Quando sentei ao lado de Pedro ali naquela cama, eu achei que teríamos uma conversa franca e honesta como tantas outras que tivemos ali durante nosso casamento. Eu sei que foi errado o que eles fizeram, mas entendia eles não terem me contado. Não concordava com a omissão, mas entendia. Não seria fácil para ninguém confessar um erro desse. Mas Maria acabou me confessando e sinceramente eu acreditei no que ela me disse. Acreditei no seu arrependimento e na culpa que ela demonstrou sentir. Eu esperava o mesmo de Pedro, acho que eu merecia pelo menos isso.
Eu queria saber o motivo.
~ Porque Pedro?
Acho que ele não esperava que eu fosse tão direta.
~ Euuu.. Olha eu bebi mais do que devia, eu nem lembro direito o que eu fiz. Eu sinto muito por isso ter acontecido. Mas prometo que nunca mais vou fazer isso. Por favor, acredite em mim.
Acho que eu estava procurando um motivo para tentar entender o porque fizeram aquilo.
~ É esse seu motivo? A bebida? Se você quer que eu acredite em você, por favor, fale a verdade.
Ele não conseguia me olhar nos olhos.
~ Claro que é porque eu estava bêbado. Eu jamais teria ficado com aquela lá se não estivesse fora de mim. Por favor me perdoa.
Aquilo me irritou.
~ Entendi. Então quando eu estava no restaurante com Marcos, se eu tivesse bebido um pouco a mais e tivesse trepado com ele a noite toda, você me perdoaria?
Ele provavelmente não esperava por isso, ele abriu a boca para falar algo, mas não falou. Então eu lembrei da gravidez da Maria. Ele provavelmente desconfiava que eu já tinha descoberto. Mas eu queria ouvir isso da boca dele.
~ Não precisa responder o que perguntei. Eu já sei a resposta. Se fosse eu que tivesse feito o que você fez, uma hora dessa eu estaria sendo xingada de puta para cima. Mas vou te dar a chance de falar sua verdade. Tem mais alguma coisa que eu deva saber? Por favor, seja sincero comigo.
Ele começou a esfregar as mãos. Provavelmente estava em uma briga interna dentro de si.
~ Não tem mais nada que você deva saber, eu já disse tudo. Eu bebi demais e acabei cometendo um erro. Mas foi o primeiro e único, foi só aquela maldita noite. Nunca mais nem se quer falei com ela. Eu só quero voltar a nossa vida de antes.
Mentiras, mentiras e mais mentiras. Resolvi jogar um verde para ver o que ele falaria.
~ Acredito que foi só aquela noite. Não porque você disse, mas porque Maria me pareceu ser sincera ao contrário de você. Ela me contou tudo Pedro. Não adianta mentir. Eu sei que ela está esperando um filho seu, sei que você queria que ela tirasse a criança. Pelo amor de Deus para de mentir para mim e olha nos meus olhos quando estiver falando comigo. Seja homem pelo amor de Deus e assume seu erro.
Ele ficou muito nervoso com o que eu disse. Levantou da cama e alterou o tom de voz.
~ Eu nem sei se o filho é meu. Aquela lá pode estar mentindo. Eu não vou assumir um filho que pode ser de outro homem e só não te contei porque não queria estragar nosso casamento por causa dela. Eu só fiquei com ela porque eu estava bêbado, eu já te expliquei. Eu só pedi para ela tirar a criança porque se ela não nascesse seria melhor para todo mundo. Olha tenta me entender, eu não quero que nossa família acabe assim. Me dá uma chance, a gente começa de novo.
Depois de ouvir aquilo eu não tinha mais nenhuma dúvida do que fazer. Me levantei e tentei manter a calma.
~ Vou dormir no quarto da Júlia. Vou explicar para ela amanhã com calma que a gente se separou. Infelizmente vou ter que mentir para minha filha. Se eu falar a verdade ela vai odiar você. Maria vai voltar a morar aqui, pelo menos até a criança nascer e ela ter condições de cuidar dela sozinha. Você vai sair da minha casa amanhã de amanhã e nunca mais vai voltar a pisar aqui. Confirme para sua filha que o casamento acabou porque o amor acabou e resolvemos nos separar em comum acordo. Se você não confirmar, ela vai querer saber a verdade e vou ter que dizer. Espero que a gente seja civilizados um com o outro daqui para frente, porém não quero nem sua amizade. Boa noite Pedro e não venha atrás de mim, não quero perder a paciência com você. Júlia pode ouvir e isso pode ser muito ruim para você. Adeus Pedro.
Virei as costas e sai. Ele me chamou, mas não olhei para trás. Naquele momento meu casamento estava encerrado. Eu não sabia como seria minha vida sem o Pedro. Eu nem lembro direito como era minha vida antes dele. São 15 anos juntos, mas não tinha como manter nosso relacionamento, nem se ele tivesse sido sincero, não teria, não no momento. Mas talvez no futuro a gente pudesse recomeçar, mas quando ele decidiu omitir e não assumir a culpa pelo seus erros, essa chance morreu. Eu sabia o que me esperava, não tinha como eu deixar de amar ele de uma hora para outra. Mas eu iria tentar arrancar aquela dor do meu peito o mais rápido possível.
Entrei no quarto da minha filha e me deitei ao seu lado. Ela estava dormindo e nem notou minha presença. Eu virei para o lado contrário ao dela e chorei em silêncio até dormir. Só fui acordar no outro dia com ela me chamando e perguntando se eu não iria trabalhar. Eu acordei meio sem saber onde estava. Quando me dei conta do motivo de eu estar ali, não aguentei e comecei a chorar.
Júlia me abraçou e disse algo que me deixou aliviada.
~ Eu sinto muito mãe. Eu achei que o casamento de vocês iria durar para sempre. Mas se vocês decidiram se separar é porque vocês tem os motivos de vocês. Eu não queria isso, mas eu entendo e vou apoiar vocês dois.
Acho que o Pedro fez algo bom na sua partida. Me poupou de ter uma conversa tensa com Júlia.
~ Eu também queria que durasse para sempre filha. Mas nem tudo é como a gente quer. Eu e seu pai vamos ficar bem e vamos sempre amar você. Muito obrigada por entender. Eu te amo muito!
Ela me abraçou mais forte e depois disse que ia me largar porque eu já estava muito atrasada. Olhei no relógio e eram quase sete da manhã. Júlia estava pronta para ir para o colégio. Perguntei se ela estava me esperando para levar ela. Ela disse que sim. Que o pai saiu direto para casa dos avós dela e ficava muito contra mão para ele levar ela ao colégio. E ele ainda tinha que ir trabalhar.
~ Filha, eu não vou trabalhar hoje. Você não pode faltar hoje? Queria que ficasse comigo aqui, mas se não puder eu te levo.
Ela deu um sorriso, pelo jeito gostou da ideia.
~ Posso faltar sim. Se tiver alguma matéria nova eu pego com minha amiga depois. Vou só avisar ela que não vou hoje.
Fiquei muito feliz por ela ter ficado comigo. Ela trocou de roupa e pude reparar o quanto minha filha tinha crescido. Seu corpo já era de uma mulher e que mulher bonita. O homem que conquistasse seu coração com certeza teria muita sorte. Julia além de linda era uma pessoa incrível. Ela era amorosa, sensível e muito gentil. Eu tinha muito orgulho da filha que eu tinha. Ela se deitou comigo na sua cama e ficamos conversando. Ela queria saber notícias da Maria e eu disse que ela só teve um mal estar. Que a tarde eu iria no hospital para ver como ela estava e ela só ficou internada porque o médico pediu uns exames de rotina. Eu não falei da gravidez, era melhor eu conversar com Maria primeiro sobre isso.
Depois de um dia bem gostoso com minha filha, eu fui no hospital a tarde ver como Maria estava. A sua acompanhante disse que o médico esteve no quarto e disse que provavelmente ela desmaiou por causa do stress e também porque ela estava muito desidratada. Que ela iria ficar internada três dias para fazer uns exames e se hidratar. Mas ela estava bem e a gravidez também. Eu fiquei muito feliz de saber que a criança não corria risco. Falei para a acompanhante que ela poderia ir na sua casa se quisesse. Que até às 21 horas eu poderia ficar com a Maria. Ela me agradeceu e disse que iria em casa sim.
Entrei no quarto e quando Maria me viu ela já abaixou o olhar na hora. Sentei na poltrona ao seu lado e fiquei quieta. Era uma situação bem desconfortável para as duas, mas a gente iria ter que aprender a conviver uma com a outra, pelo menos por algum tempo. Depois de um tempo ouvi seu choro bem baixinho. Aquilo me incomodava, eu não sabia se ficava triste ou feliz por ouvir ela chorar. Era um monte de sentimentos confusos no meu coração. Eu não sabia como agir, então resolvi conversar. Na verdade eu comecei a narrar algumas coisas.
Comecei a explicar que tinha decidido levar ela para morar comigo de novo e contei toda minha conversa com Pedro, não escondi nada. Contei todas as decisões que tomei depois que soube da traição e da gravidez. Ela não falou nada, só ouvia e chorava baixinho. Quando terminei eu me senti mais leve de ter falado aquilo tudo.
Fiquei em silêncio novamente e de repente ouvi a voz dela.
{....}
Maria:
~ Eu tinha terminado o jantar e fui fazer meu prato de comida quando Pedro entrou na cozinha. Ele disse que precisava falar comigo. Eu achei estranho, mas quando o olhei, ele estava com uma cara boa. Então disse que tudo bem. Ele me chamou para ir até a sala e eu fui. Ele se desculpou pelo seu comportamento comigo e disse que apesar de não concordar com o que eu fazia, ele iria respeitar. Eu fiquei muito feliz de ouvir aquilo, era tudo que eu precisava para viver feliz ali com vocês. A conversa continuou e ele estava bem descontraído. A gente continuou conversando mais um pouco. Então ele pegou uma garrafa de vinho, dois copos e disse para a gente beber um pouco para comemorar nosso entendimento. Eu não sou de beber, mas achei que uma ou duas taças não faria mal algum e eu não queria contrariar ele naquele momento.
A conversa continuou e a gente foi se soltando por causa do álcool. Logo estávamos rindo e brincando um com o outro. Em um momento ele se levantou, serviu minha taça e sentou perto de mim. Naquele momento eu já deveria ter me levantado e ido dormir. Mas eu não o fiz, continuei ali bebendo com ele e acho que por causa que eu estar de estômago vazio, a bebida fez efeito muito rápido. Eu já estava bem bêbada, mas consciente do que eu estava fazendo. Quando ele colocou a mão na minha coxa eu devia ter impedido, eu sabia o que estava acontecendo. Mas não impedi, eu não sei porque, mas eu não impedi.
Ele continuou com a mão ali e começou a alisar minha coxa. Eu disse que era melhor eu ir embora, mas não falei com firmeza o suficiente. Ele veio na minha direção e me beijou. Eu não sei se foi por causa do álcool ou da carência que eu estava, mas eu correspondi seu beijo. Eu juro que depois eu não lembro das coisas com muita clareza, mas eu tenho flashes dele tirando minha roupa. Dele me chupando e dele me penetrando no tapete da sala. Eu só lembro com clareza de acordar no outro dia de manhã. Eu estava nua no sofá, minha vagina e meu ânus estavam doloridos. Eu sentia gosto de sêmen na minha boca. Eu levantei as pressas e peguei minha roupa no chão. Ele não estava na sala e eu dei graças a Deus. Fui para minha casa e corri para o banheiro. Foi aí que a ficha caiu, eu tinha cometido o maior erro da minha vida. Eu fiquei ali chorando muito tempo. Eu não sabia o que fazer,. Mas sabia que eu precisava te contar.
Quando consegui ir para casa principal fazer meu trabalho, já era umas dez horas. Não vi Pedro lá dentro e imaginei que ele tinha ido trabalhar. Eu não conseguia parar de pensar no que tinha acontecido e a culpa estava acabado comigo. Júlia voltou para casa e eu não vi ela chegar. Ela acabou me flagrando chorando e tive que inventar uma desculpa na hora. Quando você chegou eu quase não tive coragem de falar com você, mas com muito esforço eu consegui agir normalmente. Eu não via outra saída a não ser te contar. Mas de madrugada o Pedro apareceu na minha casa. Ele me chamou e para evitar problemas, fui ver o que ele queria. Ele disse que eu não podia contar o que houve para ninguém, se não eu iria destruir uma família. Que se você e Júlia soubessem o que eu fiz, vocês iriam me odiar pelo resto da vida. Eu acabei concordando em não contar nada a vocês e tentei levar a vida normalmente.
Só que não tinha como e nunca vai ter como eu levar minha vida normalmente depois do que eu fiz. Mas o pior aconteceu há uns dez dias atrás. Minha menstruação estava muito atrasada, mas é normal isso acontecer quando eu estou estressada com alguma coisa. Mas em uma tarde quando eu fui fazer o jantar eu passei mal. Foi aí que eu pensei na possibilidade de estar grávida. Eu não tinha me preocupado com isso porque eu achei que ele tinha gozado só na minha boca. Mas resolvi fazer o teste e deu positivo. Eu não acreditei e repeti o teste mais duas vezes, todos deram positivo. Não tinha mais dúvidas, eu estava grávida. Me bateu o desespero e eu não sabia o que fazer.
A três dias atrás eu resolvi contar a Pedro. Ele era o pai e tinha direito de saber e eu precisava de ajuda. O procurei um dia que ele estava sozinho no escritório. Contei que estava grávida dele e pedi ajuda para eu poder ir embora para casa da minha tia. Mas ele não acreditou que o filho era dele e me ofendeu um monte. Quando eu expliquei que eu não transava com outro homem a seis meses ele passou a dizer que eu estava chantageando ele. Eu tentei explicar que não era isso, eu só queria a ajuda dele já que eu não podia ficar ali e não tinha mais ninguém que pudesse me ajudar. Não resolveu, ele me ameaçou, me xingou e eu saí dali arrasada. Eu estava sozinha e tinha que dar um jeito.
Eu decidi ir para casa da minha tia e depois eu pensaria em uma solução. Mas no outro dia à noite Pedro me procurou na minha casa. Ele disse que tinha achado uma solução. Ele tinha um amigo que conhecia uma clínica clandestina de aborto e iria me levar lá. Ele disse que iria pagar tudo e dar o dinheiro para eu sumir de vez. Ele dizia aquilo como se tivesse me fazendo um favor. Eu não queria de jeito algum tirar meu filho, mas falei que tudo bem, eu iria. Perguntei a ele quando seria, eu precisava sair dali antes Ele disse que o amigo dele iria ligar, marcar o horário e iria avisar ele. No outro dia eu resolvi sumir, eu estava com medo de algo acontecer comigo, arrumei minhas coisas e escrevi a carta. Se eu não te contasse nada, você iria tentar me achar. Eu achei que se te contasse, você iria ficar com raiva e não viria atrás de mim. Eu também já queria te contar desde o início, só não contei por causa do Pedro. Mas juntou tudo, inclusive a raiva que eu estava dele. Arrumei minhas coisas, deixei a carta e saí.
Dali eu fui para a rodoviária. Eu iria voltar para casa e implorar para minha mãe me perdoar. Talvez ela sabendo que eu estava grávida do neto dela, eu poderia receber seu perdão. Mas as coisas não saíram como eu planejei.
Eu deixar uma coisa bem clara. Pedro não abusou de mim, eu deixei acontecer. Não estou protegendo ele, só não quero que ele leve a culpa por algo que não fez. Eu estava bêbada, mas consciente no início. Depois eu não lembro direito o que houve, mas não tinha nenhuma marca de violência no meu corpo. Eu não o culpo por isso, nem culpo o álcool. Muito menos tenho uma justificativa para te dar. Errei porque eu não o impedi e estou disposta a enfrentar as consequências do meu erro.
Eu sinto muito, não há nada que eu me arrependa mais do que isso. Queria poder voltar atrás e mudar o que houve. Mas não tem como. Sei que você não vai me perdoar, porque eu mesmo não consigo. Então não há nada que eu possa fazer a não ser dizer toda a verdade e dizer que eu realmente sinto muito pela dor que te causei.
{....}
Samantha:
Ouvir aquilo tudo me fez perceber que eu tinha feito a escolha certa.
Eu acreditei em cada palavra que Maria me disse. Primeiro que fazia muito sentido, segundo que não fazia sentido ela inventar aquilo. Ela não tinha nada a ganhar, só a perder na verdade. Pedro não era um homem rico, tinha uma vida até confortável, mas esse conforto era mais por causa do meu dinheiro. Sinceramente eu senti que ela disse a verdade e suas lágrimas também eram verdadeiras. Ou ela era uma ótima atriz e uma pessoa muito falsa.
~ Obrigada por me falar a verdade. Eu acredito em você.
Ela me olhou e pela primeira vez eu vi um olhar de esperança na minha direção.
~ Obrigada por acreditar em mim e por tudo que está fazendo. Sei que não mereço mais nada vindo de você. Mesmo assim, mais uma vez você está me ajudando.
Achei melhor ser sincera com ela.
~ Não sei se vou conseguir te perdoar algum dia e o único sentimento claro que tenho por você hoje é raiva e decepção. Mas essa criança não tem culpa de nada e é irmão da minha filha. Ela nunca me perdoaria se eu não te ajudasse.
Acho que ela já sabia daquilo.
~ Eu sei, mesmo assim obrigada.
Encerramos nossa conversa por ali. Depois de dois dias Maria voltou para casa. Combinamos de dizer à Júlia que ela saiu de casa porque engravidou e ficou com medo da gente expulsar ela. Que o filho era do seu ex, mas ela não iria contar a ele e criaria a criança sozinha com nossa ajuda. É assim fizemos, Júlia xingou muito o ex dela, mas amou a ideia de criarmos a criança. Maria disse que poderia continuar o trabalho e disse que não queria mais salário. Que iria trabalhar em troca da ajuda que estava recebendo. Eu não queria isso, mas ela insistiu e eu aceitei para não tornar aquilo um problema. Mas antes acertei com ela seu tempo de casa. Daquele dia em diante ela praticamente se tornou uma moradora da casa e não uma empregada.
Meu divórcio foi rápido já que foi amigável. A casa era do meu pai, o escritório era do Pedro. Cada um ficou com seu carro e ele não quis nada dos móveis. Júlia ia todo final de semana para casa dos avós ficar com o pai. Eu só conversei com Pedro pessoalmente depois do divórcio, no aniversário de 18 anos da Júlia. Foi uma conversa rápida e bastante desconfortável para mim. Pedro nunca perguntou nada da gravidez da Maria, ele realmente ignorava aquela realidade. Maria amava isso, já que ela não queria nada dele, nem o sobrenome para o filho.
Minha vida seguiu e nada de muito importante aconteceu. Estava próximo do final do ano. Maria já estava de oito meses e sua barriga estava bem grande. Contratei outra empregada e passei ela para o quarto de hóspedes. Pedro não falava comigo e nem eu com ele a não ser sobre nossa filha. Eu e Maria tínhamos uma convivência boa na medida do possível. Mas a nossa amizade acabou, aquela traição fez um estrago em nós duas.
Eu estava prestes a assumir a presidência da empresa, mas ninguém sabia disso. Mas a notícia que Marcos iria deixar o comando se espalhou de alguma forma. Caio agora vivia colado no Marcos. Eu achava aquilo ridículo, já vi puxa saco, mas Caio era sem dúvidas um dos mais ferrenhos.
Eu já não sentia tanta falta do Pedro, chorei por alguns meses por causa dele, mas a dor tinha diminuído e acho que o amor que eu sentia também. Mas eu ainda não me sentia segura para dar um passo a mais e ficar com outra pessoa.
Em novembro eu iria viajar para São Paulo. Uma grande rede de supermercados iria inaugurar 10 lojas em Minas e estávamos fechando contrato para cuidar do transporte de São Paulo para o depósito central em BH. Eu iria em uma quinta feira e ficaria até sexta à tarde. Eu já tinha conversado por vídeo chamada com a presidente da empresa. Uma ruiva muito bonita por sinal e o melhor que ela era mineira aqui da capital. Isso ajudou bastante na minha aproximação para conseguir o contrato. Eu também conversei com a advogada que iria cuidar do contrato. Uma loira muito bonita também. Às vezes eu tinha impressão que ela me dava umas cantadas indiretamente. Mas era algo muito sutil e poderia ser só impressão minhas. Até porque eu vi um aliança no seu dedo.
Na quinta eu estava embarcando para a viagem. O que eu não sabia ainda é que aquelas duas mulheres iriam mudar meu jeito de ver a vida. Aquela viagem iria mudar minha vida completamente.
Continua..
( Críticas, dicas e elogios são sempre bem vindos, desde que feitos com respeito e educação. Obrigado.)