Hiroshi nunca pretendia ser garoto de programa; ele dominava uma variedade de habilidades, que iam desde cálculos avançados até momentos históricos. No entanto, desenhar sempre foi sua verdadeira paixão.
Sua mãe era jovem e trabalhava em turnos exaustivos, em casas ou motéis. Ela se esforçava para investir na educação do filho, mas negligenciava o carinho necessário. Isso desenvolveu em Hiroshi um medo do contato humano, levando-o a se isolar socialmente e a evitar relacionamentos.
Em busca de mais tempo com a mãe, ele decidiu encontrar um caminho que oferecesse retorno financeiro rápido e, em pouco tempo de estudo e treino, se tornou tatuador clandestino aos 15 anos. Sua dedicação e habilidade na arte o tornaram conhecido na internet. Apesar do talento, o isolamento físico e emocional resultou em um comportamento compulsivo: a masturbação.
***
Felipe estava sentado no balcão de drinks, tentando passar por um cliente comum. Cada vez que chamava um barman, percebia que não era ignorado, então pedia qualquer bebida. Depois de várias tentativas, já estava um pouco embriagado e havia esquecido o livro encostado sobre o balcão, mas lembrava-se claramente das instruções de Hiroshi, que entraria no bar apenas depois de Felipe ter um contato inicial com o barman que procuravam.
Um homem alegre apareceu, com uma aparência bem cuidada e cabelos um pouco longos, que chegavam a quase encostar na linha do queixo. Ele colocou um avental e sorriu para Felipe antes de se voltar para ajeitar algumas garrafas. Felipe retribuiu o sorriso.
Lembrando do livro, porém um pouco embriagado devido às doses de Campari que ele precisou beber para manter a naturalidade de um cliente, ele o segurou na frente do rosto, movendo-o enquanto observava o barman, mostrando sinais de ser o surdo que Hiroshi mencionara.
De repente, um par de dedos puxou o livro para baixo com um barulho que fez Felipe pular.
— Aiii! — riu, nervoso, ao encontrar o olhar do barman.
Davi sorriu e, apontando para o livro, fez um sinal de "legal".
Felipe recordou as instruções de Hiroshi sobre o barman: "Fale sobre o que desperta seu interesse nele. Ele aprecia a energia das pessoas. Seja você mesmo; ele só observará suas expressões. É surdo."
Em tom divertido, Felipe exclamou:
— Você é muito bonito... e estou aqui para me aproximar de você! Você vai ser mais um no catálogo da minha majestade.
Davi, sorrindo, entregou um cardápio, ajudando Felipe a escolher uma bebida. Felipe ignorou e continuou as insinuações.
— É verdade! Estou aqui por você! Olha esses músculos! — disse Felipe, pegando o braço de Davi. — Vamos, me mostre seus braços.
Constrangido, Davi apenas sorria enquanto Felipe apontava para uma caipirinha. A energia do barman fez Felipe sentir-se mais à vontade.
No meio disso, Felipe não percebeu a chegada de Hiroshi até que ele se sentasse ao seu lado. Davi, reconhecendo a comunicação habilidosa de Hiroshi, sorriu e se afastou.
Com Davi mais distante, Felipe levantou o livro e piscou para Hiroshi. De repente, Davi puxou o livro de volta com um "bum!". Felipe sobressaltou-se, soltando um leve grito.
— Ai, garçom! Assim me encanto por você. — Felipe exclamou. O barman sorriu e serviu o Martini que Hiroshi havia pedido.
Davi gesticulou algo para Hiroshi, que respondeu com movimentos.
Felipe, ciente de que precisava agir quando Hiroshi chegasse, atuou. — Jovem querido que "não conheço", poderia me dizer o que ele está dizendo? — disse com uma falsa inocência divertida.
— Ele disse que você está lendo o livro de cabeça para baixo — Hiroshi sorriu.
***
Pouco depois de completar 18 anos, a mãe de Hiroshi revelou que conheceu uma mulher com uma casa grande e diferente, onde ele poderia se destacar sem precisar passar horas tatuando. Hiroshi insistiu que tatuar fazia bem e que o dinheiro ajudava. Ela argumentou que o dinheiro das tatuagens não era suficiente para que ele alcançasse o que merecia. Curioso, Hiroshi perguntou o que teria que fazer. A mãe respondeu que ele descobriria ao chegar na casa, mencionando que tinha a ver com dinheiro e "molhar eles". Confiante, Hiroshi sorriu. — Isso? Isso é fácil! Posso fazer isso em pouco tempo e ainda ser tatuador.
No entanto, sua mãe disse que não seria tão simples e que, para conquistar a confiança da dona, ele precisaria morar lá. Quando ele questionou o porquê, ela disse que ele teria a chance de ganhar mais dinheiro.
— Como? — Hiroshi perguntou.
— Um dia você vai descobrir, mas tem algo que você não vai gostar. — Ela hesitou. Hiroshi insistiu e, após ouvir atentamente, abaixou a cabeça. A mãe ergueu-a com carinho.
— Você precisa me perdoar, meu filho. Tudo que faço é para o seu bem. — Ao ver a tristeza em Hiroshi, ela plantou uma semente nele. — Um dia, Hiroshi, você encontrará uma brecha e, se for esperto, até conseguirá tomar o negócio todo para você.
Desejando conquistar o orgulho da mãe, Hiroshi aceitou e foi conduzido à casa de Sirena.
***
Felipe ficou surpreso e, em um gesto brincalhão, começou a apertar a cintura de Hiroshi. — Fomos descobertos, Hiroshinho, e agora?
— Relaxa, Pipoca... disse a ele que você usou o livro para se aproximar porque o achou bonito.
— Hiroshinho, mas isso não era para ser segredo? — Felipe perguntou, nervoso.
— Eu não disse isso... Ele precisa criar uma conexão com você antes de você lançar o convite — respondeu Hiroshi.
— Por que ele não para de rir? Parece que entende o que estamos falando...— Felipe falava sorrindo pra Davi.
— Calma. Ele está apenas curtindo seu jeito. Ele percebe quando é bem tratado e gosta de retribuir. Confie em mim! — respondeu Hiroshi, ainda observando Davi, que os sorria de braços cruzados.
— Me apaixonei por você, lindinho... — Felipe brincou.
— Pipoca, quando chegar a hora, faça o convite — disse Hiroshi rapidamente. — Entendeu?
— Nem precisa pedir, Hiroshinho... — respondeu Felipe, notando um homem sentado sozinho a alguns metros deles. Seu coração disparou ao ver a beleza do desconhecido. — Mas se o garçom for emocionado assim sempre, não vai dar certo…
Hiroshi abaixou a cabeça, demonstrando arrependimento. — Você tem razão... Não percebi esse detalhe. Achei que, por ele ser conhecido no bar e ter essa aparência, poderia ser uma boa escolha...
— Não fique assim... Olha aquele gostosão ali... Podemos chamá-lo. O que acha?
— Será? Mas nem conhecemos...
— Pergunte ao garçom se ele o conhece. — Felipe dizia, sussurrando de canto.
Hiroshi perguntou a Davi se ele conhecia o jovem solitário. Davi sorriu e, ao responder, Hiroshi esperou Davi se afastar e informou Felipe que tinham sorte: o jovem era o melhor amigo de Davi e sempre ia ao bar esperar por ele para jantarem juntos.
Felipe deu um grito de felicidade.
— Melhor ainda. Se Davi gostou de mim, ele pode convidá-lo a se juntar.
— Precisamos ir com tudo, Pipoca, ou Sirena me mata — Hiroshi falou com a voz preocupada.
— Claro, Hiroshinho... — Felipe batia no ombro do estudante e sussurrava. — Use sua inteligência e crie um plano.
Hiroshi elaborou um novo plano e combinou com Felipe. Após alguns minutos de interação, Davi se aproximou para brincar com Felipe e foi até seu amigo.
Demorou alguns minutos até Axel se sentar ao lado de Hiroshi.
***
Depois de um ano lavando dinheiro para Sirena e dormindo em um cubículo apertado, Hiroshi encontrou o momento ideal para iniciar seu plano. Enquanto Sirena e Bianca se arrumavam no quarto, Marcus, o mais antigo da casa, pediu que ele fosse ao salão para conversar com os clientes. Todos os outros rapazes estavam ocupados em programas externos, e ele precisaria pernoitar em um dos quartos com um cliente. Hiroshi fingiu desinteresse, mas acabou aceitando depois de Marcus insistir.
Ele se vestiu de maneira inocente e foi ao salão com sua pasta de desenhos de tatuagens. Assim que entrou, acomodou-se em uma cadeira próxima a uma mesa com vários clientes, que o observavam com curiosidade. Diego, na época, apenas um garçom magro e de pele clara, estava ali, invejando a atenção que Hiroshi chamava. Quando perguntaram a Diego quem era o estranho sentado sozinho, ele respondeu indiretamente: "Não é ninguém."
Com olhos atentos, Hiroshi escutava as conversas, mesmo com a música ao fundo. Um cliente atrevido gritou, e Hiroshi, aparentando timidez, se aproximou.
— Quantos anos você tem, meu jovem? — perguntou o cliente, avaliando-o.
— Dezenove... Por quê? — respondeu Hiroshi com uma voz inocente.
— Você é uma "peça da casa"? — questionou outro.
— Não sou — disse Hiroshi, recuando.
— Então, o que faz aqui? — insistiu o primeiro, forçando-o a se afastar.
— Só estou passando uns dias com a Tia Sirena — respondeu Hiroshi, mantendo-se no personagem. — Meu notebook quebrou e vim pra cá até ficar com sono.
Diego ouvia de longe, mas não se envolveu, pois Hiroshi era o contador de Sirena. Temia pelo seu emprego.
— Sirena? Nunca soube que ela tinha irmãos — indagou um homem mais velho.
— Minha mãe faleceu recentemente e a Tia Sirena não falava com ela. Acho que é por isso... — murmurou Hiroshi, olhando para baixo.
Intrigados, os clientes convidaram-no para se juntar a eles.
— Não posso. Minha tia não me deixa fazer programa — disse Hiroshi, mas os homens à mesa insistiram que apenas queriam conversar.
Ele se sentou e, quando o jogo de luzes o atingiu, um dos clientes notou que Hiroshi estava excitado; ele havia se preparado para atiçar a curiosidade deles.
Um deles pediu para ver a pasta, e Hiroshi fingiu hesitar antes de entregar os desenhos. Ele pediu que o segredo fosse mantido. Curiosos do que poderiam encontrar, folhearam, e logo um deles levantou uma das folhas e todos começaram a rir, chamando Hiroshi de safadinho. Ele percebeu que Diego estava fixo na imagem, absorvendo a reação.
— Por que você desenhou isso? — perguntou um cliente.
— Porque quero tatuar em mim, ué! — respondeu Hiroshi, provocando os clientes.
— E você não tem nenhuma "racha" pra pedir sem precisar tatuar? — indagou um dos clientes, sorrindo.
Hiroshi, com expressão inocente, fingindo não conhecer o termo, perguntou o que significava "racha". O cliente, rindo, explicou, e Hiroshi, mantendo o personagem, disse que nunca namorou e era virgem.
As risadas se espalharam, e outro cliente, ousado, perguntou: — E punheta? Já bateu uma punhetinha? Outro completou: — Sabe o que é punheta? Já gozou?
Hiroshi, no meio do burburinho, interrompeu: — Vocês pararam de ver meus desenhos? — perguntou, parecendo aborrecido, e pegou a pasta de desenhos.
Um cliente pediu desculpas pela pergunta, mas Hiroshi enfatizou que não estava chateado. — Não é isso, mas vocês não estão olhando meus desenhos. — Hiroshi sabia que uma nova pergunta surgiria.
— Você gosta tanto assim de desenho? — indagou um.
Ele abaixou a cabeça, levemente corado. — Não é isso... é que, se tivessem olhado, não teriam perguntado isso.
Alguns clientes riram, levantando-se para se aproximar enquanto Hiroshi folheava a pasta. Ao achar o desenho que procurava, Hiroshi percebeu os olhares admirando um desenho extremamente realista.
Um deles perguntou de quem era; Hiroshi respondeu rapidamente:
— Meu!
Incrédulo, o cliente quis saber como ele fez aquilo.
— Tirei uma selfie e desenhei — disse Hiroshi com um sorriso confiante.
Enquanto as conversas sobre o desenho prosseguiam, Hiroshi se levantou para pegar um refrigerante. Aproximou-se de Diego, que parecia mais sério.
Dois minutos depois, Hiroshi já havia mudado a expressão de Diego. Os dois escutaram comentários ácidos, junto a risos engraçados.
— Como assim, amiga? É muito grande! — disse um, rindo.
— Acho que deve ser "fake" ou só imaginação dele — respondeu outro, com um sorriso malicioso.
— Amiga, será que a "neka" dele é grande? — indagou um, enquanto outro comentou ironicamente: — Olhe os olhos dele, bicha: deve ser "biscuit"!
Hiroshi, com a pasta na mão, voltou à mesa. O cliente que segurava a folha de desenho devolveu a Hiroshi com um sorriso forçado. — Tome, meu bem. Os desenhos são ótimos, mas você pode ir dormir.
Hiroshi, buscando reverter a situação, propôs:
— Podem ficar com o desenho, só me paguem um valor justo.
Um dos clientes sorriu e entregou uma nota de vinte reais em troca do desenho da selfie que chamara a atenção. Hiroshi saiu da mesa, agradecendo, e antes de se afastar, lançou um olhar para Diego, piscando o olho.
Diego, receoso, confiou em Hiroshi. Ele baixou o volume da música e gritou, provocando risadas:
— Ei, nerd, punheteiro! Vá sujar minha cama de novo, não! — Diego gritou, e Hiroshi saiu do salão apressado.
Diego foi à mesa, arrancou o desenho da mão do cliente e correu atrás do estudante. Quando o alcançou, falou nervoso:
— E agora, “Japa”? O que eu faço? Espero que dê certo, porque, senão, amanhã vou estar na rua, cara!
Hiroshi sorriu. — Faça o que eu disser que você terá seu primeiro cliente e muitos outros. Mas você precisa fazer tudo o que eu disser — respondeu Hiroshi, confiante, mas com a alma se partindo pelo que esse fato poderia desencadear em Diego.
***
Após alguns minutos em silêncio, Felipe respirou fundo e finalmente falou com Axel pela primeira vez. — Que braços fortes... e olha, um drink sem álcool!
Axel virou a cabeça, sem tirar os olhos do balcão. — Como você sabe que esse drink é sem álcool?
Felipe gaguejou, buscando uma resposta. Hiroshi interveio, apontando para o livro de Felipe no balcão. — Acho que ele estuda isso — disse, sorrindo.
Axel olhou curioso para o livro, percebendo que estava de cabeça para baixo. — E daí? Meu amigo sabe mais que isso — completou, lançando um olhar para Davi, que observava sorrindo.
Hiroshi, manteve a leveza.— É só um jeito de puxar conversa.
— Só tenho um assunto com desconhecidos — Axel desdenhou.
Hiroshi ergueu uma sobrancelha e lançou um olhar rápido para Felipe. Davi sorria enquanto se movimentava.
— Qual seria esse assunto? Poderia interessar a mim e ao Hiroshi — Felipe perguntou descuidadamente.
— Então vocês se conhecem? — Axel perguntou ligeiro. — Davi me disse que vocês não se conheciam ao chegarem aqui.
Felipe ficou vermelho, mas Hiroshi interveio calmamente.
— Não, ele deve ter deduzido pela minha camisa — disse, mostrando o nome ‘Hiroshi’ estampado em várias artes da camisa. Hiroshi previra esse descuido.
Felipe, notando a camisa de Hiroshi, se acalmou. Axel inclinou-se para ver melhor e arqueou a sobrancelha. — Você realmente gosta do seu nome...
Hiroshi sorriu enquanto Felipe suspirava aliviado, lembrando de Hiroshi trocar a camisa no carro logo após estacionar.
Davi, animado, observou a interação entre os três. Hiroshi esperou uns segundos e perguntou a Felipe se ele trabalhava com bebidas.
— Trabalho em um cabaré! — respondeu Felipe rapidamente, em tom ensaiado.
Axel engasgou, e Davi, sempre prestativo, deu palmadinhas nas costas de Axel. Felipe saltou uns passos e ajudou.
— Tem muita mulher lá? — Axel perguntou ao retomar o fôlego.
— Na verdade, só homens. É um cabaré exclusivo para gays — Felipe respondeu, animado pela conversa estar andando como Hiroshi previra.
Axel revirou os olhos ao beber e sinalizou para Davi por outra bebida.
— E você, não teria interesse em atuar no cabaré? Precisamos de mais gente — Felipe perguntou animado, voltando ao seu assento.
Axel balançou a cabeça, mas com uma expressão divertida. — Se eu trabalhasse lá, ninguém teria dinheiro pra me pagar.
Felipe arregalou os olhos com a arrogância do atleta.
— Eu tenho interesse... — Hiroshi falou, levantando a mão.
— Sério? — Felipe iniciou cinicamente. — Você não faz muito o tipo, mas podemos conversar... Lá é discreto e dá pra ganhar bom dinheiro se for bonito como esse aqui! — piscou para Davi que sorriu com os dentes aparecendo.
— Na verdade, estou mais interessado em ser cliente... — Hiroshi respondeu baixo.
Axel olhou para Hiroshi curioso.— Você, baixinho assim, gosta da fruta?
Hiroshi sorriu, sussurrando pra Axel. — Só no sigilo, cara! Fala baixo! — respondeu, levantando-se e puxando Felipe pela camisa. — Vem, me conta mais!
Enquanto se afastavam pra uma mesa distante, Davi continuava sorrindo. Axel voltou-se para Davi. — Por que você não para de rir, Davi? Tá perdendo o juízo também?
Davi, sem perder o sorriso, puxou uma mecha de cabelo para trás da orelha.
Axel sorriu ao ver o aparelho auditivo que o amigo só usava quando sua curiosidade florescia.
***
Diego, nervoso, voltou para o salão, pedindo desculpas ao devolver o desenho ao cliente.
— Desculpe pelo que aconteceu. Por favor, não mencione nada à Sirena. — Diego falava muito nervoso. Ele ainda temia que não desse certo. — Preciso muito desse emprego; senão, posso perder minha namorada também — mentiu sobre a namorada que não existia.
O cliente levantou a sobrancelha, intrigado. Os demais encaravam Diego.
— Calma, não vou dizer nada... Mas por que você o chamou de “punheteiro”? A Sirena pode não gostar disso — indagou ele, curioso.
Outro cliente próximo inclinou a cabeça e advertiu. — Isso pode te meter em problemas, rapaz.
Diego suspirou, frustrado. — Ela mesma disse para eu reclamar com ele.
— E por que ele faz isso na sua cama? — questionou um cliente mais velho, divertindo-se.
Diego mostrou vergonha.
— Não sei! A gente dorme no mesmo quarto, e eu fico na cama de baixo da beliche.
Um cliente elegante sorriu maliciosamente.
— Sirena deixa ele dormir com vocês?
— Faz questão disso, para que a gente não deixe ele fazer besteira nem vir pra o salão — comentou Diego, tentando justificar a situação.
— Ah, por isso você não quis que a gente conversasse com ele — disse um cliente, divertindo-se.
— Mas por que não faz isso na cama de cima da beliche? Onde ele dorme? — continuou o primeiro, curioso.
— Não tenho certeza não... — Diego falou, tentando evitar o assunto.
— Pode falar, jovem. Seu nome é Diego, né?
Diego, mostrando estar se sentindo mais à vontade, pediu licença para sentar. Como se estivesse prestes a falar alguma fofoca.
— Acho que é porque vi que ele gosta de se mostrar, sabe? Na minha cama tem como ele apoiar um tripé e filmar ele...
— O que, Diego? Fala logo! — insistiu um cliente, desconfiando do que ouviria.
Diego hesitou e, inclinando-se para mais perto, disse:
— Ele toca muita punheta. Às vezes ele filma. Tem dias que acordo com os gemidos dele.
Os outros clientes se entreolharam, surpresos. Um não conseguiu conter o riso. — Sério? Esse rapaz safadinho!
— Ele faz isso sem se importar com você? — outro perguntou maliciosamente.
— Não! Ele pensa que ninguém vê, mas o cara geme tão alto que não tem como não acordar — respondeu Diego, tentando esconder o constrangimento.
— Será que ele é exibicionista? Você já viu o pênis dele? — questionou um dos clientes, inclinando-se para frente.
Diego desviou o olhar, envergonhado.
— Uma vez eu vi... sem querer — Diego respondeu. — Quando ele viu que eu estava vendo, o cara gozou na hora... se melou todinho.
Todos estavam atentos e com os rostos visivelmente excitados em imaginar a cena.
— Ele é gay, Diego? — o mais velho perguntou, cochichando.
— Não! Não é não... A gente até desconfiava. Por isso perguntei a ele se poderia desenhar meu pau duro...
— E o que houve na hora? Você atiçou? — o mais jovem da mesa perguntou.
— Precisei, né? — Diego começou. — Abri um site pornô no celular e comecei a me punhetar na frente dele... O cara bocejava esperando que eu conseguisse logo.
— E aí? — o mais novo insistia pela conclusão.
— Quando meu pau estava pingando de tesão, ele mandou eu parar e tirar uma selfie — Diego falou mais baixo, tentando mostrar proximidade. — Disse que era pra eu gozar longe dele, que a foto era suficiente pra o desenho.
— Então esse desenho é seu? — o mais velho perguntou.
— Não... Pensei que fosse porque os ângulos são parecidos, sabe? — Diego justificou.
— Desculpa a pergunta, Diego..., mas seu pênis é grande como esse? — um deles perguntou, piscando.
Diego tentou disfarçar o sorriso indecente.
— Um pouco maior que o do Hiroshi — ele respondeu, apontando para a ilustração.
— Maior que esse daqui do desenho? — indagou outro, sacudindo o copo. — E esse é do sobrinho de Sirena?
Diego disse que sim. Que Hiroshi falou a verdade, mas continuou. — Desculpa falar, mas o meu também é mais grosso — Diego fingiu querer menosprezar o Hiroshi e não fazer divulgação do seu.
Um dos clientes virou um copo de cerveja em um gole e suspirou. Estavam todos distraídos com Diego.
— E essa sua namorada? — questionou um cliente. — Você se acha gay e quer manter as aparências?
Diego riu, balançando a cabeça. — Não, não... Desculpa aí, se eu ofender alguém, mas gosto de uma buceta molhadinha. Sou um chupão de buceta! — Diego dizia com a voz séria, mas o olhar baixo.
— Por que você tem medo de perdê-la? — o mais velho perguntou.
— Eu, na verdade, não gosto dela não, cara. Só estou com ela porque ela aguenta, tá ligado? — Diego bateu o dorso de uma mão na palma da outra sequencialmente por dois segundos.
— Como assim? — perguntou o mais novo, querendo ouvir...
Diego sorriu e advertiu que ia falar abertamente. — Ela aguenta minha madeira todinha no cu dela — Diego tocou no joelho de um cliente ao seu lado e continuou. — Cara, ela é uma cadela, faz tudo que eu gosto. E o cuzinho então... Fico doido quando ela rebola de quatro na minha vara.
— Imagino... — comentou o cliente, que seguiu a mão de Diego saindo de seu joelho. — E você já comeu outro cu além do dela?
— Não — admitiu Diego. — As ‘boy’ não aguentam nem meu pau todo na buceta.
Um grupo fez um “ooooh” em uníssono, claramente intrigados.
— Por isso que você tem medo de perder ela... — comentou o mais jovem. Diego fez cara de interrogação.
— As "racha" não aguentam a pressão, não, gato... — o mais velho disse e apontou pro mais novo na mesa. — Esse daí aguenta mais de uma no cu... Uma vez já fez com dois aqui... eu não aguento a sua, confesso — disse e riu ao terminar.
— Mas você nunca tentou ser profissional? — perguntou outro, rindo.
— Não, cara. Sou hétero. Não curto, foi mal aí — Diego disse, fingindo querer se levantar.
O cliente o pegou pelo braço e pediu calma, que ninguém ia fazer nada. Apenas estavam conversando. — Você acha que a gente vem aqui atrás de quê? De veado?
Todos à mesa riram. Diego fingiu confusão e o cliente mais velho falou: — Olha, eu fiquei interessado em você. Vou ser direto: quero mamar você. E pago um programa cheio.
Diego ergueu a sobrancelha e avaliou as reações ao redor; alguns clientes pareciam genuinamente interessados, enquanto outros apenas se divertiam.
— Como assim? E vai ser só isso? Eu sou só garçom. — Diego estava descobrindo seu talento em fingir.
— Pense no quanto isso poderia facilitar as coisas — sugeriu o cliente elegante, com um sorriso malicioso nos lábios. — Dinheiro é bom pra ter melhores condições.
— Não é tão estranho assim! Todas "elas" aqui querem você agora — disse o cliente mais velho, dando-lhe um tapinha nas costas. — É apenas um trabalho para quem tem esse seu “talento”... Você não vai deixar de ser hétero, não.
Diego passou a mão pela nuca, tentando dissipar a tensão. O homem que fez a proposta, o mais velho, manteve o tom provocador. — Você só precisa ser você mesmo. E eu! Eu quero inaugurar você.
Os clientes murmuraram em aprovação, certos de que estavam assistindo a um momento decisivo. O coração de Diego queria aquilo logo, mas lembrou do que Hiroshi disse: "Quando ele insistir, você vai ter duas opções: ou vai e se entrega de imediato, arriscando Sirena não gostar; ou você espera pra instigar mais a curiosidade e se valorizar, mas pode acabar perdendo a chance definitivamente. Você escolhe. Ambas as opções têm risco."
Diego sabia que suas próximas palavras poderiam mudar tudo.
— Vou pensar na proposta — disse Diego, tentando encerrar o assunto. — Preciso voltar ao serviço. Foi mal, aí.
— Tem certeza? — o cliente provocou.
— Eu vou pensar... — Diego estava prestes a se levantar.
— Se você decidir um dia, avise a Sirena — a seriedade na proposta só foi absorvida por Diego ao ouvir o nome de sua patroa e ao perceber que precisava reconsiderar. — Sou o cliente mais antigo da casa. Todos aqui inauguraram na casa comigo como cliente. Você também precisa ser!
Diego levantou e ouviu: — Pago o que for necessário pra ser o primeiro — concluiu o fiel cliente.
Diego disse novamente que iria pensar e, ao voltar pra trás do balcão e recusar a proposta de imediato, foi fiel a Sirena, mas condenou a si mesmo a um evento muito próximo de acontecer, em um vestiário de um clube de natação, que moldaria seu perfil de garoto de programa.
***
Felipe arregalou os olhos, surpreso com a confiança de Hiroshi. — Isso é muito dinheiro, Hiroshinho... Por que tanto?
Hiroshi sem suspense explicou. — Acho que sei o jogo dele, Pipoca... de certa forma, eu já fiz isso há uns anos... mas ele é diferente... não sei se vou conseguir, mas preciso apostar alto.— Hiroshi fez uma pausa. — A casa precisa de um destaque. Isso vai fazer Sirena reconhecer mais ainda nós dois.
A animação de Felipe cresceu. Em silêncio, ouviu Hiroshi continuar. — Quero que você seja o intermediário, Pipoca. Diga a ele que não quero ir ao cabaré por causa da minha discrição, mas estou interessado nele.
— E o que ele fará quando descobrir que você é uma estrela do lugar? E não uma gay enrustida? — provocou Felipe, assumindo uma postura quase cômica.
— Vai ser tarde... eu já terei convencido ele — Hiroshi afirmou, arqueando a sobrancelha. — Espero, pelo menos.
Felipe, animado, levantou-se e pegou as notas que Hiroshi lhe entregou. Contou rapidamente R$ 3.000 enquanto ouvia Hiroshi. — Tenho certeza de que ele aceitará os R$ 2.000, nem que seja pra conversar comigo... O restante é um bônus para você; ele precisa saber que você também está ganhando algo.
Felipe o olhava com incerteza no olhar. Hiroshi a dissipou.— E fica tranquilo, é seu de verdade... você merece, Pipoca!
Emocionado, Felipe abraçou Hiroshi, agradecendo de coração, diferente das suas usuais brincadeiras. Com um sorriso enérgico, acenou animado e aproximou-se de Axel para discutir brevemente a proposta.
Após a conversa, Felipe sinalizou para Hiroshi à distância, indicando que Axel concordara. Hiroshi sorriu satisfeito ao ver Felipe deixar o bar radiante.
Assim que Axel teve certeza de que Felipe partira, sentou-se à mesa com Hiroshi, balançando o dinheiro de forma provocativa.
— Essa bandana dobrada é tão... gay — ironizou Axel, gesticulando ao redor da cabeça de Hiroshi.
Nesse momento, o celular de Hiroshi tocou. Era Marcus. Ele hesitou, mas Axel quebrou seu devaneio. — R$ 1.000 só para ele falar comigo? Sério que ele vai ficar com tudo isso? — disse Axel, curioso.
— Ele merece, cara — respondeu Hiroshi, voltando sua atenção ao celular e pensando. "Marcus de novo... Ele não desiste... será que atendo agora?"
Davi se aproximou, jogando o livro sobre a mesa com um estrondo que fez Hiroshi se sobressaltar. Davi gesticulou para Hiroshi enquanto Axel observava.
— Vai ficar calado? Não vai me dizer o que Davi quer que você me conte? — perguntou Axel, devolvendo o dinheiro a Hiroshi.
— Ele está dizendo que o livro é meu e que eu não sou tão brilhante assim com quem escolho pra jogar comigo — disse Hiroshi, balançando a cabeça, pensativo.
Era difícil para ele perceber Felipe tão despreocupado com detalhes importantes.
***
Ao falar tudo o que aconteceu para Sirena no outro dia, ao lado de Diego, Sirena mostrou uma antipatia de início, mas quis que Hiroshi confessasse que era um plano ruim mentir que ele era seu sobrinho. Sirena queria diminuir os ganhos de Hiroshi pelo seriço na lavagem de dinheiro, punindo-o.
Hiroshi disse que continuar fingindo ser seu sobrinho, atiçando a curiosidade dos clientes que o viam como um jovem inocente, faria com que ele descobrisse quais eram honestos com ela, pois precisaria fazer programas fora da vista de Sirena.
Desconfiada, Sirena questionou se isso realmente renderia. Hiroshi explicou que, quanto mais alimentasse a curiosidade, maior seria o desejo dos clientes.
Diego escutava calado, se perguntando se ele seria demitido ou poderia começar a fazer programa. Resolveu perguntar. — E quanto a mim? — questionou com a cabeça baixa.
— Você foi bem, Diego. Quero que você cobre muito e mantenha essa postura de "hétero" por muito tempo. Ninguém pode saber nunca que você é mais um passivo enrustido — Sirena falou calmamente.
— Mas eu nunca... — Diego tentou.
—Ei! — Sirena se aproximou. — Você acha mesmo que eu não sei quem está nessa casa? E o que faz na cama?
Diego tremeu ao ouvir a vivacidade na voz de Sirena.
Bianca se aproximou. — Não se preocupe, Diego. Eu e Sirena somos velhas amigas. Tenho certeza de que Hiroshi nunca terá intenção de lhe expor. Os negócios só fluíram bem se tivermos uma peça que não ceda a certos clientes ativos e... colegas também.
Sirena, ao se afastar, apenas pediu pra ele fazer o melhor e enterrar aquela conversa ali. Diego saiu agradecendo.
— A questão da confiança poderia ser útil, mas o que você deseja em troca? — indagou Sirena a Hiroshi.
— Cinquenta por cento do que eu gerar parece justo — respondeu Hiroshi, confiante.
Sirena franziu a testa, duvidando da viabilidade. Aproximando-se, Hiroshi estendeu três notas de cinquenta.
— O que é isso? — perguntou Sirena, surpresa.
— Sua parte — disse Hiroshi. — Consegui ontem... fingindo ejacular após me masturbar por cinco minutos.
— Sério isso? — espantou-se Sirena.
— De costas e no escuro — Hiroshi reforçou antes de continuar negociando. — Se você me deixar conduzir os dias e agendamentos, terei material suficiente para maximizar os ganhos — propôs Hiroshi, determinado.
Bianca interveio. — Isso tem um prazo! Os clientes vão perder a graça por esse personagem.
Sirena escutava com atenção exclusiva para Hiroshi.
— Quando isso acontecer, vou precisar me tornar um garoto de programa oficial — argumentou Hiroshi.
— E como vão receber a notícia de que, como sua suposta tia, estou vendendo você? — Sirena perguntou, interessada.
— Já mostrei que sou instável e gosto de "putaria", perdão pela palavra. Você pode dizer que eu ameacei fugir se não me deixasse — respondeu Hiroshi, com um sorriso sério.
— Esperto rapaz... mas tenho idade de ser sua avó — Sirena o encarou antes de prosseguir. — Me diga o que mais você quer.
— Um quarto só meu e um computador de ultima geração. — afirmou Hiroshi, sincero.
— Agora sim, você está mostrando a que veio — Sirena riu.
— Sirena, ele não pensou — Bianca fez a observação e encarou Hiroshi. — Por que foi tão específico?
— O computador é pra agilizar o trabalho financeiro. O quarto é pra ser do seu sobrinho, Sirena — Hiroshi não tremeu na voz. — Sua irmã morreu, então eu vou ter que ficar aqui por um bom tempo... Como vou ficar? Dormindo com os garotos de programa que você quer evitar que eu seja?
Sirena amansou a expressão e Hiroshi finalizou: — O quarto também vai servir pra esconder os programas irregulares de você quando eu for "assediado".
Sirena pensou alguns segundos calada.
Hiroshi foi além. — Você quer alguém que tome de conta das drogas né?
Sirena mandou continuar.
—Diga a Diego que não concordou com minha proposta e que ele me vigie. Se ele me trair e lhe contar, você pode confiar o negócio a ele.
Logo em seguida, pediu desculpas a Hiroshi por ter sido rude.
***
Davi se sentou ao lado de Axel, que lançou um olhar intrigante para Hiroshi e perguntou:
— Não vai atender o telefone?
Davi ria, claramente divertido com o nervosismo de Hiroshi. Ele levantou a mão, pedindo paciência enquanto atendia a chamada.
— Oi, Marcus!
A voz preocupada de Marcus soou. — Como você saiu no carro da Bianca? Tenho a chave e você não me atende! Viu minha mensagem?
Mantendo a calma, Hiroshi respondeu. — Tenho uma cópia da chave. Desculpa, cara... Resolvendo uma coisa importante ainda. Depois falo contigo.
Hiroshi desligou e levantou a cabeça, sendo imediatamente provocado por Axel. — Ele vacilou, baixinho... E essa camisa? Quem usa uma estampada com o próprio nome? E aquela do livro? O cara nem sabe ler...
— Tá bom, não fala mais nada, cara... — retrucou Hiroshi, impaciente. Em um impulso, ele buscou a foto de Marcus no celular.
— Conhece esse cara? — perguntou com a voz trêmula.
Axel arregalou os olhos, surpreso. — Seu “japinha” covarde, como é que...
— Ele me ligou pela manhã, e quando não atendi, mandou uma mensagem dizendo o que ouviu atrás da porta! E agora, quem é o burro? — Hiroshi interrompeu, ainda nervoso.
O comentário atingiu Axel em cheio, lembrando-o do dia em que decidiu abandonar a faculdade.
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Duas semanas após Hiroshi mostrar a viabilidade e os resultados, Sirena lhe deu uma suíte, um computador de última geração e liberdade para escolher clientes e adaptar os horários como desejasse. Ela via isso como um investimento, mas, sem saber, estava cavando sua própria destruição, pois Hiroshi nunca desistira de sua mãe.
Hiroshi, o estudante nato, estava sempre um passo à frente de todos.
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Percebendo a vulnerabilidade de Hiroshi, Axel deu um leve chute na perna de Davi. Ambos se levantaram, puxando as cadeiras para impedir um escape de Hiroshi.
— Fala logo o que tem pra falar, "Japinha"! — Axel ordenou.
Davi aguardou, sem riso, esperando Hiroshi explicar o que estava acontecendo.
— Fala logo! — Axel pressionou, enquanto Hiroshi mordeu o lábio, olhando para baixo, com as mãos tremendo levemente.
Davi, silencioso, deu um leve murro nas costas de Hiroshi, que sentiu um tremor percorrer seu corpo.
Finalmente, Hiroshi sucumbiu:
— O pior é que tudo isso é só pra ele achar que a ideia de colocar vocês dois no cabaré vai partir dele — Hiroshi ofegou e, ao sentir a pressão do desconforto do contato humano, desabou em lágrimas.
Seu desabafo foi seguido por uma sensação de proteção ao perceber que estava sendo abraçado pelos dois melhores amigos, no mesmo lugar onde os conheceu há quase três anos.
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Por R. Rômulo (Novatinho)
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