Numa tarde, enquanto Cláudia folheava catálogos de marcas de luxo na sala, Sofia aproximou-se com hesitação. "Cláudia," disse ela, quase como um aluno que pede aprovação ao professor, "precisamos de algo para o jantar. O que achas que devemos preparar?"
Cláudia olhou para ela com um sorriso de triunfo contido. "Não te preocupes com isso, Sofia. Podes fazer algo simples. Afinal, já tens o Nuno para te ajudar, não é?"
Sofia assentiu, sentindo uma estranha satisfação em seguir as orientações da irmã. Era como se cada decisão que Cláudia tomava a aproximasse mais do lugar que agora ocupava ao lado de Nuno: ambos dedicados à figura central que dominava suas vidas.
Com o tempo, Cláudia consolidou completamente seu papel na casa. Sofia e Nuno já não se viam como indivíduos independentes, mas como partes de um sistema orbitando ao redor dela. Era como se tudo o que fizessem fosse uma extensão da vontade de Cláudia.
No entanto, ela não era cruel por crueldade. Sua manipulação era calculada, sua dominância sutil, mas implacável. E, no fim, tanto Nuno quanto Sofia sentiam que, de alguma forma, estavam onde deveriam estar: aos pés de Cláudia, devotando a ela sua lealdade incondicional.
Cláudia, com sua postura impecável, decidiu que era hora de sair com Sofia e Nuno para um brunch em um restaurante elegante no centro da cidade. Não era apenas uma saída casual; para Cláudia, cada momento em público era uma oportunidade de reafirmar sua presença e autoridade.
Eles chegaram ao local pouco antes do meio-dia. O restaurante, com um ar moderno e sofisticado, estava movimentado, mas Cláudia fez questão de reservar a melhor mesa da varanda, com vista para a rua principal. Ela entrou como se fosse a dona do lugar, seus saltos ecoando no chão de mármore enquanto Sofia e Nuno seguiam-na em silêncio.
A garçonete os levou até a mesa reservada, e Cláudia sentou-se no centro, deixando Sofia e Nuno nos lados opostos, como se fossem seus assistentes pessoais. Ao receber o cardápio, ela não perdeu tempo. "Vou pedir para todos nós," declarou, sem se importar com as possíveis preferências dos dois. "Vocês confiam no meu gosto, não confiam?"
"Claro, Cláudia," respondeu Nuno imediatamente, enquanto Sofia assentia com um leve sorriso.
Durante a refeição, Cláudia comandava a conversa, comentando sobre moda, viagens e até alguns projetos de melhorias para a casa. Era evidente que ela falava para ser ouvida, e Sofia e Nuno absorviam cada palavra como se fossem instruções.
Quando os pratos chegaram, Cláudia olhou para Sofia com um sorriso calculado. "Querida, estou tão confortável aqui. Poderias servir-me? Apenas um gesto para mostrar como somos uma família unida."
Sofia hesitou por um instante, mas rapidamente se levantou, pegando os talheres de Cláudia e servindo-lhe a comida com cuidado. Nuno observava em silêncio, sabendo que o gesto não era apenas uma demonstração de união, mas também uma forma de Cláudia reforçar sua posição.
Depois de um tempo, Cláudia reclinou-se na cadeira, cruzando as pernas e exibindo seus sapatos impecáveis. Ela olhou para Nuno e Sofia com um ar quase maternal, mas carregado de domínio. "Sabem," começou ela, "é raro encontrar uma dinâmica tão perfeita quanto a nossa. Cada um de vocês tem um papel, e eu... bem, eu sou quem equilibra tudo isso. Imaginem como seriam as coisas sem mim."
Sofia e Nuno trocaram olhares breves. Nenhum deles conseguiu imaginar. Cláudia era o eixo, o centro de gravidade que os mantinha juntos.
Enquanto o brunch seguia, Cláudia pediu um café e inclinou-se para Sofia. "Estes sapatos são novos, sabia? Fui com o Nuno escolhê-los. Ele foi tão prestativo. Gostaria que olhasses mais de perto, Sofia. Quero que aprendas a valorizar o que é bom."
Sofia, sentindo o peso do pedido, inclinou-se para admirar os sapatos. "São lindos, Cláudia," disse ela, com uma sinceridade que surpreendeu até a si mesma.
"Eu sei," respondeu Cláudia, com um sorriso. "Agora, sente-se. Ainda temos muito para conversar."
As pessoas ao redor notavam a interação, mas Cláudia estava tão confiante em sua postura que ninguém ousava comentar. Para ela, o mundo era um palco, e ela estava sempre no comando.
Quando a conta chegou, Cláudia entregou-a casualmente a Nuno. "Tens o cartão, não tens, Nuno? Excelente. Cuida disso para mim."
Ele pagou sem hesitar, enquanto Cláudia levantava-se, ajustando o blazer e olhando para Sofia. "Vamos. Temos ainda muito a fazer hoje."
Nuno e Sofia seguiram-na para fora do restaurante, sabendo que, em público ou em casa, o lugar deles era sempre o mesmo: ao lado — e um passo atrás — de Cláudia.
Cláudia decidiu que era hora de renovar seu guarda-roupa — não porque precisava, mas porque podia. Ela chamou Nuno e Sofia para acompanhá-la até um shopping de luxo. Assim que chegaram, Cláudia liderava o grupo com passos firmes, enquanto Nuno carregava as bolsas das compras anteriores e Sofia caminhava logo atrás, ainda se ajustando à nova dinâmica.
Entraram em uma boutique de sapatos de grife, onde Cláudia imediatamente tomou o controle da situação.
Sentou-se em uma poltrona de couro no centro da loja, cruzando as pernas com a elegância de quem sabia que era o centro das atenções.
"Mostrem-me o que têm de melhor," ordenou ao atendente, que correu para buscar as opções mais exclusivas.
Enquanto experimentava sapatos, Cláudia fazia questão de envolver Sofia e Nuno.
"Sofia, querida, ajoelha-te e vê se estes me ficam bem. Preciso da tua opinião de perto."
Sofia, hesitante, ajoelhou-se ao lado da irmã, ajustando o sapato delicadamente no pé de Cláudia.
"Estão lindos, Cláudia," disse ela, com um tom quase reverente.
Cláudia sorriu. "Claro que estão. E tu, Nuno? O que achas?"
Nuno, já acostumado à posição de servidão, concordou imediatamente.
"São perfeitos para ti, Cláudia."
"É claro que são," respondeu ela, com uma risada suave.
"Afinal, tenho bom gosto. E vocês têm sorte de poderem presenciar isso."
Ela olhou para o atendente e fez um gesto despreocupado.
"Levo estes. E mais aqueles dois pares que mostraste antes."
Sem sequer consultar o preço, ela entregou os sapatos a Nuno.
"Cuida disso, querido. E não te preocupes com a conta — sabemos que investir em mim vale a pena."
Após a visita à loja, Cláudia decidiu parar em um café próximo.
Escolheu a mesa mais visível na esplanada, onde o movimento das pessoas ao redor só reforçava sua confiança.
Sentada, Cláudia removeu um dos sapatos novos e começou a massagear levemente o pé. Sofia, já condicionada pela convivência, olhou com curiosidade.
"Sofia," disse Cláudia, com um sorriso enigmático, "tens ideia de como é estar nos meus pés? Suportar tudo isso — a responsabilidade de liderar vocês dois, tomar decisões importantes... Não é fácil."
Sofia balançou a cabeça, concordando. "Eu imagino, Cláudia."
"Imagina? Então faz algo para mim." Cláudia ergueu o pé ligeiramente, ainda descalço. "Cheira. Quero que sintas o que significa realmente carregar o peso que eu carrego."
Sofia corou, mas a intensidade no olhar de Cláudia era inescapável.
Ela inclinou-se, hesitante, mas acabou obedecendo, sentindo o aroma que Cláudia usava como uma arma de sedução e domínio.
"Vês? É isso que significa ser eu," disse Cláudia, rindo baixinho.
"Talvez um dia entendas completamente."
Nuno, observando a cena, sentiu-se ainda mais submisso. Ele sabia que, mesmo em público, Cláudia controlava tudo — e todos.
De volta à casa, Cláudia reuniu Sofia e Nuno na sala. Sentada em sua cadeira favorita, ela cruzou as pernas e encarou os dois.
"Vamos precisar reorganizar as finanças daqui para frente," começou ela, com um tom autoritário.
"A partir de agora, tudo será centralizado comigo. Não quero mais confusão com quem paga o quê. Eu cuidarei de tudo."
Sofia franziu a testa.
"Mas, Cláudia, isso não é muita responsabilidade para ti?"
Cláudia riu suavemente.
"Responsabilidade? Sofia, querida, tu e o Nuno já confiam em mim com tantas outras coisas. Por que hesitar agora? Não vês que isso é o melhor para todos?"
Nuno, como sempre, concordou prontamente.
"Claro, Cláudia. Confio completamente em ti."
Sofia, embora ainda relutante, acabou cedendo.
"Está bem, Cláudia. Se achas que é o melhor, então faremos assim."
Cláudia sorriu, triunfante.
"Sabia que vocês entenderiam. Agora, vão preparar algo para o jantar enquanto eu relaxo um pouco. Este foi um dia cansativo, mas produtivo."