Quando só restam as boas lembranças
Ele se mudou com a família poucos dias antes do Natal para a casa de esquina no final do quarteirão da rua em que eu morava em um bairro proletário. Com o fim do ano letivo na semana anterior, quando o Márcio e eu soubemos que havíamos passado de ano no colégio, as férias de verão prometiam uma temporada livre de preocupações. Eu já tinha certeza de que ia passar, mas o Márcio, que havia tomado bomba no ano anterior e precisou repetir a mesma série do ensino médio, estava aliviado por ter conseguido as notas mínimas para não tomar bomba outra vez e ter que encarar a fúria do pai que o tinha ameaçado de arranjar um emprego na mesma empresa de assistência técnica de equipamentos de ar-condicionado onde trabalhava; uma vez que, segundo ele, o filho não prestava para os estudos, bem como para outras coisas. Com essas “outras coisas” ele se referia ao fato do Márcio ser homossexual, algo que ele, como pai, não aceitava culpando o filho de ter se desvirtuado dos demais homens da família, todos indubitavelmente machos, conforme podiam comprovar com seus cacetes e sacos avantajados; o que, no fundo, não passava de um machismo arraigado em suas mentes restritas.
Foi na escola perto de casa que o Márcio e eu nos conhecemos ainda pequenos, apesar de ele ser dois anos mais velho do que eu e, com o passar dos anos ele ter repetido duas séries e acabarmos ficando na mesma classe nesse último ano. Na época nem suspeitávamos que na adolescência fossemos perceber nossa sexualidade destoando dos demais garotos, simplesmente nos tornamos amigos pela proximidade de nossas casas e pelo convívio na escola. Tínhamos quase a mesma constituição familiar, um irmão mais velho, nós como filhos do meio e um irmão mais novo, com a única diferença que no meu caso esse mais novo era uma irmã e não um irmão.
O pai do Márcio sempre foi um bronco, um sujeito rude moldado pela pobreza, tinha pouca instrução, uma mentalidade extremamente machista e retrógrada com a qual exercia o pátrio poder como um rei absolutista. A mãe submissa, vinda da mesma origem, não tinha voz dentro de casa, a menos que se tratasse de algum assunto doméstico. Não era incomum o Márcio levar uma boa surra do pai por qualquer motivo banal. Quando sua homossexualidade se tornou mais evidente, essas surras se intensificaram e contavam inclusive com as dos dois irmãos que, ao mesmo tempo em que o chamam de bichinha e lhe davam todo tipo de apelido degradante, cobriam-no de porradas quando os garotos da vizinhança implicavam com seu jeito de andar, com as roupas que vestia, com o corte de cabelo que ele passou a descolorir durante a adolescência valendo-se de frascos e mais frascos de água oxigenada. Embora eu achasse aquilo esquisito e até tenha chegado a afirmar com toda sinceridade, quando ele me perguntou o que eu tinha achado do novo corte e cor de seus cabelos, que não havia gostado e que aquilo o deixava com uma aparência ridícula, continuei sendo amigo dele, apesar de ele ter me mandado à merda quando expressei minha opinião. A verdade dói, machuca, porém eu não ia mentir para um amigo como ele que merecia toda minha consideração e carinho, apenas para agradá-lo.
Também foi durante esse último ano que nossa amizade se tornou mais próxima, o fato de cursarmos a mesma série do ensino médio e fazermos os deveres de casa juntos, possibilitou que nos afinássemos. Ele era bem mais expansivo e espevitado do que eu, o que lhe rendia mais a fama de veado; enquanto eu a adquiri não só pelo convívio com ele como por ser muito tímido e recatado. Éramos execrados pelos demais garotos, não nos queriam nos times de basquete ou voleibol durante as aulas de educação física por nos acharem muito “delicados”, ao mesmo tempo em que nenhum dos dois nem se aventurava a participar das peladas improvisadas num terreno baldio da rua em que morávamos, por total desinteresse pelo esporte.
Após a puberdade os ataques de bullying tanto na escola quanto na vizinhança aumentaram. Éramos constantemente cercados pelos garotos mais parrudos e sofríamos todo tipo de abuso tanto psicológico quanto físico. Foi quando me abri com meus pais, os informando que achava que também era gay como meu amigo Márcio, embora não tivesse plena certeza disso, uma vez que nem sabia direito o que era ser um homossexual. Enquanto o Márcio havia sido relegado a uma escória sem caráter pelos pais e irmãos, eu recebi todo o apoio da minha família. Lembro-me claramente daquele dia em que cheguei em casa chorando após ter sido encurralado contra um muro nas proximidades do colégio e dois garotos mais velhos e fortes terem arriado minha calça à força e apalpado descaradamente minha bunda diante do olhar excitado e maldoso de um bando de moleques. A reação dos meus pais foi de acolhimento e até foram à delegacia do bairro denunciar o abuso, uma vez que eu fui capaz de nominar cada um dos que bolinou com as minhas nádegas. O caso também repercutiu na escola, já que se tratava de alunos do mesmo colégio e, após o registro de um boletim de ocorrência, meu pai moveu uma ação judicial contra os abusadores e seus pais. Depois disso, a molecada me deixou em paz e preferiram o Márcio como bode expiatório de seus ataques homofóbicos, uma vez que ele não contava com o respaldo de ninguém; pelo contrário, até levaria uma surra do pai se comentasse os abusos que sofria na rua.
- Se minha família fosse como a sua, Serginho, eu estava feliz! Teus pais ficarem sabendo que você é gay não mudou o relacionamento de vocês, eles continuam te amando e te apoiando, já os meus vivem me ameaçando de me expulsar de casa. – lamentou-se numa ocasião o Márcio, depois de ter apanhado do irmão mais velho em plena rua por estar se engraçando com o filho do dono da mercearia do bairro.
Foi o Márcio quem me falou dele pela primeira vez, pois eu nem tinha reparado na família que acabara de se mudar para a nossa rua.
- Você já viu o filho deles? O cara é um deus de tão lindo! – exclamou ele todo entusiasmado pelo novo vizinho.
- Não! Até o momento não vi ninguém daquele pessoal. – respondi
- Em que mundo você vive? Não é à toa que, além de bicha, também te chamam de nerd. Você parece que só vive com a cara enfiada nos livros. – recriminou-me ele, inconformado com minha falta de interesse em ficar caçando os garotos mais atraentes.
- Eu não vivo com a cara enfiada nos livros! Que culpa eu tenho se nunca cruzei com ninguém daquela família? Não sou você para ficar correndo atrás de machos! – devolvi indignado
- Ainda vou descobrir como ele se chama e vou fazer de um tudo para ele comer o meu cu. Pelo jeitão marrento dele deve gostar de um cuzinho tanto quanto de uma boceta. Sabe como são esses caras exalando feromônios, não podem ver um buraco que logo querem esfiar seus pintões dentro deles. Ah! Só de imaginar ele me currando, minhas pregas já começam a piscar. – devaneou
- Credo, Márcio! Você fala cada besteira! Depois fica reclamando que todo mundo implica com você. Não é à toa, você dá motivo! – censurei-o.
- Você é uma bicha muito da preconceituosa, sabia? Fica se escondendo atrás de todo esse recatamento, mas vão vê a hora de sentir uma piroca nesse rabão virgem. – acusou-me.
- Não sou preconceituoso! Você não pode me acusar de preconceito só porque não fico esfregando minha homossexualidade na cara das pessoas feito você. Também não tenho pressa em perder a virgindade, só acho que tem que valer a pena e não com qualquer um. – retruquei.
- É porque você não sabe como é bom dar o rabo, se soubesse o que é sentir um cacetão duro entrando no cu não pensava em outra coisa.
- Você não presta, seu depravado! Eu hein! E vê se para de falar essas coisas perto de mim.
- Por que? O teu cu fica assanhado? Aposto que fica, e deve estar piscando agora que mencionei como é gostoso sentir uma rola deslizando para dentro do cu. – o pior é que ele parecia saber o que acontecia comigo naquela região tão sensível e resguardada.
- Besta! – exclamei irado
- Acertei na mosca! Eu sabia, sua bicha enrustida! Dá logo esse cu, veadinho! Se ele encruar, depois ninguém quer mais, aproveite agora enquanto é novo e os machos estão doidos para meter num rabo assim. – sentenciou malicioso.
Umas duas semanas depois o Márcio veio me chamar em casa com a desculpa de acompanhá-lo até a padaria onde a mãe o tinha mandado comprar algumas coisas.
- Vem comigo, mas troque essa roupa, você está parecendo um molambento, credo! – advertiu
- O que tem a minha roupa? Estou em casa, é verão e faz calor, e eu estou usando uma bermuda e uma camiseta simples, qual é o problema? – questionei, ao mesmo tempo de reparava que ele havia se produzido todo dentro umas roupas tão justas que pareciam coladas a silhueta dele.
- O problema é que com isso você não vai arrumar homem nenhum, sua bicha! Anda logo, troca de roupa e vem comigo senão minha mãe vai ter um chilique se eu demorar muito.
- Eu não vou trocar de roupa, fiz isso essa manhã depois do banho e vou desse jeito mesmo, se quiser minha companhia vai ter que ser do jeito que eu estou. – retruquei impositivo.
- Azar o seu! Você vem ou não, decida-se! Quando estiver velho e caduco não venha se lamentar comigo por não ter desencruado esse cu! – eu precisei rir do exagero dele.
Havia um motivo pelo qual ele estava todo elétrico quando veio me chamar, o tal do novo vizinho estava jogando bola no terreno baldio com os outros garotos da rua e estava sem camisa com a musculatura do tronco e os ombros largos cobertos de suor o que lhe dava uma aparência máscula e sensual.
- Não parece um deus, um Apolo ou outro daqueles deuses de tirar o fôlego de qualquer bocetuda rachada ou bicha, até das encruadas como você? – perguntou quando desaceleramos propositalmente o passo para contemplar os garotos correndo atrás da bola feito uns alucinados.
- É bonitinho, concordo! – exclamei
- Bonitinho? Bonitinho é o seu cachorro! Ele é lindo, é um tesão de macho, é tudo o que um veado precisa para ser feliz. – exclamou ele. – A propósito, o nome dele é Pedro e já me apresentei a ele anteontem. – emendou, como se estivesse nalgum tipo de vantagem em relação a mim.
Para se fazer notar o Márcio acenou para o rapaz que, determinado a fazer um gol nem se deu ao trabalho de acenar de volta. No entanto, percebi que ele reparou na minha presença. Foi algo sutil, porém aquele olhar que me lançou era, no mínimo, curioso.
- Viu como ele me encarou? Tenho certeza que ele quer me enrabar! Até já sinto os calores se espalhando pelo corpo quando a pica dele entrar no meu cu. Repara bem nela, veja como o volumão balança dentro do calção quando ele corre. Afff...meu cu já está piscando! – sentenciou o Márcio. Eu não o contrariei, até porque não podia jurar que aquele olhar era para mim, afinal ele era bem mais entendido nesse assunto do que eu.
- É só nisso que você repara? Aposto que nem reparou como ele lidera o time dele, nem como articula e dribla os adversários sem deixar de ser gentil e ter um belo sorriso. – retruquei
- Desde quando você entende alguma coisa de futebol, bicha? Não será o sorriso dele que vai preencher o meu cu, mas aquele volumão tentador. – devolveu ele
- Não entendo nada, mas um homem não se define apenas pelo pinto que carrega entre as pernas. Um homem é um conjunto de características, físicas e de personalidade. Claro que tem que ter seus atrativos, mas também precisa ser inteligente e culto, amistoso e atencioso, companheiro e carinhoso, isso sim é um homem para quem vale a pena se entregar. – afirmei
- Você e seu romantismo piegas! Veado, enfia uma coisa nessa sua cabecinha iludida, amor de macho é coisa só para mulheres, por nós, quando muito, eles só sentem tesão, vontade de nos foder o cu, nada mais! Portanto, esqueça essas tais características físicas e de personalidade e foque no que interessa, o caralho deles; quanto maior, melhor para nós! – no fundo, o Márcio carregava consigo as mesmas opiniões de seu pai e irmãos homofóbicos, o desprezo pelos homossexuais que, segundo eles, serviam apenas para serem subjugados, apanharem e, se lhes desse na telha, serem fodidos até seus cus ficarem arregaçados.
- Sua mãe não mandou você se apressar? Vamos indo que aqui não tem nada de interessante para se observar. – argumentei.
- Para que a pressa, vamos esperar um pouco para ver se eles fazem uma pausa. Talvez ele venha conversar comigo e eu te apresento. – retrucou ele
- Então vou voltar para casa! Não estou a fim de ver esses caras jogando bola.
- Você é a bicha mais chata que eu conheço! Volta para casa, eu vou ficar!
Deixei-o esperando pelo cara, o que eu soube no dia seguinte quando fui à casa dele, não aconteceu. Por ter demorado e ainda se esquecido de trazer um item do que sua mãe lhe havia pedido para comprar, ele acabou levando uma boa surra do pai e os vergões arroxeados ainda eram visíveis em seu rosto inchado. Ele nem me deixou entrar na casa, pois o irmão mais velho estava na sala assistindo televisão. Era um sujeito mal encarado que não parava em emprego nenhum por mais que uns poucos meses, e que costumava se juntar com uma galera que vivia assediando as garotas do bairro e arrumando confusão pelas ruas. Eu o temia pela maneira como me intimidava e ficava manipulando acintosamente seu falo para me provocar, enquanto me dirigia impropérios.
- O que está fazendo aí com essa bichinha do caralho? O pai não te mandou lavar o carro dele, o que está esperando? Quer que eu mesmo te dê umas porradas para você se mexer, veadinho escroto? – ameaçou o irmão quando enfiou a cara janela afora em nossa direção.
- Vá se foder! – berrou o Márcio, exasperando a ira do irmão que veio em nossa direção.
- O que foi que você disse, seu veadinho? É você quem vai se foder! – exclamou, dando uma bordoada na cabeça do Márcio que o fez perder o equilíbrio e precisar se escorar no portão para não cair. – E você, sua bichinha, o que quer aqui? Está a fim de sentir isso aqui nesse rabão gostoso da porra? Vem cá que eu te faço virar macho num piscar de olhos! – disse, dirigindo-se a mim num tom ameaçador, enquanto pegava no pau.
- Outra hora nos falamos! Tchau, Márcio! – despedi-me ligeiro, antes que aquele brutamontes das cavernas resolvesse fazer qualquer barbaridade comigo.
- Tchau, Sérgio! Tenho um montão de coisas para te contar! – devolveu o Márcio, enquanto outro safanão o atingia em cheio. – Para, seu filho da puta! Mãe, o Edson está me batendo! – emendou aos gritos.
Não o vi nos três dias seguintes, e nem me atrevi a voltar a casa dele, temendo dar de cara com aquele irmão cafajeste. Encontramo-nos no supermercado, por acaso, os vergões em seu rosto tinham agora um aspecto ligeiramente violáceo, mas ele estava exultante.
- Bicha, nem te conto! Estive com o Pedro ontem, falei de você e ele quer te conhecer o quanto antes. – foi logo disparando.
- Como assim, falou de mim? O que você disse para o cara? – perguntei preocupado
- Ora, o óbvio, o que ele certamente estava interessado em saber, que você é tão gay quanto eu. O que mais eu podia ter dito? – respondeu ele
- Ficou maluco? Você não pode sair por aí falando para as pessoas da minha sexualidade. Não é da conta de ninguém se sou gay ou não, isso só diz respeito a mim e a quem eu quero que saiba, não é um assunto público. – afirmei zangado
- Uma hora todo mundo vai saber mesmo, que mal tem? E eu só contei para ele. Tá, talvez para mais uns dois caras que estavam com ele no momento, mas foi só, juro!
- Eu devia te esganar, sabia! Nunca mais fale qualquer coisa de mim para os outros, especialmente sobre eu ser gay, ou vou deixar de ser seu amigo, entendeu?
- Arre, que você é cheio das frescuras! Desse jeito vai morrer sem nunca ter experimentado uma rola. – devolveu ele
- E daí? Não estou nem um pouco preocupado em conhecer ou experimentar rolas! Não quero parecer uma puta desesperada por machos! Vê se se toca, Márcio, estou te avisando, se voltar a espalhar que sou gay nossa amizade acaba no mesmo instante. – ameacei ferrenho.
- Pois bem, você devia me agradecer em vez de ficar aí me ameaçando! Foi o Pedro quem me perguntou sobre você e me pediu para que o apresentasse. As palavras dele foram – quem é aquele seu amigo lindão que estava com você vendo a nossa pelada na semana passada, acho que já o vi pelo bairro – veja bem, foi ele quem falou isso, não eu espalhando que você é gay. Eu só confirmei quando ele perguntou se você também era gay, e ele está querendo te conhecer. Até pediu para eu te levar na casa dele uma tarde dessas.
- O que no fundo dá mesma, não é? – retruquei ainda furioso. – Para que ele quer me conhecer? Não vamos nos encontrar no colégio quando as aulas recomeçarem? – indaguei, demonstrando certo desinteresse, embora não fosse fazer mal algum conhecer aquele rapagão musculoso e atraente, cujo físico já apresentava sinais de um homem e não de um garotão.
- Para jogar dominó ou Pif-Paf, sua besta! Ora, para que ele quer te conhecer, para ver se rola uma transa, para o que mais seria? É nisso que eles pensam o tempo todo, onde enfiar as picas e se dar bem! – retrucou o Márcio.
- Se for só isso, pode esquecer! Não estou a fim de ficar dando o cu por aí!
- Bicha burra! O que você quer, fazer passeios de mãozinhas dadas na praça? Trocar uns beijinhos e amassos nos becos escuros? Ficar de namorico no sofá da sala fingindo estar assistindo TV? – questionou sarcástico.
- Claro que não! Eu sei que ninguém mais faz essas coisas da época dos nossos avós. Eu só quero fazer amizade com um cara legal e, se rolar, aí sim deixar acontecer algo mais. – revelei
- Não adianta! Você vive no mundo desse montão de romances que fica lendo. Se toca, veado, esse mundo não existe. Mas eu não vou ficar aqui perdendo meu tempo e te explicando como a coisa entre dois caras funciona. Você quer ir lá conhecer o Pedro, ou não? – impôs, depois de perder a paciência comigo.
- Vou pensar, depois te falo!
- Ok! Se ele perder o interesse, não venha depois se lamentar de ter deixado escapar um tesão daqueles.
Passaram-se semanas sem voltarmos ao assunto. Contudo, eu percebi que ele estava se encontrando com o Pedro, pois andava mais assanhado do que uma cadela no cio, e que seus irmãos o estavam vigiando de perto suspeitando que ele andava liberando a bunda para algum macho das redondezas.
- Oi! Você é o Sérgio, amigo do Márcio, não é? Ele me falou de você! – disse o Pedro quando cruzei com ele enquanto passeava com o meu cachorro. Fiquei intimidado quando ouvi as palavras – ele me falou de você – uma vez que não sabia até onde o desaforado do Márcio tinha aberto aquela maldita boca depravada.
- Oi! É, sou eu! – consegui proferir a muito custo com aquele olhar me examinando da cabeça aos pés.
- Sou o Pedro! Estava a fim de te conhecer! Você curte jogar bola, podia entrar num time uma hora dessas. A galera é bem legal, eu me mudei para cá há pouco, mas logo me enturmei.
- Na verdade não curto muito, nem sei quais são as regras de um jogo de futebol. Naquele dia eu só estava acompanhando o Márcio e paramos para ver vocês jogarem. – admiti constrangido.
- É uma pena, seria legal ver você num short no time dos descamisados! – exclamou ele com um risinho malicioso, o que só aumentou a minha timidez. – Faz um tempão que eu não vejo um carinha ficar tão vermelho! – emendou, enquanto eu sentia meu rosto em brasa. – Te deixa ainda mais lindo!
- Não sabia que estava a fim de zoar comigo! – exclamei
- Não estou zoando! Acho essa timidez muito charmosa, combina com seu jeito! Posso te acompanhar no passeio?
- A rua é pública!
- Mas a companhia não é! – ele parecia ter sempre uma resposta pronta na ponta da língua e não parava de me lançar aquele olhar inquietante.
Durante os cerca de três quartos de hora seguintes ao caminharmos lado a lado, deu para notar que o Pedro era um garanhãozinho em desenvolvimento. Suas falas e atitudes não deixavam dúvida de que estava explorando todas as possibilidades sexuais. Não posso dizer que ele estava se saindo mal com as cantadas sutis que me dirigia me fazendo rir, ele era bom na paquera, sabia se valer do corpão sensual e da boa aparência aliadas àquela sagacidade que os homens desenvolvem para conseguir conquistar uma parceira, ou apenas trepar. O objetivo era evidente, queria transar comigo, notadamente quando foi percebendo que eu, se não era completamente virgem, não tinha estado com muitos caras. Apesar de não ter se gabado em nenhum momento, deixou claro que suas experiências sexuais não se restringiam às garotas e que alguns gays já tinham sentido a potência de sua rola, o que me remeteu ao Márcio que, certamente tinha sido um deles.
- Gostei de você! Quando podemos nos ver outra vez? – perguntou, quando dei o passeio por encerrado
- Legal! Também gostei de você! – logo percebi que não devia ter dito isso, mas já era tarde para remediar. – Qualquer hora dessas!
- Na quinta à tarde o Márcio ficou de passar em casa, venha com ele! Seria legal encontrar vocês dois!
- Vou ver se posso ir! Até!
- Até!
Então estava confirmado, o Pedro e o Márcio estavam se encontrando e transando, pois só isso explicava todo aquele assanhamento do Márcio.
Inquietantemente o Pedro não saiu da minha cabeça naquela noite. Rememorei nossa conversa descontraída, as indiretas dele, os gestos soltos, o buço ralo que lhe dava um ar mais maduro do que o de um garoto e que parece ele cultivava justamente com essa intenção, a maneira cobiçosa como tentava disfarçar sua atração pela minha bunda carnuda e roliça; ele havia conseguido se impregnar na minha mente. Me revolvendo agitado sob os lençóis acabei ficando com o pinto duro de tanto tesão, um tesão como nunca tinha sentido antes, uma vontade incontrolável de experimentar como era dar o cu para um cara pela primeira vez.
Mal havia terminado de almoçar e o Márcio estava na porta de casa, agitado feito uma libélula numa tarde verão. Tinha me esquecido que era quinta-feira e que o Pedro nos aguardava. Quando me conscientizei disso, senti um frio na barriga. Será que eu estava preparado para isso? Será que eu ia conseguir dar o cu pela primeira vez?
- Você ainda não está pronto? Veja se se apressa, ele está nos esperando! – exclamou exaltado.
- Aquieta o facho! Nem acabei de almoçar direito e não vou sair por aí feito um desesperado. – respondi.
- Você é mesmo um molenga! Molenga e burro! Um tesão daqueles nos esperando para uma suruba e você hesitando feito um debilóide. – retrucou ele
- Vá você! Não sei se estou afim!
- Como é? Não sabe se está afim? Pirou, ô bicha virgem? Essa é a sua chance de desencruar esse rabo e você fica fazendo cu doce! Além do que, ele deixou bem claro que quer nós dois lá. Não vou aparecer sozinho e correr o risco de não rolar nada. – essa afirmação dele me deixou surpreso e intrigado. Por que o Pedro tinha imposto essa condição, ele não me conhecia direito, não tinha como saber se eu estava disposto a trepar com ele?
- Não tenho o rabo encruado! Sou muito jovem e não tenho pressa de perder a virgindade.
Obriguei-o a esperar até o meio da tarde e passei um dobrado para controlar a ansiedade dele e todo aquele fogo que queimava no cu do puto. Até que em dado momento ele perdeu a paciência, correu na direção ao meu armário e começou a arrancar algumas roupas e jogá-las sobre a cama.
- Veste isso, veado! Não vai querer se apresentar diante dele feito um mendigo, vai? E passe um perfume, aquele que você costuma usar no colégio e que deixa os carinhas de pau duro farejando seu rastro, vai funcionar com ele também, tenho certeza. – eu comecei a rir. – E eu vou usar um pouco também, quero aquele macho com o pauzão mais duro possível!
Diante da casa do Pedro fui assolado por um medo incontrolável, não estava pronto para aquilo.
- Não vou fazer isso! Vou voltar para casa! – exclamei, dando meia volta e querendo sair correndo dali. Porém, já era tarde, o Pedro apareceu na porta e nos chamou para entrar, ao mesmo tempo que o Márcio agarrava meu braço me impedindo de fugir.
- Deixa de ser besta, veado! E, para de fazer cena que isso aqui não é um filme! – exclamou o Márcio, esmagando meu braço com uma força que eu não imaginava que ele tivesse.
- Oi! Vocês demoraram! Vamos entrar! – será que era o medo que me deu a impressão da voz do Pedro ser tão grossa e máscula?
- Estou com medo! – sussurrei para o Márcio
- Enfia esse medo no cu junto com a pica dele e entrega para Deus! Vai doer um pouco no começo, disfarça e aguenta que logo passa e depois, é só prazer. Será que vou ter que te explicar tudo, veadinho? – retrucou o Márcio, impaciente.
- Eu nunca fiz isso, você bem sabe!
- Sempre tem a primeira vez! Todo mundo já nasce sabendo como transar, não existe um manual a ser seguido, é só deixar rolar! – nunca senti tanta raiva dele por ter me metido naquela enrascada sem volta.
O Pedro nos levou para os fundos da casa, numa edícula, e trancou a porta depois de passarmos por ela. Enjaulado, era isso mesmo, eu estava enjaulado como uma presa a ser devorada. Fiquei me escondendo atrás do Márcio, assim quando ele fosse atacar, o devoraria primeiro e, quem sabe, com um pouco de sorte, se daria por satisfeito e me esqueceria.
- Você está lindo como sempre! – exclamou o Pedro, erguendo meu rosto cabisbaixo pelo queixo e me obrigando a encará-lo. Comecei a tremer feito juncos ao vento.
- Nos atrasamos por culpa desse molenga! Eu já estaria aqui bem antes! – intrometeu-se o Márcio se insinuando para ele.
- O importante é que vieram! Desde que te vi pela primeira vez estava com vontade de te conhecer melhor e, depois que o Márcio me contou que você também era gay, só fiquei imaginando nós dois juntinhos transando gostoso. – sentenciou o Pedro, percebendo minha insegurança naquele tremor incontrolável, o que o deixou excitado.
O Márcio não perdeu tempo, assim que notou a ereção se formando na bermuda dele, começou a alisá-la sem pedir permissão para isso e sem nenhum pudor, enquanto eu arregalava o olhar assombrado observando a desfaçatez. O Pedro apertou descaradamente a bunda dele o que o fez soltar um gemidinho em falsete e rebolar o esqueleto esquálido, ao mesmo tempo em que virava o rosto na direção do Pedro juntando suas bocas. Fui tomado por uma súbita onda de tesão, já não pensava em fugir, mas em assistir até onde aquilo os levaria. O Márcio enfiou a mão na bermuda do Pedro e liberou o caralhão dele, manipulando-o como se fosse o seu próprio. O Pedro terminou de se livrar da bermuda ficando completamente nu. Meu pinto foi endurecendo aos poucos, estava diante de um macho pelado e muito gostoso, não tinha como ficar indiferente. Apesar de ainda não haver uma barba constituída no rosto dele, só aquele buço escuro acima do lábio superior, e uma trilha de pelos encaracolados descendo do umbigo até a virilha onde se juntava a um denso matagal de pelos negros cercando o pauzão e o saco pesado onde as duas bolonas estavam bem distinguíveis, ele já tinha todos os sinais de um homem másculo e viril. A mão safada do Márcio brincava livremente com o sexo dele e o fazia arfar. Eu continuava petrificado, fora a tremedeira, nenhum dos meus músculos se movia, mesmo que meu cérebro ordenasse.
O Pedro continuava me encarando, estava mais interessado em mim do que naquela mão impudica que o bolinava. Ele me puxou pelo cangote para junto dele e me beijou lascivamente, aprisionando meus lábios, inicialmente entre os dele, depois entre os dentes com os quais me dava mordidas suaves, até enfiar toda a língua dentro da minha boca e me fazer sentir seu sabor. Nesse interim o Márcio se ajoelhou diante dele e começou a lamber e chupar o pauzão cabeçudo que segurava numa das mãos, dando curtas pausas nas quais punhetava o mastro carnudo e grosso fazendo o sacão sacolejar com seu peso. De quando em quando o Pedro grunhia ao sentir o Márcio sugando seu falo feito um bezerro, mas não desgrudava a boca da minha. Uma de suas mãos entrou pelo meu short e deslizou cobiçosa sobre as minhas nádegas volumosas e quentes.
- Tesão de bunda! – exclamou ao amassá-la com força e extrair meu primeiro gemido.
O Márcio não tirava a pica dele da boca, parecia querer devorar toda aquela carne rija e impetuosa. O Pedro puxou minha camiseta pela cabeça e desceu pelo meu pescoço dando chupões e lambidas até alcançar meus mamilos onde os biquinhos saltados e rijos denunciavam todo tesão que estava me consumindo. Ele abocanhou um deles, sugou-o como se estivesse mamando, o que o deixou amoldado como a teta de uma mocinha, passando então a morder e tracionar o biquinho até eu soltar um gemido. Meus braços pendiam ao longo do meu corpo, eu não sabia o que fazer com eles até ele pegar uma das minhas mãos, a beijar com carinho e a fazer deslizar sobre seu ventre trincado até mergulhar na virilha pentelhuda. Ele se divertiu com a minha mão tremula tateando ao redor do falo que tirou da boca do Márcio para me deixar tocá-lo e sentir como pulsava enérgico.
- Chupa minha rola! – ordenou com um murmúrio grave e sensual.
Precisou o Márcio forçar meus ombros para baixo me fazendo ajoelhar diante daquele mastro que agora estava ali todo a minha disposição. Demorei uns segundos para decidir o que fazer com aquilo e acabei por imitar o Márcio, segurei-o numa das mãos, chacoalhei e o coloquei na boca. Ao contrário do Márcio que conseguiu engolir quase a metade dele, eu só consegui abocanhar pouco além da cabeçorra. Paralisada, minha boca não se mexia, e o Pedro enfiou os dedos nos meus cabelos e socou a pica na minha garganta me sufocando.
- Mama! Chupa como se fosse um pirulito, chupa tesão! – ordenou impositivo, mas carinhoso.
Suguei a verga timidamente fazendo o Pedro grunhir, juntamente com a saliva abundante que começou a se formar na minha boca comecei a sentir o sabor levemente salgado de um visgo translúcido que minava da uretra dele, era delicioso. Isso me estimulou a mamar a verga com afinco e dedicação, os grunhidos do Pedro se intensificaram e ecoavam pelo ambiente excitando os três. Ao mesmo tempo em que lambia, chupava e mordiscava o pauzão reto, grosso e pesado circundado de veias saltadas, eu afagava o sacão e sentia as duas bolas pesadas se movendo dentro dele.
Enquanto isso, o Márcio e o Pedro se beijavam, as mãos vigorosas do Pedro deslizavam pelo tronco do Márcio, desciam até a bunda e apartavam as nádegas esqueléticas no interior das quais dois dedos tateavam sobre o cuzinho dele fazendo-o soltar gritinhos alvoroçados.
- Vou detonar seu cu de novo, veado puto, sem deixar uma única prega inteira! – afirmou o Pedro, confirmando mais uma vez que os dois já haviam transado antes.
- Fode macho! Fode meu cu! Enfia todo esse pauzão no meu rabo que eu estou aqui para isso! – devolveu o Márcio, dando meia volta e empinando o bunda na direção do Pedro.
O Pedro o agarrou pela cintura, debruçou-o sobre o canto de uma mesa velha encostada a uma das paredes e socou o cacetão no rabo do Márcio que gemeu com um sorriso de satisfação que dirigiu a mim. Ele ficou ali debruçado enquanto o Pedro montado nele e puxando-o pelos cabelos oxigenados, bombava com força num vaivém que fazia e jeba quase sair do cu para depois voltar a sumir nas profundezas dele. Só se ouviam os dois arfando e o bater do sacão do Pedro nas nádegas do Márcio. Atônito e com o pau tão duro que mal consegui movê-lo, eu observava a cena com o ânus se contraindo em espasmos desenfreados. Me puxando para juntos deles, o Pedro me beijou, devorava minha boca com o mesmo frenesi que fodia o cu do Márcio. E então, ele veio. Sacou a pica do rabo do Márcio, se posicionou atrás de mim esfregando o caralhão na minha bunda e começando por chupar minha nuca foi descendo lambendo minha coluna enquanto se agachava e abria minhas nádegas. Pensei que ia desfalecer quando senti a língua dele me lambendo o ânus pregueado e comecei a gemer e soltar uns ganidos enquanto ele cravava os dentes na carne polpuda dos meus glúteos. Os espasmos agora percorriam todo meu corpo, tão fortes que parecia estar convulsionando, e não havia nada que eu pudesse fazer para controlá-los. Pressionei os lábios ao sentir o dedo dele entrando no meu cuzinho, os esfíncteres anais fizeram o mesmo e aprisionaram o intruso atrevido. O Pedro o fazia rodopiar no buraquinho fodendo-o libertinamente. O ar me faltava, meu corpo estava imerso em sensações jamais imaginadas e eu gemia tresloucado. Ele voltou a me abraçar, me debruçou ao lado do Márcio na mesma posição e encaixou a virilha na minha bunda me fazendo sentir seus pentelhos no rego exposto.
- Talvez doa, mas eu te garanto que não tenho como evitar. – sussurrou arfando no meu cangote.
- Vai doer, bicha! Aguenta firme! – exclamou o Márcio. – O Sérgio é virgem, completa e totalmente virgem! – emendou, alertando o Pedro.
- Prometo não te machucar muito! – disse o Pedro.
Se já entrei nessa com medo, agora estava apavorado. Doer quanto? Machucar como? O que ele ia fazer comigo para estar me prevenindo? Por que o Márcio, que me contava todos os detalhes sórdidos das transas dele nunca me falou em dor e machucar? O puto me trouxe para cá para ser desvirginado e ele conseguir a simpatia e os favores do Pedro.
- Aaaaaaaiiiiii! – foi tudo o que ressoou pelo ar quando o caralhão entrou no meu cuzinho rasgando tudo o que encontrava pela frente.
- Sssssshhhhh! Calma, bicha! Relaxa, já vai passar! – exclamou o Márcio, enquanto o Pedro apertava minhas costas contra o peito dele e me envolvia ternamente em seus braços.
- Você travou o cuzinho, desse jeito dói mais e vai te machucar. Abre o cuzinho para mim, abre! – murmurou o Pedro, enquanto eu me perguntava como se faz isso quando nenhum dos seus músculos quer te obedecer.
Aos poucos, estocada após estocada, o pauzão deslizava para dentro do meu cuzinho distendido. Ia abrindo caminho como uma broca escavando um túnel na parede, e perpassando minhas vísceras contraídas. Aos poucos fui ficando ciente do que significava ter mais de um palmo de rola enfiada no seu cu arregaçado, o que era ser subjugado por um macho sedento, como era suportar passivamente todo o tesão de um homem excitado, cujas mãos bolinavam alucinadamente todo seu corpo. Era assustador e, ao mesmo tempo, maravilhoso. Minha musculatura anal amoldada àquele cacetão quente e latejante, aninhava-o enquanto se contraía ao redor dele. O vaivém lento e cadenciado movendo-o dentro de mim, a respiração ofegante e excitada do Pedro resvalando na pele do meu pescoço, a boca úmida dele querendo meus beijos quando puxava minha cabeça para trás pela cabeleira, o ímpeto e a voracidade com as quais metia fundo no meu cuzinho, o calor que vinha do corpo dele, a umidade de seu suor que fazia minhas costas colarem no peito dele, eu estava no paraíso, mesmo com toda aquela dor, eu tinha sido transportado para o Éden. Meus gemidos baixinhos coincidiam com as estocadas dele numa sincronia quase orquestral.
- Tesão da porra! Eu sabia que você só podia ser muito gostoso com essa bunda roliça e esse cuzinho apertado! Caralho de moleque tesudo da porra! Sente minha pica, sente moleque, sente ela te arregaçando gostoso! – grunhia o Pedro, me apertando com força em seus braços.
- Ai Pedro! – gemi libidinoso, expressando meu prazer que parecia estar explodindo meu corpo.
O Márcio notou que o Pedro estava se envolvendo demasiado naquela transa, que uma conexão entre mim e ele era tão evidente que quase podia ser palpada e, num arremedo, ele se pendurou no pescoço do Pedro e começou a beijá-lo freneticamente. O Pedro puxou o caralhão para fora do meu cuzinho e voltou a enterrá-lo fundo no cu do Márcio antes voltar a bombar feito garanhão cobrindo uma égua. O Márcio se esporrou todo, ganindo enquanto levava a pica no cu. Os jatos esbranquiçados iam se espalhando sobre a mesa e levantando o cheiro de sexo que ganhava o ar. Contudo, foram apenas algumas estocadas brutas, quase violentas, enquanto apertava o pescoço dele e o puxava para trás dominando-o com sua força e sofreguidão, dominando-o de forma animalesca, como se o estivesse punindo por estar entre mim e seus desejos carnais. Mesmo fodendo o Márcio, o Pedro voltou a puxar meu rosto para junto do dele e colou sua boca à minha. Dali vinha o prazer que ele almejava e não fazia segredo disso. Cinco minutos depois, ele estava novamente dentro de mim, socando a verga insaciada no meu cuzinho, gemendo e arfando com a maciez quente e úmida do meu ânus estreito. Enquanto isso o Márcio esfregava sua própria porra ao longo do cacete duro, o que me fez gozar, liberando um jorro vigoroso de esperma cremoso.
- Isso, goza, moleque, goza sentindo minha pica no seu cu! – exclamou o Pedro quando me viu todo constrangido esporrando fartamente.
Ele voltou a sacar a jeba do meu cuzinho, me virou de frente para ele, me ergueu pelas nádegas e me apoiou na beira da mesa posicionado entre as minhas pernas abertas. Lançou um olhar rápido para o meu cuzinho piscante, posicionou a chapeleta sobre ele e se empurrou todo para dentro de mim. Voltei a ganir e meu corpo estremeceu. Ficamos nos encarando enquanto ele bombava, ritmado e fundo, minhas mãos começaram a escalar seus braços, afagaram os bíceps e amassaram seus ombros largos. A conexão se refez, estava no brilho dos nossos olhares cúmplices, estava na cadência das nossas respirações. Lentamente, ele foi se inclinando sobre mim, a pica se movia em trajetos curtos nas minhas entranhas, nossos lábios se uniram e minhas mãos espalmadas sobre suas costas suadas deslizavam sem rumo sobre a pele quente arranhando-a. Ele estremeceu, uma forte contração no ventre e um urro gutural anunciaram o gozo. Levei uma das mãos ao rosto dele e o acariciei sentindo meu cuzinho se inundando lentamente de jatos contínuos de sêmen tépido e pegajoso. O olhar enigmático com o qual o Márcio nos encarava tinha algo de perturbador.
Sem nenhuma pressa de sair de dentro de mim após o gozo, o Pedro foi deixando a cacetão amolecer devagar, roubando-me beijos longos e tórridos que estavam entorpecendo meus lábios.
- Vão passar o restante do dia aí grudados feito cachorros? A fodelança acabou, deu por hoje! – exclamou o Márcio, desgostando dessa proximidade exagerada entre mim e o Pedro, enquanto vestia as roupas que ia catando, peça por peça, pelo chão.
- É, acabou! – ronronou desolado o Pedro, sem desviar aquele olhar prazeroso de mim, e deslizando as costas dos dedos pelo contorno do meu rosto. – Quando nos vemos novamente? – perguntou à meia voz para mim.
- Não sei! Logo, eu acho! – devolvi, ao sentir o enorme vazio que havia ficado no meu cu.
- Anda bicha molenga! Se apruma, tenho que correr para casa para não levar mais uma surra. – sentenciou o Márcio, praticamente me arrancando dos braços do Pedro.
Me vesti sob o olhar atento do Pedro, o corpo nu que tinha lhe dado tanto prazer ia ganhando o recato a cada peça vestida. Ele continuava nu, exibindo seu físico e aquela tora agora flácida que tinha deixado meu cuzinho ardendo em brasa e todo úmido. Ele nos acompanhou até a porta, mas não saiu. Me puxou uma última vez pelo braço e cobriu minha boca com a dele.
- Quero você logo! – sussurrou, antes de eu sair correndo atrás do Márcio que já estava na rua.
- Corre veado! Não percebi que já era tão tarde, meu pai já deve estar em casa me esperando com a cinta na mão, e eu ainda preciso passar na sua casa para trocar essa roupa. – disse esbaforido o Márcio que corria pela calçada na minha frente. – Me ajuda a inventar alguma desculpa. Corre cacete, não sabe o que é correr? – acrescentou.
- Como é que você quer que eu corra, parece que cavaram um túnel no meu cu e eu estou todo molhado por dentro? Não consigo ir mais rápido! – devolvi. – Quem mandou você se fantasiar feito uma dragqueen com esse shortinho cheio de lantejoulas e essa coisa que nem se parece com uma camiseta? Aliás, onde foi que você achou essa coisa, mais parece uma blusinha de mulher? – perguntei, não conseguindo alcançá-lo por mais que forçasse apressar os passos.
- E você acha que eu ia num encontro com um bofe feito um molambento como você? Homens gostam que a gente se produza todo para eles, sabia? Foi a minha vizinha Tatiana quem me emprestou a blusinha, e ela é maravilhosa! Você é uma bicha muito da insossa! – retrucou.
- Bem, que eu saiba, o fato de eu ser gay não muda a minha condição de homem, continuo a ser um e não pretendo mudar. Ademais, se eles quisessem uma mulher podem se valer de uma que nasceu biologicamente mulher, e não alguém que se traveste de uma, já que nunca vai alcançar a perfeição de uma mulher de verdade. Gosto não se discute, mas eu jamais vestiria um troço desses e, quer saber, você fica parecendo uma putinha nessas roupas! – devolvi sincero.
- Pare de filosofar, sua bicha reprimida e corre, veado, ou estou fodido!
- Fodido você já está, ou se esqueceu que acabou de dar o rabo? – ponderei
- Cala essa boca e anda porra! Você entendeu o que eu quis dizer!
O Márcio tinha essa mania de se vestir escandalosamente para chamar a atenção, o que, na minha opinião, era completamente desnecessário, pois apenas sua voz e suas atitudes já deixavam claro que se tratava de um gay. Esse comportamento era o responsável por ele quase não ter amigos, as pessoas se afastavam dele. Bem como, era uma das razões pelas quais o pai e os irmãos o perseguiam e castigavam. Eu não me importava de ser visto na companhia dele, sabia que por trás daquilo tudo havia uma pessoa com sentimentos e uma miríade de frustrações com as quais ele lidava mal, porém sua amizade era sincera e eu lhe dedicava o mesmo. Durante todos aqueles anos foi a nossa amizade a única fonte de carinho que ele vivenciou.
- Bicha, você está todo ensanguentado, o macho arregaçou mesmo o seu rabo! – exclamou quando, no meu quarto, ele trocava de roupa com a qual podia aparecer em casa e eu me enfiava debaixo do chuveiro para lavar toda aquela umidade do meu rego.
- E porque você acha que eu não estava conseguindo correr? Estou todo dolorido!
- Mas, confessa! O machinho é bom de foda, não é? Deu conta de nós dois com aquele pintão de cavalo.
- Bruto feito um cavalo ele é, sem dúvida! – respondi, não querendo admitir que, apesar do que estava sentindo, tinha gostado da transa e de sentir a pegada firme de um macho.
O safado do Márcio fotografou a minha cueca suja de sangue que eu havia deixado sobre a cama ao entrar no chuveiro e a mandou para o celular do Pedro sem eu saber. Só descobri quando o Pedro me mandou uma mensagem no Whatsapp pedindo desculpas por talvez ter sido um pouco bruto e afoito demais ao enfiar sua rola no meu cuzinho. Por sorte ele não estava por perto quando vi a mensagem, pois senti uma vergonha enorme por ter sido tão exposto.
- Seu puto miserável! Para quem mais você mandou aquela foto da minha cueca? Como teve coragem? É por essas e outras que ninguém quer ser seu amigo! Eu juro que se essa foto for parar nas mãos de mais alguém, eu vou pessoalmente na sua casa e conto para o seu pai tudo o que você anda fazendo por aí e que roupas anda usando quando está fora de casa! Também conto sobre seus encontros com o Jaime do posto de gasolina, ou você acha que eu não sei que faz um tempão que vocês andam trepando? – ameacei
- Ai veado! Sua bicha do mal! Eu só mandei a foto para o Pedro, juro pelo meu cu!
- Bicha do mal é você, seu traíra!
- Pois fique sabendo que ele adorou ver a foto. Disse que não vê a hora de te pegar outra vez! Você devia me agradecer por eu ter te levado lá, ingrato!
- E você está avisado, se mais alguém souber disso, adeus nossa amizade e nem estou aí com o que seu pai vai fazer de você!
Me encontrei diversas vezes com o Pedro durante aquelas férias de verão. Eu estava maravilhado com aquelas tardes que passava nu deitado na cama dele, onde seu cheiro másculo estava impregnado em tudo, depois de transarmos e ele ficar deslizando as pontas dos dedos sobre o meu corpo.
- Você é lindo, Sérgio! Lindo, gostoso e carinhoso! Nunca um gay foi tão afetuoso comigo, nem me deu beijos tão tórridos quanto os teus. – afirmava ele, embevecido pelo prazer de me ter ali ao seu lado após os coitos em que se saciava no meu cuzinho.
- Também gosto de estar aqui com você! – e era verdade.
Era uma felicidade como eu nunca havia sentido nem compartilhado com ninguém. Eram tardes em que algumas vezes uma chuva torrencial de verão caía lá fora e respingava nas vidraças da janela do quarto dele e, em outras, nas quais o sol ia se pondo devagar e sua luz dourada banhava nossos corpos nus entrelaçados até a penumbra anunciar a chegada da noite e nos vermos obrigados a nos separar por alguns dias até que nova oportunidade surgisse para desfrutarmos o anonimato e a cumplicidade daquela relação.
- O Márcio está insistindo comigo para marcarmos outra suruba como a da sua primeira vez, mas eu não estou afim. Quero que você saiba que eu só me aproximei dele e transei com ele para que ele te trouxesse para mim, já que você sempre se mostrou arredio às minhas abordagens. Não quero nada com o Márcio, não curto gays como ele. Eu gosto do que tenho com você, essa paz, esse sexo carinhoso, suas mãos me afagando, sua discrição em cada gesto e atitude. – confessou ele.
- Ele andou me perguntando se eu estou me encontrado com você sem ele, eu fui sincero, disse que duas vezes, pois até então só foram duas vezes. Ele me pediu para vir comigo nas próximas, mas não sabia se você ia gostar. Acho que você deveria falar com ele abertamente, não me sinto bem mentindo para um amigo. – argumentei
- Você tem razão, vou levar um papo com ele e esclarecer tudo. – foi o que ele fez uns dias depois, pois o Márcio veio ter comigo soltando fumaça pelas ventas como uma locomotiva desembestada.
- Você me acusou de ser um traíra, sua bicha, mas o traía aqui é você! Anda trepando a torto e direito com o bofe machinho e me deixando de fora. Qual é a sua, quer tudo só para você, egoísta? Você ainda seria virgem se não fosse por mim. Fui eu quem te levou até o machinho, esqueceu? – despejou raivoso
- Eu nunca pedi para você me levar até ele e, pelo que eu saiba, foi ele quem te pediu para me levar até a casa dele, pois fazia um tempo que estava afim de mim. Por mim, pode ficar com ele, não vou ficar disputando homem algum com outro gay. Abro mão dele se isso te deixar feliz, sem o menor remorso! – retruquei.
- Depois que te enrabou ele não quer mais nada comigo, ficou enfeitiçado seja lá pelo que tem nesse seu rabão.
- Então não vejo motivo para você ficar puto comigo. Eu respeitaria a decisão dele, como respeitaria a de qualquer um que não se mostrasse interessado em mim. Não dá para forçar uma situação. – afirmei
- O problema é que todo macho que vale a pena só se interessa por você! Caralho de bicha afortunada! Se eu tivesse nascido com uma bunda como a sua não perdia macho algum.
- Talvez seja essa a nossa diferença. Eu não estou a fim de todos os caras, só daqueles que tem algo mais que tão somente uma pica, por maior que ela seja.
- Isso é papo de bicha reprimida! Nem vou perder meu tempo ouvindo essa baboseira!
O fim das férias deu início ao nosso último ano no ensino médio. Como era o primeiro ano em que o Pedro estudava no colégio após se mudar, as garotas caíram matando em cima dele, uma vez que fazia o gênero de macho com o qual toda fêmea sonha para garantir uma prole fecunda. Foi a primeira vez que senti ciúmes de alguém. Era ridículo, eu sabia, nossas tardes juntos fazendo sexo não significavam um relacionamento e, muito menos, qualquer tipo de compromisso. Porém, eu não conseguia evitar aquele sentimento por mais que tentasse.
- Ciúmes? Não tem porque, eu garanto. Não saí nem peguei nenhuma daquelas garotas, juro! Só quero você! Nunca vou encontrar nada nem parecido nelas do que o seu cuzinho apertado onde posso gozar à vontade sem me preocupar com qualquer consequência. – disse ele quando percebeu que eu me sentia inseguro em relação as garotas que o assediavam.
- Não estou com ciúmes! – menti. – Sei que não temos compromisso algum e que um dia essas tardes e nossas transas serão apenas uma lembrança. É que eu gosto de estar com você, de me aninhar em seus braços, de te sentir vibrando dentro de mim e me presenteando com seu sêmen. É coisa boba de gay, não se sinta preso a nada, se gostar de alguma garota e quiser ficar com ela, apenas seja sincero comigo e me avise. – propus.
- Proponho o mesmo a você, se um dia conhecer um carinha mais interessante do que eu, eu pulo fora, sem mágoas ou arrependimento. – devolveu ele.
Em nosso encontro seguinte, ele me presenteou com uma pulseira masculina de couro com fecho e um bridão de prata no qual mandou gravar meu nome. Não passava de uma bijuteria de design bonito, porém barata. Entregou-a numa caixinha junto com um sorriso abobado alguns minutos depois de encharcar meu cuzinho com seu esperma pegajoso.
- É para você nunca se esquecer de mim, seja lá que rumo nossas vidas vão tomar. – afirmou. Eu o beijei cheio de ternura, afaguei seu rosto onde uma barba cada dia mais densa começava a se formar, e fui abrindo vagarosa e sensualmente as pernas encaixando-o no meio delas deixando escapar entre os lábios – Entra em mim – o que levou uns poucos minutos para acontecer quando seu caralhão voltou a deslizar para as profundezas do meu ânus.
Ele, de fato, não se envolveu com ninguém ao longo daquele último ano de colégio, assim como eu. Fomos fieis um com o outro, o que talvez significasse que havia algo mais que apenas sexo entre nós dois.
Com mais um final de ano se aproximando e os resultados das provas saindo, o Pedro e eu concluímos o ensino médio, ao passo que o Márcio levou bomba mais uma vez, selando definitivamente seu destino profissional. Eu o havia chamado inúmeras vezes para estudar comigo e com o Pedro quando saíram as primeiras notas bimestrais e ele tinha se saído mal em quase todas, mas ele nunca nos perdoou por termos ficado juntos sem ele.
Eu entrei na faculdade no início do ano seguinte e fui estudar em outro Estado. No começo até continuei mantendo contato pelo Whatsapp com os dois, porém os afazeres e a rotina estafante de estudos foram tornando esses contatos cada vez mais escassos e espaçados até findarem sem um motivo aparente, quando todo meu tempo precisou ser dedicado ao trabalho e à pós-graduação que se seguiu imediatamente após a conclusão da faculdade. Nesse período minha família também se mudou do bairro e nunca mais tive notícias do Pedro ou do Márcio.
Haviam se passado 15 anos. Era um sábado de uma noite gelada de julho e o Felipe e eu estávamos comemorando num restaurante um ano de namoro que estava prestes a se transformar num relacionamento cujos planos avançados de morar juntos já tinham sido delineados. Era um local pequeno e aconchegante, todas as mesas estavam ocupadas praticamente só com casais em diferentes faixas etárias. Uma música orquestral fazia o fundo para o burburinho das conversas em voz baixa. O Felipe e eu já estávamos na sobremesa, nos encarando enternecidos e ansiosos pela trepada que ia acontecer tão logo chegássemos ao apartamento dele.
- Todos sentados e quietos, sem nenhuma gracinha se não quiserem levar chumbo na cabeça! – gritou alguém de próximo da porta de entrada quando quatro sujeitos invadiram o restaurante com as armas em punho.
A inquietação e o pavor tomaram conta de todos, os poucos que fizeram algum gesto mais largo receberam uma coronhada na cabeça ou um soco na cara, independente de serem homens ou mulheres. As que soltaram um grito foram contempladas com uma bofetada na boca e perderam o fôlego. O dono do restaurante e alguns garçons tentaram tranquilizar os clientes e se mostraram solícitos com os assaltantes que foram de mesa em mesa, num arrastão, recolhendo tudo o que havia de valor com os clientes apavorados. Na ação rápida, entre os quatro, eu o reconheci mesmo a certa distância, o Pedro com uma pistola na mão socando a cara de um cliente meio parrudo que ousou encará-lo desafiador. Assim que socou o sujeito, ele me viu e caminhou ligeiro em direção à nossa mesa onde outro comparsa nos obrigava a entregar tudo com o cano do revólver apontado para a cabeça do Felipe. Por uns breves segundos ele parecia não saber como agir e me encarou em silêncio.
- Devolva tudo que pegou! – ordenou ao comparsa que, incrédulo ficou sem saber o que fazer, pois seus olhos haviam se arregalado para os relógios caros que o Felipe e eu tínhamos nos pulsos.
Eu estava tirando o meu para entregá-lo ao sujeito quando o Pedro notou que além do relógio no meu pulso estava a pulseira que ele havia me dado, desgastada pelo tempo, mas que eu guardava como se fosse um talismã. Ele olhou para mim com aquele mesmo olhar e expressão que se formava em seu rosto quando estava ejaculando no meu cuzinho e eu tocava de leve seu rosto percorrendo com as pontas dos dedos o contorno de sua boca que em seguida ele juntaria com a minha.
- Ficou louco? Esses relógios valem uma puta grana! Esses filhos da puta podem comprar outros sem o menor esforço. – disse o comparsa ainda atordoado pela ordem do Pedro.
- Mandei devolver tudo, porra! Quer que eu meta um balaço nessa cabeça de merda aqui mesmo? – ameaçou o Pedro, ao mesmo tempo em notava como o Felipe segurava minha mão entrelaçando seus dedos com os meus para me transmitir segurança.
- Fique com o relógio, é um presente para você! – balbuciei com a voz trêmula, estendendo o relógio na direção do Pedro. O Felipe me encarou como se eu tivesse perdido o juízo. – Para nunca se esquecer de mim! – acrescentei
- Teu melhor e mais valioso presente você já me entregou. Nunca te esqueci, e nem vou! – exclamou o Pedro. O Felipe e o comparsa não estavam entendendo mais nada daquela situação surreal.
- Mesmo assim, eu ficaria muito feliz se você o aceitasse! – afirmei. Quando o depositei em sua mão ela estava suada e se fechou ao redor da minha envolvendo-a com a mesma quentura daquelas tardes em que nossos corpos se regozijavam do sexo que saciara todos os nossos desejos.