A noite foi atribulada, sono inquieto, não consegui dormir direito, acordei algumas vezes, o desabafo com Guga me trouxe intranquilidade. Achei, pelo tom que meu irmão encerrou a conversa marcando nosso almoço, que ele ia me dar uma dura. Tomei café da manhã sem Dan, como ele não ia pra escola, decidiu dormir até mais tarde o sortudo, e fui trabalhar. A manhã passou rápido, estávamos na iminência de fechar um contrato grande e minha equipe tinha muita coisa em andamento, foi o tempo todo gente entrando e saindo de minha sala perguntando coisas, esclarecendo dúvidas e eu tão absorvido que quando vi meu celular vibrar, era meu irmão avisando que estava chegando. Respondi que estava descendo, encerrei a conversa com minha assistente e o estagiário e fui encontrar com Guga.
Quando cheguei no lobby e olhei para meu irmão, meu coração disparou. Eu sempre me emocionava quando o via, éramos só nós dois no mundo. Nossos pais morreram cedo e isso nos tornou ainda mais ligados, ainda mais que eles vieram de Minas pro Ceará e tivemos pouco contato com tios e primos mineiros, eram parentes distantes em todos os sentidos. Guga tirou os óculos escuros e seu olhar me tranquilizou. Não tinha julgamento nem raiva. Ao contrário, o jeito maroto de meu irmão me olhar estava ali como sempre.
Passei pela catraca de acesso e nos abraçamos, um abraço mais demorado que o costume mas eu estava precisando daquele colo. Guga se afastou e propôs: “vamos no Português da esquina? A comida é boa, tem mesas no mezanino, com sorte a gente arruma um canto sossegado pra conversar.”
“Vamos!”, foi tudo que consegui dizer e segui os passos do meu irmão. Reparei que por onde ele andava atraía os olhares. Guga é muito bonito e tem um corpo inacrível para seus 45 anos. Ligeiramente mais alto que eu, por ser atleta e educador físico, ele construiu um corpo muito bem cuidado, musculatura trabalhada na medida. O cara é um tipão, como se diz. E o jeito firme dele andar passava uma imponência. Sujeito posturado! Na rede de academias dele, o respeito que os profissionais e a clientela tem por ele é impressionante. Guga chega e todos são atraídos pela presença magnética dele. Minha esposa implica um pouco, tem um ciuminho, diz que é porque quando a gente bebe, esquece do mundo, mas acho que ela tem uma quedinha por ele, só não assume...
Conseguimos uma mesa no mezzanino, um cantinho mais isolado e como ainda não tinha dado uma hora da tarde, o restaurante ainda não estava cheio. Pedimos um bacalhau com natas para compartilhar, arrisquei uma taça de vinho verde e Guga foi de água mineral com sumo de limão. Assim que o jovem garçom nos deixou a sós, meu irmão foi direto e sem rodeios: “Dan, o que foi isso? me conte tudo!” E eu contei, em detalhes. Descrevi inclusive da forma mais gráfica possível. Depois que despejei sobre ele tudo que aconteceu, meu irmão se ajeitou na cadeira e me surpreendeu com sua confissão inicial: “caralho mano, se eu senti tesão só em você me contar, imagine pra ti que passou por toda essa loucura”, e ao dizer isso deu uma ajeitada na rola, meu olhar seguiu seu gesto e vi que Guga estava de pau duro. Nos entreolhamos e por um instante, rolou algo de mais íntimo e cúmplice em nossa troca de olhares.
“Tudo muito bom, mas vamos ao que interessa. Duda, como você acha que vai lidar com isso? Você e Dan se pegando dentro de casa? E Patrícia? Se minha cunhada descobre ela esfola você vivo, e só não faz pior porque Dan acabou de fazer dezoito anos. Imagina se ele ainda fosse menor...? que maturidade o garoto tem pra segurar essa onda com você? Isso me preocupa muito!”, e eu sentia a preocupação real de meu irmão comigo.
“Guga, eu sinceramente não sei, não tenho resposta. Ele me atacou e eu deixei. Tudo aconteceu tão rápido que sequer parei pra entender o que está rolando... e porque comigo, justo comigo? Mano, eu nunca tive nenhum tesão por outros homens. Nunca”, falei deixando bem claro minha condição de ter sido surpreendido pela tsunami.
“Dudinha, esse é justamente o ponto que eu queria tocar. Você nunca teve nada? Nem uma curiosidadezinha? Uma vontade? Um sentimento diferente? Nada... nada...? Uma situação que te trouxesse uma dúvida...?”, insistiu Guga, com um olhar especulativo...
“Nunca, Gu. A gente dividiu tanta coisa. Te vi pelado tantas vezes, batemos tanta punheta juntos. Se tivesse de ter rolado, teria sido com você, na intimidade da nossa adolescência, né?!”, reforcei para meu irmão que me olhou com um sorriso enigmático igual o de Dan.
“É... poderia ter rolado...”, disse Guga, divagando de um jeito que me desconcertou. Fiquei tão sem graça que olhei pro lado evitando sustentar o que aquela frase implicava, mas fui salvo pelo garçom que trazia nossa comida.
Enquanto a gente se servia, ainda sob o efeito do “poderia ter rolado”, lembrei de Guga ter dito que já tinha ido nesses lugares que Dan andava frequentando a procura de sexo rápido e anônimo e arrisquei lhe perguntar sobre: “Gu, ontem quando contei que Danzinho anda nesses lugares de pegação, você deu a entender que também já foi... ou eu entendi errado?”.
Meu irmão me olhou firme enquanto mastigava o bocado que tinha levado a boca, pegou a taça, bebeu um gole d’água e largou a bomba: “Duda, eu sou bi!”
Devo ter feito a cara mais perplexa do mundo porque Guga, após examinar meu rosto à procura de reação, comentou com aparente displicência: “a comida vai cair do seu garfo!”.
Eu tava paralisado de susto, levei a comida a boca ainda em choque e ele prosseguiu: “sempre fui, mano, e quando você me contou o que tinha rolado entre você e Dan, além da preocupação por tudo que a gente falou, senti um alívio que me deixou eufórico: finalmente eu poderia me abrir com você e tirar o peso desse segredo que existe entre nós há quase trinta anos”.
“Então, quer dizer que...”, tentei articular um raciocínio e Guga me interrompeu: “sim, Dudinha, sempre fui, desde aquela época que eu ficava com meninas, eu também ficava com garotos. Claro que com eles era no sigilo, com tem sido de certa forma até hoje...”.
“Ana sabe?!”, perguntei sobre a posição da ex-mulher de Guga nessa história, já que se separaram ano passado após mais de dez anos casados.
“Não. Nem nunca desconfiou que eu saiba. A gente se separou pelas razões que você sabe. Como eu disse, esse meu lado sempre foi levado no sigilo. Nunca tive coragem de me expor a esse ponto. Os alunos da academia, colégio, clube, a sociedade, enfim...”, esclareceu Guga.
“Gu, eu não sei o que dizer. Se já estava complicado lidar com minha própria situação, imagine agora com mais essa?!”, falei pra meu irmão exatamente como eu estava me sentindo. Surpreso e ainda mais perdido.
“Dudinha, uma coisa de cada vez. Primeiro: você e Dan se forem continuar se envolvendo, precisam tomar todos os cuidados do mundo. Sobretudo com a questão afetiva. Tem sentimento envolvido. Pra rolar ciúmes é quase automático e você tem um casamento sólido, estável, não é como eu e Ana, que viramos dois estranhos e nos separamos por isso”, advertiu Guga e eu concordei com o alerta dele, que continuou: “e quanto ao fato de você agora saber que eu sou bissexual, justamente quando você teve a sua primeira experiência homo, acho que temos nossa conexão fica mais forte, mano, pois agora partilhamos de uma intimidade plena. Agora, você sabe com quem pode contar para entender essa novidade que aflorou em você.”
Quando Guga concluiu, meu sentimento foi exatamente esse, meu parceiro de sempre era meu parceiro de tudo. Eu não estava só e podia contar com ele também para mais essa.
Estendi meu braço, peguei a mão de meu irmão e fiz um carinho que ele retribuiu entrelaçando seus dedos nos meus. Quem olhasse de fora talvez achasse que tinha algo a mais no nosso afeto, mas somos tão parecidos fisicamente que qualquer um que reparasse em nossa semelhança, talvez visse apenas a camaradagem entre dois irmãos que se amam.
O garçom veio a mesa recolher as coisas, pedimos o café e a conta. Guga aproveitou e reafirmou sua preocupação: “por favor, tenham cuidado, evitem dar bandeira, não fiquem se tocando pelos cantos da casa. Se o que você quer é explorar as novas possibilidades que começaram a rolar, talvez seja até melhor você tentar com outros parceiros”.
“De jeito nenhum!!!, você tá louco?”, repeli com veemência a ideia de Guga. “o que rolou foi entre mim e Dan e se tiver de rolar vai ser apenas com ele. Não vou agora sair caçando macho por aí. Não sou viado!”.
Guga riu da minha reação, quase homofóbica e me acalmou: “Calma, Dudinha, não tô dizendo que você ou deixou de ser nada. Só quis insistir para vocês não vacilarem. Vocês não tem o direito de magoar Patty”.
O peso da advertência de meu irmão doeu. Fiquei constrangido a ponto de enrubescer. Por isso, com a voz baixa mas firme, assegurei que jamais deixaria a coisa chegar nesse ponto. Já tinha dito a Dan que os limites em relação a nossa casa e ao meu casamento eram claros.
Pagamos a conta e nos levantamos. Quando atravessamos um salão tinha um grupo de rapazes tomando café no balcão e um deles tinha um bunda dura, musculosa, chamava a atenção, era impossível não notar. Reparei tanto que Guga cochichou ao meu ouvido: “que raba, heim, maninho!” e sorriu matreiro.
Sorri encabulado pelo flagrante e fomos caminhando até meu prédio, Guga tinha deixado o carro no estacionamento de lá. Quando chegamos na entrada, nos abraçamos, como sempre fazíamos mas dessa vez o abraço teve algo a mais, até que Guga falou ao meu ouvido: “você sabe que conta comigo pra tudo, viu! Pra tudo!” e esse tudo foi reforçado de um jeito que me arrepiou sem meu irmão perceber, ele desceu a rampa pro estacionamento e eu passei pela catraca da portaria sentindo um comichão no pau ameaçando ficar duro. O abraço de meu irmão tinha me deixado com tesão...
Durante o resto da tarde e no dia seguinte, fiquei tão absorvido pelo trabalho que não tive espaço para voltar a pensar nessas coisas. Em casa, Dan me tratou do mesmo jeito e não me procurou pra fazer sexo, o que eu fiquei até aliviado. Acho que ele percebeu que eu precisava de um tempo pra organizar as ideias.
Na sexta, era dia dele retornar à escola e eu, além de levá-lo, decidi descer e procurar o diretor. Eu tinha falado com Dan novamente e ele implorou para não falar nada com a mãe dele. Então, eu precisava pactuar essa blindagem com o diretor. Fui direto pra sala dele, me identifiquei e após alguns minutos ele me recebeu. Contei a minha conversa com Dan e o pedido que ele me fez. Ele ponderou que minha esposa poderia se sentir traída quando viesse a saber mas aceitou minha solicitação de manter o assunto apenas entre nós, por enquanto. Me falou que entraram numa espécie de acordo de demissão com o funcionário para evitar qualquer tipo de escândalo e que, até prova em contrário, a gestão de crise tinha sido bem sucedida. Agradeci a compreensão dele e fui trabalhar.
Patty me ligou na hora do almoço avisando que estava voltando no final da tarde e que jantaríamos juntos. Isso me deu um frio na barriga pois era um novo desafio que eu ia ter que encarar: como estar com ela depois do que rolou entre eu e Dan. Mandei msg pro nosso filho e ele respondeu que já tinha falado com a mãe. Em seguida mandou outra msg dizendo “Tá sussa”, a linguagem dos jovens...
Cheguei em casa e Patty já estava. Namoramos um pouco, ela me contou da sua semana em SP, tomamos banho, nos vestimos e descemos para esperar Dan que estava se arrumando. O momento em que estávamos os três juntos me deu uma palpitação em meu coração mas a sequência dos fatos foi tão dentro da nossa rotina que relaxei. Fomos a uma cantina italiana que a gente adora. Com a loucura de Patty viajar quase toda semana, nosso jantar às sextas se tornou um compromisso familiar sagrado.
Aproveitei que o recém habilitado Dan ia dirigir o carro da mãe e relaxei tomando um vinho com minha esposa. Foi um jantar leve e feliz como eram nossos jantares semanais. Voltamos pra casa e ao entrarmos em nosso quarto, naturalmente a gente se procurou e tivemos um sexo gostoso. Patty disse que tava muito cansada mas precisava gozar e eu achei engraçado porque não é comum ela falar essas coisas. Chupei sua bucetinha por um tempo enorme, ela gozou algumas vezes e depois meti meu pau grosso em sua xaninha. Uns 3 minutos bombando e gozei gostoso. Passei no teste que eu mesmo me impus: como seria transar com minha mulher depois de ter transado com nosso filho? Pelo visto, nada mudou. O cheiro dela, o gosto, a maciez de sua pele, a forma como seu corpo recebe o meu, tudo me deu o tesão de sempre. Tudo certo, então.
A ressaca da farrinha de sexta me fez dormir até mais tarde, mas como era sábado, não tinha problema, podia curtir minha cama, o ar-condicionado, o escurinho do blecaute das cortinas até a hora que me desse vontade de levantar. Meu único compromisso era arrumar a garagem para poder acomodar com folga o carrinho que Daniel tinha ganhado de presente de aniversário e estava pra chegar. Desde que eu e Patricia compramos essa casa, aproveitamos o espaço gigantesco da garagem para guardar tralhas. O espaço original, com vagas para até 4 carros, virou deposito de tudo quanto é tranqueira. No depósito em cima, Patty tinha enfiado todo tipo de porcaria: eletrodomésticos pifados, com defeito mas nunca enviados para conserto, roupas e calçados usados que deferiam ser doados, malas, caixas e mais caixas. Minha esposa era acumuladora e convencê-la a doar e se livrar de algo era um esforço que eu não tinha disposição e energia pra gastar todo dia.
Então, por volta das 10h. comecei a sair do estágio cochilo e fiquei na preguiça pensando em tudo que tinha acontecido durante a semana. Relembrei a conversa com Guga e da surpresa que me causou algumas revelações.
Pensei também na loucura de ter deixado Dan me chupar, me sentia culpado por ter lhe proporcionado esse prazer. Mesmo ele dizendo que adorava me servir, eu estava usando o garoto...E isso não era da minha índole, sempre fui correto, estável, ético, focado. Qualidades que me levaram a ser bem sucedido, uma carreira sólida, bem posicionado no mercado, bem casado, uma linda mulher, um enteado que queria como filho... e que agora, ao saber que ele era gay, tava traindo minha esposa com ele... Se a gente fosse descoberto, minha vida iria ruir. Eu precisava dar um jeito nisso.
Mas aí veio a memória de Dan acariciando meu cu de leve, me apresentando a sensações nunca experimentadas. Depois eu tocando nas suas preguinhas, quentinhas, tensas me pedindo para serem arrombadas. Só de lembrar meu pau ficou duro. Deu até vontade de gozar com meu filho fazendo um boquete em mim.
Fiquei curtindo minha punheta de leve mas decidi que não ir gozar na mão, tinha chances reais de gozar mais tarde com minha esposa e, talvez, com meu enteado. Levantei, tomei uma ducha demorada e revigorante, botei uma roupa confortável bem ordinária, já que o trabalho da arrumação ia me deixar imundo, e desci pra tomar café. Na cozinha, encontrei a mesa posta pro café da manhã, comi, desfiz a mesa, lavei a louça e fui para a sala, onde encontrei Patricia e Daniel que estavas enchendo uma caixa com material escolar e livros usados de Dan para serem doados a alguma ONG. “Bom dia, meus amores”, arrisquei com simpatia.
Daniel sorriu pra mim enquanto sua mãe me olhou meio enviesado, resmungando que eu tinha dormido demais. Deixei minha esposinha com seu mau humor e me sentei no sofá enquanto pegava o iPad para dar uma olhada nas notícias antes de começar a trabalhar. Foi só me sentar que Patrícia perguntou: "não vai começar a arrumação, não?!."
Eu não queria briga, levantei e fui para a garagem, onde passei as próximas duas horas arrumando tudo. Pus ordem no caos, separei muita coisa pra jogar fora. No meio da arrumação, Patrícia apareceu para me lembrar que tínhamos convidados para jantar. Não tinha com o que me preocupar, só cuidar das bebidas. Minha esposa contratou o serviço de um restaurante que traria tudo pronto no início da noite. Assim que Patty saiu, minutos depois Dan chegou com um jeito sonso de quem vinha dar uma ajuda, mas o que ele fez foi me puxar para atrás de uma coluna, descer meu short de moletom junto com a cueca e abocanhar minha rola já endurecida. Eu fingi resisti mas deixei rolar sem maiores protestos. Dan, ajoelhado, me chupava e dizia coisas como “tem três dias que não mamo essa piroca”, “tava sentindo saudade de seu leitinho, vai me alimentar vai?!”. Seguei sua cabeça pelas têmporas e fodi sua boca como se fosse uma buceta. Era isso que ele queria, ser tratado como uma vadia, era isso que ele ia ter. Fodi sua boca enquanto Dan arriscava passar um dedo no meu cuzinho e não encontrando resistência, lambuzou de saliva e ficou roçando minha olhota enrugada com o dedo enquanto eu fodia sua boca. Demorei pouco pra gozar e quando gozei Dan engoliu tudo. Repetimos o que tinha feito no segundo dia. Puxei ele pra cima, o beijei e bati punheta pra ele que gozou em seguida. Todo esse rolo não durou nem 10 minutos mas me deixou de perna bamba. Nos recompomos, ele voltou pra dentro de casa e eu fui terminar a arrumação que tava quase no final.
Por volta das três horas, acabei, tomei outro banho, almoçamos e tiramos um cochilo. Eu e Patty no nosso quarto, Dan na sala vendo algo na TV. Por volta das seis começamos a nos arrumar. Patrícia recebeu o pessoal do Bufê e voltou pra terminar de se maquiar. Umas sete e pouco desci e organizei as bebidas, minha esposa desceu um pouco depois, Daniel continuou no quarto dele.
Ia dar oito da noite quando ouvimos o som de um carro chegando e logo depois a campainha tocou, era Amanda e Felipe, dois jovens próximos dos 30 anos, altos, bonitos. Ela, morena, corpo esguio, cabelos lisos, longos, parecia modelo de passarela. Ele, tipo mais branquelo, músculos definidos, cheio de tatuagens, um curioso híbrido de nerd com atleta. Amanda era amiga de Patrícia de sua cidade natal. Na verdade, as famílias delas eram vizinhas lá no Cariri, sempre foram muito amigas, mas o relacionamento mais próximo era entre as irmãs mais velhas de Amanda com Patty.
Como filha caçula, Amandinha não conviveu muito com Patrícia mas tinha uma admiração muito grande porque minha esposa foi a moça que saiu do Crato e conquistou o mundo, se tornando uma celebridade que até entrevista dava para a televisão. O casal estava fazendo bodas de madeira, 5 anos de casados, e comemorando com uma viagem pelo litoral. Como nossa cidade estava no roteiro, entraram em contato e Patty logo marcou o jantar e também os convidou para ficar conosco, mas, por razões obvias, preferiram um hotel luxuoso na Beira Mar. No dia seguinte iriamos a badalada praia do Cumbuco, próxima da capital.
No início, a conversa foi meio sem graça, a gente não tinha convivência e intimidade para o papo fluir espontaneamente. Além disso, a gente não conhecia Felipe pessoalmente. Na época do casamento não pudemos comparecer. A viagem ao Cariri levava muitas horas, não dava pra gente ir e voltar rapidinho. Um presente e um belo cartão nos representou. Mas depois de alguns minutos falando de pessoas em comum, a prosa entre as duas engatou e ficamos eu e Felipe como uns bobocas sem assunto até que Daniel finalmente desceu. A chegada dele na sala deu aquela movimentada. Amanda não o via faz tempo e ficou surpreso com o tamanho do meu enteado. Já Felipe olhou para Daniel com uma admiração acendeu minha desconfiança, senti um brilho a mais no entusiasmo com que se cumprimentaram. Tudo bem que logo que Daniel olhou para Felipe, reconheceu um personagem de anime numa das tatuagens dele e isso já rendeu uma conversa interminável entre os dois gamers. Apesar dos mais de dez anos de diferença, ambos era fissurados em games e gostavam dos mesmos jogos e animes. Me senti ainda mais deslocado e fiquei fazendo cara de paisagem sorridente sem conseguir acompanhar qualquer das duas conversas.
O papo fluiu animado entre bebidinhas e snacks. Como eu estava sobrando na conversa delas e deles, fiquei observado a interação entre Dan e Felipe. Se fosse na semana passada, aquela conversa e animação entre os dois passaria desapercebido aos meus olhos. Agora, depois das descobertas sobre meu enteado eu estava muito mais ligado, antenado sobre outras coisas que eu jamais teria pensado sobre. Toda aquela animação não era só conversa de aficionados. Havia algo ali. Algo que tinha a ver com cu e rola, com sexo entre homens. A atração era mútua e evidente. Dan estava jogando charme para um homem casado que estava no mínimo lisonjeado com o assédio, embora eu achasse que Felipe tava mesmo era a fim. Algo me dizia que aquele cara gostava da coisa... Não que ele tivesse trejeitos, assim como Daniel não os tinha. Felipe não era do tipo machão, mas dentro daquela visual moderno, ele transpirava masculinidade. Ele era bonito, esguio, tinha sex appeal, havia um magnetismo sexual nele.
Quando esse pensamento passou pela minha cabeça, me dei conta do quanto as coisas estavam mudando na minha própria cabeça. Desde quando me tornei capaz de avaliar o tesão que um homem causa em outro homens? Como me tornei esse radar de desejos homossexuais? E por que aquele flerte me atraía mas também me incomodava tanto? Seria ciúmes? Meu afeto pelo meu (quase) filho, agora acrescido da intimidade sexual recém explorada, tinha levado nosso vínculo para algum tipo de paixão?
O redemoinho na minha cabeça teve uma pausa quando Patty me chamou para ajudar a servir o jantar, algo que me afastou um pouco do turbilhão de imagens e pensamentos que tinham tomado conta de mim. Quando fomos para a mesa, a prosa animada entre Daniel e Felipe continuou. A toda hora, um mostrava coisas no celular para o outro, a ponto de Patrícia “chamar” a atenção de nosso filho que estava monopolizando o convidado. Amanda riu condescendente, dizendo que já estava acostumada a ser trocada por games e nessa hora eu e Daniel trocamos olhares bem significativos, que foi acompanhado por Felipe. Entre nós três firmou-se uma espécie de pacto da cumplicidade...
Quando voltamos para a sala para o cafezinho, licores etc.. Daniel convidou Felipe para subir ao seu quarto para jogarem uma partida. Minha esposa e Amanda riram daquele jeito que as mulheres têm de “desdenhar” dessas coisas de meninos... Mal sabiam elas o que estava a ponto de rolar.
Sobrando mais uma vez, aproveitei para dar uma geral na sala de jantar, retirei as coisas da mesa, limpei tudo e coloquei na máquina de lavar louças. Em quinze minutos, estava tudo arrumado e eu livre para ir atrás de ver o que estava rolando entre aqueles dois. Eu tinha ficado cismado e tinha quase certeza que alguma coisa já devia estar acontecendo. Voltei para a sala e as duas tagarelas estavam olhando álbuns de fotografia que Patty tirou da estante. De festas a viagens, toda uma coletânea de imagens e conversas infindáveis e por isso mesmo, me afastei e saí da sala sem que notassem minha ausência. Subi a escada sem fazer barulho, pronto pro flagrante.
E não deu outra. Ao abrir a porta sem bater antes, contrariando uma norma absoluta em nossa casa, encontrei os dois com as calças abertas, camisas levantadas, cuecas arreadas, picas de fora, uma na boca do outro. Felipe e Dan estavam engatados num 69 como se não houvesse mais nada no mundo. E estava tão entretidos na chupação, que levaram alguns segundos para perceber que eu estava ali, em pé, com a porta entreaberta e a rola ficando dura de tesão...