O homem hesitou por um momento, surpreso por ter sido notado. Seus pés afundavam levemente na areia enquanto ele permanecia a alguns metros de distância, observando-os. Ele tinha cabelos castanhos despenteados, como se o vento da praia fosse seu cúmplice, e olhos escuros que pareciam penetrar qualquer defesa. Sua postura era ao mesmo tempo cautelosa e curiosa, como a de alguém que não queria invadir, mas que também não conseguia se afastar.
Andressa sentiu uma onda de calor percorrer seu corpo, misturada a uma pontada de ansiedade. "O que ele está pensando? Por que não vai embora? E por que, em vez de me incomodar, essa situação me deixa tão… vulnerável e excitada?" Ela apertou a mão de Paulo sem perceber, buscando conforto na segurança que ele sempre oferecia.
Paulo notou o gesto. Seus olhos se voltaram para o homem e depois para ela, com aquele sorriso sereno que sempre parecia dizer: Está tudo bem. Eu estou aqui. "Ela está dividida," pensou ele, vendo o misto de curiosidade e medo nos olhos de Andressa. "Mas talvez isso seja exatamente o que precisamos para ir além."
— Ei, você aí! — chamou Paulo, quebrando o silêncio. Sua voz era leve, mas carregava uma firmeza que exigia uma resposta. — Está perdido ou só… curioso?
O homem deu um passo à frente, hesitante. Seus olhos não desviavam, mas também não eram invasivos. Ele parecia medir cada movimento, como se estivesse testando se era bem-vindo naquele momento.
— Curioso — respondeu ele, sua voz rouca, mas calma. — Vi vocês de longe… e simplesmente não consegui desviar o olhar.
Andressa sentiu um arrepio percorrer seu corpo.
O modo como ele falava, direto e sem vergonha, a fez estremecer. "Por que essas palavras me afetam tanto? Ele não deveria estar aqui. Isso é errado… mas, ao mesmo tempo, é tão excitante."
Sua mente começou a vagar, invadida por uma lembrança antiga, de um tempo em que ela e Paulo só se conheciam pela internet. Era uma noite de conversa longa e cheia de confissões inesperadas.
— Você já pensou em algo… diferente? — ele havia perguntado, a voz grave atravessando a tela do celular. — Como explorar fantasias? Talvez algo mais livre?
Ela riu, meio nervosa, mas não conseguiu ignorar a curiosidade.
— Tipo o quê? — desafiou, mesmo sem saber se queria ouvir a resposta.
— Tipo… ver você com outro homem. — A resposta dele veio sem hesitação. — Não por ciúme, mas porque isso me excita. Pensar em você livre, entregue… É algo que me fascina.
Ela respirou fundo, as palavras dele trazendo um pouco de calma ao caos interno. E então a lembrança voltou com mais força. Naquela mesma conversa pela internet, ela havia rido nervosamente e perguntado:
— E se eu gostasse? E se eu quisesse ir além?
Paulo não hesitou.
— Então eu ficaria ainda mais apaixonado por você. Porque isso só mostraria o quão livre e confiante você é.
Na época, a ideia parecia absurda. Ela brincou, disse que ele era louco. Mas agora, ali, naquela praia deserta, com Lucas parado à sua frente, os olhos dele carregados de desejo contido, tudo parecia fazer sentido. "Será que ele realmente sente isso? Será que está pronto para ver essa fantasia se tornar real?"
— Você está bem? — perguntou Paulo, baixinho, para que só ela ouvisse.
— Não sei… — murmurou ela, sua voz vacilante. — Isso é tão diferente de tudo… E se der errado? E se… nos arrependermos?
Paulo sorriu, aquele sorriso tranquilo que sempre a fazia se sentir segura. Ele segurou seu rosto com delicadeza, obrigando-a a olhar para ele.
— Confia em mim, Andressa. — Sua voz era baixa, mas firme. — A gente decide os limites. Se não quisermos continuar, paramos. Mas, se você quiser, se estiver disposta, estou com você.
Andressa respirou fundo, tentando acalmar o turbilhão de pensamentos. "Ele está certo. Isso só vai até onde eu deixar. Mas por que isso ainda me assusta tanto? Será porque, no fundo, eu quero? Quero me permitir sentir isso, quero explorar, quero me libertar."
Ela olhou para Lucas novamente. Ele tinha algo enigmático em sua postura, como se não quisesse pressioná-los, mas também não estivesse disposto a ir embora. Havia uma tensão no ar, algo carregado de expectativa, mas sem pressa.
— Qual é o seu nome, curioso? — perguntou ela, finalmente encontrando a própria voz.
— Lucas — respondeu ele, com um meio sorriso que suavizou o rosto sério. — Não queria interromper, mas… foi impossível ignorar.
Paulo se inclinou para trás, sentado na areia como se estivesse assistindo a algo fascinante.
— Ele parece respeitoso, não acha? — comentou, olhando para Andressa com um brilho provocador nos olhos.
Ela o encarou, tentando captar mais do que palavras naquele momento. Não havia ciúme em Paulo, apenas expectativa. "Ele realmente está confortável com isso. É como naquela conversa… Ele quer me ver livre. E se isso não for um teste? E se for a chance de descobrir algo novo?"
— Você ainda acha fascinante? — provocou ela, relembrando o que ele havia dito anos atrás.
Paulo riu, aquele riso tranquilo que a fazia confiar mais nele do que em si mesma.
— Mais do que nunca.
Ela olhou para Lucas mais uma vez, os olhos escuros dele parecendo mergulhar nos dela. Sua respiração estava acelerada, e ela sentia o coração pulsar com mais força do que nunca. Era medo, desejo, e algo mais profundo: a vontade de ser livre.
Andressa caminhou até ele, devagar, cada passo na areia um desafio à própria hesitação. Quando parou a poucos centímetros de Lucas, viu a surpresa nos olhos dele.
— A questão não é o que você viu ou o que quer, Lucas — disse ela, com a voz mais firme do que esperava. — É se você está preparado para o que pode acontecer.
Lucas pareceu considerar as palavras dela por um momento, a tensão visível no maxilar, mas os olhos ainda fixos nos dela.
Ela se virou para Paulo uma última vez, buscando nele a confirmação que precisava. Ele assentiu, os olhos dizendo tudo o que ela precisava saber.
— Então… vamos ver onde isso nos leva. — Sua voz saiu mais baixa, mas carregada de decisão. A linha havia sido cruzada, e Andressa sabia que, dali em diante, não haveria mais volta.
Andressa sentiu o peso das emoções enquanto Lucas permanecia ali, parado a poucos metros. Seus olhos estavam fixos nela, mas não havia pressa nem exigência, apenas paciência e curiosidade. Era uma sensação estranha, quase desconfortável, mas ao mesmo tempo carregada de uma intensidade que ela nunca havia experimentado antes.
Ao seu lado, Paulo a observava. Não era apenas tranquilidade que ele transmitia, mas um tipo de apoio que parecia dizer: "Você está no controle, e eu estou aqui para o que precisar." Esse olhar era tudo o que Andressa precisava para continuar de pé, mesmo com as pernas ligeiramente trêmulas.
"Isso está mesmo acontecendo," pensou ela, sentindo o coração disparar. Enquanto seu olhar se desviava de Lucas para Paulo, memórias começaram a invadi-la, memórias de uma época em que esse tipo de situação era apenas um conceito, uma ideia jogada em conversas descontraídas.
— Você acha que seria capaz de ver sua parceira com outra pessoa? — Ela havia perguntado numa noite em que trocavam mensagens, ainda nos primeiros meses de interação.
— Se fosse algo que ela quisesse, sim. — Paulo respondeu quase de imediato, como se fosse algo que já tivesse pensado antes.
— De verdade? Sem ciúmes? — provocou Andressa, curiosa, mas também cética.
— De verdade — confirmou ele. — Sempre achei que o amor não deve ser sobre posse. Quero que minha parceira seja livre para viver o que a faz feliz.
— E você? Não teria vontade de estar com outras pessoas?
— Não — respondeu ele com firmeza. — O que me excita, o que me faz feliz, é a ideia de vê-la livre. De saber que você está vivendo algo porque quer, porque confia em mim para permitir isso.
Na época, Andressa não sabia como lidar com aquilo. Era uma ideia tão distante de tudo o que ela conhecia que parecia impossível de compreender. Mas ali, naquela praia, com Lucas diante dela e Paulo ao seu lado, aquelas palavras faziam mais sentido do que nunca.
— Está nervosa? — perguntou Paulo, interrompendo seus pensamentos.
— Muito — admitiu Andressa, quase num sussurro.
— Você não precisa fazer nada que não queira, meu amor. — A voz dele era baixa, calma. — Mas se quiser seguir, estou aqui. Como sempre estive.
Ela respirou fundo, sentindo o conforto que aquelas palavras traziam. Paulo sempre tinha sido assim: paciente, compreensivo, disposto a deixá-la explorar o que quisesse, mas sem nunca pressioná-la. "Ele quer isso por mim, não por ele. Ele nunca precisou de outra pessoa, só de mim."
Andressa deu um passo à frente, aproximando-se de Lucas. O olhar dele era intenso, mas respeitoso, como se ele entendesse que ela estava lidando com algo muito maior do que apenas o momento presente.
— Você já… fez isso antes? — perguntou ela, sua voz um pouco hesitante.
— Não — respondeu Lucas, um sorriso discreto surgindo. — Mas parece que hoje é um dia de primeiras vezes para todos nós.
Ela riu baixinho, sentindo a tensão diminuir por um momento. Lucas tinha uma presença forte, mas não invasiva. Era um contraste fascinante com Paulo, que estava ali, sereno, observando.
"Será que ele sente ciúmes?" pensou Andressa, mas ao olhar para Paulo novamente, percebeu que não havia espaço para dúvidas. Ele estava tranquilo, com aquele sorriso leve nos lábios, o olhar cheio de algo que ela reconhecia como orgulho.
— Você lembra daquela conversa que tivemos? — perguntou ela, voltando-se para Paulo.
— Qual delas? Tivemos tantas — respondeu ele, divertido.
— Aquela em que você disse que gostaria de me ver com outra pessoa. Que isso te faria feliz.
Paulo sorriu mais abertamente.
— Lembro, sim. Ainda penso assim. Quero que você viva tudo o que quiser viver, sem medo.
Andressa sentiu uma onda de calor percorrer seu corpo. As palavras dele eram tão simples, mas carregadas de uma profundidade que ela só começava a entender agora. "Ele não está aqui apenas como espectador. Ele está aqui para me apoiar, para me dar a segurança que preciso para explorar esse lado de mim."
Ela estendeu a mão e tocou o braço de Lucas, sentindo o calor da pele dele sob seus dedos. Era um gesto pequeno, mas carregado de significado. Lucas não se moveu, respeitando o ritmo dela, e isso a fez relaxar um pouco mais.
— Você está confortável? — perguntou ela, sua voz mais firme agora.
— Estou — respondeu Lucas, com um sorriso leve. — Mas quero que você esteja também.
Andressa olhou para Paulo mais uma vez. Ele estava de pé, nu a sua frente, diante do mar na praia de nudismo, observando com calma. Seus olhos encontraram os dela, e ele assentiu, como se soubesse exatamente o que ela estava pensando.
"Ele quer que eu seja livre. Ele sempre quis. E agora, mais do que nunca, eu quero isso também."
Ela aproximou-se ainda mais de Lucas, sentindo a respiração acelerar. Quando seus lábios finalmente se encontraram, o momento parecia carregado de uma energia quase elétrica. O beijo era diferente, estranho e familiar ao mesmo tempo. Lucas foi gentil, cuidadoso, deixando claro que estava ali para seguir o ritmo dela.
Quando se afastou, por um breve instante, Andressa olhou para Paulo. Ele continuava sorrindo, os olhos brilhando com algo que parecia ser um misto de alegria e satisfação.
— Tudo bem? — perguntou ela, ainda um pouco insegura.
— Tudo perfeito, meu amor — respondeu Paulo. — Você está incrível.
Ela sentiu uma onda de alívio e confiança invadi-la. "Ele realmente quer que eu explore isso. Não há ciúmes, só amor e apoio."
Voltando-se para Lucas, ela sorriu. Ainda havia muito a descobrir, mas, com Paulo ao seu lado, sabia que estava pronta para explorar o que o momento tinha a oferecer.
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