As mais úteis invenções da humanidade surgiram a partir do desejo de alguém em utilizar determinado objeto que ele não conseguia encontrar, e o desejo foi tão incisivo que esse alguém resolveu ele mesmo inventar o objeto que procurava. Este foi o princípio que norteou a minha ideia e, consequentemente, a história que vou contar.
Procurei exaustivamente, na minha região, um aplicativo de aluguel de imóveis por temporada ou diárias, para nudistas. Inútil busca. Até teve uma vez que encontrei algo parecido – o anúncio frisava o nudismo; me empolguei e entrei em contato. Fui informado, então, que o apartamento estaria todo a minha disposição, pois ninguém morava lá. Ora, isso não caracteriza que o imóvel seja destinado a nudistas, porque desse jeito todos são – se estou sozinho no local que aluguei, posso ficar nu.
Encontrei um hostel nudista. Fui lá e realmente o ambiente é maravilhoso. Pretendo voltar. Mas a minha ideia era encontrar um local em que residisse alguém (ou uma família) também nudista, para que partilhássemos nossa nudez. Não encontrei.
Então, num belo dia, acendeu-se a luz: eu estava buscando algo do lado errado – eu precisava era mudar de perspectiva: por que eu mesmo não oferecia, então, acomodação para nudistas, em meu próprio apartamento, já que moro sozinho e tenho um quarto livre e um banheiro social?!
Fiz as necessárias adequações, adquiri cama e roupeiro (paradoxal, né?! Enfim...), mais talheres e utensílios de cozinha, e me inscrevi num aplicativo de aluguel como locador de um espaço nudista, para uma pessoa ou um casal, indiferentemente do gênero. Como não sou do ramo hoteleiro e sequer sei fritar um ovo, já deixei bem claro que não oferecia qualquer refeição, mas disponibilizava a cozinha para quem estivesse disposto a cozinhar.
Publiquei o anúncio e me pus a esperar. Não demorou muito, chegou a primeira consulta. Compreendi que é um nicho interessante, há carência de opções, por isso a procura é grande – fica a dica. Um casal gay se apresentou. Analisei seus perfis no aplicativo, entrei em contato, conversamos, passaram-me seriedade e confiança. Fechamos a hospedagem por um final de semana.
Corri contra o tempo para viabilizar as mudanças no imóvel; na sexta-feira aprazada, finalzinho da tarde, o porteiro eletrônico me informava de sua chegada. Liberei sua entrada e os esperei no próprio apartamento, como sempre fico (sem roupa), e inclusive para deixar clara a filosofia do ambiente. Ao toque da campainha, abri a porta, sorrisos e simpatias; abraços e afagos sem qualquer constrangimento.
Era um lindo casal, sem dúvida. Marcelo, um senhor grisalho, na faixa de 55 a 60 anos, estatura mediana, barba também grisalha, cuidadosamente aparada, as rugas e a barriguinha próprias da idade. Sérgio, 25 anos, todo sorrisos, mais falador, descontraído, mesma altura do companheiro, mas sem barba – loira e vasta cabeleira. Cheirosos os dois. Eis meus primeiros hóspedes.
Introduzi-os ao quarto, disse-lhes que ficassem à vontade, e que conversaríamos em seguida sobre as “regras” de nossa convivência. Em minutos, abriu-se a porta do quarto e os dois apareceram: belos corpos nus, eles ainda pouco à vontade. Cabia a mim deixá-los confortáveis. Sentamo-nos na sala e lhes expus:
“Vou começar dizendo que não os tenho como hóspedes nem vocês me terão como anfitrião, no termo tradicional das expressões. Vamos partilhar o mesmo teto, vivenciando nossa filosofia nudista em comum. A casa é tanto minha quanto de vocês. Têm acesso a todos os espaços – que não são muitos, afinal é um apartamento pequeno. Podem utilizar a cozinha quando e como quiserem, e todo o restante do ambiente... Vou continuar trabalhando como sempre faço, e vocês podem agir como se eu não estivesse aqui – de verdade. Não há qualquer restrição de nada; ajam aqui como agiriam se estivessem em suas próprias casas. Quem vai dizer o que pode ou o que não pode fazer são vocês próprios: o que não fariam nos seus lares, não façam aqui – isso resume tudo.”
Concordaram e firmamos nosso tácito acordo. Eu disse que precisava atualizar alguns trabalhos no computador e que, literalmente, se sentissem em casa. Tomaram banho juntos e em seguida foram para a cozinha, prepararam sanduíche e suco, com mantimentos que trouxeram, e se entretiveram em suas conversas, enquanto eu concluía meus afazeres.
Quando terminei, peguei uma garrafa de vinho, taças e encontrei-os na varanda, admirando a cidade. Sérgio, debruçado sobre a grade, expunha um rosado e depilado cu, que me fez sentir a rola estremecer, mas me contive. Servi as taças aos convidados e o papo foi rolando, aleatoriamente. Por vezes entrávamos em assuntos mais picantes e eu percebia as rolas endurecendo, a minha também se encorpando, mas tudo sendo levado com naturalidade.
Os graus etílicos do vinho foram nos libertando, fomos ficando mais descontraídos e eles já se permitiam carícias mais íntimas – os dois com as toras em riste. A conversa rolava, Sérgio agora sentado no colo de Marcelo, minha pica pinotando assistindo à crescente intimidade dos dois. Num determinado momento, Sérgio tomou o rosto de Marcelo entre as mãos e começaram a se beijar intensamente; Sérgio girou o corpo, abriu as pernas, ficando de frente ao companheiro e sentando na rola deste, rebolando.
Era como se não houvesse mais ninguém naquela varanda; eles passartam a se foder apaixonadamente, Sérgio cavalgando na rola rígida de Marcelo; a cada estocada, eu via as pregas do cu de Sérgio salientando-se em torno do pau que o fodia. Meu próprio caralho pulsava, mas eu apenas me regalava com a dionisíaca visão da foda à minha frente, e o delicioso vinho que eu continuava tomando. Gemidos e respirações ofegantes preenchiam o ambiente. Acho que se saberem observados os deixava ainda mais excitados.
Aos poucos, Sérgio descolou seu rabo do caralho do amante, este se levantou e os dois entraram, cacetes rígidos, para continuar a foda no macio do quarto. Eu me deixei ficar na varanda, vara feito rocha, bebericando mais uma taça de vinho e curtindo a lua que brotava amarela e luxuriosa no horizonte.
O restante do final de semana foi nesse mesmo diapasão. Sóbrios, não se furtavam a se beijar e se acariciar intimamente. Passeavam de pau duro por dentro do apartamento, não se incomodavam com meu cacete rígido de vez em quando, sequer fechavam a porta do quarto para transarem, e várias vezes, passando no corredor, para meu quarto, os vi trepando gostosamente, em posições maravilhosas, aos gemidos e ganidos. Depois apareciam na cozinha, suados e cheirando a sexo, tomavam água, com a maior naturalidade do mundo, conversando banalidades comigo.
Mais do que o tesão de os acompanhar em suas fodas, me deixava mais infinitamente excitado a naturalidade com que faziam isso, porque reforçava minhas convicções de que nem o nudismo inviabiliza o sexo, como querem os naturistas, nem o sexo está necessariamente ligado à sacanagem e à putaria – é possível transar com a mesma espontaneidade e singeleza com que se come uma maçã, por exemplo. E que um casal transando em nossa presença não é necessariamente um convite a uma suruba.