Impossível não reconhecer aquela voz:
- É você meu amor?
- Sim, sou eu!
Luiz se levanta e percebe que não está mais em seu quarto.
Olha em volta e está agora em um campo aberto no que parece ser outro mundo, muito distante.
Sente o ar incrivelmente fresco e o vento suave que traz aromas diferentes de flores desconhecidas.
Que vento refrescante! Parece ter o poder de acalmar a alma.
A vegetação é igualmente diferente, as folhas não são verdes, mas de tons azuis indescritíveis, presas em árvores de troncos com cores escuras cintilantes.
Algumas plantas emitem uma agradável bioluminescência, iluminando o caminho com uma luz suave. As flores têm formas diferentes com pétalas multicoloridas que emitem sons suaves.
Tudo é diferente, mas Luiz permanece calmo e tranquilo.
Olha ao alto, vê o céu tingido de um lilás etéreo, as nuvens escuras flutuam como rios suspensos no ar. Os dois sóis brilham em tonalidades douradas e prateadas, lançando uma luz suave sobre a paisagem. Cada raio parece ser acompanhado de partículas brilhantes que flutuam como se fossem poeira cósmica, criando um efeito de brilho sobre o ambiente.
Enquanto contempla aquela a vista espetacular, ouve a voz penetrante novamente:
- Luiz!
Mais a frente e ao alto avista Celeste, ela está pairando no ar!
Desafiando a gravidade com uma postura digna de uma deusa de outra galáxia! Seus cabelos brilham como fios de uma energia incandescente
O vestido que está trajando é um reflexo de seu próprio ser — imponente e fascinante. Ele parece ser feito de uma substância fluida e translúcida, tecido de energia pura, que brilha mudando de tonalidade conforme ela se move, variando entre cores metálicas e cintilantes, como prata e ouro.
A estrutura tem um design futurista, mas ao mesmo tempo é elegante. O ajuste ao longo de seu corpo é impecável, moldando-se à sua silhueta com uma precisão perfeita.
Luiz fica hipnotizado com a cena, o vestido nunca chega a tocar o chão, flutuando logo acima dele, se expande em camadas fluidas que se assemelham a uma mistura de tecidos levitando. As camadas do vestido parecem flutuar ao seu redor, como se o vestido fosse parte de sua própria aura, tornando-se uma extensão de seu corpo.
Celeste faz um breve gesto com as mãos, chamando-o em sua direção. Luiz sente impulsos elétricos pelo seu corpo e começa a flutuar em direção à Celeste.
Ambos estão voando! Do alto passa a apreciar a espetacular vista do planeta Orion.
Após alguns instantes pousam no alto de um monte.
- Espero que esteja gostando do nosso passeio por Orion. Esse é o monte mais alto da região - diz Celeste contemplando a vista.
- Então você é mesmo uma alienígena? Indaga Luiz ainda surpreso.
- Sim, naquela direção é a minha cidade natal, tenho saudades daqui - Explica Celeste apontando ao norte, para o que parece ser um vilarejo.
- Como é possível que eu esteja aqui? – Fala Luiz tentando entender o que se passa.
- Nós não estamos realmente em Orion! Pense nisso como uma fotografia ou uma filmagem do meu planeta, com a diferença que você pode entrar nela, se locomover e sentir como seria realmente estar lá!
- O Claudio estava certo então? Ele realmente é um clone! Você foi mesmo punida por ter se relacionado comigo e engravidado? – Pergunta Luiz perplexo
Celeste faz um movimento com as mãos e surge na frente uma tela, semelhante à de cinema.
Nela é possível ver uma animação, mostrando Orion orbitando em duas Estrelas.
- A algum tempo notamos uma mudança na atividade em um dos nossos 2 sóis, é um processo irreversível que em breve impossibilitará a vida em Orion.
Na imagem na tela é possível ver que um dos sóis começa a aumentar de tamanho, até que "engole" o planeta.
- Orion será destruído! Tivemos que procurar outros planetas e encontramos dois bem promissores e desabitados, mas até o momento não tivemos sucesso em transformá-los em condições adequadas para nós. Já o seu planeta Terra, é o mais fácil de ser adaptado.
- Vocês não têm outra alternativa senão trocar de planeta. Mas então vocês são exatamente iguais a nós? O mesmo corpo? A mesma aparência?
- Não somos. Nós evoluímos de forma diferente, temos uma aparência própria. Mas há muito tempo dominamos as técnicas de manipulação genética. Todos os que foram em missão para a Terra tiveram que passar por esses procedimentos. Sem isso nós não sobreviríamos sem um traje especial, e seríamos facilmente reconhecidos. A temperatura, pressão, atmosfera da Terra são diferentes. Mas com a alteração genética praticamente nos tornamos um de vocês.
- Ao passarem por esse procedimento vocês ficam geneticamente parecidos conosco, podendo inclusive engravidar? Mas dentro da sua missão na Terra isso é proibido, ter filhos com seres humanos?
- É até mais que proibido. Quando nos submetemos à manipulação genética, o procedimento todo é feito de forma que todos nós nos tornamos estéreis, ou seja não podemos ter filhos.
- Mas então como você conseguiu engravidar?
- Eu tive um desejo muito grande de ter uma filha com você. Para isso, secretamente, com ajuda da Aletheia, eu modifiquei minha programação genética para deixar de ser estéril e engravidar. O comando da missão da Terra descobriu minha gravidez e consequentemente descobriu que alterei minha programação genética e nos puniu duplamente. Os procedimentos escondidos que fizemos puseram em risco minha vida e a própria segurança da missão e também criou um problema, pois foi a primeira vez que um de nós teve uma filha com um habitante da Terra. As consequências disso eram imprevisíveis.
Luiz fica emocionado, realmente ele tem uma filha. Celeste se arriscou e contrariou seus líderes para poder gerar uma filha com ele.
Ele olha nos olhos de Celeste e percebe que eles estão com uma cor lilás, irradiando luz. Luiz se aproxima e a beija.
Celeste de início aceita o beijo, mas logo em seguida se afasta:
- Tudo o que eu quero é estar junto com você Luiz! Mas nosso tempo é limitado, eu tenho muitas coisas para te falar!
Luiz ignora o apelo e novamente a beija, dessa vez Celeste se rende completamente e o beijo se estende.
Repentinamente Luiz percebe que ficou nu, suas roupas simplesmente sumiram, assim como as de Celeste.
Além do beijo, começam as carícias, que vão se tornando cada vez mais intensas e intimas.
E ali mesmo, no silêncio de um campo alienígena, no alto de um monte coberto por gramas que irradiavam uma suave luz violeta, dois corpos se encontravam como se já se conhecessem desde as origens do universo.
Não era apenas o toque que os unia, mas a força de uma conexão que transcendia o físico. Os gestos eram lentos e apaixonados.
O som de suas respirações se misturava com o canto distante de criaturas desconhecidas, pássaros alienígenas talvez, que emitiam sons belíssimos além do horizonte.
Os dois se entregaram um ao outro. Luiz sentiu seu membro penetrá-la, enquanto Celeste gemia de prazer e arranhava suas costas.
Luiz adorava esse movimento das unhas de Celeste em suas costas, e agora ela fazia mais forte do que nunca. O cravar das unhas em sua carne não causava dor, mas um prazer intenso.
Pareciam um só corpo que agora flutuava novamente pelos céus de Orion. Voavam enquanto mudavam de posição durante o sexo.
Com a liberdade de estarem levitando, performaram tantas posições sexuais que devem ter esgotado o Kama Sutra.
Cada carícia, cada ato sexual parecia ecoar no espaço, como se o planeta os observasse, seus céus mudavam de cor refletindo as emoções daquele encontro íntimo e intenso. O planeta sentia as vibrações dos amantes e respondia.
O calor que irradiava de seus corpos se fundia com a energia do ambiente, criando uma aura dourada que iluminava os céus de Orion.
O tempo parecia já não existir, eles se entregavam à sensação de serem um só, não importando a distância entre os planetas. O amor transcende tudo e por um instante nada mais parecia importar.
Depois daquele momento mágico, de um sexo intenso, Luiz sente novamente que estavam em solo, no alto de um monte, recompostos e vestidos.
Enquanto retomava o fôlego Celeste comentou:
- Luiz, eu ansiava muito por esse nosso encontro, que está sendo maravilhoso! Mas preciso te passar algumas informações vitais! – Fala Celeste em tom amoroso
- O clone do Claudio não tinha me contado tudo, ele me falou que você e a Aletheia tinham sido descuidadas, mudando de aparência e falando em uma língua extraterrestre na frente de outras pessoas.
- Depois que o Claudio nos flagrou mudando de aparência o comando da missão na Terra resolveu adiantar a clonagem do Claudio. E na verdade eu acabei adiantando ainda mais.
- Como assim?
- O Claudio foi o primeiro a ser clonado, pois era a cobaia ideal: solteiro, sem filhos, afastado da família. Era para esperar a nova Ala ficar pronta para então realizarmos o procedimento de clonagem. No entanto para nós só é vantajoso se tivermos um controle sobre o clone. A previsão era de fazer uma programação mental para que ele fosse fiel ao comando da missão. Mas eu alterei para que o clone do Claudio fosse fiel a mim. Para isso adiantamos a data da clonagem, sem o conhecimento dos nossos superiores.
- Eles devem ter ficado muito chateados!
- Sim, ficaram. Mas a clonagem não saiu exatamente como queríamos, pois os clones tem a mesma aparência física da matriz, mas não tem o mesmo comportamento.
- Isso eu percebi, o clone do Claudio age bem diferente do Claudio original. Mas então pelo que está me contando vocês se rebelaram contra seus comandantes?
- Eu não confio mais no comandante da Missão na Terra. Na verdade está havendo muitos problemas com a missão. Todos os que se voluntariaram partiram para uma viagem que dificilmente terá volta. A viagem de volta seria longa e difícil e teriam que ser desfeitas as alterações genéticas.
- Caramba, é um grande sacrifício o que vocês fizeram.
- A distância e a dificuldade de comunicação entre Orion e Terra fizeram com que o comando da missão da Terra ficasse quase independente do Comando Central de Orion. A comunicação era feita na frequência da faixa do Hidrogênio, mas essa frequência passou a ser muito monitorada na Terra, o que tornou a comunicação mais difícil e sujeita a falhas.
- O que é esse Comando Central de Orion? Eles mandam na missão na Terra?
- Deveriam, mas não estão conseguindo. Eu vou mostrar para você onde é.
Celeste começa a andar para o outro lado do monte e Luiz a acompanha.
O caminho é coberto por uma grama que muda de cor à medida que Luiz caminha sobre ela.
Ao olhar em volta ele percebe que está ladeado por pequenos rios de água cristalina, com tonalidade prateada e translúcida, refletindo os dois sóis que estão no céu. Nestes rios estão nadando em silêncio criaturas bioluminescentes, que parecem fantasmas de luz.
As montanhas ao longe são altas e majestosas, com picos que parecem feitos de cristal, refletindo a luz dos astros.
Celeste chega na beira do monte e aponta para um grande campo com construções luminosas, onde está localizado o Comando Central em Orion.
- O Comando Central controla a missão na Terra e também a missão nos outros dois planetas desabitados que falei. A comunicação entre o Comando Central e a e a missão na Terra tem sido difícil e demorada.
- Mas o Comando Central não é logo ali onde está me mostrando, não basta ir lá e se comunicar com eles?
- Lembre-se Luiz, não estamos realmente em Orion, isso é só uma representação, como se fosse uma foto ou um vídeo.
- Mas vocês não se comunicam por telepatia?
- Sim, mas temos alguns limitadores, Orion é muito distante da Terra para fazermos isso.
Nesse momento Luiz começa a ouvir a música “Viva la Vida” do “Coldplay”, começou bem baixinha, depois foi aumentando de volume, até que se tornou ensurdecedora.
Ele percebe que Celeste continuava a falar, mas só conseguia ouvir a música.
Passado algum tempo a música parou de tocar.
- Temos pouco tempo! Tenho coisas importantes para te alertar! - Falou Celeste com urgência.
- Certo, vou te ouvir!
- Não consigo te encontrar pessoalmente! Essas balas que o Claudio te passou são para facilitar a nossa comunicação de forma não presencial, por pensamento ou sonho! Elas contêm substâncias que estimulam seu cérebro.
- Mas não foi o Claudio que me deu ...
- Foi dele a iniciativa, ele só precisou da Scharlenne porque você não confia nele. Daqui pra frente pode confiar no Claudio! Ele pode te dar mais algumas! Mas NÃO ACEITE BALAS OU REMÉDIOS DE QUALQUER OUTRA PESSOA!!
- Certo. Mas quando poderemos nos encontrar pessoalmente?
- Agora não é possível. Mas estou tentando de todas as formas achar meios para nos encontrarmos em segurança em breve. Você e a Paula estão seguros, não há nada para se preocupar, desde que vocês não tentem nos encontrar.
- Mas por que? O que está ocorrendo?
- Não temos tempo agora Luiz, mas uma coisa muito importante, para que vocês permaneçam em segurança NÃO VIAJEM PARA PRUDENTÓPOLIS, não vão lá sob hipótese alguma!
Luiz começa a ouvir novamente a música do despertador e se apressa:
- E a nossa filha, está bem?
- Ela está ótima, linda, e em segurança!
A música começa a aumentar de volume.
- E aquela guria que esteve lá em casa? A assassina ...
Não consegue concluir a frase ou ouvir a resposta de Celeste.
A música se torna muito alta e Luiz acorda!
Percebe que está deitado na sua cama no quarto de casa. Olha em volta tentando entender tudo que aconteceu " Que sonho louco" pensa.
Se levanta e pega o celular para desligar o despertador, ao manuseá-lo consegue desligar, mas involuntariamente derruba o aparelho no chão
Ao tentar pegar o celular caído no chão, sem querer Luiz pisa suavemente nele.
Fica preocupado, mas ao checar o aparelho vê que não quebrou e está funcionando.
Sem que Luiz toque em nada mais o celular começa a tocar a música " Mania de você"
"A gente faz amor por telepatia
No chão, no mar, na lua, na melodia"
Luiz desliga a música e olha em volta no quarto, ele está completamente nu, acha o seu pijama parcialmente rasgado e jogado no chão e percebe também que gozou muito durante a noite. Tem esperma no cobertor, no lençol e no seu próprio corpo.
Não é a primeira vez que tem polução noturna, mas nunca tinha gozado tanto.
Tem tanto esperma em seu próprio corpo que decide tomar um banho antes de sair para ver o Fabião.
Mas antes disso decide anotar o que lembra do sonho no seu caderninho.
Luiz pega a caneta e anota no caderno:
" 1. Sonhei que transei com Celeste em outro planeta, sonho molhado - nunca gozei tanto. Voava e flutuava enquanto fazia amor
2. No sonho ela me falou alguma coisa de Prudentópolis, não lembro bem o que era.
3. Cores que eu nunca tinha visto"
Luiz fazia força para tentar lembrar de mais coisas do sonho, mas não conseguia.
" Ela me falou algo de Prudentópolis, o que era mesmo?"
" Mas não importa, foi só um sonho mesmo, foi tudo gerado pela minha cabeça"
De repente o celular sozinho começa a novamente tocar a música da Rita Lee:
"A gente faz amor por telepatia
No chão, no mar, na lua, na melodia"
Continua ...