Danielle parou com seu carro na portaria, sentia sono, o segurança abriu a guarita
— Senhora Danielle né, assina aqui — Deu uma prancheta, era um termo, ela leu e assinou
Ele indicou onde parar o carro
Havia acordado cedo, seu corpo sentia o cansaço, estava arrependida de não ter negado o encontro com Fausto pois estava cansada, queria dormir e não ir para alguma festa, tomou um banho rápido e caprichou na maquiagem para que ela parecesse leve, mas não era, escondia os pequenos roxos do seu rosto ainda não curados completamente da cirurgia.
Saiu do carro, vestia uma calça confortável com diversos bolsos e uma camiseta branca com um coração no meio do peito, por baixo um maiô com bojo para protegê-la e fazê-la se sentir mais segura e feminina.
Até chegar ao galpão indicado era uns cinquenta metros, Danielle olhou tudo a sua volta, não haviam muitos prédios, ao longe viu pequenos aviões, carros bonitos, motos, pessoas uniformizadas andando para um lado e para o outro, nada muito agitado.
Lembrou que nunca havia dado atenção àquele pequeno aeroporto no meio da cidade, parou para apreciar um pequeno avião prateado levantando voo, achou interessante.
Encontrou rápido o lugar que deveria voar, falou com a atendente, havia chegado cedo, esperou em uma pequena salinha de sofá confortável e adormeceu ao lado de outras pessoas que pareciam desconectadas.
— Danielle né? — Uma mulher muito bonita a chamou — vamos? — Olhou em volta, não havia mais ninguém
Ela se levantou assustada
— Vamos — Olhou em volta — O Fausto já chegou? — Ela perguntou esticando o corpo e sentindo as costas estalarem, o breve sono deu uma revigorada
— Não, ele não vem pra cá — A mulher falou — Eu sou a Sônia, vou com você no voo
— Voo? — Danielle perguntou curiosa
Por alguns segundos ela raciocinou, estava no campo de marte de São Paulo uma pista de pouso e decolagem muito usada por pequenos aviões, em nenhum momento ela pensou que iria fazer algum voo, sentiu-se idiota, mas aquilo ali era obvio, mas em algum lugar na cabeça dela Fausto a encontraria ali, sentiu-se muma idiota.
— Sim, vamos? — Respondeu envergonhada enquanto Sonia mostrava o caminho
Danielle a seguiu olhando em volta assustada, entraram no galpão, havia alguns aviões pequenos, um deles na cor grafite com uma pequena escada, Sonia subiu e Danielle foi atrás.
— Trouxe alguma bagagem? — Sonia perguntou
— Não, tem roupas, mas vão ficar no carro mesmo — Danielle respondeu pensativa diante do olhar enigmático de Sônia
— Você não sabia que ia voar? — Sônia perguntou curiosa
— Não fazia ideia — Respondeu frustrada
— Bem, o voo de retorno de ribeirão preto é bem pro fim do dia, se você for voltar nesse mesmo voo acho melhor levar alguma coisa — Sônia disse num tom amistoso
— Tenho quanto tempo? — Danielle perguntou pensativa
— Cerca de quinze minutos até a decolagem — Sonia disse
— Então espera — Danielle disse descendo as escadas e disparando para o carro
Tirou o notebook da mochila e colocou embaixo do banco, pegou as roupas extras, sapatilha, vestido, toalha e tudo o que tinha dentro do carro para suas emergências e socou o mais apertado que conseguiu na mochila, voltou para o avião ofegante em menos de dez minutos
— Pronto! — Falou ao ver Sônia — Foi rápido!
Danielle sorriu ofegante
Sonia sorriu e mostrou o acento
Era a segunda vez que Danielle iria voar em um avião, mas nunca em um daquele, algumas pessoas entraram mas não ficou cheio deviam ter vinte pessoas e vaga para trinta.
O piloto falou no auto falante, dando instruções, clima, horario e destino em seguida anunciou a decolagem.
O processo foi todo muito rápido,
O avião andou pela pista e no sentido contrario um outro avião decolou, como se fosse uma fila coordenada, rapidamente ele se posicionou, tudo silencioso, mas então ela sentiu o roco das turbinas.
Eram tres, uma em cada asa e uma na traseira. Quando as da asa foram ligadas o avião pareceu se arrastar, parecia que estava sendo segurado por alguém, foi uma sensação estranha, até que esse alguém o soltou e a cabeça de Danielle foi jogada violentamente contra o encosto do banco, tamanha foi a velocidade e força
— Meu Deeeuuusss — Ela balbuciou enquanto o avião corria pela pista e ganhava o ar
Danielle esperava a sensação de pressão no banco passar, mas ela não passava, sentiu então um estalo no ouvido e um barulho na traseira, sentiu um tranco mais forte no corpo e trincou os dentes, sentiu medo, olhou pela janela e mal via a cidade lá embaixo, estava rapido, muito mais rapido do que ela poderia imaginar.
O panico temporario de Danielle durou quase tres minutos então a pressão se desfez, ela respirou aliviada e impressionada
Assim que as luzes do cinto se apagaram um homem chamou a atenção dela
— Opa, bom dia — A voz grave chamou atenção de Danielle
Ela olhou em volta
— Aqui — A voz vinha de trás
Ela levantou a cabeça
— Ah, oi! — Respondeu
— Eu sou o Paulo, qual a sua graça? — O homem estava muito bem vestido, terno azul marinho, camisa de seda, barba espessa branca bem aparada, devia ter por volta de sessenta anos e mesmo bem mais velho era muito bonito
— Sou a Danielle — Ela respondeu — Prazer
Ele se levantou e foi até o banco dela, sentou-se
— Meu nome é Paulo Von Strauss — Deu a mão para ela em cumprimento — Sua primeira vez num jatinho desse?
Ela sacudiu a mão dele brevemente
— Sim, é — Respondeu olhando para o homem enigmático
— A sensação é muito boa né? Da primeira vez eu fiquei assustado — Paulo disse — Mas na centésima vez… — Ele pensou um pouco — É, na centésima vez eu ainda fico assustado
Danielle sorriu
— É um pouco assustador sim, pensei que ia chegar na lua assim.
— Ah, precisa de muito mais força pra sair da terra — O homem disse levando a piada dela a sério — Esse avião vai no máximo uns 10 mil metros, tá longe de sair da terra
— Sim eu sei — Danielle disse — Estava exagerando
— Pra sair da terra precisa ir pelo menos ao dobro disso — Ele disse parecendo inteligente
— Precisa ir cinco vezes mais que isso, a estratosfera é a cinquenta quilômetros — Danielle apontou pra cima
Ele fez uma cara de surpresa
— Olha, que inteligente! — Ele disse surpreso
Ela sorriu
— Sou curiosa só — Ao respondeu pensou que aquele papo estava meio estranho e fora de contexto
— Você foi contratada pra alguém? — Ele perguntou curioso
Ela pensou um pouco
— Hmmmm — Murmurou —Eu trabalho para o senhor Fausto — Respondeu pensativa
— Fausto? — Perguntou curioso — Ah, da empresa de trator e da de Callcenter né?
— Acho que sim, o senhor é de onde? — Ela perguntou curiosa
— Eu tenho uma empresa, é de aluguel de veículos, estou indo para Ribeirão Preto para resolver umas coisas — Ele disse avaliando Danielle debaixo em cima — Você trabalha pra ele? particular?
— Hmm, não particular, eu trabalho na empresa de Call Center — Respondeu sentindo-se um pouco incomodada
— E vem no final de semana para a casa dele? É uma reunião de trabalho? — Ele perguntou sendo direto
Não era reunião de trabalho, ela se sentiu incomodada porque parecia meio estranho mesmo.
— Eu não estou entendendo por que de tanta pergunta senhor Strauss — Danielle respondeu desconfiada e um tanto ríspida
— Pode me chamar de Paulo — Ele reiterou — Eu quero saber se você atende somente ele ou atende por fora, é que eu vou para Ribeirão e vou passar uns dias lá — Ele enfiou a mão no casaco e pegou algo entregou para ela — E lá eu fico muito solitário, sabe como é
Ela olhou o papel, tinha o nome da grande empresa conhecida de aluguel de veículo, destacado “Paulo Von Strauss” e em cima “CEO” com os contatos dele
Ela olhou para o papel e ofereceu de volta a ele, entendeu o que aquilo significava
— Eu não sou prostituta senhor Strauss — Respondeu irritada
— Não, não foi isso que eu quis dizer, me perdoe — Ele falou na defensiva
— Tão pouco algum tipo de acompanhante de qualquer tipo, eu sou funcionária do senhor Fausto e por acaso temos algumas afinidades. — Se explicou
— Me desculpe Danielle, eu só queria oferecer companhia para uma garota tão formosa, uma chance de te conhecer, você me conhecer já que não é casada nem comprometida
— Como sabe que não sou comprometida? — Danielle perguntou insegura
— Não tem aliança e na sua ficha você escreveu solteira — Ele disse
— Leu minha ficha? — Ela perguntou nervosa
— Foi sem querer, eu as vezes leio tudo muito rapido e a sua me saltou aos olhos, e também seria improvável que um homem tivesse algum tipo de compromisso com você e não colocasse um anel no seu dedo para mostrar a todos que você é comprometida — Ele piscou pra ela — Seria idiotice não fazer isso — Ele observou Danielle incrédula e se arrumou fechando o paletó — Eu não estou te perseguindo, me desculpe — Ele se levantou — Pode jogar fora se quiser, mas se um dia estiver precisando conversar, uma amizade, uma viagem ou um carro, me ligue, vamos conversar.
Ela observou, ele levantou-se e sentou-se no banco de trás dela.
Danielle olhou para frente pensativa.
Havia recebido uma investida, havia sido elogiada, não sabia o que pensar, que mal tinha conhecer mais gente, ela não precisava fazer nada, era solteira, livre e desimpedida.
Olhou para o celular, havia duas mensagens
Fausto: “Estou esperando aqui quando você descer”
Fabio: “Desculpe por ontem eu fui um babaca, me liga quando puder”
Ela se encostou no banco e olhou para fora, tudo verde, bonito, viu uma estrada com carros andando enquanto o jato rasgava o ar.
— Será que a gente tá a uns mil quilômetros por hora? — Ouviu a voz de Paulo atrás dela
Danielle sorriu, era insistente
— De oitocentos a mil — Ela respondeu em voz alta
— Ah, Desculpe Danielle, eu não estava falando com você — Ele disse parecendo envergonhado
Ela sentiu um arrepio, se envergonhou, não respondeu, pensou um pouco e se encolheu no banco abraçando os joelhos, ninguém podia vê-la envergonhada, ninguém a conhecia
— Achei que não quisesse conversar comigo? — Ouviu a voz de Paulo do seu lado, ele havia novamente sentado com ela
— Não quis me intrometer, desculpe — Ela falou envergonhada
— Ah não, eu estava mandando uma mensagem — Ele pegou o celular e mostrou o whatsapp e depois clicou na foto, uma garota jovem, bonita e sorridente apareceu na tela — É minha amiga — Ele sorriu
Danielle olhou atenciosa, um homem daquela idade ter amigas mais novas assim não era algo muito comum, pensou por alguns instantes que amiga queria dizer algo diferente, respirou com calma, mas não respondeu
— Quer ser minha amiga? — Ele insistiu
— Paulo — Ela falou pensativa, não gostava de rodeios e de enrolações — Eu não namoro, não que isso seja da sua conta, eu não sei o que você está pensando mas eu não sei se posso corresponder a alguma coisa
Ele levantou as mãos
— Ei, ei, pera lá, só estou falando de amizade mesmo, um papo aqui até o avião pousar em alguns minutos, não vou arrancar um pedaço de você, garanto — Ele disse sorridente — Não com todo mundo vendo
Ela sorriu, não queria ser antipática
— Quantos anos você tem? — Ela perguntou sendo direta
— Ai! — Ele disse fazendo o gesto de uma faca no próprio peito — Direta!
— Desculpe, não foi minha intenção — Ela se desculpou se arrumando na poltrona confortável do avião
— Tudo bem, vamos fazer um jogo — Ele disse pegando uma caneta no bolso — Me da sua mão
Danielle esticou a mão para ele
— Feche os olhos, vou escrever algo aqui — Ela obedeceu, sentiu o rabisco fazendo cócegas na palma da sua mão, primeiro a esquerda e depois a direita — Pronto, feche as mãos e não olhe nem as esfregue para não borrar.
Ela obedeceu e sorriu, parecia interessada
— Ok — Respondeu atenta
Ele guardou a caneta
— Observando você, deve ter por volta de trinta anos — Ele disse olhando nos olhos de Danielle, ela sorriu levemente — Vinte oito talvez? — Ele perguntou e viu uma pequena variação na sobrancelha dela — Isso, tem vinte e oito anos
— Ah você leu na minha ficha, não é justo! — Ela disse divertida
— Eu juro que não li — Ele disse num tom sério — Me dá o crédito, nunca errei com você!
Danielle riu divertida
— Tá bom, eu acredito — Ela falou notando o olhar dele
O Olhar era fixo, olhos azuis brilhantes, o rosto enrugado, um homem que em sua juventude devia ser muito bonito e cativante, mesmo mais velho era charmoso e simpático, o olhar era penetrante
Ela desviou olhar
— Eu fico com vergonha, não faz isso — Ela disse envergonhada
— Alguém te machucou? — Ele tocou o rosto dela
Danielle se assustou
— Desculpe — Ele disse ao ver o movimento brusco dela
— Não, eu… — Ela gaguejou — Me machucaram, mas foi um procedimento estético que eu fiz, não se preocupe, está quase curado
— Olha pra mim Danielle, os olhos são a janela da alma — Ele disse encarando-a
Danielle arrumou o cabelo e se arrumou na poltrona sentando em cima da perna, virou-se completamente para ele o encarando, queria entender o que ele estava tentando
Olharam-se fixamente nos olhos, ela analisando os olhos dele, eram bonitos, o rosto quadrado envelhecido, a barba branca, notou pelos brancos saindo pelo pescoço escapando da gravata, devia ter o corpo peludo e isso ela gostava em um homem, mas homem mais jovem que Paulo.
— Espero que não me ache uma pessoa indiscreta, mas não pude deixar de notar esse brilho nos seus olhos — Paulo falou num tom monótono — Há algo neles que me faz pensar que você tem mil vidas para compartilhar
Danielle sentiu um calor no rosto, estava corada, envergonhada
— Eu só vivi essa vida mesmo — Ela respondeu sem pensar muito no que falaria
— Não, você tem mais coisa, é mais profunda, está passando por mudanças fortes e constantes e ainda não chegou onde queria — Ele disse parecendo ler a mente dela
— Isso é bem genérico né? Igual signos — Danielle tentou rebater o que ele dizia
— Signos só funcionam se você acreditar, e pelo visto você é cética — Paulo disse — Eu diria que é atéia — Danielle ergueu as sobrancelhas em susto — Mas pela decência e proteção que você se veste, o jeito como fala e se porta me sugere que você é uma pessoa religiosa
— Sou sim — Ela respondeu
— Atéia ou Religiosa? — Paulo perguntou
— Religiosa — Ela respondeu ainda sustentando o olhar, agora mais séria, estava curiosa
— Não acredita em poder da mente Danielle? — Paulo disse ainda sustentando o olhar, mas parecendo mais amistoso
— Nunca pensei muito sobre isso, mas acho que não — Respondeu dando de ombros
— Estou curioso sobre você, tem algo aqui que eu não entendo — Paulo disse cerrando o olhar parecendo querer penetrar em Danielle
— Não sou uma pessoa interessante — Danielle disse — Acho que você está indo fundo em uma poça d’água
Ele sorriu
— Síndrome da impostora? — Ele perguntou curioso
— O que? — Ela perguntou sem entender
Ele desviou o olhar procurando algo no bolso
— Você acha que não é importante e não é profunda, se acha uma farsa, acertei? — Perguntou distraído
— Todo mundo se acha uma farsa não? — Danielle rebateu um pouco confusa
— Não, aí que tá, nessas minha décadas eu entendi isso, apenas pessoas inteligentes sabem as suas limitações e tem ideia das coisas que não sabem e do que não podem fazer, pessoas idiotas não tem ideia do que não sabem, elas não tem dúvidas pois não tem conhecimento suficiente para ter dúvidas
Ela o analisou por alguns segundos, fazia sentido, ela era uma pessoa inteligente, sabia que era
— Entendi — Ela disse pensativa
— Eu sei que entendeu, um idiota não entenderia isso — Ele falou pegando um charuto e mostrando para ela — Charuto
— Vai fumar aqui? — Ela perguntou estranhando
— Não — Ele colocou na boca — É só uma velha mania, gosto, eu não fumo mais a alguns anos, então não acende
Ela fez um sinal positivo com a cabeça
— Aposto que você já viveu momentos incríveis Danielle, coisas que não contaria a ninguém, o que esse mundo te ensinou Danielle? — Paulo perguntou curioso
— Me ensinou que eu preciso ficar esperta por que o mundo é violento demais com pessoas como eu — Ela disse certeira
— Bonitas como você? — Ele perguntou curioso
Ela se deu conta de que ele não sabia que ela era uma transexual, mudou a postura do corpo parecendo incomodada, se afastou dele e cruzou as pernas, isso foi lido imediatamente por Paulo
— Um segredo — Paulo concluiu
— Como? — Ela perguntou sem entender
— Você se afastou de mim, cruzou os braços e as pernas, você tocou em uma assunto que é um segredo e não quer que eu saiba de jeito nenhum
Ela se irritou
— Você não está me lendo Paulo, pare com essa psicologia barata
Uma campainha breve e delicada soou na aeronave, a voz retumbou no auto falante
— Atenção senhores passageiros, em até cinco minutos retornem aos seus lugares, afivelem os cintos pois vamos iniciar o procedimento de descida
Paulo aguardou a voz falar, continuava a olhar para Danielle
— Vamos fazer assim, você está séria, retraída e se sentindo invadida — Ele falou observando a postura defensiva dela
Danielle se arrumou na cadeira para desfazer a postura, estava séria, quase carrancuda
— Não precisa ficar brava — Ele disse
— Não estou brava — Ela mentiu
Ele esticou as mãos e continuou
— Vamos continuar nosso jogo — Falou explicativo — Coloque suas mãos aqui
Ela obedeceu, a contragosto, o avião já ia pousar, ela não o veria de novo
— Vamos lá — Ele disse com olhar amistoso — Me mostra essa profundidade, olha aqui, segurou os pulsos dela
Ela o encarou, estava com raiva
— Você é muito linda — Ele disse quando os olhos se miraram
Ela desviou o olhar
— Lembra da primeira pergunta que você me fez? — Ele perguntou curioso
Ela voltou a olhar pra ele, pensou um pouco
— Qual a sua idade? — Ela respondeu se lembrando da pergunta
— Isso, minha idade está na sua mão esquerda — Ele disse soltando o pulso dela — Pode olhar
Ela olhou na mão e viu o numero “Setenta e seis”
Sem dúvidas era a pessoa mais velha que ela havia conhecido fora da sua própria família, e que parecia estranhamente interessante.
— O que acha? — Ele disse ainda segurando a outra mão dela
— Sobre o que? — Ela perguntou dissimulada
— Sobre minha idade, muito velho? — Ele perguntou
— Eu não sei, não quer dizer nada, é só uma curiosidade pra mim — Ela disse ainda carrancuda
Ele sorriu
— Da sua família toda, quem é sua pessoa favorita? — Ele perguntou sorrindo
— Minha familia? Ela pensou um pouco, pai e mãe estavam descartados, Miriam era praticamente a filha dela, mas lembrou-se do seu tio Ariel, ela evitava pensar nele pois isso a entristecia
— Meu Tio — Ela respondeu entristecida
— Hmm, acho que toquei onde não devia — Ele disse vendo o olhar entristecido dela
— Tudo bem — Ela falou com o ar entristecido
— Como é o nome dele? — Paulo perguntou
— Ariel — Ela disse direta — Por que?
Novamente a voz nos autofalantes
— Senhores passageiros retornem aos seus lugares e afivelem os cintos, iniciaremos o procedimento de pouso da aeronave
— Vamos fazer uma aposta, bem rápida — Ele se apressou
— Qual? — Ela perguntou aflita pela mensagem
— Você vai sorrir ou rir para mim antes de afivelar o cinto — Ele disse direto
Ela não achou graça, parecia um farsante, um mágico barato
— Acho que não — Falou entristecida
— Se eu fizer você sorrir você vai me ligar para irmos jantar algum dia — Ele disse parecendo galanteador
— E se eu não sorrir? — Ela perguntou
— Eu te deixo em paz — Ele disse
— Combinado — Danielle disse triunfante
— Ok, o nome do seu tio é Ariel correto? — Paulo perguntou vendo a mulher se aproximar para orientar sobre o cinto
— Correto — Ela respondeu
— Você acharia incrível se na palma da sua mão estivesse escrito exatamente isso? — Ele perguntou num tom sério
— Muito — Ela disse direta
— Senhor volte ao seu lugar — A mulher se aproximou
Paulo soltou o pulso de Danielle e se levantou
Ela olhou para a mão e leu o que estava escrito, deu um sorriso depois uma risada alta que teve que conter com a própria mão na boca, envergonhada pelo escândalo.
— Consegui — Ele disse animado fazendo-a ouvir atrás dela enquanto afivelar o cinto
Danielle se preparou e esperou o avião pousar.
Quando desceu Paulo a encontrou
— Vou esperar, promessa é dívida hein Danielle? — Ele disse animado
— Tá bom, prometo — Ela disse mais tranquila e sorridente.
Avistou Fausto ao longe, ele vinha recepcioná-la, olhou na mão direita estava escrito “Setenta e seis” olhou para a direita estava escrito: “EXATAMENTE ISSO!”, sorriu novamente do gracejo malandro de Paulo.
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Olá,
Eu não desisti de vocês, não desistam de mim.
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Um beijo e não deixem de escrever! 🐧
Rafa