Cap. 24 – Dominação pública?
Depois daquele sexo gostoso eles saíram do motel de voltaram para o bar onde beberam o resto da tarde. Jonas sentindo o cheiro de Tarick em seu rosto. Adriano gostava daquilo, gostava de ser bruto com Tarick para ele descontar nos outros subs depois, que nesse caso era Jonas. As costas estavam com os vergões das cintadas e o cu latejava depois de levar aquela rola gostava sem dó.
A tarde seguiu com conversas triviais em sua maioria. Tarick parecia feliz em rever Jonas e Jonas sentia o mesmo. Ele era uma pessoa incrível e ser submisso junto com ele era muito bom. Ao longo de toda a tarde não falaram de Adriano, Jorge ou o ocorrido e isso, sinceramente, foi ótimo.
- Mas me diga aí, como foram as humilhações públicas? – perguntou Jonas bem curioso sobre esse tópico.
- Não é bem como está pensando o que quis dizer mais cedo – disse Tarick dando um gole na cerveja. - Fomos uma vez em uma festa de BDSM onde ocorreu de fato uma seção pública, onde ele me dominou na frente de outros Doms. Imagino que isso tenha vindo na sua cabeça quando disse sobre ser humilhado mais cedo – disse dando outro gole. - Mas não, disse sobre se fato ser tratado de uma forma grosseira perto dos outros ou de falar coisas relacionadas a dominação.
Jonas não disse nada, ficou pensativo um tempo.
- Ele tratava mal? Tipo, de xingar, ofender.
- Sim – disse Tarick. - Xingar, ofender, corrigir… tudo perto dos outros.
Jonas imaginou a cena e se perguntou o quão degradante isso poderia ser
- Me de um exemplo.
- Hum – pensou ele por um momento. - Por exemplo quando comecei a me vestir como ele queria. Cheguei na faculdade, por exemplo, vestido de uma forma diferente. Foi uma zuação só. Pessoal ficou falando de sandália da humildade e que tava parecendo tiozão. Fiquei bem constrangido mas logo acabou passando. E olha que eu não sou tímido. Mas ai Adriano começou a me buscar na faculdade. Ele ia de moto e se vestia da mesma forma que eu. Pessoal começou a perceber isso. Tinha de chamá-lo de senhor perto dos outros também. E tipo… é engenharia, um curso cheio de gente homofóbica. Fiquei mais na minha também e as pessoas no geral não sabiam que era meu namorado. Sempre evitava e não gostava que ele fosse me buscar também, mas ele acabava se aproximando. Pessoal começou a ver que me vestia parecido com ele. Depois quando começaram a ver eu o chamado de senhor comecei a ficar com muita vergonha. As vezes quando ia para algum bar ou algo do tipo ele sempre respondia de um jeito grosseiro, até chamava atenção perto dos outros. Não sabiam que eramos um casal, mas achavam no mínimo estranho como ele era grosso comigo.
- Eu não tinha muita escolha, eu gostava e gosto muito de ser submisso. Mas acontece que ali era um ambiente diferente. E ele sabia disso e daí fazia a sua dominação psicológica – disse Tarick. - Ao mesmo tempo que parecia para alguns que talvez ele era um namorado “abusador” e protetor e até romântico, ao seu modo. Para todos eu era um cara submisso que aceitava ouvir calado dele. E era verdade no final das contas – disse Tarick dando os ombros.
- Esse tipo de coisa quando ocorre acaba deixando a dominação ainda mais intensa. Pode parecer que não, pode parecer maluquice. Acho que toda dominação parece. So quem vivência pode falar de fato – finalizou Tarick.
- Entendo – disse Jonas pensativo. - É bem degradante, mas, ao mesmo tempo, passa a sensação de que todos sabem que você tem um macho como namorado. Confesso que essa visão até me dar um tesão.
- Jorge também tem essa pegada – disse Tarick com cuidado. - Independente de tudo que ocorreu, e deixo claro que não gosto dele, ele é um dominador assim. Submissos deles penam nesse lance de ser humilhado perto de outras pessoas. Ele se espelhou em Adriano. Cara ele faz submissos dele servir a comida dele, faz comentários perto dos outros. Quem e da família dele por exemplo diz que os “namorados” dele penam com ele. Muito autoritário e muito bruto.
- É meio coisa de doido – disse Jonas. - Se a gente parar para pensar. Qualquer pessoal que vê de perto esse tipo de relação coloca ela como abusiva, toxica e até questiona a sanidade do casal. O submisso, como sempre, fica com o pior na relação.
- Fica parecendo que a terapia não está em dia – disse Tarick rindo.
Jonas riu.
- Mas eu confesso Jonas, senti muito sua falta – disse Tarick. Ele disse isso de maneira sincera e olhou Jonas nos olhos quando falou. - Um sub que gosta de animes, séries, que tinha assunto pra poder falar o dia todo.
Jonas sorriu ao ouvir aquilo.
- De fato, você foi um extra nessa relação toda que nunca passou pela minha cabeça – concluiu Jonas.
- Viu o anime que te falei?
- Sim – disse Jonas prontamente. Mas não disse que assistiu no período que estava mais caótico da sua vida, há alguns dias. - Penas que cancelaram.
- Isso é um saco – disse Tarick chamando o garçom. - A saideira! E fecha para a gente?
O garçom fez um sinal positivo e Tarick voltou para Jonas.
- Não vamos perder contato – disse ele. - Queria te ligar depois de tudo, mas não sabia se queria falar comigo.
- Eu não queria – disse Jonas suspirando. - Mas isso é águas passadas. Não vamos perder contato. Anota meu número novo.
- Claro! - disse Tarick.
Cap. 25 – Se namorássemos?
A semana seguinte se passou de maneira arrastada. Jonas e Frederico trocaram muitas mensagens a respeito do caso que estavam trabalhando juntos. Frederico estava estressado e ligou para Jonas diversas vezes com incômodos relacionados ao cliente. Naquela relação profissional Jonas era um mero aprendiz diante de Frederico, que era um excelente advogado. Dominador nato na vida, Frederico tinha uma postura autoritária, seja com Jonas ou com qualquer outro que trabalhava para ele. No geral ele era educado, justo, mas era muito rígido na forma de agir.
Jonas percebeu que, com a semana passando e os contatos aumentando Frederico vinha se portando cada vez mais autoritário com ele, dando ordens, respostas ríspidas, solicitando coisas que estavam fora do caso que estavam trabalhando e exigindo de Jonas que trabalhasse até depois do horário. Como esse caso era importante para Alexandre ele relevou e acabou aceitando tudo. Sendo como fosse, talvez tudo poderia acabar o mais breve possível.
No sábado a tarde recebeu um visita do porteiro que trabalhava no prédio da firma. Haviam marcado um encontro rápido naquele dia. Ele parecia cansado e havia saído um pouco mais cedo no dia. Logo que chegou Jonas o recebeu apenas de cueca, satisfeito pelas marcas que Tarick deixou na semana passado terem sumido.
Com um olhar sacana ele entrou, usava camisa social branca, calça social preta e sapato social. A camisa estava para fora da calça com uns três botoes abertos. Muito bonito, jovem, ele não esperou muito, já entrando dando um beijo gostoso em Jonas. Jonas sentiu a língua dele entrar na sua boca, seus lábios grossos se espremerem nos seus. Alto, ele se agachou um pouco e pegou Jonas, levando-o no colo. Jonas, passando a mão no pescoço dele e em seu peito enquanto beijava, sentiu-se sendo levado para o quarto.
Másculo, cheio de vigor, ele jogou Jonas na cama de barriga para cima, puxou sua cueca, e sem mesmo tirar a roupa, apenas colocando o pau para fora pela calça desabotoada, cuspiu no pau e depois o socou no rabo de Jonas.
O pau dele entrou no pau de Jonas doendo no começo. A visão de Jonas era aquele homem vestido social, com camisa com alguns botoes abertos, aquele cara de safado enquanto o cu ardia durante as metidas. Ele meteu com vontade em Jonas enquanto ele sentia o pau invadir cada vez mais seu cu.
Depois de um tempo ele segurou Jonas pelas coxas, o puxou ainda mais para a ponta da cama e começou a meter com mais força, olhando ele com a cara fechada. Jonas sentia o pau grosso entrar com mais vontade enquanto batia uma de leve.
- Gosta não seu puto – disse ele. - O que eu faço pra ter esse cuzinho só pra mim?
Perguntou ele enquanto metia. Jonas não respondeu, sentiu seu próprio gozo vindo, não queria gozar antes dele, mas quando ele percebeu, começou a meter com mais força e rápido. Nesse instante ambos gozaram juntos. A porra de Jonas voou em seu peito e o lambrecou toda. Ainda meia bomba ele metia em Jonas sentindo tesão em vê-lo. Um sorriso lindo e safado surgiu em seu rosto enquanto respirava ofegante, era lindo. Jonas não pode deixar de sorrir também: o sexo foi muito gostoso.
Agora Jonas sentando com as costas encostado na cabeceira da cama tomando um cerveja enquanto ele fumava um cigarro olhando, bem próximo da janela. Ele tinha todo um cuidado para não deixar entrar cheiro de cigarro no quarto.
- O que deu em você para vir aqui hoje, Erick? - perguntou Jonas.
- Eu estava estressado – respondeu ele tragando. - Porra de pessoal sem educação naquele serviço. Cansado disso.
Jonas pensou por um tempo, estava tendo uma cota de gente grosseira em seus últimos dias. E de fato, no prédio em que trabalhavam tinha muita gente que se achava e Erick provavelmente devia lidar com o pior dessas pessoas.
- Sendo bem sincero, essa semana foi tensa para mim também – disse Jonas. - Mas não me disse o que veio fazer aqui.
Ele sorriu.
- Você me acalma, Pequeno – disse Erick olhando a rua. Parecia bem relaxado.
Jonas sorriu.
- Nós nos acalmamos então – disse Jonas sorrindo. - Nada melhor que você metendo com vontade em mim.
- Gosta não é? - disse Erick ainda sorrindo. - Com você não preciso me segurar, posso meter com vontade.
Jonas sorriu, mexendo no celular. O sol se punha e agora o quarto estava tomado pela luz crepuscular. Aquele silêncio entre eles era gostoso. Não precisavam ficar falando o tempo todo. Cansado Jonas deixou o celular de lado e ficou encarando o teto.
- Já pensou em ficar quieto, arrumar alguém, namorar? - perguntou Erick olhando a rua, um tanto introspectivo.
Jonas não respondeu de imediato. Mas sim, havia pensado nisso. Mas sentia falta da dominação e talvez um namoro convencional não daria o que ele procurava. Oportunidades até apareceram com o passar do tempo, mas acabou não investindo de fato em nenhuma.
- Já sim – respondeu Jonas. - E você.
- Bem… ando pensando bastante. Quem sabe mais frente eu resolva ficar quieto com alguém – disse Erick.
- O que te impede? - perguntou Jonas curioso.
- Acho que ainda não me resolvi totalmente – disse Erick. - Minha mãe não sabe de mim, minha família é muito religiosa, isso tudo me assusta bastante.
Isso revelou um lado de Erick que Jonas não conhecia. Para ser bem franco essa era a primeira vez que conversavam mais abertamente. Geralmente ele gozava e ia embora, com medo de alguém os pegarem. Fora do serviço vê-lo era muito raro e no geral tudo se resumia a sexo.
- Você é calmo Pequeno, transmite paz – disse Erick. - Ficar com você me faz bem.
Jonas sentiu-se estranho ao ouvir aqui. Sua vida era um turbilhão de emoções, como poderia trazer paz a alguém. Mas vendo Erick olhando a rua, com o rosto tingido pelo sol poente, o semblante de paz no rosto… talvez pudesse ser verdade.
- Gosto de ficar com você também – disse Jonas. - É bom para dar uma escapada de todos os problemas.
- O que te aflige? Família? - perguntou Erick.
Jonas não respondeu de imediato, apenas respirou fundo, a vida inteira passou pela sua mente em poucos segundos.
- Um dia a gente senta em um bar e ai eu te falo – disse Jonas.
Erick não disse nada, apenas sorriu. Ambos ficaram ali em silêncio mais um tempo. Pouco depois Erick foi embora. Sozinho, Jonas pensou nele e cogitou um namoro ou algo do tipo. Erick não era dominador, era puto, mas não era dominador. Talvez, somente talvez, pudesse dar certo. Sendo como fosse, isso ficaria para depois.
Cap. 26 – Como se fosse meu submisso.
Ainda naquele final de semana, no domingo, recebeu uma visita de Frederico. Jonas estava em casa tomando seu café quando Frederico surgiu batendo a campainha. Jonas assustou e achou inicialmente que seria o irmão, visto que o mesmo não falava com ele há quase um mês, mas para sua surpresa era Frederico. Ele usava short, uma camiseta regata e chinelos. Seu corpo musculoso não pode deixar de chamar atenção. Ele era todo definido, braços grandes, trapézio bem desenhado, coxas definidas…
- Boa tarde Jonas! - disse Frederico entrando.
- Entre… - disse Jonas de forma irônica ao ver que Frederico entrou antes mesmo dele convidá-lo.
- Que casa arrumada – disse ele indo para a cozinha e abrindo a geladeira. Logo pegou uma garrafa com água.
- Eu não vou nem perguntar como conseguiu meu endereço ou o motivo de não ter ligado antes de vir - disse Jonas fechando a porta.
- O Alexandre passou. Imaginei que não teria nada para fazer um domingo a noite – disse ele. - E terceiro, vim aqui para revisar o caso com você, podemos encerrar tudo na audiência de amanhã.
- Claro… o que mais alguém como eu poderia fazer em um domingo a tarde – disse Jonas irônico, dando os ombros.
- Pelo que disse é uma pessoa sozinha, então nada – disse Frederico. O tom de voz dele estava irritadiço.
Jonas sentiu a resposta como um pontada funda, logo respirou fundo.
Frederico se aproximou dele.
- Isso é café? - perguntou Frederico.
Jonas olhou para a xícara com a cara fechada.
- O que mais poderia ser? - questionou Jonas irritado.
Frederico pegou a xícara e deu um gole.
- Graças a Deus – disse Frederico sentindo a cafeína fazer o efeito depois do primeiro gole.
- Parece bem irritado, posso saber o que aconteceu? - perguntou Jonas pegando o café da mão dele antes que ele tomasse tudo.
- Geralmente diria que não é da sua conta, mas tem a ver com você – disse Frederico de forma ríspida.
- Eu? - perguntou Jonas incrédulo. - O que eu poderia fazer que deixaria vossa senhoria tão irritada?
Ele olhou Jonas sério com ares de alguém que não estava para brincadeira.
- Alexandre quer que você conduza amanhã – disse Frederico irritado. Jonas ficou surpreso com isso. - Não preciso dizer o quanto sou contra isso. Podemos colocar um fim nesse litígio e tem muito dinheiro em jogo. Colocar alguém inexperiente como você é arriscado.
Jonas não respondeu, o olhar sério voltado para Frederico.
- Você é advogado há poucos anos e nunca teve de fato um caso como esse, sejamos sinceros – disse Frederico sem paciência. - Pode colocar tudo em risco por não saber como lidar com pressão. Sem falar que o advogado que vai te confrontar é extramente arrogante.
Jonas ainda não respondeu, mas em sua mente pensava que já estava confrontando um advogado arrogante.
- Não faça essa cara, sabemos que ainda não tem…
- Eu não disse nada, relaxa – disse Jonas. Logo ele foi até a geladeira, pegou uma cerveja, abriu e trouxe para ele e uma taça. - Para você ficar mais calmo.
Frederico pegou e deu um gole. Logo tomaram uma cerveja em silêncio. Jonas ficou de pé olhando a rua e Frederico ficou sentando no sofá. O sol estava se pondo, a luz vermelho-alaranjada do sol poente criou um clima até gostoso na casa. O vento soprava e a cortina flutuava para dentro da sala. Tudo estava muito limpo e organizado e a sala era muito arejada. Agora, tudo tingido naquela cor poente, Jonas percebia que havia um sentimento esquisito ali.
- Ele disse que você deve conduzir e eu devo te preparar, então vamos estudar hoje até eu sentir que está pronto, se é que isso seja possível – disse Frederico de forma autoritária, como se Jonas não tivesse escolha. As vezes Jonas esquecia que ele era dominador. Nas entrelinhas, sentia que sempre tratava Jonas como submisso, mesmo não sendo seu dom.
- Tudo bem…
- Só isso, tudo bem? - perguntou ele irritado.
- Você quer que eu diga o que? - questionou Jonas.
- Eu te falo que um processo que pode envolver valores milionários foi colocado nas mãos de um rapaz que não sabe porra nenhuma e…
- Eu sei o que você quer – interrompeu Jonas.
- Sabe? - perguntou irritado.
- Você quer brigar – disse Jonas. - E olha… na boa… quer gritar, grite, quer me ofender, ofenda. Eu não ligo muito – disse dando os ombros. - Contato que a gente resolva esse caso logo.
Frederico ficou olhando para ele e talvez, somente talvez, ainda mais irritado.
- O que aconteceu que te deixou tão irritado comigo, pois eu não me lembro de ter feito nada contra você – disse Jonas. - Na verdade nem disse nada.
- O que aconteceu? Por qual motivo o Alexandre gosta tanto de você? Vamos começar por ai. Virou um protegido dele de uma hora para outra. Por qual motivo aquele velho arrogante que só pensa em dinheiro está disposto a perder muito dinheiro apenas para te dar um “aprendizado” importante para seu amadurecimento como advogado. Ele quer perder dinheiro fodas, mas o meu dinheiro, aí não. Fui radicalmente contra deixar você conduzir mas ele foi irredutível quanto a isso, chegou a ameaçar romper a sociedade com meu pai, que ele conheceu na faculdade, caso eu não deixasse você conduzir. Aquele velho nunca cogitou isso em mais de quarenta anos e de repente, por sua causa ele solta uma dessa? O que aconteceu entre vocês dois, hein, tá dando pra ele – perguntou irritado. - Porque se for isso seu cu deve ter ouro. Deve ter algo do tipo envolvido para ele estar disposto a arriscar tanto dinheiro. Você é algum tipo de amante, tá envolvido em algo obscuro, sabe algum podre dele?
Jonas ficou calado. Frederico estava visivamente irritado.
- JONAS! Não me tira do sério com esse silêncio e essa testa franzida – gritou Frederico. - QUE PORRA ACONTECEU ENTRE VOCÊS?
Jonas estava olhando em silêncio. Seus sentimentos eram frios naquele momento, a cada minuto a sala ficava mais escura, a luz poente já se escondia atrás dos prédios.
- JO…
- Há cerca de dois meses eu queria morrer, o Alexandre veio aqui e me convenceu a viver – disse Jonas sem moldar as palavras. - Disse que se escolhesse viver nunca me deixaria sozinho. Foi isso, só isso. Nunca pedi nada a ele e vou ser grato a ele para o resto da minha vida. Se ele não tivesse vindo aqui, talvez hoje você não estaria com esse problema, na verdade nem viria até aqui em casa hoje gritar comigo e me tratar mal. Talvez você nem saberia o que aconteceu comigo.
Frederico ficou sem saber o que dizer. Seu olhar ficou vidrado em Jonas com uma expressão de choque.
- Como ele está tão irredutível com isso, vou ir ao médico amanhã e tentar um atestado – disse Jonas pensativo. - Não gosto de mentira sabe, mas se for necessário eu finjo que passei mal. Ai você vai sem eu, conduz tudo e ganha o seu dinheiro. Não precisa ficar tão nervoso por causa disso, a ultima coisa que quero é que briguem por minha causa – disse Jonas sério. Logo sentindo-se culpado pela briga Frederico e Alexandre tentou acalma-lo. - Vai dar certo Frederico, a ultima coisa que quero e que ele se prejudique por minha causa. E sinceramente, não quero te prejudicar também. Ficamos resolvido assim, pode ser? Todo mundo fica bem no final.
Frederico ficou sem saber o que responder. Houve um silêncio incomodo que seguiu algum tempo. Jonas se arrependeu do que disse depois que viu a reação de Frederico. Ele ficou pálido na hora e pareceu ficar sem palavras. E ele não era muito o tipo de pessoa que ficava sem saber o que falar. Falava a maior parte do tempo e parecia sempre ter uma resposta para tudo.
- Vamos estudar Jonas… senta aqui – disse ele com a voz esmorecida, talvez um tanto arrependida. - Amanhã vai ser um longo dia.
Jonas excitou, mas acabou concordando com ele. Pela forma que falou não havia outra forma. Logo estavam lendo e relendo tudo que era necessário para a audiência do dia seguinte.
Eles ficaram estudando até tarde. Já passava da meia-noite quando Jonas sentiu que não aguentaria mais. Logo ele começou a se perguntar quando Frederico iria embora até perceber que ele provavelmente dormiria lá. Sendo como fosse, não discutiria com ele. Na verdade, quando o assunto veio a tona ele fez a clássica piada com duplo sentido “pode ficar tranquilo, não vou te comer”. Apesar de gostoso, Jonas não tinha quase interesse em Frederico. Ele estava sendo bastante rude com ele nesses últimos dias, o que fazia ter ainda mais aversão a ele, mesmo ele sendo tão bonito.
Na verdade Frederico estava insuportável e não perdia oportunidade de ser irônico ou xingar Jonas por algum motivo. Isso estava fazendo a ansiedade de Jonas aumentar a ponto de ficar insuportável. Algo havia deixado ele bem irritado e Jonas não sabia o que era. Esse litígio já vinha se arrastando por muito tempo, essa reunião poderia resolver todo o processo através de um acordo, mas as chances de encerrar de fato não pareciam tão promissoras. Então não sabia o motivo de Frederico estar tão irritado com a possibilidade de perder.
Jonas resolveu comer algo antes de ir deitar, estava cansado e no dia seguinte iria confrontar um advogado bem difícil. A sua ansiedade com o passar da noite foi aumentando e ele ficou com medo do dia seguinte. Enquanto comia um hambúrguer que havia pedido viu Frederico sair pelado do banheiro, andando pela casa e indo até geladeira. O pau dele, mesmo mole era enorme e ficava balançando de um lado para o outro. Seu abdomen era definido, podendo ver cada gomo bem desenhado, os peito igualmente definido e liso com mamilos grandes.
Jonas olhou sério. Por mais que fosse lindo, aquela era a sua casa e eles não tinham nenhuma intimidade. Jonas também não sentia nenhuma interesse em Frederico e sabia que ele também não sentia. O que um cara como Frederico quereria com alguém como ele?
- Ah! você já me viu pelado – disse ele sentando-se a mesa com Jonas. - Comprou o meu?
- Sim – disse entregando Frederico uma sacolinha com seu hambúrguer.
- Está muito ansioso? - perguntou Frederico.
- Bastante – respondeu Jonas sentindo a ansiedade aumentar com a medida que a noite avançava.
- Vai dar tudo certo – disse ele sorrindo. - E se o Augusto se engraçar pro seu lado eu entro e coloco ele no lugar dele.
Jonas assentiu, no fundo ficando grato por Frederico. Ele sentia, por mais disfarçado que isso fosse, que Frederico as vezes assumia um ar meio protetor, principalmente nos tribunais. De todo modo, ficou feliz em ouvir isso. Uma hora ele era autoritário, outra, cuidador. Ele oscilava de mais, pensava Jonas.
Jonas pensava também em como Frederico o vinha tratando principalmente nesse domingo. Além de presumir que estava tendo um caso com Alexandre, entrou em sua casa de forma grosseira e o ofendeu mais de uma vez, sendo muito estúpido com ele. Havia um ar autoritário para falar com Jonas que vinha aumentando com o passar dos dias. Ele não aceitaria esse tipo de comportamento e falaria isso com Frederico depois. Como seus ânimos alterados devido o processo deixaria isso para outra hora. Mas fato era, Frederico não tinha esse direito.
Depois que comeram foram dormir. Jonas tinha somente um cama de casal no seu quarto. Eles dormiram juntos, cada um com um lençol pois estava calor. Frederico dormiu pelado, mas em momento algum se aproximou de Jonas. Jonas, irritado com ele, demorou um pouco para pegar no sono e pensou em dormir no sofá. Para sua surpresa Frederico roncava bastante e isso prejudicou sua noite de sono.
Ao acordarem ele foram até o escritório para Frederico poder se trocar. Nessa manhã já havia desentendido. Frederico acordou muito cedo e ficou apressando Jonas falando que eles iriam se atrasar. Quando Jonas se irritou com ele recebeu uma resposta muito grosseira da parte de Frederico e isso o deixou muito chateado, Frederico basicamente disse que ele deveria aceitar a oportunidade que estava tendo e não deveria questionar o que ele tava falando, pois sem ele ali não conseguiria nada nessa audiência, quando Jonas questionou ele “acho que você deve se lembrar quem é quem aqui, deve tá esquecendo”. A fala pode ser interpretada de varias formas, Jonas entendeu que ele falava sobre o fato dele estar em um caso que envolve muito dinheiro sem ter qualquer condição para isso. Era verdade, mas a forma que Frederico colocava isso deixava Jonas irritado e um tanto chateado.
Quando ele voltou para o carro estava muito cheiroso, com um terno azul-marinho, gravata azul escura e óculos escuro. Ele ligou o carro e dirigiu apressado para o local da audiência. Durante todo o caminho ficou perguntando Jonas sobre detalhes do processo e ficou pressionando ele como se estivessem ensaiando. Quando Jonas errava algo ou gaguejava ele se irritava com Jonas e o xingava, mandando prestar atenção. Era nítido que ele estava muito estressado.
Ainda dentro do carro a coisa acabou saindo de controle.
- Eu já te disse mais de uma vez que não é o que o contrato social da empresa informa, presta atenção porra! - disse Frederico irritado. - Na ausência do proprietário por força maior os herdeiros devem assumir e gerir a empresa, tendo plenos direitos, as decisões com relação as Holdings não se comunicam, as manobras do filho dele são ilegais com base em leis que repassamos diversas vezes ontem e agora você simplesmente não se lembra. O homem tava doente, morrendo, e o filho dele movimentou dinheiro sem permissão, a contabilidade pegou isso e isso foi encoberto.
- Mas Frederico é muita coisa! - disse Jonas tentando se lembrar de tudo. - Eu estou ficando confuso.
- MUITA COISA? TEM DIAS QUE ESTAMOS FALANDO DISSO JONAS!
- Eu sei – disse Jonas sentindo-se mal, os olhos começaram a arder.
- Então presta atenção, leva essa merda a sério – disse Frederico irritado.
- Eu to levando, mas você não para de gritar – disse Jonas irritado. - Eu…
- Cala boca e presta atenção! - disse ele irritado. - Ou você se concentra ou a gente perde, tudo depende de você.
Jonas respirou fundo.
- Vamos de novo Jonas, o filho dele fez movimentações financeiras proibidas e tentou encobrir. Vamos usar isso para forçar o acordo – disse Frederico.
- Eu essa parte eu entendi – disse Jonas irritado, a cabeça doendo.
- Então qual porra de parte não entendeu? A todo momento fica falando algo errado e fica gaguejando – disse Frederico gritando. - O armando vai te comer vivo.
- Mas Frederico…
- Presta atenção! - disse Frederico sem deixar Jonas falar. - Eu vou falar mais uma vez… VOCÊ ESTÁ CHORANDO!?
Jonas não conseguiu segurar. Mesmo segurando para não fazer barulho sentiu os olhos arderem e as lágrimas caírem. A respiração ficou pesada, os olhos arderam por causa das lágrimas. Não aguentava mais ver Frederico gritando com ele, a cabeça estava doendo muito e estava com medo de Frederico lhe agredir a qualquer momento.
- Você tá chorando Jonas!? – disse Frederico preocupado as duas mãos na cabeça, vendo que talvez, somente talvez, tenha passado dos limites. Ele havia até soltado o volante.
- Você está gritando comigo o tempo todo! - disse Jonas com lágrimas nos olhos.
- Meu Deus Jonas! Não precisa chorar! - disse Frederico preocupado.
- Que saco, eu não quero – disse Jonas respirando fundo, olhando as coxas e fazendo força para as lágrimas não caírem. Ele tampou o rosto com as duas mãos.
- Eu não gritei o tempo todo, eu só estou preocupado… - disse Frederico com o tom de voz ameno.
- A semana inteira tem sido ríspido comigo, mas ontem chegou na minha casa sendo grosseiro comigo, gritando, me tratando mal, me dando resposta grosseira para tudo, jogando na minha cara que sou pobre, que sou sozinho, que tenho que agradecer essa oportunidade. Me manda calar a boca toda hora. Eu não queria nada disso – disse ele não conseguindo se segurar as lágrimas. - Fica o tempo todo falando que eu vou fazer você perder o dinheiro que você tanto ama e ainda roncou a noite toda e eu não consegui dormir – e nisso começou a chorar. - E eu to com medo você me bater a qualquer momento.
- Não não não não – disse Frederico apressado mas era tarde, Jonas começou a chorar. - Eu não vou bater em você, eu NUNCA faria isso. Calma, calma, não precisa chorar. Nós vamos resolver isso, vai dar tudo certo.
- Você disse que não vai dar certo várias vezes – disse Jonas respirando fundo segurando o choro.
- Eu estava errado, não quero ver você chorando – disse Frederico preocupado, apressado, olhando de um lado para o outro como se a solução para o problema fosse brotar misteriosamente.
Jonas olhou para a rua irritado, estava com tanta raiva que queria abrir a porta e sair ali mesmo.
- Ah! - disse ele parando o carro. Logo abriu o porta-luvas e pegou um chocolate. - Come!
Jonas olhou estarrecido para a barra de chocolate.
- É chocolate, faz bem! – disse Frederico. - Come! - disse olhando Jonas com a expressão preocupada, um tanto ansiosa.
- QUE MALUQUICE E ESSA!? - disse pegando o chocolate e olhando aqui sem saber o que pensar, ele pegou um quadrado e comeu. Só nessa hora percebeu que não comia nada desde a noite anterior uma vez que Frederico acordou brigando com ele para saírem rápido.
- Está vendo, chocolate faz bem quando estamos tristes – disse Frederico genuinamente empolgado. - Está se sentindo melhor?
- É CLARO QUE NÃO FREDERICO!
- Ah meu Deus o que eu fiz?! – disse ele novamente com as duas mão na cabeça. - Não era para você se sentir assim eu só queria te ajudar.
- Pelo visto não sabe como ajudar as pessoas! - disse Jonas irritado tentando segurar as lágrimas. - Eu não vou mais nessa porra de audiência – disse Jonas. - A gente fala com o Alexandre que eu passei mal. Ai você não perde o seu dinheiro.
- Nao não não – disse Frederico. - Eu tenho muito dinheiro, esse não é o problema.
- ENTÃO ME DIGA QUAL É O PROBLEMA ANTES QUE EU TENHA UM ATAQUE DO CORAÇÃO!
Ele ficou um tempo calado olhando o volante do carro enquanto Jonas ofegante, com os olhos vermelhos olhava para ele.
- Me desculpe, eu estou estressado – disse Frederico. - Eu… fiquei um pouco irritado com a discussão que tiver com o Alexandre e descontei em você.
- Isso é mentira, pois disse que a conversa com Alexandre foi domingo e está me tratando assim a semana toda – disse Jonas respirando fundo, logo limpou as lágrimas com as mãos.
Frederico não disse mais nada. Jonas respirava fundo tentando se segurar mas a vontade era só chorar e colocar tudo para fora. Queria também abrir a porta do carro e ir embora.
- Vamos, esse processo já se estende por muito tempo, se não der certo agora vai dar mais para frente – disse Frederico. - Me desculpe por ter te tratado assim, eu não percebi. Confesso que te vi como um sub meu e acabei me excedendo.
Jonas respirou fundo.
- É assim que trata seus submissos, com essa grosseria? - perguntou Jonas.
Frederico não respondeu. Sempre que era confrontado com alguma pergunta indesejada ele não respondia. Ele simplesmente fingia que não tinha ouvido a pergunta.
Jonas tampou o rosto com as duas mãos novamente e respirou fundo, o coração parecia arder no peito. Era muita pressão em cima dele.
- Vamos lá, não se preocupe com o dinheiro e novamente, me desculpe. Eu me excedi em todos os sentidos – disse Frederico com a voz pesarosa.
Jonas novamente respirou fundo. Olhou para a rua evitando olhar Frederico nos olhos.
- Eu não vou mais na audiência – disse Jonas tirando o cinto. - Eu vou embora. Vou ligar para o Alexandre e me desculpar.
- Não Jonas… por favor! - disse Frederico em súplica. - Me perdoa, eu… na boa, eu não sei nem o que dizer.
Jonas pensou por um tempo, se saísse do carro ali poderia decepcionar Alexandre e isso ele não queria. Aquele velho havia ajudado ele em um dos momentos mais difíceis da sua vida. Por ele, somente por ele, não poderia deixar de ir.
- Tudo bem, vamos lá – disse Jonas mas a voz saiu desanimada.
Frederico pareceu aliviado.
- Quer mais chocolate? - perguntou Frederico preocupado.
Jonas olhou ele com uma expressão homicida. Frederico recuou.
- Eu não quero ver chocolate nunca mais na minha vida! - disse Jonas irritado. - Vamos embora logo!
Eles não se falaram mais até se encontrarem com a cliente, que os recebeu um tanto ansiosa. Frederico agiu como se nada tivesse ocorrido, sorrindo e falando com ela. Jonas, geralmente mais comunicativo, ficou quieto. Antes ansioso, agora ele parecia não se importar mais se daria certo ou não. De todo modo, daria o melhor de si, mas queria que tudo acabasse o quanto antes.