se enfiou no meio das minhas pernas me chupando com voracidade, sugando com força e me fudendo com seus dedos, de forma rápida e firme. Senti um turbilhão de sensações, um forte choque por todo corpo fez com que eu gritasse pedindo mais e mais daquela gostosa, que com toda dedicação, enfiou sua língua para receber o meu forte e delicioso orgasmo enquanto eu a segurava com as mãos dentro do seu cabelo.
- Vem cá, que eu ainda quero fazer uma coisa, só não tenho forças ainda - a chamei para meu colo novamente enquanto me recuperava. Logo voltamos a pegação novamente, só que quando dessa vez eu a carreguei.
Em cima da minha mesa do consultório tinha alguns documentos bem importantes, o meu escritório não estava sendo usado desde antes do Natal, então tudo considerável estava guardado. Em cima da mesa tinha apenas algumas coisas soltas.
Passei um braço com brutalidade sobre as peças e elas foram ao chão, a muié estremeceu inteira, mas assim que a deitei um sorriso brotou nos seus lábios. Me joguei por cima dela e a beijei.
- Sabia que você ia gostar disso - falei e ela sorriu mais uma vez, dessa vez timidamente
Desci com a língua fazendo um caminho pelo seu corpo até chegar onde eu queria.
- Agora eu quero que você goze na minha boca - disse ao chegar lá
Ela já estava quente, molhadinha e ansiando por mim. Passei a língua de baixo para cima e exclamei: - Você é uma delícia, amor. Gostosa pra caralho!
Eu via uma mulher em agonia, e entendia exatamente porque dentro de mim também havia uma mulher em agonia.
Assim que encostei na sua entrada novamente, as pernas de Júlia se fecharam na minha cabeça e suas mãos me pressionaram a continuar com avidez. Aquele desespero me fascinava e dessa vez não demorou muito para eu sentir seu corpo pulsar e lambuzar todo meu rosto com seu suco. Nós duas gemíamos muito, com a mesma intensidade. A sensação era muito diferente de tudo que eu já tinha vivido. A mais prazerosa da vida!
- Não sinto minhas pernas - disse Juh depois de um tempo
- Até agora estou tremendo - falei sorrindo e fui cobrindo seu corpo de beijos
- Satisfeita? - Perguntei olhando seus olhinhos de perto
- Muito! - disse sorrindo com os lábios e com os olhos
- Eu te amo tanto, menina - falei
- Eu também te amo muito, amor! - respondeu-me
Dei vários selinhos nela e fomos deitar no sofá. Obviamente depois de tanta energia gastada, dormimos e assustamos com uma ligação, era o pai de Mih. Resolvi não atender porque provavelmente era para confirmar a ida da minha filha e eu sequer havia conversado com ela.
- Que horas são? - Perguntou Juh
- Treze e vinte - informei
- Meu Deus, eu disse a Loren que voltava rápido. Temos que ir! - disse-me levantando
- Calma, calma... Tá tudo bem, com certeza... - a tranquilizei fazendo carinho no seu rosto - A gente precisa pelo menos jogar uma água no corpo antes, me acompanha? - e estendi a mão
Fomos e embaixo do chuveiro rolaram mais alguns beijos quentes, mas não passou disso, nenhuma das duas aguentaria.
- Amor... - falou nervosa - Quero perguntar uma coisa...
- Pergunte, muié - disse-lhe
- Você já sentiu essas coisas também? - Perguntou rápido como se quisesse se livrar das palavras
- Por que você tem tanto medo de dizer o nome das coisas? - Perguntei rindo
- Responde, amor - falou com pressa
- Olha, específico assim que nem o seu, eu nunca tive... Mas, não existe estímulo melhor para mim do que ver você totalmente entregue, querendo mais e mais... Sobe um fogo, vou a loucura. Gosto de sentir que te dominei, que cheguei ao seu limite provocando, te colocar em uma posição que a sua única alternativa é pedir a única coisa que eu quero fazer - a respondi
- Por que surgiu do nada isso em mim? Eu não tenho tara em médicos, geralmente tenho é medo! - falou com sinceridade e me fez rir
- Você tem tara em mim, gatinha... Talvez seja realmente só por ser diferente do que você está acostumada a me ver... Tá tudo bem, é super normal! - falei tentando tranquiliza-la
Ao sair, arrumamos toda a bagunça e limpamos tudo, nessa brincadeira eu perdi uma luminária, rs!
Quando chegamos em casa, ainda na garagem, Juh sentou no meu colo, virada para mim antes de desceremos e me beijou lentamente, do jeito que sabe que eu amo, que me hipnotiza.
- Quero pedir duas coisas, posso? - me perguntou
- Pode pedir o que você quiser, gatinha - respondi
- Eu sei que você não gosta de mentir, mas quando a gente entrar, podemos fingir pra Loren que a gente só discutiu?
- Difícil vai ser essa minha cara de boiola que eu estou agora - falei rindo - Mas vou tentar! - confirmei
- E... A gente pode... Nunca mais falar sobre... Essa coisa aí? - agora ela estava vermelhinha novamente, cheia de timidez e sem me encarar
- Aaaaah, sério? Por que isso, amor? Eu gostei tanto... - lamentei
- Por favoooooooor! - implorou dando pequenos pulinhos no meu colo e fechando os olhos
- Só se você der nome a "essa coisa aí" - desafiei
- Amoooor, não faz isso - pediu e eu ri
- É a minha condição - falei
- A gente pode nunca mais falar sobre... AAAAAH, EU NÃO CONSIGO! - falou e enfiou o rosto no meu pescoço
- É só um nome, gatinha... F E T I C H E! - disse-lhe
- Isso aí - confirmou ainda se escondendo em mim.
- Mas eu quero ouvir da sua boca - provoquei
- A gente pode nunca mais falar sobre o fetiche? - perguntou baixinho ainda deitada sobre meu ombro
- Olhando nos meus olhos - falei puxando-a
- A gente pode nunca mais falar sobre o fetiche? - falou desviando o olhar
- Mais alto - provoquei mais ainda
- A GENTE PODE NUNCA MAIS FALAR SOBRE ESSE MALDITO FETICHE - falou sem paciência
- Não! - exclamei sorrindo - Sua safada!
- Amoooor... - lamentou voltando ao meu ombro
- Eu gostei demais para deixar morrer assim - me expliquei - Você não gostou?
- Eu adorei, foi perfeito... Mas eu não me sinto a vontade nessa condição, foi terrível a sensação quando eu percebi que você sabia o que eu estava sentindo - desabafou
- Eu vi o pavor no seu olhar - e virei para dar um selinho - Mas depois eu vi a sua alegria em estar se satisfazendo e me satisfazendo, vi o seu prazer... Ou melhor senti, bem aqui - apontei para a língua - E aqui - levantei os dedos - E aqui também - bati na minha coxa - Você não precisa ter vergonha de mim, amor... Quem é que vai saber disso? Eu e você somente!
(bom, agora uns amigos também, kkkkkkk)
- Tá bom, então - falou chateada - Mas não fala sempre, deixa eu me acostumar - me alertou e eu assenti
- Sua safadinha, tem fetiche em mim de médica - falei brincando
- AMOOOOOOOOR! - falou vermelha e me segurando pelos ombros
- Eu só estava testando, calma - me justifiquei rindo
Demos um beijo e entramos em casa.
Kaique, Milena e Loren estavam na piscina, assim que chegamos minha irmã saiu para conversar com a gente.
- E aí? Brigaram, foi? - Perguntou direta
- Nós discutimos, mas está tudo bem, não é amor? - falei e Juh assentiu
- Demoraram - Loren observou - Atendeu quantas pessoas?
- Foi bem complicado, dois não verbais - falei rindo porque me referia a Juh que também não falava nada consumida de vergonha - O mais estranho, foi que consegui me comunicar melhor com o garoto, que tem um caso seríssimo, do que com a mulher – concluí, mas o sorriso não saia do meu rosto
- Só você mesmo para ficar tão feliz assim falando de trabalho - resmungou minha irmã
- Não posso fazer nada se meu trabalho foi prazeroso - falei olhando para Juh disfarçadamente que sorria da mesma forma
- Você é completamente maluca, Lore - me falou enquanto Juh entrava, provavelmente para rir sem preocupação - Olha, Júlia é uma menina legal, e você com essa compulsão por trabalho vai acabar machucando-a. Ela te ama e está te alertando, não espere perde-la para lamentar depois. Vocês são uma família agora, valoriza isso!
- Epa, calma aí, eu valorizo, tá? Só aconteceu um imprevisto hoje, não vou deixar se repetir - a respondi já séria porque senti o peso daquelas palavras
- Acho bom! - falou convencida - Trabalhar nas férias, era só o que me faltava... - resmungou voltando a piscina
Terminei de entrar e as crianças me puxaram para brincar com elas, aproveitei o momento e já conversei com Mih sobre a ligação do pai dela.
- O Kaká pode ir comigo? - Pediu
- Não pode, filha... - respondi
Ela fez um olharzinho triste como se já esperasse a resposta e ele também.
- Vai passar rapidinho, e é bom sentir um pouco de saudade as vezes - tentei, mas eles não gostaram muito da notícia
Voltamos a brincar para aproveitar o tempo e só entramos bem tarde, quando Loren foi para casa. Tive uma noite tranquila, nada me abalava, nem mesmo nossos dois filhos me chutando a noite inteira porque pediram para dormir com a gente!