O coração pulsa em um ritmo apaixonado, reverberando como um tambor em uma dança sob as estrelas. A respiração se torna rápida e profunda, preenchendo o peito com um calor ardente, uma chama que anseia por liberdade. Os músculos, vibrantes de expectativa, se contraem em prontidão, como se estivessem prestes a se lançar em um turbilhão de emoções. A mente brilha, cada pensamento se torna claro e luminoso, revelando a beleza que antes passava despercebida. O mundo ao redor se transforma em um quadro vívido, com sons que se entrelaçam em uma sinfonia que embala a alma.
Eu não sabia o que fazer, não poderia ficar fora da academia, já que eu estava no horário de trabalho. Respirei fundo e decidi voltar ao meu posto, entrei para a academia e André me chamou.
André: Maya, chegou uma moça que é da sua área de especialidade. Ela pretende fazer um concurso da polícia militar se não me engano, mas está tendo dificuldades com a parte física. Veio procurando um professor adequado para isso. Como eu sei que você é expert nesse assunto, achei melhor você falar com ela.
Maya: Ah sim, certo eu vou falar com ela então. Qual a moça?
André: Aquela que está com aquele rapaz ali. - Disse André apontado em direção a Nicolly.
Naquele instante meu coração parou, não sabia o que fazer. Mas logo lembrei que eu precisava ser profissional, e fui em direção a ela. Foi a caminhada mais longa da minha vida, eu não sabia nem como começar a falar com ela, e ela estar com o semblante fechado não me ajudava em nada.
Maya: Olá, meu nome é Maya. O André me falou que você está procurando alguém para um treino específico para concurso. Eu queria entender melhor, pois a minha área de especialização é para ganho de velocidade e agilidade de mulheres atletas. Talvez eu consiga te ajudar.
Nicolly: Olá, eu sou a Nicolly, e aquele na escada é meu namorado Guilherme. Sim, eu irei fazer o concurso da PM, e percebi que meu tempo na corrida tem caído. Fiquei preocupada com isso e decidi procurar alguém que conseguisse me auxiliar nos treinos. Eu não sabia que tinham profissionais especializados em treinos para mulheres.
Não gostei da menção de seu namorado, indicava que estava fechada para qualquer fala diferente e que ele estaria ali como um vigia.
Maya: Ah, então tem algumas coisas que podem influenciar essa queda, como noites mal dormidas, estresse, e para nós mulheres, o ciclo hormonal. Eu não sei se você sabe, mas ao longo do mês recebemos várias descargas hormonais, que tem picos e quedas. Nessas quedas nossa força tem a ficar menor e nosso rendimento também.
Nicolly: Sério? Nunca imaginei que hormônio afetaria meu desempenho.
Maya: Sério, e é normal a maioria das mulheres não terem essa informação, principalmente por não falarmos sobre a menstruação. Mas olha só, quando você está mais próximo do dia de sua menstruação é quando você tem a maior queda no rendimento, e no período de ovulação é quando você tem o maior rendimento. Ou seja, os treinos têm que seguir essa lógica, e não devemos nunca nos comparar com um homem nesse quesito.
Nicolly: Nossa, tive uma aula agora kkkk. Gostei de saber disso, e acho que encontrei a pessoa que me ajude nesse momento. Você só trabalha aqui? Faz personal?
Maya: Olha, eu trabalho em outra academia pela manhã e estou sem vaga para personal. Mas faço consultoria online e se você treinar aqui por esse horário eu consigo te dar um pouco mais de atenção, já que a academia está praticamente vazia.
Nicolly: Bom, então vamos fazer um teste de treino essa semana, e se eu gostar semana que vem fecho a consultoria e permaneço nesse horário. Pode ser?
Maya: Claro, deixa eu te passar meu contato de consultoria.
Trocamos contato e eu a deixei finalizar o treino. Após ela ir embora com seu namorado puxei sua ficha de treino no sistema e notei que todo o treino estava voltado para o objetivo errado. Então me organizei com um novo treino apenas para um teste, que iria melhorar sua mobilidade e agilidade. Eu estava cheia de adrenalina, era engraçado o quanto ela mexeu comigo em tão pouco tempo. Terei que me controlar bastante nesses treinos.
No outro dia tudo aconteceu como de costume, e a noite após meu horário de jantar lá estava Nicolly, infelizmente acompanhada de Guilherme. Conversamos um pouco e mostrei o treino que havia preparado, alguns ela já conhecia, outros não. Todo treino eu passava para ela e deixava-a fazer, mas alguns eu precisava ficar mais atenta e mais próxima. Quando ela estava fazendo o agachamento reparei que seu quadril não estava seguindo a linha certa, e poderia causar danos a lombar, quando fui ajustar o movimento precisei tocá-la, e esse simples toque fez com que uma corrente elétrica passasse por todo o meu corpo. Era a primeira vez que sentia isso ao tocar alguém, e me senti bem. Após o treino percebi Guilherme meio afastado de Nicolly, mas achei que poderia ser apenas impressão.
O restante da semana foi super tranquilo com os treinos, vez ou outra precisava tocar em Nicolly e tinha a mesma sensação. Eu tive certeza que isso era atração quando ao auxiliá-la na extensora nossos rostos ficaram próximos e eu não conseguia parar de olhar em seus olhos, e tive a recíproca. Parecia que tudo estava em câmera lenta, cada movimento que ela realizava seu olho brilhava mais. Eu estava hipnotizada. Sai do transe quando o peso de outra pessoa treinando caiu no chão, me afastei dela e deixei-a continuar o treino.
No fim de semana decidi tirar Nicolly da cabeça e fui ao bar procurar um escape. E para minha surpresa, a pessoa que eu queria tirar da cabeça estava lá, mas sozinha. Fiquei observando-a por alguns momentos. Algo mágico aconteceu, nossos olhares se cruzaram como estrelas em uma noite clara, iluminando o ambiente sutilmente. No meio do burburinho do bar, o tempo pareceu parar. Ela, com um sorriso tímido, sentiu a eletricidade no ar; eu, com um brilho nos olhos, desafiava-a a se aproximar. Nicolly veio em minha direção, e eu apenas pedi uma cerveja para o barman.
Nicolly: Oi, o que te traz aqui nesta noite?
Maya: Estou tentando tirar alguns pensamentos da minha cabeça. E você? Onde está seu namorado?
Nicolly: Hum. Bem. Bom se ele não aparecer hoje, talvez se torne ex. Ele saiu cedo de casa dizendo que ia trabalhar, e não apareceu ainda. Estou achando que ele esqueceu que hoje é meu aniversário.
Nesse momento a abracei e desejei felicidades. Mas o abraço teve faíscas, tantas faíscas que eu quase não consigo me afastar.
Nicolly: Obrigada, posso ficar na mesma mesa que você por enquanto?
Maya: Depende, eu estou em busca de alguém hoje, e uma mulher linda como você do meu lado pode espantar outras mulheres. Mas se quiser me ajudar kkkk.
Nicolly: Você também gosta de mulheres? Eu não imaginava.
Maya: Também?
Nicolly: Haha, esqueci que você conheceu o Guilherme, eu sou bi. Mas tem algum tempo que não me relaciono com mulheres.
Maya: Ah, entendi. Bom, que tal me ajudar a encontrar uma?
Nicolly: Tudo bem.
Ficamos muito tempo juntas, e acabamos conversando e nos distraindo, a noite que era pra ser de fuga acabou virando uma noite de conhecer a pessoa que mexe com meu pensamento. Por volta de uma da manhã Nicolly desistiu de esperar Guilherme, e decidiu que não iria para casa, queria ir em uma boate. Fui com ela, já que estava de carro e ela já estava meio alegre da bebida.
Na boate ela se soltou e dançava provocando todos ao seu redor. Me mantive afastada e deixei ela curtir a noite. Mas quando começou a tocar funk ela me puxou para perto e passou a dançar com o corpo colado no meu. Meu corpo estava reagindo a tudo aquilo, eu estava com muita vontade de beijá-la, e sabia dos riscos. Me contive e a respeitei. Decidi ir ao banheiro para me acalmar. Com apenas cinco minutos que estou no banheiro escuto a porta abrir e em seguida ser trancada por dentro. Me virei e vi Nicolly vindo em minha direção, senti seus lábios junto aos meus. O beijo teve um encaixe tão perfeito que eu não sabia como parar, eu não queria parar.