A Fuga das Galinhas é uma animação de 2000 que se passa em uma granja na Inglaterra, onde as galinhas são forçadas a produzir ovos sob a ameaça de serem transformadas em tortas de frango se falharem. A história segue Ginger, uma galinha determinada a escapar desse destino cruel. Após várias tentativas frustradas, a esperança renasce quando Rocky, um galo americano que supostamente pode voar, aparece na granja. Juntos, eles planejam uma grande fuga para salvar todas as galinhas da granja. No entanto, há um problema muito sério, em média uma galinha pode voar entre 12 e 15 metros. A distância que uma galinha pode cobrir em voo depende muito da raça e do tamanho. Todos os dias recebo e-mails ou chamadas no zangi de mulheres interessadas em serem submissas e consequentemente entrarem no mundo BDSM. A enorme maioria destas mulheres conhecem um pouco deste mundo ou já teve relações deste tipo no modelo que eu chamo ARBNB, ou seja, experiências de final de semana para realização de fantasias sexuais. Neste conto uso estás analogias das galinhas e do ARBNB porque me parecem muito apropriadas.
Seu perfil é de donas de casa, mães e profissionais liberais que entediadas com o dia a dia doméstico e profissional sonham em ser águias e voarem grandes alturas. Mas, as águias são conhecidas por suas impressionantes habilidades de voo. Elas podem alcançar alturas de atéapés (aproximadamente 3.000 a 4.500 metros) e, em alguns casos, até mais alto. Durante a migração, algumas espécies podem cobrir distâncias de até 250 milhas (cerca de 400 km) em um único dia. E como todos sabem é impossível transformar galinhas em águias, em consequência a maioria brinca de submissa por uma semana, as vezes duas e logo cansa porque não tem força nas asas para alçar voos altos. Ainda mais quando esta relação é basicamente virtual, onde o possível anonimato e a distância possibilitam muitas coisas, uma delas é a mentira. No entanto, as pessoas esquecem que podem mentir e enganar o mundo inteiro, porém a verdade sempre lhe será intimamente conhecida. A pior mentira é aquela que realizamos para nós mesmos.
É fácil desejar ser amarrada, humilhada, fodida com força, usar fantasias de couro e acessórios. Qualquer sex shop vende este tipo de produto. Lembre-se que no mundo da imaginação tudo é permitido, há um vasto cardápio de opções nos ARBNB do sexo.
No mundo dos contos todas as bucetas e cus estão abertos e prontos para serem arrombados pelas enormes picas dos comedores, dos machos alpha, dos Bolsonaristas inbrocháveis – não poderia perder a piada que recorda o vergonhoso 7 de setembro de 2020, centenário da Independia do Brasil. Nesse mundo dos maridos cornos e das relações abertas, “pero no mucho”, tudo é fascinante. N ficção as galinhas fogem, formam até uma República Independente, mas na realidade seguram a vassoura limpando a casa e sonhando que são bruxas encantadoras que realizam encantamentos com suas bocas, bucetas e cus mágicos. Na realidade paralela da internet são cinderelas, enfermeiras, prostitutas, gostosas e cheias de tesão. Seus machos são magníficos garanhões selvagens, com paus de 30 cm capazes de jorrar rios de porra em suas bocas, bucetas e cus sempre apertadinhos. Adoro isso, mesmo com o seu português ruim e a sua falta de contexto, roteiro e cenário, o sexo é sempre fácil e altamente satisfatório. Delícia.
Quando falamos de BDSM então, todos são personagens dos livros de E.L. James. As Anastácias e os Dorian Grey estão lá presentes em toda a sua exuberância e riqueza. Todos estão numa jornada de autoconhecimento, exploração de tabus, buscam entender a complexidade dos relacionamentos, entendem a dinâmica do poder e sabem tudo sobre seus limites e consentimentos. Falam de sadismo e masoquismo sem nunca terem aberto livros como “Os 120 Dias de Sodoma”, “Justine”, “Juliette" , "A Filosofia da Alcova” ou seja nem imaginam quem é Donatien Alphonse François de Sade. Neste mundo paralelo, as donas de casa acreditam que de forma terapêutica usaram o BDSM vestindo-se de submissas ou de dominatrix para curarem suas frustrações e realizarem seus desejos de serem amarradas, fodidas, penduradas, espancadas, humilhadas. Tudo para confidenciarem para suas amigas mais intimas no almoço de domingo as grandes descobertas e aventuras que vieram durante breves minutos de liberdade que a sua imaginação permitiu durante o intervalo da entediante novela da vida real.
Ao contrário dos que alguns possam estar pensando, embora seja um texto ácido, ele tem um objetivo muito claro: lembrar as galinhas que elas não podem voar com águias, até porque se voarem devem estar conscientes de que em algum momento virarão o lanche da tarde. Águias, por uma questão natural, enxergam as galinhas como um mero alimento e não sentem nenhum remorso em literalmente comê-las. Mas há um livro interessante, trata-se de a história da águia e as galinhas, popularizada por Leonardo Boff, é uma metáfora sobre a condição humana. A fábula conta sobre um camponês que encontra um filhote de águia e a cria junto com as galinhas. A águia cresce acreditando ser uma galinha, ciscando e vivendo como as outras galinhas. Um dia, um naturalista visita a fazenda e, ao ver a águia, insiste que ela é uma águia e não uma galinha. Ele tenta várias vezes fazer a águia voar, mas ela sempre retorna ao galinheiro. Finalmente, o naturalista leva a águia para o alto de uma montanha e a expõe ao sol nascente. A águia, ao ver a vastidão do céu, abre suas asas e voa, descobrindo sua verdadeira natureza. Essa história nos ensina sobre o potencial escondido dentro de cada um de nós e a importância de reconhecer e viver de acordo com nossa verdadeira essência.
Pois bem, eu sou este naturalista e desenvolvi meus métodos como já relatei nos contos anteriores. Não sou o galo Rocky e não desejo ter um harém de galinhas para comê-las no jantar ou num final de semana de sexo intenso. Estou aqui para mostrar as águias a vastidão do céu, mesmo que para isso seja obrigado a jogá-las na escuridão do precipício. Então, caso esteja pensando em se comunicar comigo fique a vontade, mas antes leia todos os meus contos, disse todos. Depois faça uma análise “sobre as suas verdadeiras intensões para consigo” e por último tenha clareza que não sou o Grey, sou o Marques de Sade. Um libertário acima de tudo. Gratidão as galinhas por existirem, pois sem elas não estaríamos nutridos.