Capítulo 3 - Mergulho no Fetiche
A sala de treinamento era diferente de tudo que Júlio já havia visto. Escura, com paredes cobertas por cortinas de veludo preto e apenas uma cadeira posicionada no centro, iluminada por um único holofote. No canto da sala, um monitor de tela ampla exibia imagens que pareciam pulsar em tons de rosa e roxo, criando um efeito hipnótico.
Michelle estava ali, impecável como sempre. Seu corpete de látex negro brilhava sob a luz, destacando sua figura esguia e intimidadora. Os saltos altos ecoavam pelo chão conforme ela se aproximava de Júlio, que permanecia em pé, inquieto, mas incapaz de desviar o olhar.
— Sente-se, Giulia — disse ela, sua voz baixa e autoritária, carregada de uma doçura perigosa.
Ele obedeceu, sentindo os pelos de sua nuca se eriçarem. Michelle circulou a cadeira lentamente, suas unhas longas e pintadas de vermelho passando levemente pela borda de couro.
— Você sabe o que diferencia uma sissy qualquer de uma sissy de elite? — perguntou, inclinando-se para perto de seu ouvido. — É a entrega absoluta. Corpo, mente, alma. Cada pedaço seu deve pertencer a essa nova versão de si mesmo.
Júlio engoliu em seco, tentando formular uma resposta, mas nada saiu. Michelle sorriu, satisfeita com o silêncio dele.
— Ainda há resistência em você, não há? — continuou ela, parando à sua frente. — Não se preocupe, querida. Vou cuidar disso pessoalmente.
Com um gesto, ela acionou o monitor. As imagens mudaram: flashes de corpos femininos, gestos delicados, olhares submissos. Em seguida, surgiram vídeos mais explícitos, cuidadosamente escolhidos para evocar sensações conflitantes. Mulheres maquiadas, dançando de forma provocante, e jovens delicados, vestidos como bonecas, em poses que exalavam fragilidade e desejo. Júlio sentiu o coração disparar e desviou o olhar instintivamente.
— Não fuja, Giulia. Encare quem você está destinado a ser — ordenou Michelle, segurando o queixo dele com firmeza e direcionando seu olhar de volta à tela.
Enquanto as imagens continuavam, uma voz suave começou a soar pelos alto-falantes, acompanhando a cadência do vídeo. Era um mantra hipnótico, palavras repetidas que pareciam deslizar direto para sua mente.
"Você é linda. Você nasceu para agradar. Feminilidade é liberdade. Submissão é poder."
Júlio tentou resistir. Fechou os olhos por um momento, mas a voz de Michelle o trouxe de volta.
— Abra os olhos. Deixe as palavras penetrarem em você. Cada vez que ouve, sente-se mais leve, mais perto da sua verdadeira essência. Não lute contra isso, Giulia.
Ele sentiu uma mistura de vergonha e excitação tomando conta de si. As palavras eram como um rio que lavava suas inibições, e ele percebeu, com um calafrio, que parte de si não queria resistir.
Michelle sorriu ao perceber os sinais sutis: a respiração dele, mais pesada; os dedos agarrando os braços da cadeira como se buscassem um último resquício de controle. Ela se inclinou, aproximando-se de forma quase íntima.
— Sabe, Giulia, eu treinei quase cem sissies de elite. Cada uma delas começou exatamente como você: confusa, assustada, mas no fundo... desejando. Eu vejo isso nos seus olhos. Está pronta para admitir?
— Eu... eu não sei... — gaguejou ele, sentindo o calor subir pelo rosto.
— Não precisa saber. Apenas confie em mim. Deixe que eu molde você. Deixe que eu liberte o que está preso aí dentro.
Ela tocou suavemente o rosto dele, deslizando os dedos pela bochecha e descendo até o pescoço. Aquele gesto fez Júlio estremecer. A mistura de autoridade e delicadeza era intoxicante.
O vídeo terminou, mas o mantra continuou, agora mais lento, como se cravasse cada palavra profundamente em sua mente. Michelle se afastou, permitindo que ele processasse tudo.
— A escolha é sua, Giulia. Ou você se entrega totalmente a mim, ou volta àquela vida sem graça, onde nunca será nada além de um rapaz comum. O que vai ser?
Júlio sentiu a garganta seca. Cada parte do seu corpo gritava para fugir, mas havia algo mais forte, um desejo inconfessável que ele não podia mais ignorar. Ele ergueu o olhar para Michelle, que esperava, impassível.
— Eu... eu quero continuar — disse ele, quase num sussurro.
Michelle sorriu, dessa vez de forma genuína, mas com um brilho predatório no olhar.
— Muito bem, querida. A partir de agora, você pertence a mim. E quando eu terminar, você será a mais perfeita sissy de elite que já existiu.