(Karol)
Três dias se passaram, e Mauro não deu nenhum sinal de vida. A angústia crescia dentro de mim a cada hora, me consumindo como uma sombra. A cena no carro, onde ele me confrontou, havia se tornado uma presença constante em meus sonhos, como se cada noite me obrigasse a reviver aquele momento doloroso.
Lembro-me com clareza das expressões em seu rosto: os músculos tensionados em sua mandíbula, os olhos semicerrados e a maneira como ele segurava o volante com força, tentando conter sua raiva. Sua voz era serena, mas carregada de uma gravidade que despedaçava cada uma das minhas desculpas e minava qualquer resposta que eu tentasse oferecer. Cada palavra dele me atingia como uma lâmina fria, cortando a fina camada de defesas que eu tentava sustentar.
Acordava sempre ensopada de suor, o corpo tremendo, como se ainda estivesse naquele carro, sob o olhar impiedoso de Mauro. Havia um peso no meu peito que parecia esmagar minha capacidade de respirar. Muitas vezes, o medo de dormir e reviver tudo aquilo me deixava inquieta, e os tremores nas mãos só pioravam quando eu tentava me acalmar.
Minha irmã, Beth, continuava insistindo com seu plano insano de me apresentar a um de seus amantes, como se isso fosse de alguma ajuda.
Após muita pressão acabei cedendo e saí para jantar com Carlão, um homem de pouco mais de trinta anos, em forma, com um sorriso simpático e modos impecáveis. Ele era bonito e educado, mas desde o início, eu sabia que minha cabeça estava em outro lugar. Ele percebeu isso também, lendo nas minhas expressões as reais intenções por trás daquele encontro.
Durante o jantar, o silêncio entre nós se tornou quase insuportável, pesado e sufocante como o próprio ar. A luz suave do restaurante iluminava nossos rostos, mas parecia só expor ainda mais a distância entre nós.
Apesar do desconforto, Carlão manteve a gentileza e, com uma calma inesperada, me incentivou a desabafar. Naquele momento, ao invés de um encontro superficial, encontrei um ombro para compartilhar minha dor.
É irônico pensar que precisei de um estranho, alguém que inicialmente parecia buscar apenas um sexo facil, para conseguir finalmente falar sobre o que estava me atormentando.
No final, Carlão me aconselhou a dar tempo ao Mauro, a esperar por ele e a mostrar meu arrependimento.
Peguei seu contato antes de nos despedirmos, e passamos a trocar mensagens. No começo, eram conversas esporádicas, mas logo isso evoluiu para um contato diário, quase como uma âncora que me ajudava a passar por esses dias sombrios.
……
(Mauro)
Após chegar em Florianópolis e conhecer as filhas do dono do apartamento onde ficaria hospedado, o cansaço me venceu rapidamente, e adormeci quase sem perceber.
A longa viagem de carro desde São Paulo tinha drenado todas as minhas energias, sufocando qualquer outro pensamento que pudesse me manter acordado.
Na manhã seguinte, pouco depois das sete horas, despertei com facilidade. Sentindo-me ainda um pouco desconectado, decidi tomar café em uma padaria ali perto.
Saí para a rua vestido apenas com uma sunga, uma camiseta leve e chinelos de borracha, deixando a brisa da manhã envolver minha pele.
A liberdade de caminhar assim, sem o peso do terno ou das horas intermináveis preso em uma sala, trouxe uma leveza que eu quase havia esquecido. Cada passo parecia me libertar das amarras da rotina, tornando o momento quase terapêutico.
O céu amanheceu nublado, mas o ar estava aquecido, indicando que o dia teria seu próprio ritmo. Uma brisa fresca roçava meu rosto, e, embora eu preferisse um dia ensolarado, aquela sensação inesperada me trouxe um estranho contentamento por estar ali. Era como se, de alguma forma, eu já estivesse onde precisava estar.
Na padaria, o aroma do café recém-passado e dos pães saindo do forno completava o cenário de maneira perfeita. Saboreei meu café tranquilamente, sentindo o calor da bebida me despertar e preparar para o dia.
O silêncio agradável das ruas àquela hora, combinado ao meu isolamento momentâneo, me fazia sentir como se a cidade inteira fosse minha, apenas por algumas horas.
Depois de comer, voltei ao apartamento e comecei a me arrumar para o passeio que Sandra havia prometido organizar.
Em meio aos preparativos, olhei o celular para checar se havia alguma mensagem do pessoal do trabalho. Por sorte, a tela estava limpa, sem nada urgente.
Já na conversa com Karol, no entanto, o número de mensagens não lidas havia ultrapassado trinta. Os alertas se acumulavam, cada notificação um lembrete de algo que eu preferia ignorar por completo. Respirei fundo e, sem hesitar, fechei a tela, decidido a manter minha paz.
…..
(Karol)
Após o “fracasso” do encontro com Carlão, minha irmã ficou visivelmente irritada. Passou a me tratar com frieza e com palavras ríspidas, como se eu fosse culpada por não ter seguido seu plano.
O ressentimento dela me corroía, e, naquele momento, perdi a paciência. Com a voz tremendo de raiva, joguei na cara dela algumas verdades que já estavam entaladas havia muito tempo.
Não aguentava mais a forma como ela tentava manipular todos ao seu redor, como se fosse uma marionetista controlando cada um de nós.
Para ela, eu era uma decepção por não aceitar dançar conforme sua música. Eu deixei claro, de maneira inequívoca, que jamais seria outra versão do Bruno, e seu olhar de desaprovação me dizia que a mensagem tinha sido recebida.
Embora fosse doloroso, aquela discussão me trouxe uma sensação de libertação, como se estivesse recuperando o controle sobre as minhas próprias escolhas.
Já na faculdade, levava minha vida normalmente; porém, nunca mais quis sair ou fazer qualquer coisa com Vagner. Ele, no começo, insistiu, mas depois compreendeu e respeitou aquela decisão.
Exceto por duas antigas amigas do colégio, que também estudavam comigo na faculdade, minha única companhia constante agora era Carlão.
A princípio, nossas saídas eram esporádicas, mas, aos poucos, criamos uma conexão genuína.
Ele tinha um jeito sedutor, porém tranquilo, o que contrastava com a abordagem mais afobada da maioria dos rapazes. A cada conversa, eu me via cada vez mais à vontade, embora soubesse exatamente quais eram suas verdadeiras intenções.
Carlão nunca escondeu seu interesse por mim, sempre deixando claro através de comentários sutis, pequenas insinuações e tentativas repetidas de sedução.
Mas, juro, aquilo não era paixão ou qualquer tipo de envolvimento amoroso. Era uma amizade, embora eu estivesse plenamente consciente dos riscos de me apegar a alguém como ele, um conquistador nato.
Sentia que poderia ser perigoso, mas, depois de tudo que passei com Mauro, a companhia de Carlão preenchia um pouco da carência que ficou.
Naquele momento, o conforto da presença dele era a alternativa que me restava, uma amizade improvável que se encaixava bem nas lacunas que a ausência de Mauro havia deixado.
….
(Mauro)
No horário exato, Sandra chegou esbanjando seu charme inconfundível. Ela estava deslumbrante, com uma saia curta de um tecido azul-claro que balançava levemente a cada passo, revelando o bronzeado impecável de suas pernas. Por baixo, usava um biquíni rosa, e sobre ele uma camisa branca larga, com os primeiros botões abertos, que deixava parte de sua barriga à mostra de maneira provocante. Seus cabelos castanhos claros caíam soltos pelos ombros, realçando ainda mais o tom da pele dourada pelo sol, e um par de óculos de sol elegantes escondia parcialmente o brilho de seus olhos.
O perfume de Sandra preenchia o espaço ao redor, uma fragrância doce e envolvente que deixava no ar uma sensação de mistério e atraía todos os olhares.
— Vamos? — ela perguntou com um sorriso, e sua voz soou como um convite ao qual era impossível resistir. — O tempo amanheceu nublado, mas até as dez horas o sol aparece.
Assenti com um aceno de cabeça, sem conseguir desviar o olhar daquela visão deslumbrante à minha frente. Ela saiu do apartamento, andando pelo corredor do prédio com passos firmes e, vez ou outra, lançava olhares para trás, acompanhados de um sorriso provocador. Seus quadris rebolavam ligeiramente, e parecia fazer questão de intensificar cada movimento, sabendo bem o efeito que causava.
Durante o caminho, conversamos sobre assuntos leves. Ela mencionava o tempo, comentava sobre futebol, e eu me surpreendia com o entusiasmo que demonstrava — mulheres que gostam de futebol sempre chamam minha atenção.
Sandra falava também sobre o local que íamos visitar, compartilhando curiosidades da região, enquanto eu me sentia cada vez mais atraído pelo jeito descontraído e seguro dela.
Quando finalmente estacionamos o jipe em uma área próxima à praia, ela tirou os óculos de sol e seus olhos encontraram os meus, brilhando com uma intensidade que deixava seus desejos à mostra.
— Normalmente, eu não sou assim... — ela murmurou, com um sorriso ligeiramente contido. — Mas você despertou um desejo em mim, algo que não consigo explicar.
Minha resposta foi um sorriso satisfeito, e decidi deixar claras as minhas intenções. Puxando-a pelo cabelo, a trouxe para perto de mim e sussurrei em seu ouvido:
— Eu gosto de garotas que sabem obedecer. Você já mostrou o que quer, então nada de frescuras, entendeu?
Apesar da surpresa, ela correspondeu com um olhar ardente e murmurou de forma submissa:
— Sim, senhor.
Num gesto de desafio, tirei minha sunga, revelando minha excitação. Sem esperar, Sandra segurou meu membro com um toque firme, iniciando carícias lentas e intensas. Puxei seu cabelo com uma mão enquanto a outra segurava sua nuca, e nossos lábios se encontraram num beijo profundo, cheio de urgência, onde minha língua explorava cada parte de sua boca. Em um movimento decidido, puxei seu biquíni, liberando seus seios ao toque do vento salgado. Minhas mãos cobriram suas aréolas, e ela gemeu baixinho, um som que misturava dor e prazer.
Com o olhar fixo nos meus, ela sussurrou com a voz carregada de desejo:
— Posso chupar? Por favor.
Soltei uma risada de provocação, saí do carro e a encarei.
— Venha sem roupa. Tomara que essa praia seja mesmo deserta.
Deixamos o jipe para trás, com ela completamente pelada, caminhando pela trilha de areia em direção à praia.
O caminho era coberto por vegetação rasteira e alguns arbustos espaçados, e o solo misturava terra e areia fina.
A previsão de Sandra se concretizou — o céu, antes nublado, agora estava límpido, de um azul claro que contrastava lindamente com o verde cristalino do mar. O sol surgiu, aquecendo o ambiente e iluminando as águas com tons que variavam entre o azul e o esmeralda.
Era o cenário perfeito, um refúgio isolado onde o som das ondas e o calor do sol eram as únicas testemunhas de tudo o que estaria por vir.
…..
(Karol)
No sexto dia em que Mauro viajou, eu confesso que já tinha perdido completamente as esperanças. A cada manhã e no final da tarde, o aplicativo mostrava que ele estava online, mas também deixava claro que minhas mensagens permaneciam sem ser lidas. A frustração me consumia, e a expectativa de uma resposta se tornava uma tortura.
Num momento de inquietação e vulnerabilidade — porque, sim, eu sou uma pessoa que pode muito bem se deixar levar pelo desespero — acabei ligando para Carlão. Ele, sempre tão solícito, se propôs a me encontrar em um shopping para conversarmos. Combinamos de nós encontrar no shopping localizado na Avenida Juscelino Kubitschek.
Quando cheguei a um dos cafés do shopping, o encontrei em um dos cantos, onde a luz suave filtrava pelas janelas, criando uma atmosfera quase romântica.
Conversamos por pelo menos uma hora, e, aos poucos, fui cedendo ao seu charme e sedução. Ele, experiente como era, não perdeu tempo e logo me conduziu em direção ao estacionamento, onde a realidade se transformava em algo muito mais interessante.
Dentro do carro, nossos lábios se encontraram pela primeira vez. Estava com tanto tesão acumulado que não tive dúvidas. Com uma determinação que me surpreendeu, abri sua calça e deixei seu pau extremamente duro à vista. Sem dar espaço para qualquer tipo de conversa, mamei seu membro com uma vontade voraz.
Ele tentou segurar o quanto pôde, mas não consegui conter o desejo. Só tirei minha boca dele quando senti seu sêmen invadindo minha boca, um momento que, devo admitir, me deixou em um estado de euforia e satisfação.
Após um silêncio constrangedor, que se arrastou por minutos — porque, claro, não há nada mais divertido que os resquícios de uma situação embaraçosa — ele se desculpou e pediu para que não encerrássemos nossa amizade. Sorrindo de forma maliciosa, respondi:
— Você provocou, agora aguenta. Mas eu sou bem pior que minha irmã.
Meu rosto sério, embora adornado por um leve sorriso malicioso, pareceu causar o efeito desejado. Já que Mauro quis me esquecer, vou aproveitar o amiguinho que minha querida irmã me apresentou. Afinal, não sou de deixar as oportunidades passarem.
Continua….