3. Lizzie e Yona
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O Jipe adentra ao pequeno bairro e logo chega à simpática casa cedida pelo cônsul de sabe-se lá qual país. Bianca e Ed descem enquanto alguns vizinhos olhavam curiosos e acenam amistosamente. Laís e Anderson, os guias, não descem do carro.
- Se precisarem de qualquer coisa, gente, não hesite em nos chamar! - lembra Laís
- Tá certo… Ahn... Desculpem-me pelas minhas reações, é que… - tenta dizer Bia.
- Não precisa se desculpar, Bianca, é absolutamente normal e compreensível - diz Anderson.
O casal então acelera e se vai, enquanto os dois novatos ficam na calçada, se sentindo sugados pelos olhos dos vizinhos. Ed olha para os lados e já vê algumas garotas, que sorriam interessadas e davam tchauzinho, uma mais gostosinha que a outra, todas peladinhas. Ele não sabia como reagir e, tímido, apenas fingia que não as via.
“Caraio, se eu não perder a virgindade aqui, meu caso não tem solução!” - ele pensa
Bianca e Ed entram na casa, fecham a porta e se deixam cair sentados no sofá de vime. Silêncio. De início, nem abriram a boca. Tinha sido tanta informação, desde a fuga do Brasil até a chegada na ilha, somada a toda essa coisa de nudismo, que estavam mentalmente esgotados. Demorou um pouco para que saíssem daquela paralisia.
Assim que se recuperam minimamente, levantam-se e começam a explorar a casa. Era pequena e simples, mas bonita e bem organizada. Tudo parecia em ordem, exceto pelo detalhe de haver apenas um quarto, com uma única cama de casal. Em seguida, dirigem-se à cozinha, abrem a geladeira já sentindo a fome apertar, mas encontram-na vazia. Claro, afinal, ninguém morava ali. Bia lembra que nem sequer sabia como comprariam mantimentos, conseguiriam um emprego ou algo do tipo. Não tinham a menor ideia de como as coisas funcionavam naquela ilha. É nesse momento que alguém bate à porta.
TOC-TOC
O coração de Bianca dispara.
- Ai, filho, quem será???
- Vish, mãe, deve ser algum vizinho, eu não sei.
- Você atende pra mãe?
- Ok.
Ed atende e se demora um pouco para fora da porta, enquanto Bia permanecia ansiosa na cozinha. Depois de um tempo ele retorna, com um sorriso bobo no rosto e uma torta de frango inteira nas mãos.
- O que é isso, Ed? E por que está com essa cara???
- Ahn… hahaha - todo sem graça e tímido -, eram duas garotas aqui do bairro, foram super gentis e …
- E???
- Nossa, esse pessoal é doido, hein? kkk
- O que aconteceu, filho? - preocupada, pegando a torta das mãos dele.
- Nada não, mãe rs.
Eles vão em direção à cozinha, põem a torta na mesa e se assentam.
- Estou esperando, filho, o que houve? Alguma coisa aconteceu.
- Mãe, elas disseram que já vão voltar com o refrigerante, por que você não as atende dessa vez?
- Eu? Não, senhor! Não estou preparada ainda
- Bom, mãe, basicamente, elas… estavam peladas e…
- Isso eu sei, né?
- Elas perguntaram meu nome, de onde viemos…
- Hum…
- Perguntaram se eu gosto de mulher ou de homem, kkk
- Hum, e o que mais?
- E pediram pra eu mostrar o meu...
- O quê??? Você mostrou???
- Não, eu expliquei que ainda estamos nos acostumando e…
- Mas que vagabundas! Que piranhice! Pedir pra ver pinto???
- Mãe, é o jeito deles, você vai ter que se acostumar com isso, se a gente for viver aqui. Eles levam isso na maior naturalidade...
Bia sabia que o filho tinha razão. Mas acostumar-se era diferente de participar, ela pensava.
- Ok, e o que mais?
- Bom, elas perguntaram se não quero dar uma volta com elas, para conhecer a galera.
- Ah, não, né? Você vai??? Eu não vou ficar aqui sozinha, não, Ed!
- Elas não me pressionaram. Hoje eu não vou, tudo bem. Mas eu não quer ser pra sempre um retraído. No Brasil eu nunca era convidado pra nada!
Bia sabia da dificuldade do filho.
- Claro, eu quero que você se socialize, tenha amigos, sim, claro
Mas verdade, Bia queria sim, que Ed gostasse daquele lugar. Afinal, carregar o peso de sentir que destruiu o futuro dele era demais para ela.
- Algo mais? - ela pergunta
- Bem, as duas beijaram minha boca rsrsrs
Bia sente uma pontada de ciúme
- Tá, melhor eu nem saber, chega desse papo.
- Juntas! rsrs, tipo… me beijaram juntas! rsrs
- O quê? Mas como isso é poss… Olha, guarde isso pra você, não quero ter que imaginar isso.
- Mãe, preciso te contar uma coisa. Hoje, lá no Brasil, eu cheguei numa garota na escola. Tomei coragem. Pela primeira vez na minha vida.
- Nossa, filho… - Bia sente um pesar.
- Ela falou que ficaria comigo após a aula. Eu estava ciente que seria meu primeiro beijo…
- Filho… Eu não tive culpa, eu…
- Tudo bem, mãe, em menos de uma hora aqui, já beijei duas! kkk
- AFFF! Olha, eu vou pra cozinha, não vou esperar refrigerante nenhum! Pensei que pelo menos você estivesse triste, mas pelo jeito já até esqueceu a coitada!
TOC TOC
- Atende, mãe!
- Não! Você atende!
- Elas vão querer entrar pra te conhecer, vai ser pior!
- Filho, não faz isso comigo, caramba! Atende!
TOC TOC
- Caramba, mãe!
Bia vai para a cozinha novamente. Ed abre a porta.
- Oi, de novo! - as duas mocinhas sorriem.
Yona era ruiva alaranjada, com algumas sardas no rosto, o que lhe conferia ao mesmo tempo um ar de ingênua e de travessa. Os peitinhos também tinham sardas, e o bico era de um rosa tão clarinho, mas tão clarinho, que se confundia com a cor branca da própria mama. Os pelinhos da xoxota respondiam definitivamente àquela pergunta que fazem às ruivas - o tapete combinava com a cortina. Lizzie, por outro lado, era uma café-com-leite, mais café do que leite, de cabelo preto e bem liso, como a de uma indígena, e tinha uma relação cintura-quadril realmente marcante. Era impossível não pensar na personagem Chel, do desenho “O Caminho para o Eldorado” ao olhar para ela. Se bem que mesmo a Chel vestia alguma roupa, enquanto a Lizzie nem pêlos na buceta tinha, tamanha nudez.
- Oi, obrigado, gente, é…. Poxa, valeu mesmo - agradece Ed recebendo o refrigerante, sentindo o pau pulsar.
- Pensou na nossa proposta? Vem com a gente hoje? A gente te mostra a praia, dá uma volta… ? - pede Yona, com seus olhos azuis irresistíveis.
- A gente pode chamar mais algumas amigas, se você prefere gozar em mais de uma buceta - diz Lizzie com naturalidade - você gosta de anal também?
- Ãh??? Não, não, … tipo … De… de anal??? Eu gosto, claro, claro - todo perdido, sem saber o que dizer diante de um convite desses, vermelho com um pimentão - Tipo… eu… hoje não tem como, mas…
- Amanhã? - elas perguntam ansiosas.
- S... Sim, acho que sim - ele responde engolindo seco.
- Obaaaa - respondem
- A gente pode ver a sua mãe? A gente viu quando ela chegou, nossa, uma lindona! Você tem sorte, Ed! rsrs - diz Lizzie.
"O que elas estão sugerindo???" - Ed se pergunta
A ruiva concorda:
- Sim, sorte mesmo, igual ao meu irmão. Ele adora foder com minha mãe, se deixar é o dia todo comendo ela! Quem tem mãe bonitona é sempre assim
A negra-índigena se queixa:
- Sua mãe é uma gata mesmo, Yona, pena que ela não quis mais namorar comigo!
- Aff, vocês ainda dormem juntas direto, Lizzie, pare de reclamar! rs - sorri a amiga, enquanto Ed mal podia acreditar.
"MANO, ISSO DEVE SER UM SONHO. E EU VOU MATAR QUEM ME ACORDAR" - ele pensava.