Quando falaram em criar um time feminino e várias mulheres se interessaram, eu achei que eram pessoas acostumadas a jogar, mas não foi bem assim. Dividiram os times e, quando parti com a bola no pé, foi um bolo de gente atrás de mim, puxando colete, cabelo, braço, perna e tudo mais. Acho que caí mais do que o Neymar em todas as suas partidas pela seleção.
Toda hora o jogo era paralisado, ou pelo organizador, ou por duas moças que entendiam um pouco mais. Elas estavam revoltadas e, embora estivesse dando tudo errado, eu estava me divertindo muito. Aquele caos estava engraçado. No fim, eu consegui marcar um golzinho e fazer um "J" para a gatinha que estava me assistindo da arquibancada, bem puta com quem me derrubava. Ouvi-la bravinha deixava tudo mais cômico. Juh não gosta de confusão, mas gosta menos ainda de me ver em situações desfavoráveis.
— Gostou desse jogo feio? — perguntei, dando um selinho sem encostar muito. Eu estava suada.
— Ninguém jogou bola, jogaram foi você no chão de um lado para o outro — disse-me, e eu ri.
— Não leva tão a sério, amor... O pessoal tá aprendendo — falei, ainda rindo.
— Mãe, acho que meu time ganha do seu — disse Milena.
— Sabe que eu concordo?! — respondi.
— Mãe, no próximo jogo faz outro gol e faz um "M" e um "K" com os dedos — pediu Kaique.
Fiquei pensativa, como eu ia fazer um "K"?
— Como, filho? "K" não dá... — falei.
— A gente aprendeu na internet — os dois começaram a contorcer minha mão até que saiu uma coisa parecida com a letra.
Fiquei olhando um tempo e concluí:
— Se reparar com paciência e vontade, parece um "K"... Só não sei se vou conseguir reproduzir isso de novo e também não sei se consigo fazer outro gol — falei.
— Claro que consegue, a gente vai torcer muito! — disse Mih.
— Ahhh, então acho que quero um abraço de vocês três agora — falei.
— Nãooooo — disse Kaká, enquanto corria junto com Mih para longe.
Eles dois dispararam na frente em direção à nossa casa, mas eu consegui alcançar Juh. A gente se desequilibrou e caiu sobre a grama de um dos vizinhos.
— Você é maluca, amor! — disse, rindo.
— Por vocês! — completei e a beijei.
Levantamos e fomos até as crianças, que já estavam no portão de casa.
— Só abro se eu ganhar um abraço de cada — falei, erguendo as chaves.
Eles me olhavam com um risinho no rosto e, quando avancei para cima deles, desviaram-se e eu ouvi o barulho do portão abrindo. Olhei para Juh e ela ria.
— Aaaah, assim não vale... — falei, segurando-a por trás. Júlia havia usado a chave dela.
— Lógico que vale, ganhamos! — disse-me, enquanto a gente entrava e eu beijava o seu pescoço.
Deitei no chão e ela deitou comigo. Fiquei mexendo no cabelo dela e pensando. Sabe quando você conhece tanto a pessoa que consegue sentir que ela não está bem, mas está ali há horas tentando transparecer que tudo está em ordem? Era a minha sensação com Juh esse dia inteiro.
— Quer partilhar o que sua cabecinha tá pensando ao longo desse dia? — perguntei, enquanto enrolava o seu cabelo no dedo.
— Como que você descobre? — perguntou, enquanto deitava sobre o meu braço.
— Você me ama mesmo, não é? Porque eu estou completamente suada — falei, rindo.
— Como sabe? — insistiu.
— Eu sei que há algo errado até pela sua respiração — falei e dei um selinho. — Fiz gracinha o dia todo para ver você dar aquele lindo sorriso que eu sou apaixonada e só você tem... Vieram algumas réplicas, bonitinhas até, mas não se comparam ao original... Quer conversar?
— Não... Não é nada de novo, nada que você já não saiba... — disse, respirando fundo.
— O que eu posso fazer para você dar um sorriso gostoso? — perguntei, ajoelhando e deixando seu corpo entre minhas pernas.
— Huuuuuuuuuuum — fingiu pensar. — Posso pedir tantas coisas — falou.
Eu sorri e a beijei.
— Continua fazendo isso — disse-me, sorrindo.
— É? — perguntei, pertinho da sua boca.
— Hunrum... — confirmou, cruzando os braços no meu pescoço. — E continua sendo engraçadinha, você faz isso como ninguém.
— É mesmo? — questionei, rindo, e novamente ela confirmou.
Colei nossos lábios e suspendi a minha mão, girando a torneira externa e deixando que uma água gelada caísse sobre nós duas. Juh se assustou e eu saí de cima dela na intenção de correr, mas ria tanto da cara que ela fez que me desmanchei no chão, não indo muito longe.
— Loreeeeee — falou, alto.
— Que foi, amor? Você pediu para eu ser engraçadinha — fingi 'demência'.
— Com as crianças! — se explicou.
— Aaaaaah, eu não sabia... — brinquei.
De repente, senti um forte jato nas costas. Com certeza, ela tinha conectado a mangueira. Levantei, ainda rindo, e coloquei a mão na frente para me proteger, indo até sua direção. Ela estava se divertindo e eu queria prolongar aquilo.
— Vou te pegar, Júliaaaaa! — gritei, indo atrás dela, que soltou a mangueira e saiu correndo.
Desliguei a água e continuei atrás dela. Sem muita dificuldade, Juh estava dentro dos meus braços e ria, ria de forma natural, com o sorriso original que eu sou fã.
— Te amo, te amo, te amo, te amo... — fiquei repetindo no ouvido dela enquanto depositava dezenas de beijinhos por onde eu conseguisse.
Ela pulou na minha cintura e retornamos para onde estávamos deitadas. Fiquei por cima dela e a beijei. Dessa vez, ela abriu a torneira, apontando o bico da mangueira no meu rosto. Apertei os peitinhos dela e mostrei sua roupa completamente transparente, dizendo:
— Que linda essa combinação de blusa branca com água.
— A culpa é toda suaaaa — disse, rindo, e jogando água em mim.
— Olha como tá com os faróis acesos! Eu, fazendo uma inocente brincadeira, e você deve estar aí com mil pensamentos obscenos envolvendo meu corpinho — falei, para abusar. Eu tinha 100% de certeza de que era pelo frio.
— Não é verdade, amor... — falou, pondo as mãos para que eu parasse de olhar.
— Aqui, olha, para acabar com esse seu fogo — peguei a mangueira e coloquei dentro do short dela.
— Que horrooooor! — exclamou, mas ria. — Eu acho que, se eu te jogar no mar, ele que pega fogo — rebateu, e nós rimos.
— Chega de gastar água, né? — falei, fechando de vez, e ia me levantando.
— Pera... Me dá outro beijinho... — pediu, cheia de manha.
— Claro que sim... — disse, segurando seu rosto e a beijando com toda a minha vontade. Juh correspondeu na mesma intensidade e finalizou me abraçando bem forte.
— Eu também te amo, te amo, te amo, te amo, te amo... Muito! — disse ao meu ouvido. — Obrigada por transformar meus dias assim... Na simplicidade, você torna o nosso cotidiano sublime...
— E o planeta? — ouvi a voz de Mih surgir na porta.
Nós duas olhamos em sua direção e eu rolei para o lado da minha muié, até então, estava por cima dela.
— Não entendi — falei.
— A senhora disse que não pode gastar muita água, e tá tudo molhado — explicou o advogado dela, Kaká.
— Aaaaaah, agora sim... Nem se compara ao que vocês aprontaram aqui, mas nós vamos tomar mais cuidado. Obrigada pelo aviso! — falei.
— A mãe de vocês estava muito suada, aí dei um banho nela — disse Juh, e eles riram.
No outro dia, que seria nosso primeiro na academia, a muié simplesmente grudou em mim, dizendo para a gente ficar mais uns minutinhos na cama. Fui cedendo, cedendo, cedendo, e quando o segundo despertador tocou, já estava no horário de me arrumar para o trabalho.
— Queimamos o primeiro dia — falei, rindo.
— À noite nós vamos. Tava muito gostosinho ficar no seu abraço — falou, me dando um beijinho no rosto.
— Queria poder ficar o dia inteiro assim... — falei, ao fazer carinho no seu cabelo, já levantando. — Mas esse final de semana a gente faz isso!
Ela levantou para acordar as crianças e eu fui me higienizar. Quando passei na porta do quarto de Kaká, estavam os três acordados, mas agarradinhos, como se quisessem voltar a dormir.
— Assim não dá — falei, rindo. — Tá aplicando o mesmo golpe nos nossos filhos!
— É inevitável, muito bom ficar assim — disse, sorrindo e acarinhando o rostinho dos dois.
— Nem vou me juntar, senão não vou querer sair — falei.
— Vem... — pediu, esticando o braço, e, obviamente, eu fui.
Dei vários beijinhos no pescoço deles, que nada diziam, só nos abraçavam e curtiam aquele momento.
— Banho, gatinhos... — lembrei, e com muito sacrifício, foram.
No carro, Milena me perguntou:
— A gente pode assistir filme de Natal ou isso vai deixar a senhora e a mamãe tristes?
— Podemos, sim... Já sabe qual quer ver? — Perguntei.
— Já! — Respondeu, animada.
— Sábado nós assistimos, ok? — falei, e ela confirmou, animada.
— É desenho? — Perguntou Kaká, e ela balançou a cabeça positivamente, o contagiando com a empolgação.
O dia foi tranquilo. Quando os peguei na escola, estavam tão felizes falando sobre os filmes que resolvi adiantar para a noite de sexta-feira mesmo.
Ao chegar em casa, os ouvi gritar:
— Vovô!!!!!
Imaginei que era meu sogro, mas me surpreendi quando entrei e vi que, na verdade, era o meu pai.
— Oxe, que milagre é esse? — Perguntei, o abraçando.
— Seus irmãos fizeram uma besteira com esse negócio de site aí, e Juh está ajudando a resolver — me respondeu.
— Prejuízo? — Perguntei.
— Dos grandes... — me respondeu.
Meu pai estava usando uma camisa do Minas. Perguntei se teria jogo e ele confirmou, dizendo que assistiria com a gente e depois iria para a casa de Lorenzo conversar.
Me dirigi ao escritório e lá estavam as duas lado a lado. Loren, aparentemente, mandando áudios, e meu amor mexendo no notebook.
— Oi... — falei baixinho no ouvido dela e dei um beijinho. — O que aconteceu?
— Alguém aplicou um desconto alto em todos os produtos comprados pelo site e... Muita gente comprou... Só que nas faturas aparecem o valor real... — me disse.
— Huuuuuum, deu ruim mesmo — falei. — E o que você tá fazendo?
— Organizando o site e confirmando quem foram as pessoas que compraram com desconto, para garantir que paguem o que estava sendo anunciado — me respondeu.
— Parece complicado — constatei. — E Loren?
— Tá pedindo desculpas para os clientes que conseguimos entrar em contato — me informou.
A voz da minha irmã estava trêmula, a bichinha se encontrava bem nervosa, e não era para menos. Pelo que conheço meu pai, embora bravo pelo prejuízo, ele não pegaria tanto no pé dos dois, mas minha mãe... Se ela já soubesse disso, acho que sobraria até para mim, que não tenho nada a ver.
— Cadê Lorenzo, amor? — Perguntei.
— Em reunião com o pessoal que tem acesso às configurações do site — me respondeu.
Provavelmente, a conversa do meu pai com ele seria sobre esse encontro.
Fui tomar banho e, quando voltei, minha irmã tinha acabado de se desculpar com o pessoal e suspirava com as mãos nas têmporas.
— Não fica assim, já foi... Agora é focar em resolver e não deixar acontecer novamente — falei, fazendo carinho nela.
Meu pai entrou, e logo Loren mudou de postura. Ela jamais se deixaria ser vista como frágil por ele, profissionalmente falando. Levantou-se e começou a explicar que pediu desculpas a cada um dos clientes e que Juh conseguiu identificar quem eram, mostrando o valor total que deixariam de receber.
Ele estava sério, porém tranquilo, a escutou atentamente e disse que, depois da partida, conversaria com Lorenzo e ela.
— Quero te contratar, Juh — falou.
Depois de rir da proposta, ela percebeu que era séria.
— Não, sogro... Apesar da formação, eu sou apaixonada mesmo é pela educação... — disse, desconcertada.
— Uma pena, ajudaria muito na equipe... Mas pense um pouco mais, depois você me responde — falou, e ela assentiu.
— Já que o acesso ao site agora, aqui em Salvador, tá restrito à gerência, e Loren disse que ainda esse mês haverá reajuste nos preços, posso ajudar na reorganização do site, já que vocês estarão focados em resolver esse problema... E vai ser bom para eu fazer algo de útil durante o dia — sugeriu meu amorzinho.
— Injusto — declarou meu pai.
— Super justo, vocês sempre me ajudaram, e nós somos uma família — respondeu Juh, e ele aceitou.
Começou o jogo e, mais ou menos no segundo set do clássico, meu irmão mandou mensagem para Loren informando que já havia chegado. Fomos lá para conversarmos.
— Estou me sentindo um fracassado — falou meu irmão, mergulhando o rosto na pia.
— Conseguiu descobrir de quem foi o acesso pelo sistema? — Perguntou minha irmã.
— Foi o cara novo, não foi culpa dele, coitado... — Respondeu meu irmão.
— Toda situação vital é comum a existência de erros. Usem isso como um aprendizado, para que não ocorra novamente. Pelo que eu vi, vocês estão se esforçando para resolver da maneira correta, tiveram uma comunicação aberta com nosso pai... O que a gente sabe é que já aconteceu, cuidem para o erro não se repetir — falei.
— Lore, não é tão simples assim... Foi um erro grave, você não entende... — disse Lorenzo.
— Imagina se dá um bug e todas as consultas na clínica abaixam o valor... Por um dia inteiro! — disse Loren.
Fiquei mais pensativa.
— O tal valor é alto e assusta olhando por inteiro... Mas se a gente dividir por três... — falei.
— Mas você não tem nada a ver... — disse Lorenzo.
— Acho que assim a consciência de vocês ficará mais tranquila, não vão ficar devendo nada a ninguém, e eu sei que o que mais está deixando vocês emocionalmente abatidos é a sensação de ter desapontado nosso pai... — disse-lhes.
Nada mais falaram. Deitei com eles e, por um instante, não eram dois tonhões de 32 e 22 anos, e sim meus irmãozinhos.
— Chega de grude, bora no banco, a gente transfere para Lorenzo e ele para a empresa... Eu dirijo — falei, levantando, e eles me seguiram.
— A gente vai devolver a sua parte — falou Loren.
— Tá, mas não tenham pressa, sou uma boa agiota, não bato e nem mato — falei, rindo, e eles soltaram um sorrisinho sem graça.
— Quando eu fizer piadas, agora vocês têm que gargalhar em gratidão — brinquei, e eles forçaram uma gargalhada, entrando na zoação.
Fizemos todos os trâmites e voltamos com o comprovante para que eles mostrassem ao nosso pai na conversa que teriam. O ar já estava mais leve, com certeza foi uma boa decisão.
— É melhor não colocarem meu nome nisso, digam que vocês resolveram como acharam justo. Ele vai sentir mais confiança assim — falei.
— Segredinho de irmãos — disse Loren.
— Isso aí... — confirmei.
Parei em casa, os dois me abraçaram agradecendo e eu só dediquei afeto aos dois primeiros bebês da minha vida.
Ao entrar em casa, estava uma festa. O Minas venceu de 3x0 e garantiu a alegria da torcida da minha casa. Logo depois, meu pai foi embora, as crianças dormiram e eu fui para a cama conversar com meu amor.
A reserva que eu tinha era para trocar de carro, não era um valor que fosse influenciar na nossa sobrevivência do dia a dia, mas representava alcançar algo necessário e que eu já vinha planejando.
— Gatinha... Fiz uma promessa para você que não vou conseguir cumprir... — comecei dizendo.
— É alguma dos nossos votos de casamento? — Perguntou, pensativa.
— Não — respondi, rindo.
— Então eu aguento, pode dizer — falou, deitando no meu ombro.
Expliquei o que meus irmãos e eu fizemos, e ela tinha uma feição satisfeita.
— Eu sabia que você ia propor isso desde que saiu junto com Loren — disse, fazendo carinho no meu rosto.
— Mas eu só tive a ideia lá, môh — falei.
— Eu já sabia... — disse-me. — E o que você quer me dizer é que vai voltar a trabalhar em um hospital, não é?
— Bom... Não sei se em um hospital, mas com certeza vou procurar outro lugar — falei.
— Tá tudo bem, você aguentou quase um ano inteiro assim, muito mais do que eu achei que duraria, e só vai voltar à rotina maluca por uma causa nobre... Você é um ser humano incrível e eu me orgulho todos os dias de te ter comigo — declarou e beijou minha mão.
— Huuuum, não vai ser uma conversa difícil, então? — Perguntei, sorrindo, e dando selinhos nela.
— Não... — respondeu, colando a testa na minha. — Nós nem estamos em uma praia... — Eu ri.
— Obrigada por ajudar, viu? Eles dois iam explodir o cabeção hoje se no fim não desse certo — falei.
— Embora seja uma situação chata, gostei de poder ajudar de alguma forma... — me disse, e ficamos de amorzinho até o sono chegar.
No outro dia, não pulamos a academia. Conseguimos ir bem cedinho treinar peito e ombro. O personal estava cheio de graça para cima de Juh, quando percebeu que éramos um casal, mudou de postura, mas, ao se despedir... Deu um "tchau, florzinha". Fui o caminho inteiro para casa chamando-a assim.
Quando eu já estava saindo com as crianças, chegou um buquê de... florzinhas para Júlia Oliver!
— Florzinha, te mandaram florzinhas! — falei, jogando o buquê para ela.
— Para de brincadeira, amor. Foi você, não foi? — Perguntou, rindo.
— Não estou brincando, não fui eu! — falei, séria.
Ela caçou o cartãozinho e sorriu lendo. Eu estava sentindo um ciúme desgraçado, mas ali, mantive a postura.
— Deixa pra lá, amor — disse, esmagando o papel.
— É o quê? Quem mandou? — Perguntei.
— Ninguém... Você vai se atrasar — falou, rindo.
— Júlia... — falei, sem paciência. — Você lendo e rindo, por acaso gostou? Foi o personal? — Insisti.
— Tá com ciúme, é? — Perguntou, chegando pertinho.
— Óbvio! E com razão... — admiti.
— Não fica! — Ela se jogou no sofá, gargalhando.
— Me dá aqui esse cartão! — pedi, e ela negou com a cabeça.
— Tá bom, então — falei, olhando no relógio. — Vou lá na academia antes de levar as crianças e pergunto ao possível remetente.
— Naaaaaao! Toma aqui... — me entregou o cartão.
"Por ser toda ajuda, cuidado, carinho e por ser a melhor cunhadinha do mundo! — Lorene e Lorenzo."
— Besta! — falei, sorrindo.
— Ficou com ciúmeeee! — riu, apontando para mim. Eu a beijei e saí.
Quando cheguei na clínica, tinha um buquê idêntico me esperando. Eles provavelmente acharam que naquele horário eu já não estaria em casa e mandaram para lá.
A volta para casa foi cheia de ansiedade. Já era sexta-feira, e as crianças queriam muito dar o play no filme natalino. Assim que chegamos, Juh já nos esperava com pipocas doce e salgada. Foi só o tempo de um banho e já estávamos assistindo "O Natal de Ângela". Só que a gente curtiu tanto a vibe que assistimos mais uns dois filmes, e o restante do final de semana foi assim também. Nós íamos de um filme para o outro, uns nós ríamos, outros nós chorávamos, mas foi incrível. As crianças tinham acesso às telas, mas não em longa duração. Aqueles dias valeram a pena dar uma quebrada nas regras. Foi maravilhoso passar tanto tempo de grudinho com eles três.
— Tive uma ideia! Vamos fazer igual nos filmes, decorar muito a casa, fazer foto de pijama de Natal para entregar cartão à família inteira? — Perguntou Mih.
— Vamoooooos!!!! — concordou Kaká.
— Acho que pode ser divertido... — disse Juh.
— Pijama de Natal? — Perguntei, cortando a vibe.
— SIIIIIIIIIIIIIM!!!!! — responderam todos juntos.
— Pelo visto, eu não tenho escolha... — concluí, e nós rimos.