Minha cabeça estava uma bagunça. Tentava não pensar na expressão da minha mãe – aquele instante de choque antes de fechar a porta apressada –, mas, é claro, minha mente reproduzia a cena como um filme de terror.
E foi então que a batida veio.
Baixa, hesitante, mas impossível de ignorar. Meu corpo gelou, como se cada célula soubesse o que estava por vir.
– Miguel, posso entrar? – era Marta.
"Posso entrar?" Como se ela precisasse de permissão agora. Ela já tinha visto tudo. O estrago estava feito.
– S-sim – eu gaguejei, sem saber por que não tinha simplesmente gritado um "não" e me jogado pela janela.
A porta abriu devagar. Marta entrou e, para minha surpresa, fechou a porta atrás de si. Isso só piorou as coisas. Ficaríamos sozinhos, no mesmo espaço apertado onde, minutos atrás, ela tinha me flagrado em um momento... digamos, íntimo.
Ela se aproximou e sentou na beira da cama, tão calma, tão composta, que aquilo me deixou ainda mais desconfortável. Meus olhos, quase contra minha vontade, começaram a reparar nela.
Minha mãe era bonita. O cabelo castanho escuro estava preso de forma desleixada, com algumas mechas soltas que emolduravam o rosto. A luz que entrava pelas frestas da persiana iluminava sua pele clara, quase perfeita. A blusa branca de tecido leve deixava entrever o contorno de seu corpo esguio, com curvas que pareciam ter sido desenhadas para desafiar qualquer lógica.
Por um momento, me peguei pensando em como alguém poderia abandonar uma mulher assim. Meu pai tinha conseguido, mas Pedro sempre foi um caso à parte no quesito idiotice.
– Não vai tomar café? – ela perguntou, quebrando o silêncio.
– Estou indo – menti, porque era o que sabia fazer.
Marta inclinou a cabeça, cruzando os braços sobre o colo.
– Sobre o que aconteceu agora há pouco...
Pronto. A bomba estava armada. Meu coração disparou. Fechei os olhos. Queria sumir.
– Isso é normal. Todo mundo faz.
Quase engasguei.
– Como é que é?
Ela me olhou, como se minha reação fosse exagerada.
– Sim, normal. Todo mundo se toca. Faz parte de conhecer o próprio corpo, de aprender o que gosta.
O choque estava estampado no meu rosto, eu sabia disso. Ela deu um sorriso pequeno, quase cúmplice.
– Até eu faço, Miguel.
Eu fiquei em silêncio. Não sabia o que dizer. Minha mãe, a mesma pessoa que eu sempre achei acima de qualquer coisa desse tipo, estava me dizendo que... fazia aquilo?
– Não precisa ficar assim. Essas coisas acontecem – ela disse, a voz firme, mas com um toque de doçura. – Só... tranca a porta da próxima vez, tá? Podia ter sido sua irmã.
Eu sabia que ela estava tentando me tranquilizar, mas a ideia de Manuela abrindo a porta foi suficiente para me fazer querer me enterrar vivo.
– É, talvez você devesse bater antes também – retruquei, um pouco mais áspero do que pretendia.
Marta piscou, surpresa com a resposta, mas logo abriu um sorriso.
– Justo. Vou tentar me lembrar disso – disse ela, relaxando os ombros.
O silêncio voltou a pairar entre nós. Eu não sabia o que dizer, e ela parecia estar escolhendo as palavras com cuidado.
– Isso é normal, Miguel – Marta começou, seu tom calmo como se estivéssemos discutindo o clima. – Todo mundo se toca. Faz parte de conhecer o próprio corpo, de aliviar a tensão que a gente acumula... ainda mais quando você ainda não...
Ela hesitou, como se buscasse a palavra certa.
– Quando você ainda não teve sua primeira vez.
Revirei os olhos, já sentindo o rosto queimar.
– Não quero continuar assim, mãe. Não quero ficar só nisso.
O desabafo saiu antes que eu pudesse segurar. Era verdade, afinal. A ideia de continuar preso a essa rotina frustrante de masturbação, tentando preencher um vazio que não ia embora, me deixava ainda mais insatisfeito. Eu queria mais. Algo real.
Ela suspirou, os olhos castanhos me analisando com uma mistura de ternura e seriedade.
– Eu entendo. É natural sentir isso, mas você precisa ter calma. Não é só uma questão de "fazer" e pronto.
– Fácil pra você falar – retruquei, cruzando os braços.
Foi aí que ela sorriu, aquele sorriso sutil que parecia carregar um segredo.
– Miguel... – ela disse, hesitando. – Posso te contar uma coisa?
Eu a encarei, confuso.
– Quando eu tinha 18 anos, nossa família costumava passar os finais de ano na chácara do seu avô.
Assenti, mesmo sem saber exatamente onde ela queria chegar.
– Tinha um quartinho nos fundos, onde guardavam as ferramentas. Pequeno, quente, sempre com cheiro de madeira e óleo.
O tom dela mudou, mais baixo, quase um segredo.
– Eu era ansiosa, impaciente, queria me sentir adulta, como as outras garotas que viviam contando histórias. E aí tinha o tio Marcos. Ele era irmão mais velho da sua avó, uns 35 anos na época, charmoso, engraçado.
Ela deu um sorriso discreto.
– Acho que ele percebeu minha curiosidade. Era algo no jeito que eu o olhava, nos toques que pareciam acidentais, mas nunca eram.
Eu pisquei, ainda tentando processar.
– Uma noite, enquanto todos estavam na festa, eu decidi provocar. Usei um vestido curto, fiquei perto dele tempo suficiente para que ele notasse. E notou.
Ela riu baixinho, como se não acreditasse no que estava contando.
– Ele me chamou para ajudá-lo com alguma coisa. Fomos até o quartinho. Lá dentro, eu mal esperei. Fui eu que o beijei primeiro.
Minha mente disparou, mas não de um jeito negativo. Marta parecia mais humana, mais... real.
– Foi ali que aconteceu. Não era nada do que eu imaginava. Estava nervosa, claro, mas também curiosa. Ele foi gentil, mas direto. E eu, tão boba, achei que aquilo era o começo de algo.
Ela balançou a cabeça, como se risse de si mesma.
– Depois, ele voltou para a festa como se nada tivesse acontecido. E eu? Passei o resto da noite me sentindo ao mesmo tempo poderosa e perdida.
Ela olhou para mim, os olhos mais suaves agora.
– Estou te contando isso porque quero que você saiba que tudo tem seu tempo. E, quando acontecer para você, espero que seja com alguém que realmente se importe.
O peso na minha mente parecia diminuir um pouco, mas, ao mesmo tempo, novas questões surgiam. Ela era mais humana agora. Não a figura intocável que eu idealizava.
Antes de sair, ela se inclinou para me abraçar. Foi um gesto natural, mas, pela primeira vez, não pareceu tão simples. O calor do corpo dela, o perfume, os braços firmes me envolvendo... tudo parecia diferente.
Ela se afastou, ajeitando uma mecha de cabelo.
– Não se atrase para o café.
E saiu, deixando-me sozinho, preso em um turbilhão de pensamentos. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas algo dentro de mim havia mudado.
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