Segredos de Família - Capítulo 4: Amanhecer

Um conto erótico de Th1ago-
Categoria: Gay
Contém 2106 palavras
Data: 22/10/2024 11:55:41
Última revisão: 22/10/2024 14:45:10

Um feixe de luz atravessava a janela, atingindo meus olhos e me obrigando a acordar. Mas algo estava errado. Não era o meu quarto. A cama era muito maior e mais macia. Um cheiro amadeirado, que não conhecia, impregnava o ar, e as cortinas pesadas bloqueavam a maior parte da luz, deixando o quarto na penumbra. Me virei, os lençóis macios e caros roçando na minha pele, e comecei a olhar ao redor, tentando entender onde estava.

Uma leve dor de cabeça pulsava em minha têmpora, consequência óbvia da noite anterior, mas as memórias vinham como flashes desconexos. Kadu me puxando para longe de alguém... um menino que eu tinha beijado? Sim, eu tinha beijado alguém na festa. Mas por quê? E por que Kadu parecia incomodado? Será que ele estava com ciúmes?

Enquanto minha mente se debatia entre as lembranças fragmentadas, uma voz grave ecoou do outro lado do quarto, me arrancando abruptamente dos pensamentos:

— Já lembrou de tudo que aconteceu ontem à noite? — A voz era grave, rouca, e imediatamente me fez pular da cama. Virei em direção ao som e, para o meu espanto, vi Marc, sentado em uma poltrona de couro ao lado da janela.

Meu coração acelerou. A atmosfera do quarto parecia pesada, como se o ar estivesse carregado de tensão. Olhei para baixo, percebendo que estava só de cueca. Um frio percorreu minha espinha. Eu tinha transado com ele? A pergunta latejava na minha cabeça.

— O que... o que está fazendo aqui? — gaguejei, tentando processar. — Nós... você sabe... nós transamos?

Marc se levantou lentamente, seu corpo musculoso se movendo com a precisão de um predador. Ele cruzou o quarto em passos decididos, subindo na cama até que seu rosto estivesse apenas a centímetros do meu. Sua respiração quente roçava minha pele, e eu me vi completamente paralisado.

— Se nós transamos? — ele murmurou com um leve sorriso nos lábios, seus olhos cravados nos meus, intensos e perigosos. — Não, não transamos.

A tensão que eu nem sabia que estava segurando se dissipou um pouco, mas não por completo. Eu ainda não entendia o que estava acontecendo.

— Então por que eu estou aqui? Como vim parar aqui? Isso é algum tipo de sequestro?

Marc gargalhou alto, um som que reverberou pelo quarto luxuoso. Ele se afastou de mim, indo de volta para sua poltrona com um ar relaxado, quase cínico.

— Sequestro? — ele repetiu, divertido. — Você está livre para ir quando quiser. Eu só te tirei de uma encrenca.

— Que encrenca? — perguntei, confuso, sentindo a tensão voltar aos meus ombros. — Eu só estava numa festa...

— Uma festa cheia de menores de idade, bêbados e drogados — ele respondeu, seu tom ficando subitamente mais frio. — Inclusive, aqueles dois demônios vão se ver comigo hoje.

Demônios? Ele estava falando de Kadu e Giovanna? A situação começou a ficar ainda mais surreal.

— Espera... você é o pai deles? — perguntei, incrédulo.

Marc riu mais uma vez, um som seco e carregado de ironia.

— Surpreso? Sim, sou eu o pai daqueles dois imbecis.

O choque me paralisou. Marc, o homem que tentou me comprar naquela boate, era pai da minha melhor amiga. Tudo parecia pior a cada segundo.

— Vamos deixar uma coisa bem clara — disse ele, sua voz adquirindo um tom de comando inegável. — Você não vai dizer a ninguém que já me conhecia antes disso. Para todos os efeitos, nós nunca nos encontramos antes. Entendido?

Assenti rapidamente, engolindo em seco.

— E outra coisa — ele continuou, levantando-se e indo até a porta do quarto. — Não quero mais ver você usando drogas. Se quiser se meter em encrenca, vai fazer isso longe da minha família.

— Mas eu... eu não queria usar nada! Foi o Kadu que...

— Deixa o Kadu comigo — ele me interrompeu. — Agora, vá tomar um banho. Deixei roupas pra você no banheiro. Tenho mais o que fazer do que ficar cuidando de você.

Me levantei e fui até o banheiro, sem discutir. O quarto parecia ainda maior à medida que eu cruzava o ambiente, quase como se as paredes estivessem fechando em volta de mim. O banheiro era luxuoso, com mármore no chão e uma ducha enorme. Fiquei embaixo da água quente por muito tempo, tentando organizar meus pensamentos.

Quando terminei, vesti as roupas que ele havia deixado e saí do quarto. O corredor era longo, com portas imponentes e quadros de paisagens exuberantes pendurados nas paredes. Essa casa era uma mansão. Desci as escadas até encontrar a cozinha, onde Kadu estava sentado tomando café, com um ar despreocupado que me irritava.

— Finalmente acordou, bela adormecida? — ele disse, dando um sorriso torto. — Achei que ia passar o dia dormindo.

Sentei ao lado dele, sentindo um misto de raiva e confusão.

— O que aconteceu ontem, Kadu? — perguntei direto.

— Ah, o velhote apareceu e acabou com a festa. Você desmaiou de bêbado, então te colocamos num quarto de hóspedes.

Fitei-o, buscando mais detalhes, especialmente sobre o que ele tinha me dado na festa.

— Aquilo que você colocou na minha boca — comecei hesitante. — Você me drogou?

Ele deu de ombros, sem o menor remorso.

— Digamos que eu só te deixei mais solto.

O comentário me fez ranger os dentes, mas continuei.

— E aquele menino que eu beijei na festa ontem, quem era ele?

-Um babaca qualquer, ele não será mais convidado pra nenhuma festa.

A tensão entre nós aumentava com cada palavra. Kadu se inclinou em minha direção, seus olhos fixos nos meus.

— Você ficou com ciúmes? — perguntei, mais como uma provocação, mas minha voz saiu fraca.

Para minha surpresa, Kadu me puxou com força, seus lábios colidindo com os meus em um beijo selvagem, urgente. O calor subiu imediatamente pelo meu corpo, e a mão dele se enfiou nas minhas costas, me puxando ainda mais para perto. Minha cabeça girava com a intensidade do momento, e eu já não sabia se era o certo ou o errado.

Antes que pudéssemos ir mais longe, o som de passos apressados e vozes alteradas invadiram a cozinha. Nos afastamos rapidamente, tentando disfarçar enquanto Giovana e Marc entravam no cômodo, envolvidos em uma discussão acalorada.

Giovanna entrou na cozinha com passos firmes, o rosto contorcido de raiva, seguida por Marc. O ambiente, que já estava tenso, parecia ainda mais carregado com a presença deles.

— Que bom que temos visita aqui — disse Giovanna com sarcasmo, cruzando os braços e lançando um olhar cortante para Kadu. — Assim você pode me deixar em paz e terminar essa conversa idiota outro dia.

Ela se referia a Marc, que estava logo atrás dela, com o rosto sério e os olhos penetrantes que pareciam ler cada um dos meus pensamentos. Eu senti um arrepio subir pela espinha. Marc se sentou à minha frente com uma expressão dura, mas ainda assim, havia algo calculado em seu olhar.

— Bom dia, queridos! — Giovanna disse enquanto se sentava de frente para Kadu. Ela nos analisou com olhos afiados, notando algo no ar. — Por que vocês estão vermelhos?

Kadu e eu trocamos olhares rápidos, tentando não deixar transparecer o que tinha acabado de acontecer. Eu estava a ponto de responder quando Marc entrou na conversa.

— Bom dia — ele disse, sentando-se com um sorriso leve, mas seus olhos me prenderam, como se pudessem ver dentro da minha alma. Um silêncio estranho pairava no ar.

Giovanna deu de ombros e voltou sua atenção para Kadu.

— Adivinha só a maior novidade — ela disse, com um sorriso cheio de amargura. — Mamãe está vindo para casa. Tudo por causa de uma festa de adolescentes. Pode acreditar?

Antes que eu pudesse processar tudo, uma mulher entrou na cozinha. Ela era impressionante — loira, alta, magra, com um porte elegante e olhos castanhos profundos. Uma verdadeira modelo. Havia uma mistura de autoridade e frieza em sua postura, e no momento em que ela apareceu, o ambiente mudou.

— Mamãe voltou porque soube que sua filha estava fumando maconha em uma festa, dentro de casa, e tudo isso debaixo do seu nariz, Marc! — disse a mulher, jogando a bolsa que carregava no colo dele com um movimento cheio de desdém.

Marc suspirou pesadamente, claramente acostumado com as explosões dela.

— Bia, não é para tanto — ele disse, tentando manter a calma. — Eu não estava em casa e não sabia o que estava acontecendo.

Giovanna revirou os olhos, entediada.

— Engraçado. Você diz ‘sua filha’ e ela também. Decidam de uma vez — ela rebateu, a voz cheia de ironia. — De quem eu sou filha afinal? Foi a cegonha que me trouxe ou eu caí de uma nuvem?

Eu assistia à troca de palavras sem saber onde me encaixar. A dinâmica daquela família era muito mais complexa e tóxica do que eu jamais poderia imaginar. Um desconforto tomou conta de mim, e me vi querendo sair dali o mais rápido possível.

Kadu, que até então estava quieto, de repente levantou da cadeira, me puxando pelo braço.

— Eu não vou ficar mais um minuto neste manicômio — ele murmurou, me guiando até a porta.

Giovanna lançou um olhar carregado de veneno para ele enquanto saíamos da cozinha.

— Vai, o filho perfeito do papai! Mas não se esquece, você que arrumou as drogas! — gritou ela, com uma risada amarga que ecoou pelo corredor.

— Já chega! — Marc bateu a mão na mesa, o som reverberando pelo ambiente, fazendo todos se calarem. Ele olhou com fúria para Giovanna e Kadu, sua paciência claramente se esgotando. — Acabou o cartão para vocês. Acabou mesada. Acabou o dinheiro. Se querem bancar suas drogas e festas, façam o próprio dinheiro.

Giovanna bufou e cruzou os braços, mas não disse nada. Seus olhos, no entanto, estavam cheios de desafio, e eu sabia que ela não ia deixar isso barato.

— Eu vou te mostrar que não preciso do seu dinheiro para nada — ela sibilou, saindo da cozinha com passos rápidos e cheios de raiva.

O silêncio que seguiu a saída de Giovanna era denso. Eu estava completamente perdido naquela confusão familiar, e a tensão parecia sufocar o ar ao meu redor.

— Gente, eu vou embora — falei de repente, sentindo que aquilo não era problema meu. — Vou pegar um ônibus...

Marc se levantou, interrompendo-me com um gesto firme.

— Eu te levo — disse ele, com uma calma inquietante. — Tenho que ir para o trabalho. Posso te deixar em algum lugar próximo.

— Já você — disse Bia, com uma expressão séria enquanto olhava para Kadu. — Nós precisamos conversar.

Eu segui Marc em silêncio até a garagem, sentindo a tensão aumentar à medida que deixávamos a cozinha para trás. O corredor parecia mais longo do que nunca, e o peso da situação estava começando a me esmagar. O que eu estava fazendo naquela casa? Era uma verdadeira zona de guerra, e eu estava bem no meio dela.

Marc entrou em um dos três carros luxuosos que estavam estacionados na garagem e abriu a porta para que eu entrasse no banco do passageiro. O silêncio era ensurdecedor enquanto ele dirigia, e eu me via mexendo no celular apenas para tentar disfarçar o desconforto.

Cinco minutos se passaram sem que trocássemos uma única palavra. O barulho do motor era a única coisa que preenchia o vazio entre nós, até que Marc finalmente parou o carro em uma rua deserta. Meu estômago se revirou de nervosismo.

— Por que estamos parados aqui? — perguntei, minha voz saindo mais trêmula do que eu gostaria.

Marc não respondeu de imediato. Ele soltou o cinto de segurança e se virou para mim, seus olhos cravados nos meus com uma intensidade assustadora. Senti um arrepio percorrer minha espinha enquanto ele me encarava, como se pudesse me despir com o olhar. Eu estava vulnerável, e ele sabia disso.

— Por isso — disse ele, segurando minha nuca com firmeza e me puxando para um beijo.

O choque me paralisou por um momento, mas então comecei a perceber a diferença. O beijo de Marc era completamente diferente do de Kadu. Onde Kadu era puro desejo e aventura, Marc era possessivo. Eu me sentia dominado, como se estivesse ali apenas para servi-lo, como se ele tivesse controle total sobre mim. O beijo era feroz, cheio de urgência e intensidade, como se ele quisesse me possuir por completo.

Entre beijos, ele murmurava, a voz baixa e rouca:

— Você é meu, garoto. Só meu.

Eu não sabia como reagir. Parte de mim queria resistir, mas outra parte estava completamente entregue, incapaz de lutar contra a força que Marc exercia sobre mim. O ar parecia rarefeito dentro do carro, e meu coração batia tão forte que eu podia ouvir o som nos meus ouvidos.

Finalmente, ele se afastou, seus dedos ainda enroscados no meu cabelo, e me deu um último olhar. Não havia necessidade de palavras. Ele havia deixado claro o suficiente.

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