Amigos, lamento o atraso nas postagens, mas esse final de ano está sendo pauleira para todos em casa.
Nanda administrando dois projetos, um na imobiliária e dando consultoria para a expansão de uma empresa na região. Eu no escritório e na imobiliária. A filha mais velha agora prestando ENEM e vestibulares. E a caçula, com formaturas e apresentações em sarais.
De qualquer forma, o final da história.
Espero que apreciem, aliás, esperamos, afinal a Nanda colaborou imensamente, mesmo que em silêncio, durante todo o conto.
Forte abraço,
Do Mark
Nesse momento a Manu me encarou surpresa pela forma como ela reagiu e certamente imaginou que a hipótese do teste poderia ser real, e sendo esse o caso, eu poderia estar em maus lençóis. Sentei-me na beirada da cama, de olhos arregalados e boca aberta. A Manu seguia parada em frente a porta da suíte, segurando o celular:
- Transaram ou não transaram? - Insistiu a Chiquinha, subindo novamente o tom da sua voz.
[CONTINUANDO]
Como o nosso silêncio continuava, a Chiquinha, agora praticamente gritando, insistiu:
- MANU!? MARCEL… VOCÊS TRANSARAM?
Os olhos da Manu marejaram de imediato e ela fez um biquinho que como o que sempre fazia quando estava prestes a chorar. Na sequência, com voz trêmula, ela respondeu:
- Manô, a gente… a gente… Poxa! A gente pensou que… você… sei lá… tinha… Ai, Deus! - Suspirou profundamente e choramingando, continuou: - Autorizado. Daí… Daí… Daí, a gente… bem… fez…
- TRANSARAM, FOI ISSO? - Insistiu a Chiquinha, gritando.
- Foi. - Resmungou a Manu, quase sem voz.
- Chama o Marcel para mim, A-GO-RA! - Falou a Chiquinha, berrando.
A Manu me passou o celular e começou a morder uma unha, nervosíssima. Peguei o aparelho e, mesmo no viva voz, num movimento automático, o encostei no ouvido, falando:
- Chiquinha…
- Quero ouvir da sua boca, Marcel… Vocês transaram?
Respirei fundo, controlando a minha angústia e respondi:
- Sim, transamos.
Surgiu um silêncio na chamada. Não sei quanto tempo durou, mas para mim foi um tormento no qual a minha vida passou toda na frente dos meus olhos, já imaginando ser o fim do meu romance com a minha caboclinha. Logo, surgiu a voz da Chiquinha novamente:
- Deixou de me amar, Marcel? - Sua voz soava audível, forte, autoritária, mas com um fundo de apreensão.
- Nunca! - Falei de imediato: - Você é a mulher da minha vida e peço perdão se te magoei.
- Tá… Sei… - Ela resmungou e depois perguntou num tom normal de voz: - E foi bom?
- Oi!? - Perguntei surpreso, olhando para a Manu que arregalou os olhos para mim.
- Ué! Quero saber se foi bom? - Chiquinha insistiu.
- Fo… Fo-foi… Foi, ué!? - Gaguejei sem saber o que dizer.
- Não me convenceu… - Falou a Chiquinha que, após um breve silêncio, continuou: - Passa para a Manu, por favor, amorzin?
- Está no viva voz, Chiquinha. Ela está ouvindo…
- Ah… Você não está tratando bem o meu noivo, Manu!? Se for para dar uma trepadinha frouxa com ele, vou mandá-lo direto para casa, está me entendendo?
A Manu agora me encarou com a testa franzida, surpresa com a pergunta e após ver que eu também estava surpreso, falou:
- Eu… A gente aproveitou sim, mas ainda dá para brincarmos um pouco mais. É que ele ficou arrependido, com medo de você ter feito um teste que praticamente broxou e eu… Ah, eu já não estou entendendo mais nada!
- Broxou!? - Perguntou uma Chiquinha surpresa que começou a gargalhar e depois emendou: - Ah, mas não vai mesmo! Homem meu não broxa, queridinha... Pode tratar de levantar esse pau gostoso aí, Marcel, e maceta essa safada. Não me faz passar vergonha, amorzin.
Agora éramos dois boquiabertos e de olhos arregalados para um aparelho de celular como se ele fosse um Gremlin. Após alguns segundos sem sabermos o que dizer, a Chiquinha voltou a brincar:
- Ah! E pelo amor de Deus, parem de me ligar de madrugada. Eu estou com sono, preciso dormir.
Manu agora me encarava com um sorriso de alívio no rosto, mas não se conteve:
- Ele pode dormir aqui comigo, Manô?
- Pode! Mas não esquece de dar café da manhã para ele, certo? Ele gosta de café com leite e pão com manteiga na frigideira.
- Tá. Pode deixar… - Falou a Manu, rindo baixinho, antes de complementar: - Obrigada, querida, você não existe.
- Existo sim e sou a noiva desse moço aí. Usa, abusa, mas devolve, senão vou buscar ele aí na sua casa e aí sim você vai conhecer quem é Manoela Francisca da Silva, e nunca irá esquecer pelo resto da sua vida!
Manu já sorria descontraída e eu falei:
- Está tudo bem mesmo, Chiquinha?
- Por mim, está, amorzin. Por quê? Por você não?
- Não! É que… Está! Acho que está, né?
- Não se fala “né”, moço: o correto é “não é”, entendeu? - Falou, rindo e ouvimos o som de um bocejo: - Então… Se está bem para você e para mim, e para essa safada aí, que o resto do mundo fique de mal que não me interessa.
Surpreso, me calei por um instante, mas logo não resisti:
- Chiquinha?
- Oi?
- Eu te amo demais, baixinha.
Ela deu uma gostosa risada e brincou:
- Eu sei, seu bobo, por isso te liberei. Aproveita a sua noite, mas repõe o estoque de leitinho porque eu vou voltar, e vai ser mais antes do que você imagina. Eu te amo também. Tchau.
Baixei o celular, mas não encerrei a chamada, pensando que a Chiquinha fosse fazê-lo. A Manu, com um baita sorriso no rosto, não conseguiu se conter:
- Nossa! Acho que tô apaixonando nessa menina, Marcel!
- Sério!? Olha lá, hein? Vai que eu topo.. - Gritou a Chiquinha, chamando a nossa atenção, antes de dar uma gostosa gargalhada.
Olhamos para o celular e assim ficamos enquanto ela ria. Por fim, ela se despediu novamente e encerrou a chamada.
Olhei para a Manu que me olhava também ainda sem reação, mas logo ela se levantou e veio se sentar no meu colo:
- Ela disse que você está liberado até para dormir aqui comigo, não vai me fazer uma desfeita dessas, vai?
- Vai fazer café da manhã para mim amanhã? - Perguntei, sorrindo.
- Vamos negociar melhor os termos, amorzin. - Desdenhou da forma como a Chiquinha falava comigo, mas com um sorriso leve no rosto.
Tombamos juntos sobre a cama e acabamos nos deixando envolver pelo desejo que já nos consumia há tempos. Bocas se engoliam com intensidade, dedos se enroscavam em cabelos enquanto outras mãos tentavam colher sensações dos nossos corpos ansiosos. Não havia mais limite ou limitação alguma: éramos novamente eu e ela, como no início. Nossos corpos pareciam ter vida própria e o meu pau deu a deixa para que ela o tomasse dentro de si sem mais demora, numa cavalgada épica, típica das melhores amazonas, de uma guerreira que pretendia fazer daquela noite uma vitória pessoal.
Mas ela não estava só e eu também queria a minha quota parte naquela batalha. Tentei por várias vezes tombá-la para assumir a incumbência que a consumia, mas ela refugou, lutou, galopou e só num momento de distração foi derrotada. A Manu estava transtornada e ficou irada por tirá-la de cima de mim, mas eu precisava e mostrei quem mandaria ali daquele momento em diante. Ela agora estava sendo segura pelo meu peso sobre o colchão da cama, de barriga para baixo, mas ainda se debatia ferozmente e precisei segurar a sua cabeça pressionada no leito. Sentei-me gentilmente sobre a sua cintura, mas de modo que conseguisse alcançar a sua bunda, pois eu tinha as minhas próprias ideias e ela entendeu de imediato:
- Não! Não, não, amor, não… - Pediu ao sentir o meu dedo invadir o seu anel, cobrando um sexo que eu havia me viciado a ter com a Chiquinha.
Tirei o meu dedo e lhe dei um tapa caprichado na bunda, fazendo com que ela gritasse a plenos pulmões:
- Quem manda aqui? - Perguntei.
- Não! Agora não.
Dei-lhe outro caprichado tapa e enfiei um dedo novamente. Ela bufou no início, mas estremeceu, gemendo alto quando enfiei o segundo. Aproximei a minha boca de sua orelha e a lambi de uma forma que eu sabia que a arrepiava inteira, perguntando pausadamente em seguida:
- Quem… manda… aqui?
- Aaaaaai…
- Não entendi. Responda!
- Ai! Eu… Ai, Marcel… - Suspirou rapidamente três vezes, como se estivesse tentando se conter e falou gemendo: - Você, amor, você! Sou sua, todinha. Faz o que quiser, eu deixo… eu quero!
Desci até a sua bunda e a lambi com uma ousadia que até para mim foi surpresa, enfiando dedos e línguas naquele buraco, sugando, beijando, lambendo. Ela começou a gemer e fungar, perdida nas sensações, mas logo começou a gritar:
- COME! Enfia, vai! ME FODE COM GOSTO, por favor…
Mesmo tendo acariciado, penetrado com dedos, devorado mesmo o seu anel, a penetração não foi fácil. Aparentemente a Manu não tinha a mesma tara da Chiquinha e não devia praticar com o mesmo afinco e habitualidade, mas a minha perseverança venceria aquele obstáculo, era questão de tempo. Eu posicionava e pressionava a cabeça do meu pau em seu cu, mas ela não cedia. Insisti duas, três, sei lá quantas vezes:
- Manu, você não tem um lubrificante… sei lá, alguma coisa aí para facilitar?
Ela ao contrário pegou as bandas da bunda, posicionando os dedos bem próximo do seu buraco e o abriu o máximo que conseguiu, demonstrando que agora queria, e a seco! Posicionei-me novamente e ainda assim não foi fácil, mas num tranco involuntário a cabeça entrou e ela gritou alto, abafando o restante da dor no lençol e num travesseiro. Permaneci parado por um instante, mas foi breve, pois ela mesma exigiu:
- Enfia tudo, Marcel! Quero até as suas bolas!
Obedeci mansamente à ordem dada e a penetrei até o fim do meu membro. Ela suspirou fundo, mas começou a rir sozinha na sequência e mandou que eu bombasse o mais rápido possível porque ela queria gozar forte. Foi épico! Rápido, é verdade, mas épico. Não sei quantificar o tempo envolvido entre a penetração, bombadas e a minha gozada, porque apaguei logo na sequência, mas foi bastante rápido. Por sorte, o tesão envolvido era tanto que ela também gozou aos berros, praticamente ao mesmo tempo em que eu me desmanchava dentro das suas entranhas.
Quando acordei, já eram altas horas da madrugada e ela dormia calmamente ao meu lado. Naturalmente já havíamos nos desengatados e agora restava apenas uma deliciosa posição de conchinha em nosso envolvimento. Tentei me levantar sem acordá-la, mas ao primeiro sinal de movimento ela despertou, segurando-me o braço, talvez temerosa que eu fugisse:
- Preciso usar o banheiro. - Falei baixinho, argumentando para que me soltasse.
- Ah! Sabe que eu também? - Ela falou, rindo: - Usa esse que eu vou no da suíte. Depois vai lá na cozinha, vou preparar algo para a gente comer.
Fui até o banheiro daquela suíte e fiz o que precisava ser feito. Depois lavei meticulosamente o meu pau, talvez na esperança de conseguir algo mais antes do dia raiar. Coloquei a minha calça e desci até a cozinha que estava vazia, mas não durou muito, pois ela chegou em seguida, ainda nua em pelo, já me perguntando o que eu gostaria de comer enquanto abria a geladeira e fazia uma lista das opções. Optei por um simples misto frio de presunto e muçarela, mas vê-la nua, balançando a bunda enquanto ela mexia em alguns potes, me acendeu o tesão novamente. Tirei a minha calça e fui “ajudá-la”, encoxando-a, o que a fez gemer de imediato:
- Humm… Eu… Eu… Eu acho que vou de pão com linguiça, sem o pão… - Ela brincou.
Puxei-a pelos cabelos e a beijei novamente, jogando-a sobre a mesa e voltando a chupá-la com vontade. Como eu imaginava, a sua ida ao banheiro tinha uma finalidade dupla, pois ela estava novamente limpa, cheirando a sabonete e hormônios. Deleitei-me um pouco mais com os seus líquidos e cheiros, mas sem querer me delongar muito, penetrei aquela carne tesuda e úmida pelo desejo acumulado. Abracei as suas pernas enquanto a penetrava sem folga, colhendo os mais variados gemidos, permeados por palavras desconexas a tudo e todos. Essa trepada não foi tão rápida e variamos as posições, seguindo por ela ficar de quatro ainda apoiada sobre a mesa, depois sentada em meu colo, de frente para mim, enquanto eu ficava sobre uma cadeira e no final, terminei, a pedido da própria Manu, gozando em seu rosto. Ela estava tão transtornada pela excitação que usou o meu pau como uma colher para empurrar a boca para a sua boca, limpando-o todo depois e ainda o secando em seus cabelos. Quando enfim terminamos, ambos exauridos sobre o chão da cozinha, falei:
- Agora… eu… eu… aceito… aquele lanche. - Falei.
Ela riu da minha falta de ar e veio se sentar em meu colo, beijando-me a boca, mas em seguida me abraçando com uma ternura que eu conhecia bem, encostando o seu rosto na minha testa e terminando com um beijo sobre:
- Duplo! Precisamos recuperar as forças.
Comemos dois lanches cada um, estes convertidos de misto frio em misto quente por sugestão dela, feitos numa simples e rústica tostex. Quando vi aquilo, dei uma risada e brinquei:
- Caramba! Eu não vejo uma dessa há tempos! Lembra? A gente tinha uma.
Ela me encarou com um sorriso meio melancólico no rosto e falou:
- É ela! Eu… - Pigarreou rapidamente, respirando fundo e continuou: - A gente gostava tanto de fazer lanchinhos nela que fiquei com pena de me desfazer. Fiquei com ela. Depois que me casei com o Fredo, trouxe ela comigo. Eu… Sei lá! Acho que gosto das lembranças que ela me traz…
Eu não acreditei e fui até ela, pegando o objeto que, pela aparência surrada e antiga, podia mesmo ser o nosso antigo tostex. Ela, notando a minha incredulidade, ainda falou:
- Mas temos lancheira elétrica também! Se preferir, eu posso usá-la.
- Acho que nem sei mais usar isso aqui direito… - Falei, enquanto seguia olhando o tostex.
Ela deu uma risada e me pediu ajuda para montarmos alguns lanches. Naturalmente, eu havia brincado porque sabia usá-la, só não me lembrado do tempo para o preparo, tanto que queimei o meu primeiro lanche, fazendo ela rir e tomá-lo das minhas mãos. Após isso, passamos a comer os lanches, dividindo-os conforme iam ficando prontos, como fazíamos na nossa época de namoro e noivado. Foi difícil não lembrar do passado e impossível não rememorá-lo. Ao final da nossa sessão nostalgia, voltamos para a nossa suíte, mas acabamos apenas dormindo, tomados pelo cansaço do sexo.
Na manhã seguinte, após uma nova rodada de um sexo intenso em que a fiz gozar aos berros enquanto eu a chupava alucinadamente, voltamos a transar até que gozei forte, inundando a sua buceta. A quantidade era absurda, nem parecia que havíamos passado a noite trepando. Aliás, só nos demos conta do adiantado da hora quando um telefonema avisou que o Alfredo havia se dado alta e já poderia ir buscá-lo. Como um bom amigo, fiz questão de acompanhá-la até o hospital. Lá chegando o nosso semblante denunciava uma noite tórrida e o próprio Alfredo não se conteve:
- Filho da puta, hein!? Eu aqui quase morto, sem conseguir uma punhetinha de uma enfermeira… Aliás, Marcel, essa história de que enfermeira é tudo safada, é pra boi dormir! Bando de carola recalcada… - Ele falou, enquanto mostrava a língua para uma loira que não chegava a ser linda, mas também não era feia.
Legal mesmo foi ver um negão com mais de 2 metros se aproximar dele e, com uma voz afeminada, afetada mesmo, falou:
- Eu bem que tentei aliviar o senhor, mas o senhor me rejeitou. - Falou e desmunhecou uma mão, encostando o indicador nele: - Agora fica aí de mi-mi-mi… Só não aproveitou porque não quis, bofi.
A Manu me encarou e mordeu os lábios para não começar a gargalhar ali mesmo. O Alfredo fechou a cara e quis peitar o negão. Naturalmente, eu o segurei, pois ele, mesmo gay, causaria a sua morte ainda mais prematuramente. Uma quase confusão se armou e só foi encerrada com a chegada de um médico que chamou o enfermeiro em questão para algum outro procedimento. No ato, ele mudou toda a sua atitude e respondeu como um verdadeiro macho, com uma voz grave e imponente, quase assustadora.
Nós todos nos entreolhamos, mas a Manu começou a rir de imediato, praticamente se entregando. O Alfredo a encarou com um semblante invocado e se voltou para o negão:
- Você não é gay porra nenhuma, né não, viado?
- Não senhor. - Respondeu o negão com uma voz fortemente gutural: - Sua esposa, ao saber que o seu problema não era tão sério, pediu que eu “brincasse” com o senhor, para distraí-lo, se é que me entende? - Explicou fazendo aspas com os dedos.
O Alfredo encarou a Manu que já não continha mais as sonoras gargalhadas e falou:
- Porra, Manu, de novo, ôôô caralho! Assim eu não vou conseguir descontar todas as pegadinhas antes de bater as botas. - Falou já rindo com ela.
Recebemos as últimas orientações do médico, frisando que ele deveria ficar de repouso, mas, já no caminho de volta, no meu carro, ele decretou:
- Repouso é o caralho! Posso bater as botas a qualquer momento e ele quer que eu pare!? Vou é rodar até o motor fundir de vez. - Falou e riu ao ver a expressão de invocada da Manu: - Tá olhando o quê? Pela carinha da senhora, aliás, dos dois, acho que não têm direito de reclamar de nada não, né, Manu?
A Manu olhou dissimulou, olhou para a frente, desviou para um assunto qualquer, mas ele era ladino e rapidamente retornou:
- Andaram trepando mesmo, né, seus filhos da puta? Caralho! E nem esperaram o meu corpo esfriar, seus safados… - Falou e gargalhou alto.
Nós ficamos em silêncio, mas ele não queria parar e insistiu até a Manu confessar que havíamos “ficado” à noite:
- Ficado… Ficado, Manu!? Vá se foder, sua… sua… - Começou a rir sozinho e disse: - Se eu não te conhecesse e não tivesse visto essas olheiras aí, eu até acreditaria. Mas tá beleza! Quer contar não, não conta. Deixa o velhinho morrer na angústia… O que é mais uma merda para quem já tá todo cagado…
- Para, Fredo! Sem essa de chantagem emocional. - Ela falou.
- Cacete, viu… Eu lá quase morto e os dois se matando em cima da minha cama. Aposto que treparam no meu quarto, não foi? Fala, sua safada! Treparam na minha cama?
- Claro que não, Fredo! Lá é nosso lugar. Eu nunca levaria o Marcel para lá.
- Sei… E levou para onde então?
- Para a suíte dois, ué?
- Ahá! Treparam mesmo… Eu sabia!
A Manu se deu conta da invertida e me olhou, antes de encarar o Alfredo com a mesma carinha invocada que eu conhecia bem. Ele gargalhava e não perdeu a chance, pedindo detalhes:
- Tudo! Até os mais sórdidos. - Ele completou.
Manu fez uma suma da sinopse da síntese do resumo para ele que, obviamente, não se deu por vencido:
- Duvido que tenha sido esse negocinho aí tão sem sal. Vocês devem ter quebrado até o meu vaso Ming. - Falou e se calou por um instante, perguntando em seguida: - Vocês não quebraram o meu vaso Ming, né?
Uma rápida olhada da Manu foi o suficiente para responder a essa pergunta e no final ele disse que ela ainda lhe devia os detalhes e ele iria infernizá-la até que contasse o tim-tim por tim-tim. Eu praticamente tive que fugir deles, pois o Alfredo queria que eu ficasse para almoçar, mas eu já imaginava no que acabaria. Então, deixei os dois com a sua DR de casal e fui para o meu apartamento. Comi um resto de macarronada que havia feito na noite anterior e mandei uma mensagem para a Chiquinha:
Eu - “Só queria dizer que te amo e cada vez mais.”
Eu - “Quando puder falar comigo, me avisa, pois estou com saudades.”
Ela não me respondeu, sequer visualizou, o que me deixou com uma estranha sensação de problemas à vista. Fui cuidar de alguns afazeres e apaguei, bastante cansado da maratona sexual. Pouco depois das 17 horas, a Chiquinha me fez uma chamada de vídeo que atendi só no quarto ou quinto toque:
- Nossa, hein… - Resmungou: - A noite foi boa até demais, não?
- Só para contar, eu te amo.
Ela abriu um sorrisão e respondeu:
- Eu sei, seu bobo, mas foi boa, não foi?
- Foi.
- Melhor do que as nossas? - Perguntou com um jeitinho de quem estava meio mordida, talvez enciumada.
- Olha… - Fiz um suspense.
- Olha o quê!?
Comecei a rir da sua cara e falei:
- Foi bom sim, mas a gente é a gente, caboclinha. Você encaixa certinho em mim.
Ela continuou me olhando com um semblante invocado, mas logo abriu um sorrisão e brincou:
- Tem que encaixar, né? Aqui já entrou de quase um tudo. Difícil o seu não caber.
Passamos a conversar animadamente, mas, ao contrário do Alfredo, ela não quis saber dos detalhes. Ela parecia mais interessada em saber se a gente continuava sendo a gente da gente. Fiz questão de falar que nada mudaria entre nós e ela pareceu se convencer. Quando já passávamos de 1 hora de conversa, ela falou:
- Acho que consigo resolver o restante das minhas coisas aqui até a semana que vem…
- Sério!? E já vai vir para cá, ficar comigo?
- Não sei… Agora que você arrumou outra companhia, sei não se me quer… - Fez um charme.
- Dona Manoela Francisca, tenho uma pilha de cueca suja só esperando as suas mãozinhas para serem lavadas... Pode tratar de vir! - Brinquei.
Ela bufou, me xingou, mas era rápida e logo riu, gargalhou e disse que só me faria esse favor se já pudesse lavar algumas das suas calcinhas usadas. Ao final, disse:
- Se você quiser mesmo, eu vou, mas quero terminar os meus estudos e trabalhar. Você me prometeu…
- E vou cumprir! - Respondi, a interrompendo inadvertidamente: - Farei tudo o que estiver ao meu alcance para te fazer a mulher mais feliz da face da Terra.
Dias se passaram com a vida seguindo o seu curso. A Chiquinha teve um imprevisto e não conseguiu vir no prazo imaginado, mas no décimo dia chegou na capital, finalmente. Fiz questão de buscá-la no aeroporto e a encontrei branca, trêmula:
- Nunca mais subo nesse bicho dos infernos! Filhote do capeta…
Depois me explicou que uma tremedeira no avião (turbulência, certamente) fez com que ela quase cagasse na calcinha de medo. Instalei-a em meu apartamento e fiz questão que a partir daí ela se sentisse à vontade e se tornasse a dona da casa. Foi rápido e em questão de dias ela se habituou, e vou contar, mudou completamente a minha vida. Eu sempre me virei muito bem sozinho, mas ter alguém cuidando da gente não tem preço, ainda mais quando esse alguém cuida com muito afinco das nossas necessidades íntimas no início e no final dos dias…
Passado um mês, Alfredo começou um tratamento experimental num conceituado centro oncológico nos Estados Unidos. A Manu, como uma esposa exemplar, o acompanhou. Mesmo à distância, ela e a Chiquinha se tornaram boas amigas, conversando por chamadas de vídeos ou telefonemas simples quase todos os dias.
Alguns dias após, após uma exaustiva reunião com o Frefre, encontrei a Chiquinha bastante abalada em meu apartamento. Quando indaguei o motivo, ela me disse que a Manu havia agradecido a permissão que ela lhe havia dado e contado, mesmo que sem querer, alguns poucos detalhes daquela noite:
- Ah… Foi, é? - Perguntei, sem querer transparecer qualquer sentimento.
- Foi! Noite boa, né?
- É… É!? Foi. Acho que foi… - Resmunguei, sem conseguir esconder um sutil sorriso com as boas lembranças.
- Ela me perguntou se poderia repetir quando voltasse?
- Ah é!? Sério !? E você…
- Primeiro, mandei ela à merda. Depois, pedi desculpas pela grosseria e mandei que fosse plantar batatinha no asfalto…
- Credo, Chiquinha… Deus nos ensina a partilhar o pão. - Brinquei numa péssima hora.
- Verdade!... Acho que vou cortar metade dessa sua linguicinha aí e mandar para ela num bonito pacotinho com embrulho e laço brilhante. - Falou meio invocada.
- Ah…
- Você quer? - Perguntou-me, apertando aqueles lindos olhinhos amendoados, mas agora ela própria sem esconder um sorrisinho.
- Você vai estar junto?
- Eu!? Para que? Ela quer o teu pau, não a minha buceta.
- E se ela quisesse a sua… - Aproximei-me e toquei de leve a sua calcinha: - Essa pelucinha que me deixa louco?
- Ah!? - Resmungou, inconformada: - Vixi… “Nossinhora”, mas… mas… Afff!
Ela se levantou, fingindo ainda estar inconformada, mas se jogou sobre mim na sequência e rolamos na cama como duas crianças. No final, terminamos transando deliciosamente, com ela querendo saber maiores detalhes de como foi aquela noite com a Manu. Eu, ainda com um pouco de receio, liberei as informações à conta gotas, mas ela pareceu recebê-las muito bem, tanto que acabou se excitando depois de um tempo e voltamos a transar enlouquecidamente em nosso quarto.
No dia seguinte, a Chiquinha ficou a todo vapor decidindo detalhes do nosso casório via telefone com sua mãe e a dona Lena. Na hora do almoço, cobrou-me uma definição quanto ao local se em São Paulo, no Mato Grosso ou numa terceira opção, na igreja do convento em que a minha mãe estava enclausurada, sugestão esta da sua própria mãe. Esta, por sinal, parecia ser a decisão mais acertada e que facilitaria demais a presença da minha mãe, mas eu não achei justa:
- Por que? - Perguntou-me a Chiquinha, confusa.
- A gente se conheceu no Mato Grosso, namorou por lá, se apaixonou lá. Acho que o justo seria a gente se casar lá também, porque foi lá que a minha vida ganhou uma razão de ser.
- Vixi! - Disse a Chiquinha com os olhos levemente marejados.
Na sequência, ela se levantou, desabotoou o vestido que foi rapidamente ao chão e já baixou a calcinha, debruçando-se sobre a mesa ante o meu olhar de surpresa:
- O que… que é isso, mulher!? - Perguntei sem nada entender.
- Foi tão bonito isso que você disse que eu fiquei molhadinha. Então… Ué! Você merece um presente, aliás, presente nada! Cumpra a sua obrigação de bom marido e me faça chorar por baixo.
Eu procurei os seus olhos que ainda estavam marejados e ela completou:
- Melhor eu chorar por baixo do que por cima, Marcel. Vem logo!
Com uma ordem como aquela, ficava difícil desobedecer. Tirei toda a minha roupa e me ajeitei atrás dela, penetrando-a de uma vez que gemeu alto e reclamou quando comecei a bombá-la com certa velocidade:
- Ai… Ai, filho da mãe! Pensei que fosse comer o meu cuzinho…
- Vou, mas não agora. Hoje eu quero fazer um amorzinho bem gostosinho com a bucetinha peludinha da minha futura esposa.
- Ihhhh… Vai dar não!
- Como assim?
Ela pegou a minha mão e colocou sobre a sua púbis, lisa igual pele de bebê. Fingi ter me chateado:
- Por que, meu Deus, por que!?
Ela começou a rir e falou:
- Só quis variar um pouquinho. Fiz mal?
- Nunca, minha caboclinha. - Virei-a para mim e a peguei no colo, penetrando-a novamente, mas nos levando até a nossa cama: - Você nunca me fará mal algum?
A noite foi deliciosa, com um sexo tranquilo, romântico, intenso, mas ao mesmo tempo calmo. Gozamos imersos em beijos e juras de amor. Minha vida, enfim, parecia se encaminhar para um felizes para sempre.
Um mês depois e a Manu estava de volta dos Estados Unidos. Entretanto, o Alfredo ficou por lá para terminar mais uma bateria de testes vinculado ao tratamento revolucionário que vinha fazendo, algo que envolvia células tronco e um vírus modificado.
Uma semana depois de sua chegada, quando retornei para casa depois de uma última reunião antes do lançamento de meu novo livro com o Frefre, encontrei a Chiquinha aos prantos. Sentei-me ao seu lado tentando descobrir o que havia acontecido, mas ela só chorava. Entretanto, não recusou o meu abraço e entendi com isso, que o problema não era eu, mas de certa forma era:
- A Manu está grávida!
- Oi!? - Surpreendi-me, mas tentei divagar com lógica: - Do Alfredo, é óbvio?
- Não! Ela me disse que é seu!
- Como é que é!? Mas como? Eu… Eu… A gente só… Não pode ser… Só foi naquela noite.
- Pois é!? Pode não ser o maior pau do mundo, mas funciona que é uma beleza, né, seu Marcel!? - Falou invocada e voltou a chorar.
Antes que eu pudesse dizer algo, ela se levantou e foi se trancar em nosso quarto, não saindo mais de lá nessa noite, o que me obrigou a dormir no quarto de hóspedes.
No dia seguinte, logo cedo, antes mesmo do dia raiar, fui surpreendido por uma entidade sentada na cabeceira da minha cama, causando-me um baita susto ao ponto de fazer com que eu caísse da cama. Quando levantei a cabeça e olhei direito para a “entidade”, vi que era a Chiquinha, mordendo um dedo, encarando-me com uma expressão extremamente nervosa. Antes que ela dissesse algo, comecei a me justificar:
- Chiquinha, eu não sei sequer se ela está grávida mesmo. Aliás, eu não sei se sou o pai do filho da Manu! Pelo que eu me lembro, a gente transou de camisinha e eu só gozei sem atrás nela.
- Ah, amorzin… - Ela começou a chorar novamente e eu subi na cama, abraçando-a.
- Fica calma. Amanhã a gente vai até lá e conversa melhor com ela. Só não podemos nos separar por conta dis…
- Eu tô grávida também.
- Oi!? - Perguntei, agora atordoado de vez.
- Desculpa…
- Como assim? A gente sempre toma cuidado… A não ser naquela vez que a gente fez um amorzinho bem gostosinho, né? Naquela escapou mesmo, mas… tem nem um mês isso!
- Eu sei… Mas eu sei que tô.
- Como que você sabe, Chiquinha, nem deu tempo de atrasar sua regra? - Insisti.
- Eu não sei como eu sei, mas eu sei que sei, e EU TÔ GRÁVIDA! - Ela insistiu, alterando-se um pouco.
Preferi não discutir e depois de conversarmos mais um pouco, e sem sono, levantamos. Tomamos o nosso café da manhã e ela praticamente me obrigou a levá-la até uma farmácia, pois queria fazer um teste rápido. Lá na farmácia, após as explicações da atendente, perguntou se podia usar o banheiro. A atendente pega de surpresa, não negou, e lá se foi a Chiquinha, pisando rapidamente. Após alguns minutos, ela retornou invocada e me entregou o teste que, como eu já imaginava, registrava um único risquinho:
- Viu? Você só está nervosa. Precisa se acalmar e…
- Eu tô grávida! Eu sei que tô. - Ela insistiu, ainda mais irada.
- Tá… - Resmunguei: - Quer fazer outro teste?
- Posso? Se puder eu quero!
Pedi o mais caro e completo dos testes que a farmácia dispunha e a moça explicou novamente todo o procedimento:
- Já volto! - Disse a Chiquinha, novamente se encaminhando para o banheiro.
- Mas… você acabou de mijar. - Falei, tentando convencê-la a fazer isso em casa, depois.
- Mijo de novo! Só preciso chacoalhar a cabaça. - Falou já no caminho.
Agora os minutos se tornaram mais longos, afinal, ela havia mijado há pouco. Enquanto isso, eu olhava para a atendente sem saber o que dizer e ela me encarava com um olhar julgador. Após um tempo de sei lá quantos minutos, a Chiquinha voltou, caminhando lentamente, com um semblante pesado, chateado. Entregou-me então o teste e eu já comecei a consolá-la:
- Você só está estressada! Precisa se acalmar. Com o tempo irá engravidar, porque eu quero que você seja a mãe dos nossos filhos.
- Quer mesmo? - Ela me olhou, com uma legítima esperança nos olhos.
- Claro que quero! Demais…
- Que bom. - Ela pegou o teste que estava em minha mão e que eu não havia olhado até então e o levantou até a altura dos meus olhos: - Porque eu estou grávida.
Olhei para o teste e no visor estava estampado uma palavra bem clara “grávida”, indicando ainda um número “3+” num outro canto. Senti o chão me faltar por um instante e após uma rápida gritaria de mulheres, alguém me segurou e me colocou sentado numa cadeira. Olhei novamente para o teste e mostrei para a atendente que sorriu e nos deu os parabéns:
- Grávida!? - Resmunguei, olhando para o teste.
- Eu te falei… - Ela retrucou enquanto me abanava e perguntou para a atendente: - Que é esse numerozinho?
A atendente deu uma olhada no visor do teste que eu ainda segurava e disse:
- Indica que você está com mais de três semanas.
- Ah… - Ela começou a fazer umas contas nos dedos e falou: - É! Foi naquele dia mesmo, amorzin…
Elas seguiam me abanando, enquanto um outro agora media a minha pressão:
- Há! Grávida!? - Resmunguei novamente.
- É, ué. - Disse a Chiquinha: - É bom, não é?
- Grávida…
- Marcel, você está bem?
- A pressão dele está boa... Deve ter sido o susto mesmo. - Disse um outro atendente.
- Grávida…
- Ihhhhh… Acho que deu pau! - Brincou a Chiquinha: - Acho melhor a gente voltar para casa. Você precisa descansar e…
- Eu vou ser pai!? - A interrompi.
- Vai, ué!? Tá desconfiando de mim.
- Eu vou ser pai! Eu vou ser pai! - Passei a repetir enquanto a pegava pela cintura e a girava feito um bobo bem no meio da farmácia, sob o olhar de surpresa dos atendentes.
Saímos da farmácia e decidi tirar o dia de folga. Fomos até o shopping e entramos numa loja de artigos infantis:
- Pois não? - Perguntou uma atendente.
- Eu vou ser pai! - Falei, feito um bobo.
- Marcel! A gente não sabe nem o sexo ainda, homem. - Disse a Chiquinha e se voltou para a atendente: - Desculpa, moça, ele ficou meio abilolado…
- Eu vou ser pai! - Falei agora meio invocado: - E o meu filho ou filha merece ganhar um presentinho.
A Chiquinha me encarou sorrindo e falou:
- Lá no interior, a gente costuma comprar um sapatinho vermelho, para dar sorte e tirar o mau olhado.
- Sapatinho vermelho, moça, tem? - Perguntei.
Ela sorriu e pediu licença para buscar alguns modelos para escolhermos. Passei a olhar para todos os artigos, embriagado na sensação de ser pai pela primeira vez, até que um soco no estômago me atingiu em cheio:
- Vai comprar só para o nosso filho? - Perguntou a Chiquinha, frisando bem o pronome possessivo “nosso”.
“Ai, meu Deus, mais essa… Será!?”, perguntei para mim mesmo em silêncio, enquanto a encarava:
- Será? - Perguntei, sem tirar os olhos da minha caboclinha.
- Não sei. Pode ser, não pode?
- Ai, caramba… Levo um parzinho para ela também, então?
- Leva, ué! De um jeito ou de outro, ela vai gostar.
Compramos dois pares de sapatinhos vermelhos, de lã, feitos manualmente por artesãs do Sul de Minas Gerais. Um, naturalmente, dei de presente para o nosso filho; o outro, decidimos levar naquele mesmo instante para a Manu, afinal, eu também queria tirar essa história a limpo.
Chegamos praticamente na hora do café da manhã na casa da Manu e fomos recebidos como membros da família. Ela estranhou o pacotinho que a Chiquinha trazia nas mãos, mas antes de perguntar, a minha caboclinha me entregou o pacote e fez um gesto de cabeça, na direção da Manu. Entreguei o pacote meio constrangido e perguntei:
- A Chiquinha me falou que você está…
- Grávida! - Ela me interrompeu, com um sorriso no rosto: - Sim, estou, e… Desculpa, Marcel, eu sei que é o pior momento possível, mas esse filho ou filha é seu.
- Como você pode ter certeza disso? E o Alfredo? Talvez outro, não sei…
Ela arregalou os olhos e olhou na direção da Chiquinha que me deu um tapa no braço:
- Primeiro, não tem outro já há muito tempo, ok? E quanto ao Alfredo, a gente não se relaciona há pelo menos uns quatro meses ou mais. Então, só sobra…
- Eu!
- Sim, você.
- Jesus… - Resmunguei, colocando a mão na testa.
- Olha… Eu não vou cobrar nada de você, nem pensão, paternidade, nada! Sei que você está reconstruindo a sua vida e não quero ser um fardo. Então, fica tranquilo. Tenho certeza de que o Alfredo ficará felicíssimo em assumir a paternidade. Talvez seja até bom para ele se animar um pouco e…
- AChiquinhatambémestágrávida! - Falei de supetão, sem respirar, emendando as palavras.
- Como é que é? - Perguntou a Manu, certamente sem ter entendido o que eu falara.
- Estou grávida. - Disse a Chiquinha, radiante, tirando o teste da sua bolsa: - Ó! Acabamos de confirmar.
A Manu ficou branca, surpresa e travou. A Chiquinha não perdeu a chance:
- Ih, deu pau também! - Deu uma risada graciosa e completou: - Deve ser alguma coisa na água que vocês bebem…
A Manu se recuperou, olhou para a Chiquinha, para mim, voltou a olhar a Chiquinha e abriu um sorriso, mais de surpresa do que de felicidade:
- Ah! É… bom… Parabéns! Fico muito feliz por vocês. - Depois me encarando seriamente falou: - Vê? Por isso digo para não se preocupar. Você já vai ter um filho para cuidar.
- Vou ter dois! - Falei, tentando convencer a mim mesmo: - Se o seu filho é meu, é meu e pronto! Vou ajudar a criá-lo também.
- Marcel, eu só acho que…
- Ele está certo! - Chiquinha interrompeu a Manu: - O filho é dele! Deixa ele criar, ué. O Alfredo pode ajudar. Ele pode ser… padrinho! Pode ser padrinho, não pode? Aliás, ele já sabe?
- Sabe… - Resmungou a Manu: - Passei mal lá nos Estados Unidos, bem no hospital, e descobriram a gravidez. Na hora, ele ficou meio chateado porque sabia que não era dele, mas depois que contei que era do Marcel, ele ficou mais tranquilo.
A Manu suspirou e começou a abrir o embrulho. Ao sacar o par de sapatinhos, deu um sorriso e seus olhos marejaram de imediato, talvez tomada pela emoção de entender que seria mãe do filho ou filha do homem que dizia amar, mas que agora amava outra que também estava grávida dele. Se foi isso, ela disfarçou bem. Agradeceu o presente e nos convidou para tomarmos o café da manhã com ela:
- Olha… Ainda bem que você convidou, porque eu estou com uma fome… - Disse a Chiquinha.
A Manu deu uma gostosa risada e nos pegou pelos braços, um de cada lado, arrastando até a mesa da sua cozinha, servindo-nos. Num primeiro momento reinou absoluto um silêncio, mas logo as duas já começaram a confabular coisas de mãe, querendo saber qual o sexo a outra preferia, se já haviam começado a comprar enxoval, enfim, coisas de futuras mães. A conversa se estendeu e quando vimos já era quase hora do almoço e a Chiquinha, após ser convidada, não perdeu a oportunidade:
- Ué! Eu tenho que comer por dois agora? Então por mim…
Ficamos. Enquanto o almoço era preparado, a Manu fez uma chamada de vídeo para o Alfredo e pela primeira vez após um tempo considerável, eu via o rosto do meu amigo novamente. Infelizmente, não gostei nada do que vi: ele estava muito abatido, pálido, inchado, mas ainda assim sorridente e quando soube da gravidez da Chiquinha não se conteve e começou a rir de faltar o ar. Um enfermeiro negro, alto e forte, foi em seu socorro e após uma rápida intervenção e de ser enxotado do quarto, Alfredo nos falou:
- Era uma loira, Marcel. Puta loira bonita, gostosa pra caralho e típica americana, peitudaça…. Juro que era! Só que eu me engracei com ela e ela não gostou. Resultado: agora só vem esse negão fidaputa para me atender. Você viu o tamanho do braço dele? E do pé então!? Puta que pariu! Se o ditado for verdadeiro, ele deve ser primo do Kid Bengala.
Rimos da piada e logo passamos a conversar outros assuntos. Ele contou que teve um pouco de rejeição ao medicamento, mas que agora parecia estar se habituando. Por fim, falou que em um mês já deveria estar de volta:
- Se eu não bater as botas antes. - Falou e piscou um olho.
A Manu ficou irada e lhe disse poucas e boas. Ao final, nos despedimos e marcamos um jantar para trocar figurinhas assim que ele voltasse. Desligamos, enfim, felizes e ao mesmo tempo triste pela sua situação.
Bem, o Alfredo não voltou, não com vida, pelo menos. Duas semanas depois, teve um infarto fulminante após uma nova sessão do tal medicamento experimental e veio a óbito. A comoção foi geral. O próprio Frefre, sempre tão objetivo e forte no que se referia a administração dos negócios do pai, não suportou o baque num primeiro momento, tanto que me pediu que o acompanhasse até os Estados Unidos para cuidarmos do traslado do corpo. Fomos eu, ele e o advogado da editora, Dr. Fabrício.
Lá chegando fomos recebidos por um dos médicos responsáveis que nos acompanhou até um recinto onde o corpo aguardava para ser reconhecido, dizendo ser um procedimento padrão nos Estados Unidos. Fomos os três fazer o dito reconhecimento. Numa sala branca e fria, havia apenas uma maca com um corpo sobre, coberto por um fino lençol branco. O médico foi até a cabeceira e a descobriu, fazendo com que o Frefre viesse às lágrimas imediatamente. Então o médico se retirou, dizendo que poderíamos ficar o tempo que quiséssemos. A cena era triste realmente: Frefre chorava apoiado na cabeceira da maca, tendo uma das mãos do Dr. Fabrício sobre o seu ombro. Confesso que meus olhos também marejaram e desviei o meu olhar:
- Que bando de homem bunda mole! - Disse uma voz que eu conhecia bem.
Os três se entreolharam por um instante e todos os três voltaram a sua atenção para o próprio Alfredo. O filho da puta então começou a rir e abriu os olhos, encarando o filho:
- Pai! Mas que porra é essa!? Caralho! - Xingou o Frefre.
Apesar de irado, extremamente chateado, ele não conseguiu se segurar e deu um abraço no pai ainda deitado na maca. O Dr. Fabrício nesse momento já se encontrava sentado no chão da sala, branco igual uma folha de papel, com o semblante ainda bastante assustado. O Frefre ajudou o Alfredo a se sentar sobre a maca e eu critiquei a brincadeira, afinal, fora de um imenso mau gosto:
- Marcel, a melhor forma de se saber quem se importa com você realmente é num momento de adversidade. Morri e quem veio me buscar, meu filho, de quem eu não esperava menos que isso… - Disse e deu um beijo na bochecha do filho: - Do Dr. Fabrício que… Ah, ele não conta, porque está recebendo para isso, e de você, que mesmo me conhecendo há pouco tempo, tem sido um bom amigo, interessado e disponível.
Ele parou por um instante, encarou o filho em silêncio e se voltou para mim:
- Bom amigo é o caralho! Você é um talarico dos mais sem vergonhas, Marcel. Como que você emprenha a minha esposa, seu safado?
O Dr. Fabrício que já vinha se levantando, pareceu desistir e sentou o bundão no chão novamente, agora olhando para mim e para o Alfredão:
- A Manu está grávida, do Marcel? - Perguntou o Frefre, fechando a cara para mim.
- Está, mas está tudo bem, filho. Eu já sabia e… só não esperava para tão já! Há! E você não sabe da melhor? - Disse, cutucando o Frefre: - Esse safado também engravidou a própria noiva. Ele não é fraco não: comeu as duas e embuchou as duas ao mesmo tempo!
Daí ele caiu numa risada gostosa e eu ainda tive que confirmar para o Frefre o que havia acontecido. Ele não pareceu ter gostado, mas o pai estava curtindo de montão a minha situação. Para desviar um pouco o foco, o Alfredão disse qual era o seu plano para dar um susto na Manu, mas nós nos recusamos a participar. Foi uma baita discussão, mas, no final, ele aceitou revelar a verdade, pois ela estava grávida. Quando fiz uma chamada de vídeo para a Manu e pedi que se sentasse, ela foi direta:
- Sentar para quê? O que pode ser pior que a morte do Alfredo?
- Então… É complicado… - Falei.
- Complicado!? O que pode ser mais complicado?
- Complicado é explicar como eu ressuscitei! - Disse o Alfredo, surgindo ao meu lado.
Não fiz questão de dizer mais nada e entreguei o aparelho para ele. A discussão foi séria e alta. Dava para ouvir a Manu xingá-lo à distância e o aparelho nem estava no viva voz. Após, fiquei sabendo pela Chiquinha que passava uns dias lá, fazendo companhia para ela, que a Manu realmente caiu sentada, por sorte no sofá que estava próximo, quando viu o marido surgir na tela do aparelho.
Retornamos para o Brasil e o Alfredão ainda teve que suportar mais alguns dias de cara amarrada da Manu, afinal, a brincadeira havia sido realmente de muito mau gosto.
Apressamos ainda mais o nosso casamento por conta da gravidez da Chiquinha, realizando-o dois meses após a descoberta. Foi uma das maiores festas da região. O meu padrinho, meu pai de criação, meu pai verdadeiro, fez questão de bancar tudo por nove dias, uma verdadeira novena em intenção a São Dimas, o santo dos pecadores arrependidos. A minha mãe não seria liberada pela “Madre Superiora”, mas quando soube que seria avó, ela usou o caminho do padre que, compadecido, autorizou a sua ida até o casamento e a permanência até o nascimento do neto. Ela veio, mas nunca mais retornou ao convento, pois reencontrou o meu pai, novamente convidado pelo meu padrinho, e por um desses motivos que nunca entenderei, o perdoou, e se acertaram.
Embora contrariado com a sua presença, eu estava feliz demais com o meu casamento e o filho que estava crescendo a passos largos na barriga da Chiquinha, então acabei aceitando-o, porém interagindo pouco, quase nada mesmo. Talvez um dia eu pudesse perdoá-lo, mas não seria naqueles. Numa das únicas vezes que tivemos a chance de conversar, fui sincero até demais e disse que se magoasse a minha mãe mais uma vez, ele conheceria um lado meu que eu lutava dia a dia para esconder do mundo. Não sei se ele entendeu, mas eu sei bem o que quis dizer.
Manu e Alfredo vieram para o casamento e foram meus padrinhos. Não pude deixar de notar o quão linda ela estava. Havia uma leveza em seu olhar que só a maternidade parece ser capaz de conferir às mulheres que nasceram para serem mães. A Chiquinha não era diferente, talvez fosse até mais, pois resplandecia de felicidade, não apenas por estar realizando o sonho de ser mãe, mas porque havia encontrado o amor de alguém que nunca a condenou.
Aos meus olhos nunca existiu ou existirá uma mulher mais bela que a Chiquinha vestida de noiva, com véu e grinalda, segurando um buquê quando entrou na pequena capela da fazenda. Não me envergonho de dizer que chorei ao vê-la se aproximar a passos firmes de mim. Saber que uma mulher como ela, maltratada pela vida, soube reconhecer e buscar as melhores chances de crescer, e agora estava se dispondo a ser minha, era algo que me emocionava demais. Minhas lágrimas teriam sido mais volumosas, não fossem os meus amigos que começaram a tirar sarro ao verem a minha emoção, afinal, eram os meus amigos.
Aliás, eles foram um show à parte. Vieram novamente de ônibus e fizeram uma verdadeira algazarra, igual à dos velhos tempos durante toda a estadia. Foi complicado convencê-los de que eu não queria uma despedida de solteira, afinal, a minha experiência fora terrível, mas a própria Chiquinha disse que eu deveria ir, naturalmente com ela a tiracolo. Apesar dos protestos, ela se impôs e ela própria entrou em contato com as meninas da antiga casa de tolerância da Don’Aninha que ainda estavam na ativa para servirem e fazerem algumas apresentações de strip-tease. Foi lindo, safado, sensual e hilário ver os meus amigos, agora todos comprometidos, alguns até casados, ficaram mansos com suas respectivas companheiras ao lado, todas meticulosamente convidadas pela Chiquinha numa jogada de mestre. Foram dias maravilhosos!
Dois meses e pouco se passaram desde então e o Alfredo, abusando da vida boêmia, infartou e dessa vez foi de verdade. Chegou a ser socorrido, mas não resistiu a um segundo infarto dentro do próprio hospital. No final, o médico oncologista que o acompanhava disse que o tratamento experimental exigiu muito do seu coração, infelizmente um risco calculado e do qual Alfredo havia sido informado previamente. Eu sabia disso, porque ele próprio havia se aconselhado comigo antes de iniciar o tratamento. Em suas palavras, explicou:
- Marcel, a morte já é uma certeza. Então, se eu tiver a chance de viver nem que seja por mais um dia somente, vou tentar.
O enterro, ao contrário do que todos imaginam, foi uma festa, cheia de música, putas, michês e “comes e bebes”. Ele pediu para ser velado no Clube de Swing que depois ficamos sabendo no seu testamento, havia sido comprado por ele e dado para a Manu que a gerenciaria ou venderia, o que ela quisesse fazer. Aliás, no testamento, soubemos também que ele deixara um terço da editora para serem divididos entre mim, a Manu, o filho ou filha da Manu comigo e até mesmo o filho ou filha que eu teria com a Chiquinha. Metade seria para o Frefre e o restante convertido em um fundo para pesquisas sobre uma cura para o câncer.
Além disso, ele deixou a imensa mansão em que vivia com a Manu para ela e também constituiu uma poupança para que ela pudesse viver com conforto se não quisesse mais trabalhar. O restante ficou com o Frefre, seu herdeiro natural.
Foram dias difíceis, mas a morte nunca supera a vida e a Manu, assim como a Chiquinha, agora geria uma. Elas passaram a fazer o acompanhamento do pré-natal na mesma médica e brincavam que, se tudo conspirasse a favor, os bebês nasceriam no mesmo dia.
Pois é. Nem sempre as coisas acontecem como se espera. A Chiquinha teve um acidente doméstico e precisou ser levada às pressas para o hospital. Fui informado no meio da entrevista para o pré-lançamento do meu terceiro livro “A influencer do sexo” e saí correndo até o seu encontro. Cheguei com ela sendo preparada para um cesariana de emergência e só entrei depois de muito brigar, aliás, ela já vinha dando um trabalho danado para todos, dizendo que não abriria as pernas se eu não entrasse na sala. A Manu já estava lá, ansiosa, mas ao mesmo tempo já mais calma por saber que a amiga estava bem. Entrei e fui colocado sentado num banco num canto da sala para não correr o risco de desmaiar e atrapalhar os trabalhos, afinal, o ator ou atriz principal naquele teatro ali estava prestes a brilhar.
Exatamente às 23:15 de um Sete de Setembro nasceu o meu filho, Fred, medindo quase 45 centímetros e pesando quase 4,2 kg. A mãe? A Manu, que teve uma repentina crise de hipertensão e foi levada às pressas para a sala de parto contígua à que estávamos. Quando a médica, Dra. Andréa, que faria o parto da Chiquinha soube e vendo que a minha esposa estava bem assessorada, me avisou que faria o outro parto primeiro:
- Vai lá, amorzin. Eu vou esperar um pouquinho mais. - Disse a Chiquinha, tentando me tranquilizar.
Nesse momento, quando coloquei o pé no chão, senti uma vertigem e quase não fui. Uma outra médica que a auxiliava, Dra. Aline, me deu um apoio e me conduziu até a outra sala, voltando a me colocar sentado num banco. O parto foi rápido e prático, e assim que o meu filho chorou, foi entregue a um pediatra assistente para os procedimentos de praxe, logo retornando para os braços da Manu que estava envolta em lágrimas de felicidade, muito mais talvez por ver que eu acompanhava a tudo com um sorriso nos olhos. As médicas se ocuparam de terminar o procedimento nela e a avisaram que precisavam ir agora realizar o parte da Chiquinha. Retornamos para a outra sala, onde, às 23:23, nasceu Esmeralda, a nossa filha, medindo também 45 centímetros e pesando quase 4 kg.
Por um pedido da Manu, forneceram uma suíte para ela e para a Chiquinha ficarem juntas. Logo, nossos filhos foram trazidos e entregues para as respectivas mães. Eu era o perfeito bobo babão que não sabia para qual olhar, mas de uma coisa eu não tinha dúvida: eram meus! A Esmeralda era a minha cara, com os olhos e a boquinha pequena da mãe e o Fred era a cara da Manu, mas com o meu olhar e uma mesma mancha de nascimento que tenho no joelho esquerdo.
Dois dias depois, retornamos cada qual para o seu respectivo lar e foi aí que o meu calvário começou, afinal, eu queria ser o pai dos dois bebês e me desdobrava para auxiliar uma e outra. Essa situação já durava quase um mês e eu me sentia um trapo humano, vivo, mas quase morto, exausto com as obrigações familiares e paternas.
Num dia qualquer, aliás, qualquer não era um dia 13 de outubro, bem após o dia de Nossa Senhora Aparecida, cheguei em minha casa e não encontrei a Chiquinha, nem a Esmeralda. Sobre a mesa, havia apenas um bilhete:
“Você tem sido maravilhoso, um pai exemplar e um marido mais que devotado, mas está se matando em viver essas duas vidas. Não é justo com você, com eles ou com a gente.
Vamos agora para um lugar que ainda não sei se será melhor, mas que irá exigir menos de você.
Nós te amamos demais. Espero que compreenda.
Chiquinha e Esmeralda.”
Meu mundo caiu. Eu só podia ter atirado pedra na cruz em outra vida porque toda a felicidade que eu vinha vivendo parecia não me pertencer, pois acabara de me ser tomada. Fui até o quarto da nossa filha e todas as suas roupas, brinquedos, simplesmente tudo havia sumido. Fiquei desesperado e liguei para a Manu que me atendeu de imediato parecendo incrédula com tudo o que eu contava. Por fim, ela me falou:
- Fica calmo, amor, e vem para cá. Eu vou te ajudar a encontrá-los. Confia em mim.
Quem em sã consciência conseguiria ficar calmo numa situação dessas? Eu é que não! Fui voando para a sua casa, nem sei como não causei um acidente. Lá fui recebido por ela com um sorriso, um abraço e o meu filho em seu colo. Assim que o peguei, lembrando-me das minhas outras pequenas, comecei a chorar e ela se compadeceu de mim, chorando brevemente também. Só que, ao mesmo tempo havia um brilho em seu olhar, talvez de esperança por ter uma segunda chance em suas mãos, ou talvez por algum motivo que eu ainda não entendia:
- Vem comigo, amor. Quero te mostrar algo.
- Vem comigo para onde, Manu!? Você não está vendo o que está acontecendo.
- Claro que estou. Por isso mesmo quero que você veja algo.
Eu a acompanhei até a ala dos quartos e paramos em frente a uma das suítes de hóspedes. Ela me deu um selinho e falou:
- Respire fundo antes de tomar qualquer decisão. Fizemos na melhor das intenções.
Abriu a porta e vi a Chiquinha sentada numa poltrona, amamentando a Esmeralda. Na mesma hora e não sei o porquê, senti um ódio imenso, uma vontade de brigar sem tamanho, mas acabei apenas caindo de joelhos e chorando. Naturalmente, isso as assustou, a elas e aos bebês que começaram a chorar também. A Manu chamou duas empregadas, pedindo que levassem os bebês por um instante. Assim que saíram, a Manu me colocou sentado na beirada da cama e falou:
- Não fica bravo com a Chiquinha. Fui eu que tive a ideia de convidar vocês para morarem comigo. Ela ficou reticente no começo, não queria mesmo, mas eu a convenci de que seria melhor para você que vinha se desdobrando insanamente para ser pai em dupla jornada, além de que seria mais fácil convencer você se elas já estivessem aqui e bem instaladas.
Eu olhava irado para a Chiquinha e também muito bravo para a Manu que acariciou o meu rosto e disse:
- Olha… Fica calmo. Acho que o bilhete foi mal redigido e deu uma dupla interpretação, isso foi culpa minha, mas eu te garanto que a Chiquinha nunca quis te abandonar, muito menos levar a Esmeralda para longe de você. Ela te ama de verdade, amor, e só quer o seu melhor.
- Porra! Me dando um susto desses!? - Bufei, contrariado: - Eu quase enfartei lá em casa. Caralho…
- Desculpa, amor. - Disse agora a Chiquinha, sentando-se ao meu lado e me acariciando as costas: - Mas você está se matando com essa vida dupla. A gente só quis facilitar para você ser um pai melhor para a Esmeralda e o Fred.
- Tá, mas… era só me falar, né, Chiquinha? Caramba!...
- Eu sei, desculpa.
Olhei para a Manu e fui sincero em explicar que não sabia se daria certo morarmos na mesma casa, pois, afinal isso tirava a liberdade dela e a nossa também. Ela riu e disse:
- Liberdade!? Amor, você pode ter duas mulheres a hora que quiser. Quer algo mais liberal do que isso?
- É!? E quando você se apaixonar por alguém, como vai ser? - Insisti.
- Não vou me apaixonar por ninguém, Marcel, porque eu já amo alguém e acho que você sabe quem é. - Disse e piscou um olho para mim: - Eu cometi um erro, aliás, fiz uma escolha errada que te magoou e muito, e disso me arrependerei para o resto da minha vida. Mas se você me der uma chance, quem sabe eu não consigo reconquistar a sua confiança.
- Peraí! Que história é essa de duas mulheres? Ele só tem uma mulher e sou eu! Se você quiser, vai ser no máximo uma amiga com benefícios. - Falou a Chiquinha, sorrindo.
Aliás, a Chiquinha seguia me acariciando as costas e mantinha os olhos levemente marejados, afinal, estava preocupada com a minha reação. Ao final, ela deu uma conclusão que nos surpreendeu a todos:
- Você fez uma escolha no seu passado, Manu, e isso terminou com o relacionamento de vocês, mas quem disse que foi errada? Pensa bem: você nunca agiu com má intenção, fez o que fez pensando estar ajudando o amorzin. Talvez por isso, tudo tenha convergido para esse momento.
- Que momento? - Perguntei, curioso.
- Olha ao seu redor, amorzin. - Olhei para o quarto e levantei os ombros, ainda claramente perdido: - Você hoje está com duas mulheres que te amam mais do que tudo, com dois filhos e a chance de ser feliz. Quer o que mais?
Eu a encarei, pronto para contestar, mas ela não me deu tempo:
- Eu conheço um pouco do seu coração e sei que tenho um “lugarzin” bem garantido aí, mas sei também que você gosta e muito, talvez até ainda ame a Manu. Não quero te ver triste e se para te ver plenamente realizado, feliz e se sentindo amado, eu tiver que te dividir um pouquinho com ela, por que não?
O silêncio dominou aquele ambiente. Eu encarava a Chiquinha de olhos arregalados e sem saber o que dizer. Olhei na direção da Manu que estava de frente para nós dois, e ela fazia o mesmo, com a diferença de estar com os olhos levemente marejados enquanto ocultava sua boca com uma das mãos, talvez ainda mais surpresa com a conclusão da minha caboclinha. Não podia negar que tudo fazia sentido, mas também não podia negar que eu temia dar um passo como aquele e estragar o relacionamento que tinha com a Chiquinha e bem nisso, conclui que ela estava errada: ela não tinha um “lugarzin” no meu coração, pois ele era todo dela, talvez apenas com possibilidade de cessão de uso do espaço para determinadas pessoas.
Levantei-me e dei alguns passos até a janela da suíte. A Manu se sentou ao lado da Chiquinha. Notei que ambas me encaravam, esperando uma resposta e sinceramente eu não tinha nenhuma naquele momento. O medo e um pouco de mágoa ainda pela decisão tomada pela Chiquinha sem me consultar bloqueavam a minha capacidade de raciocinar. O silêncio era sufocante e decidi que precisava sair dali, para pensar em paz, no recôndito do meu lar, o meu antigo pelo menos. Tomei a direção da porta da suíte:
- Aonde você vai, amorzin?
- Vou… sair. Preciso pensar em tudo isso, mas eu volto. Fica tranquila.
- Mas vai para onde? Fica aqui. Se quiser, usar a biblioteca para ficar isolado, fica à vontade, ninguém irá te incomodar. - Falou a Manu.
- Agradeço, mas eu preciso mesmo sair.
Saí do quarto, mas antes que pudesse sair da casa, a Chiquinha me alcançou e me segurou para o braço:
- Eu vou com você para onde você quiser. Vivo com você debaixo do teto que puder me dar. Desculpa não ter falado com você. Eu errei! Só que errei pensando em acertar. Juro.
Sorri de uma forma que me soou meio debochado, afinal, a sua justificativa me lembrava a mesma que a Manu havia me dado no passado:
- Eu volto. Só preciso pensar mesmo. Me dá um tempinho, ok?
Dei-lhe um beijo na testa, um abraço e saí. Rodei um bom tempo sem rumo, até achar um bar, onde parei para tomar um chope. Não era um bar de balada, estava mais para um restaurante estendido, por isso havia algumas famílias tradicionais de pais, mães e filhos vivendo as suas vidas e me perguntei por que a minha não podia ser simples como as deles. Nesse momento, vi em uma mesa lateral um casal com seus filhos, mas um deles aparentemente preso a uma cadeira de rodas, aparentemente com paralisia, mas ainda assim felizes, interagindo, brincando, vivendo... Nesse momento, me culpei por criar uma crise onde aparentemente não havia nenhuma. Ainda assim, não me sentia pronto para enfrentá-las e decidi dormir na minha casa, nem que fosse uma última noite.
Como eu já havia bebido alguns bons chopes, assim que cheguei em casa, tirei a roupa, jogando-a no canto do quarto e literalmente, capotei na cama, apagando. Dormi não sei quanto tempo, mas acordei com um corpo se aconchegando à minha frente e pelo tamanho mignon identifiquei a Chiquinha de imediato, o que ela própria confirmou:
- Desculpa. Eu não quis te magoar, mas também não consigo ficar longe de você.
Abracei a minha caboclinha e, ainda não querendo muita conversa, voltei a cochilar. Nesse momento, senti outro corpo se aninhar atrás de mim, encaixando-se no meu e o perfume reconheci de imediato como sendo da Manu:
- Quem ficou com as crianças? - Perguntei de imediato.
- Elas estão bem, dormindo como anjos. Agora para de ser pai por um momento e volta a ser o meu safadin, amorzin. - Falou a Chiquinha, finalizando com uma risadinha típica de quando fazia arte.
- Nosso safadinho! - Completou a Manu, cochichando com a sua voz rouca no meu ouvido, mas audível o suficiente para a própria Chiquinha ouvi-la.
A Chiquinha virou de frente para mim e retrucou olhando para a Manu que seguia beijando o lóbulo da minha orelha:
- Nosso não! Ele é meu, muito meu, ouviu? Agora… se você tratá-lo muito bem, posso te emprestar uma vez ou outra.
- Agora!? - Perguntou a Manu.
- Humm… Por que não? - Resmungou a Manu e me encarou: - Dá conta?
Eu não sabia o que falar, muito menos o que fazer, mas o meu corpo reagia instintivamente aquela caralhada de estímulos, tanto que o meu pau já se fazia presente, duro e forte como há tempos não ficava:
- Uia! Acho que dá… - Falou a Chiquinha, rindo e já acariciando o meu membro.
Entretanto, ela parou de repente e se levantou, acendendo a luz da nossa suíte. Pegou o seu celular então e colocou uma música que ela gostava bastante quando queria criar um clima entre a gente: “Believer” do Imagine Dragons. Assim que ela começou a balançar o seu corpinho delicioso, a Manu cochichou no meu ouvido dizendo que já voltava e foi até ela. Passaram a dançar juntas, interagindo de uma forma que sequer imaginei que pudessem. Elas se divertiam, se insinuavam uma para a outra, mas sempre sem me tirar o campo de visão. Nesse momento, vendo o entrosamento delas até pensei se esse arranjo não poderia mesmo dar certo.
Elas seguiam dançando, agora se tocando suavemente, cada vez mais próximas, até que um beijo entre as duas rolou. Apesar da diferença de altura, pois a Manu era bem mais alta, encaixaram direitinho para o meu espanto. Talvez temendo a minha reação, não capricharam tanto no beijo, que acabou sendo curto, mas vendo que eu observava tudo em silêncio e abismado, mas ainda com o pau duro, estufando a minha cueca. Começaram então a se despir e notei que a faixa musical mudou para outra que eu não sabia o nome, mas que a Chiquinha usava direto. Rapidamente se desnudaram e o contraste entre o tamanho, formas e cores era evidente, mas ambas deslumbrantes. Novamente se beijaram, mas agora, assim que o beijo cessou, a Chiquinha foi com sua boquinha até o seio da Manu e abocanhou aquela linda aréola, fazendo com que gemesse:
- Ai! Devagar, safadinha. Deixa o leite para Fred, pode ser?
- Mas estou com sede. - Resmungou a Chiquinha.
- Eu sei de alguém que pode nos dar leite também… - Falou a Manu com extrema malícia no olhar que agora me fitava.
- Ah é… - Resmungou a Chiquinha, largando-a e gritando enquanto já pulava na cama: - Primeira!
- O que?... Não! Pode parar. Assim não vale. Você não me avisou que a gente estava concorrendo. - Resmungou a Manu, agora subindo na cama também.
- Perdeu, bobona! Esse pau agora é meu. Se quiser terá que se contentar em chupar a minha bucetinha. - Falou a Chiquinha, já apertando o meu pau por cima da cueca mesmo.
- Safada! - Falou a Manu.
- Nem imagina ainda, queridinha. - Retrucou a Chiquinha, já tirando o meu pau para fora e aproximando o nariz para cheirá-lo: - Ahhhh! Adoro esse cheirinho… E o gosto então? Nu! É muiiiito bom.
Chiquinha passou a se esfregar no meu pau como se fosse uma gata no cio. Em seguida, passou a beijá-lo, lambê-lo e a rosnar ante a aproximação da Manu. Esta, inclusive, sorria, mas não ousava se aproximar, talvez ainda testando os limites da minha caboclinha. A questão é que a cena era hilária e eu tinha até que me controlar, pois se começasse a rir, poderia perder a ereção. A Manu abaixou a cabeça, mas ainda assim não ousou se aproximar mais. Foi então que a Chiquinha a agarrou pelos cabelos e esfregou o rosto da Manu no meu pau, dizendo:
- É só para sentir o gostinho. Eu já te falei qual é o seu lugar: se me fizer gozar, eu posso até deixá-la beijá-lo um pouquinho enquanto me recupero.
- Não pensei que você fosse tão safada assim, Manô. - Falou a Manu, rindo da situação.
- Queridinha, eu fui puta de puteiro. Sei dar, mas também sei mandar quando é necessário. Agora desce e me chupa, ou vou te colocar de castigo com o rosto para a parede.
- Nossa! - Retrucou a Manu, descendo e indo para trás da Chiquinha.
Antes de fazer qualquer coisa, ela me encarou e eu apenas dei de ombros, porque eu é que não iria contrariar a minha Jaguatirica do Mato Grosso. Entretanto, olhei para a Chiquinha que já degustava com sofreguidão do meu talo de carne e disse:
- Chiquinha, não é legal obrigar as pessoas a fazerem o que só você quer.
A Chiquinha me olhou e sorriu, dando uma piscadinha e falando na sequência:
- E você acha que essa safada não quer me chupar, amorzin? Aposto que ela está louquinha para me dar umas boas deda-AAAAAAHHH! - Deu um gritinho sem terminar de dizer o que falava e se virando para a Manu falou: - Devagar com essa unha aí, Manu: fode, mas não tira sangue, entendeu?
A Manu deu uma olhada para as próprias unhas e disse:
- Eu devia ter cortado antes, mas vou dar um jeito. Pode ficar tranquila.
Vi então que a Manu enfiou posicionou melhor a bunda da Chiquinha, deixando-a arrebitada para cima e enfiou a língua com vontade em suas carnes. Senti um apertão e ouvi a minha caboclinha gemendo alto enquanto a outra se deliciava naquelas carnes:
- Gosto-UI! Su… Gos-gostoso. Aiiii… - Gemia a Chiquinha.
Aquilo começou a me dar água na boca e meu pau correspondeu, chegando a dar solavancos na mão da Chiquinha que não parava de gemer ao banho de língua que a Manu estava lhe dando. Ainda assim, esforçando-se, ela voltou a lamber o meu pau, punhetando-o enquanto seguia sendo chupada com vontade para Manu que, a essa altura, havia se deitado de costas e praticamente feito a Chiquinha se sentar em seu rosto:
- Amorzin… Ela… Ai! Essa safada chupa gostoso demais. Se continuar assim, vou acabar gozando.
- Já estou começando a ficar preocupado com a concorrência… - Brinquei com a situação.
- Preocupado!? A gente vai é se divertir muito. Ô se va-AAAAAAI! CACETE! Devagar aí, sua… sua… Ai! Eu… Eu… vou… Puta que pariu… AHHHHHHHHHHHHH!
A minha caboclinha começou a tremer e largou o meu pau, colocando ambas as mãos na buceta como se tentasse segurar algo, ao mesmo tempo em que olhava para cima e tremia inteira com um orgasmo dos bons. Quando relaxou largou-se de vez na beirada da cama e vi a Manu se debater embaixo dela, dando tapas em sua costa até ela levantar:
- Quer me matar, Manô?
- Desculpa. É que fiquei molinha.
A Manu foi até a Chiquinha e trocaram então um beijo bastante intenso, cada uma segurando a cabeça da outra como se quisesse realmente tornar aquele momento especial. De repente a Manu cochichou algo no ouvido da Chiquinha e ela sorriu de uma forma sapeca, típica dela. Entretanto, a Chiquinha lhe deu um selinho e pediu que ela esperasse um pouco, pois precisava falar comigo. Ela então veio e se sentou do meu lado, mas de frente para mim. Acariciou o meu rosto e disse:
- Está tudo bem? Você está gostando?
- Pois é, né! Agora que você já gozou e abaixou um pouco o seu tesão, lembrou de perguntar se eu queria participar dessa suruba, né?
- Poxa, amorzin… - Respondeu Chiquinha, ficando constrangida ao ponto de desviar o olhar.
Segurei em seu queixo e o virei para mim, olhando no fundo dos seus olhinhos pretos. Trouxe então ela até os meus braços, com os quais a envolvi e lhe dei o mais apaixonado dos beijos que podia. Por fim, olhei novamente em seus olhos, acariciei os seus cachinhos, colocando-os para trás de sua orelha e falei:
- Estou gostando muito dessa surpresa, porque sei que foi preparada para mim com muito amor. Se bem que quem parece que está curtindo adoidado é a senhora, não é não, dona Chiquinha?
- Ué! Você não diz que o sexo deve ser bem aproveitado? Então… - Falou e sorriu, mas ficando séria continuou: - Não quero estragar o que a gente tem? Se você não estiver a fim, eu converso com a compridona e… Bem, eu dou o meu jeito.
- Se a gente continuar, você ficará bem com isso depois, sem neura alguma? - Perguntei, olhando ainda em seus olhos.
- Quero te fazer o homem mais feliz do mundo e vou fazer, sem ela ou com ela, mas eu vou fazer.
Dei-lhe outro beijo e olhei na direção da Manu que nos observava com uma certa tristeza contida, talvez até um pouco de inveja do envolvimento que eu tinha com a Chiquinha. Sorri então para a Chiquinha e chamei a Manu com o dedo. Ela se levantou e veio se sentar sobre as pernas do meu outro lado, também meio de frente para mim. A Chiquinha entendeu o que eu pretendia e se sentou sobre as próprias pernas, observando agora o que eu iria fazer. Peguei a Manu gentilmente pela nuca e a trouxe até mim, acolhendo-a num abraço tenro, mas cheio de um significado apenas nosso. Então a beijei com a mesma vontade com que havia beijado a minha caboclinha, mas certamente sem o mesmo sentimento. Olhei, por fim, em seus olhos curiosos e estranhamente gratos por aquela chance e disse:
- Você um dia me magoou e eu te perdoei, mesmo que você não acredite, eu te perdoei para seguir em frente. Só que o destino novamente cruzou os nossos caminhos e aqui estamos. Eu posso perdoar algo que você me faça, mas se um dia você magoar ou fizer mal por qualquer forma que seja para a Chiquinha, nunca mais eu olharei na sua cara.
Ela sorriu, um sorriso doce, feliz, cheio de gratidão e uma lágrima desceu pela sua face. Ela então procurou os meus lábios e não os neguei, beijando-a com vontade e esse beijo sim poderia até ser quase comparado ao que eu havia dado na Chiquinha. Por fim, ela me encarou com um sorriso nos lábios e outro nos olhos, falando:
- Nunca irei magoar ou decepcionar você, aliás, vocês dois. Vocês são a minha família agora e o mesmo cuidado, carinho e amor que eu te der, darei para essa baixinha abusada também.
- Alá! Alá! Já vai começar com a “criquice”. - Disse a Chiquinha, rindo.
- Nunca, Manô! Você pode não acreditar ainda, mas eu já gosto demais de você e tenho muita gratidão pela sua generosidade em dividir o seu amorzin comigo.
Eu e a Manu olhamos para a Chiquinha que ficou pensativa por um instante e logo falou:
- Gostei não!
- Do quê, mulher? - Perguntou a Manu, já meio preocupada.
- O amorzin é só meu.
- Mas você não disse que aceitava dividi-lo comigo?
- Dividir o homem sim, mas o nome não!
- Como é que é? - Insistiu a Manu.
- “Amorzin” é só eu que vou usar com ele! Você que arrume o seu próprio apelidinho carinhoso para ele. Esse eu não divido não.
Não resisti e deu uma risada, sendo acompanhado pela Manu:
- Posso chamá-lo de amor então?
- Pode! Amor pode, amorzin não! - Insistiu a Chiquinha.
Apesar de somente a Chiquinha ter gozado, como a conversa havia ido mais longe do que o comum, decidimos tomar uma ducha. Lá, sendo ensaboado, esfregado e bolinado pelas duas, meu pau subiu rápido. Ambas se ajoelharam e dividiram um boquete dos deuses, alternando-se no meu pau e se beijando com ele no meio. Eu apenas sentia os lábios me envolvendo, as línguas bailando sobre o meu membro e tive que me segurar para não gozar mais de uma vez. Quando as convidei para retornarmos à cama, a Manu, inconformada com a minha resistência, me empurrou na parede do banheiro e caprichou num boquete, misturado com uma punheta feroz, rápida e intensa.
A Chiquinha entendeu a sua intenção e me manteve grudado na parede do banheiro, com beijos e amassos. Não consegui resistir a mais nada, explodindo num gozo violento na boca da Manu, mas que também banhou o seu rosto, respingando inclusive sobre os seus seios. A Chiquinha, vendo a bagunça, abaixou-se e passou a lamber a Manu até limpá-la suficientemente para uma nova ducha. Foi então a minha vez de retribuir e as ensaboei com carinho, paixão e muita safadeza. Meu pau, ignorando o período normal para uma recuperação, começou a se animar novamente, iluminando um belíssimo sorriso no rosto da minha caboclinha:
- “Nossinhora”! O menino já tá animado de novo!? Vem comigo então, vem. - Pegou no meu pau e começou a me arrastar para a cama.
A Manu veio rindo logo atrás da cena. Quando chegamos na cama, fui jogado sobre o colchão e soterrado pelas duas beldades que pareciam bem dispostas a tirarem o escalpo do meu pau. Entretanto, a Chiquinha logo se levantou dizendo que voltaria rápido e sumiu da suíte, deixando-me a sós com a Manu. Nossos beijos se intensificavam cada vez mais e eu já não me sentia muito capaz de resistir aos seus encantos, quando a minha caboclinha voltou com uma garrafa de vinho, três taças e um abridor, pedindo que eu abrisse para brindarmos.
Abri a garrafa, servi as minhas duas gatas e brindamos aquele momento. Bem… Tentamos brindar, mas não conseguimos chegar no final da garrafa, pois logo a Manu já estava me beijando novamente. Então tive uma ideia que a agradaria e mandei que deitasse de costas. Ela obedeceu de imediato e me ajoelhei, encaixando-me sob os seus ombros, mas deixando o meu pau à sua disposição. Ela não perdeu tempo e o abocanhou com vontade. Olhei para a Chiquinha e sem nada falar ela se posicionou entre as pernas da Manu, mas para “torturá-la” um pouco, passou a derramar pequenas doses daquele vinho geladinho, fazendo ela se retorcer antes, durante e depois das chupadas. Essa brincadeira gostosa durou até quase a garrafa de vinho terminar, quando a Chiquinha passou a sugá-la com vontade, usando seus dedos dentro e fora também, levando a Manu a ter um orgasmo aos berros, o que quase a fez se engasgar, pois ainda estava com o meu pau na boca.
Sai dessa posição e me posicionei entre as pernas da Manu, intencionado em penetrá-la, mas de relance vi que a Chiquinha não pareceu ter gostado. Aproveitando que a Manu ainda se recobrava, fui até a minha caboclinha e a abracei, ambos de joelhos sobre a cama. Quando tentei deitá-la para tomá-la para mim uma vez mais, fui gentilmente recusado:
- Não, amorzin! Eu… Pode ir com ela. Eu vou me acostumar. Eu tenho…
Antes que eu dissesse algo ou que aquilo se transformasse numa DR, a Manu, também vivida, sentindo que a conexão podia se perder, se levantou e se juntou a nós num abraço apertado, agradecendo aquele momento. Aproveitou para beijar a Chiquinha e também a mim, e assim, aos beijos, foi-nos levando a deitar na cama. A Chiquinha tentou insistir que eu fosse com ela, mas a Manu retrucou:
- Temos a noite toda e várias outras que certamente virão. Eu sou a convidada. Você tem toda a primazia aqui.
A Chiquinha me encarou e perguntou, constrangida:
- O que é primazia?
Deu uma risada contida para não constrangê-la ainda mais e respondi:
- Ela quer dizer que você vem primeiro, porque você é a minha mulher.
- Isso! Mas eu também vou querer, ok? Já estou avisando. - Insistiu a Manu, sorrindo e voltando a beijar a Chiquinha.
Aproveitei que ela estava distraída com o beijo da Manu e me posicionei, penetrando-a com delicadeza, mas até o final, sentindo preenchê-la por completo, o que tive certeza ao ouvir um rouco “Ah!”, abafado pelos beijos da Manu. Segui penetrando e beijando o seu pescoço, orelha, disputando os seus seios com as carícias da Manu. Foram minutos, deliciosos, intensos e ela explodiu num orgasmo como nunca antes, chorando de tanto prazer. Trocamos um beijo só nosso e ela enfim me olhou, satisfeita, dizendo um simples:
- Vai!
E fui! Olhei para a Manu que já se posicionava de quatro, a posição que ela mais gostava de ser penetrada. Entretanto, ao me posicionar atrás dela, tive outra ideia e subi minhas mãos pelas suas costas, envolvendo-a com um abraço por trás até alcançar a sua orelha:
- Deita de costas. - Sussurrei.
Ela me olhou por sobre o ombro, deu um gemido e insistiu, dizendo que gostava daquela posição. Retruquei novamente:
- Outra hora. Eu acabei de amar a Chiquinha e acho que você merece ser amada também.
Ela me olhou novamente por sobre o ombro, olhos arregalados, surpresa estampada e concordou com um simples aceno de cabeça. Deitou-se então de costas, de pernas abertas e me posicionei, penetrando-a até o final. Segui me movimentando dentro daquela lindíssima mulher por minutos, olhos nos olhos, tentando buscar uma conexão que eu ainda não sentia completa, mas que parecia ser possível de ser alcançada com o tempo. A Chiquinha logo se juntou a nós e enfiou a sua cabeça entre a gente, sugando um seio e acariciando o outro. Depois subiu e passou a trocar beijos conosco, da mesma forma como a Manu havia feito. Logo, a Manu chegou ao clímax e, coincidência ou não, também chorou, ainda mais que a Chiquinha, mas suas lágrimas não pareciam apenas de prazer, traziam também uma carga de arrependimento, algo que parecia pertencer apenas a ela, algo que somente ela poderia resolver consigo mesma.
A Chiquinha sempre foi uma mulher empática e sei que notou o mesmo que eu, mas também sei que ela deve ter entendido que naquele momento não havia o que nós, eu e ela, pudéssemos fazer. Ela me deitou então de costas e se posicionou sobre mim, de costas, deixando-se penetrar atrás, onde ela tanto gostava de gozar. Passou a galopar sobre mim como uma típica amazona dos pantanais, irada, intensa, imbatível. Foram minutos de muita vontade até que anunciei que iria gozar, fazendo ela redobrar seus esforços, até conseguir extrair de mim a última gota da seiva da vida. Minha caboclinha tremeu ao sentir os espasmos do meu pau dentro do seu cu e sei que não era fingimento: ela adorava a sensação, dizia que a queimava por dentro e a trazia rapidamente ao seu gozo. Enfim, ela tombou sobre o meu peito e a acolhi com um abraço gentil, apaixonado.
Assim que nos recuperamos, olhamos para o lado e vimos a imagem da Malu nos observando, calada, com um dedo na boca e uma lágrima desenhada no rosto. A Chiquinha se desengatou de mim, deitando-se no meu peito, entre um dos meus braços e a puxou de modo que ficasse da mesma forma do outro lado, praticamente rostos colados. Então a minha caboclinha, uma vez mais mostrando que a vida dura que viveu, lhe ensinou valiosas lições, falou:
- Sei que se arrependeu do que fez ao Marcel e sei que dói quando o vê me amando, mas hoje é o máximo que posso te oferecer. Ele me deu algo que eu nunca imaginei que iria encontrar nessa vida e prezo demais esse presente. Eu o amo demais, mais do que tudo na minha vida, mais do que a minha própria vida, e se for suficiente para você participar do nosso amor dessa forma, você será bem-vinda, caso contrário, eu…
A própria Chiquinha se emocionou e a voz embargou, findando sua colocação antes do término. Mas tudo havia sido bem esclarecido: ela aceitava me dividir, pois sabia que a Manu também me amava, mas nunca aceitaria me renunciar. A Manu sorriu para ela, um sorriso ainda triste, meio inconformado, mas receptivo. Suspirou profundamente e a beijou na boca, sem malícia alguma, apenas um beijo de gratidão. Beijei a testa da Chiquinha e depois a da Manu. Ali, em silêncio adormecemos, cansados, exaustos…
O sol não havia raiado ainda quando acordei. Não foi espontâneo, mas motivado por gemidos. Logo me dei conta de que a Manu chupava a boca da Chiquinha, num beijo quase romântico. Virei-me de lado e fiquei admirando a beleza do sentimento que parecia envolver os gestos daquelas duas mulheres. Quando dei conta, ambas me olhavam com sorrisos nos lábios:
- Bom dia, amorzin.
- Bom dia, amor.
- Bom dia. Lindo dia, não? - Respondi sorrindo e brinquei: - Já começaram sem mim?
A Chiquinha de uma risada gostosa e sem responder a minha pergunta, disse:
- Sabia que eu te amo demais?
- Eu também te amo, baixinha.
- Eu… Eu também nunca deixei de te amar… - Falou a Manu, com um certo temor ainda da rejeição.
Acariciei a sua cabeça por um instante e me aproximei delas, dando um bom selinho em sua boca e depois na da Chiquinha. Então, voltei para a minha posição anterior e disse:
- Acho que eu também nunca deixei de te amar. - Seus olhos brilharam e eu sorri, mas então, olhei para a Chiquinha e falei: - Só que eu também não estou disposto a abrir mão do amor que sinto por essa caboclinha aqui. Se hoje o meu coração está vivo, é porque ela soube curá-lo.
A Manu sentiu a indireta e se acanhou por um instante, mas eu voltei a acariciar a sua cabeça:
- Eu já te perdoei e te agradeço por tudo o que fez por mim, até mesmo aquela merda de show na despedida de solteiro do Azedo.
Ela me encarou sem entender e expliquei:
- Ué! Se aquilo não tivesse acontecido, eu não teria ido para o interior e não teria conhecido a Chiquinha. Então, você também foi responsável pelo amor que nasceu entre a gente. Então, sim, eu tenho que te agradecer.
Ela sorriu timidamente e a Chiquinha segurou a sua cabeça, trazendo até a sua boquinha, num beijo envolvente e muito quente. Depois passou a dar-lhe beijinhos na bochecha, falando:
- Obrigada! Obrigada! Obrigada! Obrigada! Obrigada!
Ambas começaram a rir e logo se encararam maliciosamente. A Manu perguntou então:
- Será que ele aguenta nós duas novamente?
- Acho que teremos que descobrir…
Seus corpos passaram a se movimentar em minha direção e logo estavam as duas por cima de mim, enchendo-me de beijos e carinhos. Num momento em que meus lábios se viram livres, perguntei:
- Manu, qual é o nome do médico do Alfredo?
- Por que!? Está sentindo alguma coisa, Marcel? - Perguntou-me aflita.
- Não! É que… assim… acho que vou precisar do nome daquele remedinho que ele tomava. Qual era mesmo? Tadala… Tadala… o que mesmo?
Risadas inundaram o ambiente enquanto voltávamos a nos atracar, agora mais dispostos do que nunca.
FIM
OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO SÃO FICTÍCIOS, MAS OS FATOS MENCIONADOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL PODEM NÃO SER MERA COINCIDÊNCIA.
FICA PROIBIDA A CÓPIA, REPRODUÇÃO E/OU EXIBIÇÃO FORA DO “CASA DOS CONTOS” SEM A EXPRESSA PERMISSÃO DOS AUTORES, SOB AS PENAS DA LEI.