Amor nas Alturas - Capítulo 02: Upgrade

Da série Amor nas Alturas
Um conto erótico de Th1ago-
Categoria: Gay
Contém 1499 palavras
Data: 17/11/2024 10:45:47

Pedro seguiu caminho à classe executiva, que contava com fones de ouvido de última geração, internet estável e uma seleção variada de refeições servidas ao longo do voo. Acomodou-se em sua poltrona espaçosa, sentindo a tensão do dia começar a se dissipar. "Finalmente, um pouco de paz", pensou, enquanto ajustava os fones para bloquear qualquer ruído externo. Ele não sabia que a calmaria duraria menos do que esperava.

Na outra extremidade do avião, Luiz se acomodava em seu assento na classe econômica. Apesar do espaço limitado e da falta de regalias, ele parecia confortável. Para ele, o verdadeiro luxo era poder abrir um livro e se perder em números e teorias durante as próximas seis horas. Puxou da mochila um exemplar de "Probabilidade e Estatística Aplicada" e ajeitou os óculos no rosto, preparando-se para entrar em seu mundo de cálculos e previsões.

Mas, ao tentar ajustar o cinto de segurança, Luiz percebeu algo estranho. O fecho não se fixava corretamente. Ele tentou mais uma vez, puxando a faixa com cuidado, mas o cinto continuava solto. Uma expressão de frustração surgiu em seu rosto. Era o tipo de inconveniente que ele costumava evitar, mas, naquele momento, não tinha outra escolha senão chamar a atenção da aeromoça.

— Com licença — disse ele, levantando a mão educadamente quando a comissária passou. — Parece que meu cinto de segurança está com algum problema. Ele não está prendendo.

A aeromoça, uma mulher de meia-idade com um sorriso profissional, inclinou-se para verificar.

— Deixe-me dar uma olhada — respondeu ela, testando o mecanismo. Após algumas tentativas, ela confirmou o problema. — Parece que realmente está com defeito. Vou precisar relocar você para outro assento.

Luiz assentiu, tentando esconder o incômodo. Ele pegou seus pertences e seguiu a comissária, que parecia distraída enquanto consultava o tablet com o mapa de assentos.

— Vou realocá-lo na classe executiva — disse ela, após verificar a disponibilidade. — Temos um assento livre por lá. Espero que isso não seja um problema para o senhor.

Luiz ficou surpreso com a mudança inesperada, mas decidiu não argumentar. Apenas sorriu educadamente e a seguiu até a cabine mais espaçosa. Para sua surpresa, o assento designado ficava exatamente ao lado de Pedro.

Quando Luiz se aproximou, Pedro, que já estava relaxado com o milkshake na mente, percebeu o movimento e ergueu os olhos. O choque de ver Luiz ali foi imediato.

— Não acredito! — exclamou Pedro, rindo ao vê-lo. — Tá me seguindo agora, é?

Luiz soltou uma risada discreta enquanto acomodava seus pertences no compartimento acima.

— O destino insiste em nos colocar juntos, pelo visto — respondeu ele, com um tom de humor. — Mas, dessa vez, culpe o cinto de segurança.

Pedro ergueu uma sobrancelha, curioso.

— O cinto? Como assim?

— Estava quebrado. A aeromoça achou que eu merecia um upgrade. — Luiz deu de ombros e se sentou ao lado de Pedro. — Acho que o acaso tem mais probabilidades do que eu calculava.

Pedro balançou a cabeça, incrédulo, mas divertido.

— Tá vendo? É o universo conspirando. Você pode não acreditar, mas tem algo aí. Talvez seja um sinal pra você largar esses números e viver um pouco mais.

Luiz revirou os olhos, mas o sorriso em seu rosto era evidente.

— Ou talvez seja apenas uma coincidência com uma margem de erro muito pequena.

As luzes do avião começaram a diminuir, indicando que o voo estava prestes a decolar. Ambos se acomodaram, mas a proximidade entre eles parecia tornar o espaço ainda mais apertado — de uma maneira que nenhum dos dois parecia se incomodar.

— E aí, o que você vai fazer nas próximas seis horas? — perguntou Pedro, virando-se ligeiramente para Luiz.

— Provavelmente ler e estudar. — Luiz gesticulou para o livro em suas mãos. — Tenho bastante material para revisar.

Pedro inclinou-se, curioso.

— Sério? Vai mesmo passar o voo todo lendo isso? Cara, você tá na classe executiva! Aproveita um pouco, pede uma bebida, coloca um filme... sei lá.

Luiz sorriu, mas não respondeu imediatamente. Havia algo na leveza de Pedro que o fazia querer sair de sua rotina metódica, mesmo que apenas um pouco.

— E você? Qual é o seu plano? — perguntou Luiz, mudando de assunto.

— Meu plano? — Pedro deu um sorriso largo. — Meu plano é fazer essas seis horas passarem voando. E quem sabe... convencer você a largar esse livro.

Luiz soltou uma risada contida e voltou a abrir seu livro, mas percebeu que, de alguma forma, Pedro já estava começando a desviá-lo de seus cálculos.

Pedro se recostou na poltrona confortável da classe executiva, lançando um olhar travesso para Luiz, que tentava se concentrar no livro. A comissária passou oferecendo o menu de bebidas e, antes que Luiz pudesse recusar, Pedro já havia feito seu pedido.

— Vou querer um coquetel de frutas, mas sem economia na vodka, hein? — disse Pedro, piscando para a comissária, que respondeu com um sorriso cúmplice. Ele se virou para Luiz, ainda imerso nas páginas do livro. — E pra você, mestre das probabilidades?

Luiz ergueu os olhos do livro, confuso.

— Nada, obrigado. Estou bem com água.

Pedro balançou a cabeça, indignado.

— Nada disso, você tá na classe executiva, cara. É praticamente um crime não aproveitar. Vai, escolhe alguma coisa. Vou te ajudar a relaxar. — Ele olhou para a comissária e acrescentou: — Traz um mojito pra ele. Bem leve, tá? Acho que ele precisa de uma introdução ao mundo dos drinks.

Luiz suspirou, sem energia para argumentar. Quando a bebida chegou, ele encarou o copo como se fosse um experimento científico, analisando os pedaços de hortelã e as bolhas de gás com ceticismo.

— Vai, prova. Não morde — incentivou Pedro, já segurando seu coquetel e tomando um gole generoso.

Relutante, Luiz deu um pequeno gole no mojito, franzindo levemente o rosto com o gosto fresco e cítrico.

— Não é ruim... — admitiu, hesitante.

Pedro abriu um sorriso largo.

— Eu sabia! Agora quebrou a barreira, meu amigo. Mais uns goles e você vai esquecer desse livro aí.

Com o passar do tempo, a bebida fez Luiz relaxar um pouco. Ele fechou o livro e colocou-o no bolso do assento, finalmente se rendendo à atmosfera descontraída que Pedro parecia criar ao seu redor.

— Então, me conta. O que te trouxe pro Rio? — perguntou Pedro, inclinando-se ligeiramente em sua direção.

— Trabalho acadêmico — respondeu Luiz. — Estou fazendo pesquisas para o meu TCC. Assisti a uma palestra sobre modelos estatísticos aplicados à economia. Foi interessante, mas cansativo.

Pedro fingiu bocejar de forma exagerada.

— Meu Deus, isso parece chato pra caramba.

Luiz riu, algo raro vindo dele.

— Não é tão ruim quanto parece. Eu gosto de estudar isso. E você? O que te leva a Roraima?

Pedro tomou outro gole do drink antes de responder.

— Meu irmão vai casar. Ele se mudou pra lá há uns anos por causa do trabalho e acabou ficando. Agora tá formando família. Como eu não perco uma festa por nada, lá vou eu.

Luiz arqueou as sobrancelhas.

— Então você é do tipo que gosta de festa?

— Claro! — disse Pedro, gesticulando animado. — Eu trabalho muito, então quando dá, eu aproveito. Tenho uma academia no Rio, e meu dia a dia é pesado. Treino, gerencio a equipe, organizo eventos... É uma correria. Mas é meu sonho, sabe? Sempre quis ajudar as pessoas a se sentirem bem consigo mesmas.

Luiz observou Pedro com mais atenção. Por trás da energia contagiante, havia uma paixão sincera em suas palavras, algo que ele não esperava.

— E você sempre quis isso? — perguntou Luiz.

Pedro assentiu, pensativo.

— Sim. Desde que era moleque. Meu pai era personal trainer, e eu cresci vendo ele mudar a vida das pessoas. Quis seguir os passos dele. Claro, o caminho não foi fácil, mas valeu a pena. — Ele fez uma pausa, olhando para Luiz. — E você? Sempre foi o cara dos números?

Luiz sorriu de leve, mexendo distraidamente no copo.

— Acho que sim. Sempre fui bom em matemática, mas nunca pensei nisso como um sonho. É mais algo que eu faço bem e que me dá estabilidade. Só que às vezes me pergunto se estou realmente no caminho certo.

Pedro inclinou-se para frente, seu olhar mais sério agora.

— Talvez você precise sentir mais e calcular menos, sabe? Nem tudo na vida tem que ser uma fórmula perfeita.

Luiz riu, mas algo na frase de Pedro ficou em sua mente. A conversa continuou fluindo, os drinks diminuindo as barreiras entre eles. Falaram sobre as diferenças de suas cidades, sobre os desafios de suas rotinas e, sem perceberem, começaram a compartilhar coisas mais pessoais.

Quando o avião entrou na metade do trajeto, Luiz já não olhava mais para seu livro. Ele estava totalmente focado na conversa com Pedro, sentindo que, pela primeira vez em muito tempo, alguém o fazia questionar sua forma tão metódica de ver o mundo.

Pedro, por outro lado, se pegava admirando Luiz. Havia algo intrigante naquele rapaz sério e lógico, algo que o fazia querer arrancar um sorriso ou provocá-lo a pensar diferente. Enquanto as luzes do avião piscavam suavemente e o som ambiente era preenchido por murmúrios de outros passageiros, os dois, ali na classe executiva, pareciam estar em um mundo à parte.

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