Caros amigos leitores, em virtude do Ano Novo, não haverá publicação na quarta-feira, mas iremos retornar na sexta, com a parte 3 do signo de Libra.
Desejamos a vocês uma ótima virada de ano, com muita fartura e prosperidade, saúde, alegria e muito sucesso.
Boas entradas!!!
Personagens do Signo:
ANA LÚCIA (https://postimg.cc/jLf2nD9x)
Outros Personagens:
CÉSAR (https://postimg.cc/c626JRFk)
Características Signo: Justo, Indeciso, Empático, Harmônico, Equilibrado
Elemento: Ar (Mental)
Continuando ...
[ADOLFO (POV)]
César – Parece que você falou umas merdas pra Cleide, e fez um “pirocóptero” pra ela, segurando o pinto – Concluiu meu amigo, morrendo de rir da situação e da minha cara de assustado.
Adolfo – Caralho, era só o que me faltava ... Eu não lembro de nada disso!
César – Acho que você já está melhor ... Vou deixar você aí e tranquilizar os seus pais.
Caralho! Tá tudo dando errado. Terminei o banho e aproveitei que já estava molhado e usei o chuveirinho pra lavar o banheiro. Quando fui embaixo da pia, eu achei uma garrafa de Ballantine’s vazia e, de repente, algumas memórias foram surgindo meio turvas na minha cabeça.
Gritei para o César, pedindo pano de chão, rodo e balde e, em alguns minutos, ele apareceu com tudo que eu havia pedido e com água sanitária também. Ele já estava saindo, mas falei pra ele ficar e me ajudar, porque quem me deixou beber foi ele. Ele me respondeu que não me “deixou” beber. Somente foi embora. Quem decidiu beber, depois de sua saída, fui eu mesmo. O pior é que ele estava certo.
Ele tentou se esquivar, mas acabou me ajudando um pouco. Fui me vestir e enfrentar os meus pais, que estavam na sala. Minha mãe, coitada, estava chorando e meu pai consolando-a.
Sr. Bandeira – Que bela de uma cagada, hein?
Adolfo – Pai, eu ... O que foi que eu fiz? Cadê a Cleide?
Sr. Bandeira – A Cleide foi embora. Está traumatizada e acho até que ela não volta mais.
Sra. Bandeira – O que você tem na cabeça, meu filho?
César – Tio, o Adolfo tá meio perdido. Ele não se lembra de nada. Melhor contar a ele o que aconteceu.
Sr. Bandeira – A Cleide chegou aqui e já tomou um grande susto ao ver que a cozinha estava uma zona. Ela arrumou tudo, achando que tinha rolado alguma festa e quando ela foi fazer a limpeza na casa, ouviu você roncando, e chamou pelo seu nome várias vezes, mas obviamente você não respondeu. Ela, então, foi entrando no quarto e descobriu que você estava no banheiro, dormindo em cima do próprio vômito.
Eu comecei a me lembrar de algumas coisas e isso fazia sentido. Meu pai então continuou:
Sr. Bandeira – A Cleide tentou cutucar você e, nada. Chamou seu nome diversas vezes e, nada. Até que ela ligou pra Diana que mandou a Cleide jogar um balde de água fria na tua cara. Lógico, que ela não fez isso, explicando que a situação era grave, pois o cheiro estava insuportável. Diana então ligou pra mim e explicou a situação, pedindo que eu o ajudasse.
Adolfo – Tá, mas e a Cleide?
Sr. Bandeira – Ela, gentilmente, seguiu o conselho da Diana, mas em vez de jogar um balde, jogou um copo d’água. Ela me disse que você acordou com raiva e ela pediu pra você tomar um banho e você, num acesso de maluquice, tirou a bermuda e segurou a sua chibata, balançando pra Cleide, falando um monte de merda pra ela, que não quis me dizer o que você disse.
Olhei pro César, que estava segurando pra não rir e minha mãe só sabia chorar.
Sr. Bandeira – Parece que você se empolgou ao ficar se balançando e vomitou novamente escorregando no próprio vômito e desmaiou.
César – Seu pai me ligou nervoso, pedindo a minha ajuda, pois não teria forças pra te levantar e quando ele chegou aqui, encontrou Cleide desesperada, chorando, dizendo que você caiu e aí teu pai me ligou de novo, pedindo urgência e eu, que já estava a caminho, acelerei mais ainda.
Eu não me lembrava de quase nada, mas lembrei que fui à cozinha beber água e comer alguma coisa. Talvez por isso a cozinha estivesse uma zona. Me lembrei também que peguei a garrafa de Ballantine’s e me servi uma dose. Provavelmente acabei levando a garrafa pro banheiro.
Adolfo – Me perdoem ... Pai, mãe ... Eu não sei o que a Diana falou com vocês, mas a gente brigou feio e ela foi embora. Disse que vai pedir o divórcio. Desde então, acabei exagerando na bebida e aí, quando eu achei que a gente iria se resolver, tivemos mais um problema e ela terminou de vez. Isso foi há dois dias e por isso eu tive essas atitudes.
Sr. Bandeira – Isso não é desculpa! Você foi um irresponsável!
Adolfo – Eu sei ... Eu sei ... Isso não vai mais se repetir.
Sra. Bandeira – O que aconteceu meu filho? Por que vocês brigaram?
Adolfo – Ah, mãe ... Eu não queria expor a minha vida conjugal, mas em algum momento isso vai vir à tona mesmo ... Resumindo, eu traí a Diana.
Sra. Bandeira – Meu filho! Eu não te criei assim! O que você está fazendo com a sua vida?
Sr. Bandeira – Que papelão, Adolfo! Que papelão! Se não tá satisfeito, se separa. Agora ficar traindo e humilhando a Diana, que é uma das pessoas mais sensatas e direitas que eu já vi ... Você só pode ter perdido o juízo.
Adolfo – Ela não é tão santinha assim ...
Sra. Bandeira – Não quero escutar mais uma palavra! Você quer difamar a sua esposa, depois de fazer o que fez. Seja homem, meu filho!
Adolfo – Ela me traiu também!
César – Tem certeza disso?
Adolfo – Tenho.
César – Quando você me contou a história, foi meio diferente. Você não tinha a certeza do que acabou de dizer. Inclusive você disse que estava meio bêbado.
Olhei pro meu amigo e fiquei puto com ele, por me contradizer, mas ele estava certo. Infelizmente, eu não tinha certeza de mais nada. Minha mãe fez um almoço pra gente e comida de mãe é a melhor coisa do mundo. Comi com gosto e repeti. Se tivesse mais, comeria novamente.
Meus pais foram embora e meu amigo também. Disse pra eu tirar um mês de férias ou até mais e eu não confirmei, mas disse que tiraria a semana de folga.
Diana, contrariando todas as possibilidades me ligou, pra saber como eu estava e a princípio fiquei feliz por isso, mas ela me “descascou como um abacaxi”, dizendo que não cederia a nenhuma chantagem emocional e que iria continuar com o pedido de divórcio, mas antes me fez prometer, pela saúde dos nossos filhos, que eu iria parar de beber.
Eu prometi.
Os dias passaram vagarosamente e meus filhos me mandavam mensagem todos os dias, mas eu sentia que era só pra cumprir tabela. Tenho certeza de que estavam fazendo, por fazer.
Uma semana se passou e eu refletindo sobre a vida. Sozinho em casa, vendo Netflix todos os dias. Pedi desculpas a Cleide e ela aceitou, mas não voltou mais a trabalhar na minha casa.
Meus pais acharam outra pessoa pra limpar a casa e ela viria uma vez por semana. Percebi que ela era uma espécie de informante dos meus pais, quando eu a peguei mandando mensagem a eles, dando o relatório de como as coisas estavam.
A verdade é que não estava nada bem. César conversava comigo todos os dias e isso era bom, mas eu não podia ocupá-lo com os meus problemas toda hora.
Foi quando o porteiro tocou o meu interfone, dizendo que uma pessoa estava na portaria, querendo falar comigo. Disse ele, que era a advogada de Diana.
Eu fiquei puto, mas sabia que mais dia, menos dia, isso iria acontecer. Falei com o porteiro, pra ele a liberar e fiquei aguardando a chegada dela. Alguns minutos depois, a campainha tocou e quando eu abri a porta, fiquei mais puto ainda ao ver aquela mulher linda usando um terninho de marca, cheia de classe e com um olhar atento à minha reação.
Ana Lúcia – Há quanto tempo, Sr. Adolfo ... Não sei se você se lembra de mim, eu me chamo Ana Lúcia e sou a advogada da Sra. Diana Di Capri.
Adolfo – Eu me lembro sim ... apesar de estar vestida, eu lembro muito bem quem é você ... A esposa de Libra.
[DIANA (POV)]
Mais um dia de trabalho ... É o que me resta. Chega de sofrer!
O que mais me dói, é que eu estava disposta a perdoar aquele filho da puta. Eu iria me rebaixar e aceitar aquele chifre em nome do amor e de uma vida a dois. Seria um recomeço e eu faria tudo diferente.
Eu iria me dedicar mais à nossa relação, tentando diminuir a minha carga de trabalho e pedir que ele fizesse o mesmo. Viajar um pouco, só nós dois ... Ter uma segunda lua de mel ... Ainda bem que acabou. Foi livramento.
Tati – Me conta amiga ... O que está acontecendo? Você hoje está muito dispersa.
Diana – Depois, Tati.
Tati – Você quer almoçar mais cedo? Podemos dar uma sumida ... A gente tá com o prazo meio apertado, mas vamos dar conta.
Diana – Eu quero trabalhar! Eu preciso ocupar a minha mente.
Foi quando meu celular tocou e eu vi que era a Cleide, diarista lá de casa. Eu não tava com saco pra falar sobre produtos de limpeza ou algo do gênero. Resolvi não atender, mas após insistentes tentativas, acabei atendendo a ligação.
Cleide – Dona Diana, o Sr. Adolfo não tá bem não ...
Diana – O que ele tem?
Cleide – Ele tá dormindo no banheiro, todo vomitado.
Diana – Já tentou acordá-lo?
Cleide – Já sim ... Ele nem se mexe ... Está de bruços, deitado em cima de vômito.
O Adolfo está de sacanagem ... Se ele acha que vai me fazer voltar com algum tipo de chantagem emocional ... Está muito enganado.
Diana – Cleide, você pega um balde, enche de água bem gelada e joga na cabeça dele, que ele vai acordar.
Cleide – Cruzes, Dona Diana!!! Coitado do Sr. Adolfo!
Diana – Coitada de mim, isso sim.
Pensei um pouco e falei pra ela tentar acordá-lo de algum jeito e se não conseguisse, que me ligasse de volta. Alguns minutos se passaram e Cleide me liga novamente, mas, dessa vez, percebo que a sua voz está com um certo nervosismo.
Cleide – Dona Diana, o Sr. Adolfo desmaiou. Eu não sei o que eu faço ...
Diana – Como assim? O que aconteceu?
Cleide – Eu vou me embora. Melhor a senhora vir pra cá.
Diana – Calma, Cleide! Me conta o que aconteceu.
Cleide – Ah, melhor não ... Eu só não quero mais trabalhar aqui.
Diana – Por quê, Cleide? O que houve?
Cleide – Eu não queria falar sobre isso, mas o Sr. Adolfo falou umas coisas pra mim, que doeu muito.
Porra, Adolfo! Você só faz merda.
Diana – Cleide, eu peço desculpas pelo que ele disse, mas como você está vendo, ele bebeu demais ontem ...
Cleide – Vai me desculpar, Dona Diana, mas eu não admito que me tratem mal e me chamem de rapariga, porque eu não sou dessas.
Diana – Eu sei, Cleide ...
Cleide – Eu joguei a água nele com todo cuidado. Joguei meio copo d’água e ele ficou possesso. Pedi pra ele tomar banho, que depois eu limpava tudo, mas ele começou a gritar comigo. Disse que ninguém manda nele, muito menos uma puta de beira de esquina.
Diana – Cleide, eu sinto muito ...
Cleide – Tem mais ... Ele tirou a roupa e ficou segurando e “balangando” aquele troço pra mim, dizendo que agora que tava sozinho, ia precisar de outros serviços ... Disse que ia me pagar 50 reais por um boquete.
Diana – Cleide, pelo amor de Deus, eu peço a você que perdoe o Adolfo. Eu não posso falar muito agora, mas a gente tá se separando e eu ainda estou à procura de uma casa e faço questão que você trabalhe pra mim. Eu aumento o seu salário, mas por favor, deixa o Adolfo pra lá.
Cleide – Eu estou quase indo na delegacia. Isso que ele fez não é direito ...
Diana – Por favor, Cleide ... Ele está sofrendo muito e passou da conta, mas tenho certeza de que ele vai te pedir desculpas por isso.
Cleide – Eu sei. Ele é um homem bom ... Dá pena de ver ele assim, mas eu vou embora.
Diana – Faz um favor pra mim, eu já mandei mensagem pro pai dele e assim que ele chegar, você pode ir embora. Nem precisa fazer o trabalho de hoje e eu vou te fazer um Pix pela diária, ok?
Cleide – Tá bom, Dona Diana ... Eu …
Diana – Depois a gente conversa, mas só dê uma olhada nele, pra ver se ele está sangrando e coloca uma toalha embaixo da cabeça dele e outra cobrindo a virilha dele. Pode fazer esse favor pra mim?
Cleide – Tudo bem, Dona Diana.
Diana – Obrigada, Cleide! Me liga se você precisar de algo.
Desliguei o telefone, mas liguei imediatamente pro pai de Adolfo e expliquei a situação toda, mas não falei da separação e nem de traição. Uma coisa de cada vez, e primeiro, eu tinha que tranquilizar os pais dele, que ficaram muito preocupados e foram socorrê-lo. Eu quase fui, mas achei melhor me manter afastada. Eu não queria mostrar fraqueza nesse momento, mesmo sendo o pai dos meus filhos.
E eu me conheço ... Meu instinto de querer proteger e cuidar, iria acabar passando um outro recado a ele, sem falar que eu ainda estava com muita mágoa, mas eu também tinha medo de ceder e acabar dando, a ele, uma nova chance.
Porque, por mais estranho que parecesse, eu também não me lembrava de todos os detalhes do after, mas lembro perfeitamente da área da luxúria, com luzes roxas e o corredor de pintos, que o Adolfo mencionou. Como ele poderia saber?
Alguma coisa aconteceu, mas eu bebi um pouco além da conta e espero não ter feito besteira. Sexo, com certeza eu não fiz, ainda mais dar o cuzinho pro Ariano. Eu, com certeza, me lembraria disso, pois não seria uma tarefa fácil, aguentar aquela pica enorme.
Mesmo acostumada com o Adolfo, que é praticamente do mesmo tamanho, eu iria ficar dolorida no dia seguinte. Eu me lembro que beijei a Martina e a Olga, mas nada sério, eu acho. Foi só um selinho, ou talvez um selinho mais demorado.
Meu Deus! Eu nunca imaginaria ver a Martina pagando um boquete pra uma travesti! Será que isso aconteceu mesmo? Ela sim, tinha uma pica gigante ... Eu acho que talvez ... Será que eu segurei aquilo?
Os minutos e as horas foram passando e eu fiquei procurando ter notícias dele em vários momentos e só quando tive certeza de que ele estava melhor, foi que eu pude relaxar um pouco e largar de mão. Falei novamente com os pais dele, que estavam arrasados por saber da separação, mas pelo menos o Adolfo foi sincero e disse a eles que me traiu.
Eles ainda tentaram me convencer a dar mais uma chance, pois eram muitos anos juntos, com dois filhos ainda em formação ... Foi duro ouvir os pais dele chorando, pedindo que eu não me separasse do filho deles. Eu acabei não aguentando e chorei, pois amava demais a família dele e sempre tive uma interação maior com os pais dele do que com os meus, que eram mais fechados e mais antiquados que a família Bandeira.
Eu tratava os pais dele melhor do que tratava os meus próprios pais e ouvir o lamento e o choro deles, cortava a minha alma, mas eu fui forte e falei que sempre estaria em contato com eles e que eu os amava como uma filha, mas a separação era certa.
Depois disso não consegui mais trabalhar e tive que ir embora. Tati percebeu a minha situação, fez questão de ir junto e acabou ficando pra jantar comigo e com as crianças. Ela percebeu que não era o momento pra conversar, e sim dar apoio. De vez em quando me abraçava e não deixou que eu lavasse a louça.
Depois de pensar muito e ficar remoendo, conversei com Tati, sobre o que ela achava sobre ligar para o Adolfo pra saber como ele estava. Ela disse pra eu ligar, mas pra não dar muita ideia e ser bem objetiva. Peguei o celular e liguei pra ele. Durante a chamada de vídeo, vi que ele estava bem abatido e com um pouco de olheira.
Eu fui muito fria com ele, principalmente depois que ele sorriu e disse que estava feliz ao me ver e conversar comigo. Não sei o que deu em mim, mas o jeito que ele falou, pareceu que estava tentando me manipular e eu acabei explodindo.
Diana – Olha aqui, Adolfo! Você para de fazer merda, entendeu? Você acha que eu vou parar a minha vida, pra te dar atenção e te socorrer toda vez que você tomar um porre?
Adolfo – Mas Diana ...
Diana – Não tem desculpa! Isso que você está fazendo é chantagem emocional, pra eu ficar com pena de você e te perdoar. Pode parar com isso, porque eu não irei voltar atrás. Quer beber? Foda-se! Mas se lembre que você tem dois filhos e que seus pais já têm idade. Você viu o estado deles? Tá satisfeito com isso?
Adolfo – Eu acabei me excedendo, meu amor ...
Diana – Amor é o caralho, Adolfo! Amor é o caralho! Acabou o amor e eu não vou mudar de ideia.
Adolfo – Eu só queria uma chance ...
Diana – Outra?
Adolfo – É que a dor era muito grande e eu só queria fazê-la ir embora.
Diana – Você conseguiu, Adolfo! Você fez “EU” ir embora. Não me procure tão cedo.
Adolfo – Espera, Diana ... Não é assim que se resolve ...
Diana – Então me promete, que não vai mais beber. Prometa pela saúde de nossos filhos!
Adolfo – Eu prometo.
Diana – Tudo bem, mas não me procure nos próximos dias. Estou puta contigo e posso acabar falando o que não devo.
Me despedi dele de forma civilizada e terminei a ligação. Tati não deu nem tempo e já me abraçou com força, pois ela viu que eu iria chorar. Depois de 10 minutos de choro, eu consegui me acalmar e chamei Suzy e Jonathan pra falar sobre o pai deles.
Os dois ficaram preocupados e ligaram para o pai, que foi tentando se explicar e tranquilizou os nossos filhos, dizendo que estava bem. Ele ainda perguntou pra Suzy, como ela estava, por causa da briga com Agatha e ela estava meio chateada, porque era a primeira vez que ela tinha se envolvido numa briga.
Foi uma longa conversa, mas me pareceu que as coisas ficariam bem com ela e o pai. Isso me deu um pouco de paz, mas eu sabia que até a relação deles voltar ao que era antes iria demorar um pouco. Jonathan falou pouco, porque tomou as minhas dores e estava bem magoado com o pai, mas aos poucos tudo iria se ajeitar. Pelo menos era o que eu esperava.
Tati queria dormir na minha casa, mas disse que não haveria necessidade e depois de insistir várias vezes, cansou de ouvir que não precisava e foi embora. Avisei a ela que chegaria mais tarde no trabalho, pra não se preocupar e me despedi dela.
No dia seguinte, eu tinha uns exames de rotina pra fazer e fui ao médico. Nada demais, mas foi o suficiente pra atrasar o meu cronograma no trabalho e quando cheguei lá, fui avisada que tinha alguém na minha sala, me aguardando.
Perguntei pra Tati quem era e ela me disse que era uma advogada, mas não deu maiores informações, que segundo ela eram sigilosas. Meu primeiro pensamento, apesar de estranho, foi que o Adolfo já tinha arrumado uma advogada pra fazer o divórcio, mas quando entrei na minha sala, eu tive uma surpresa. A semelhança das duas era assustadora, como se fossem irmãs com alguns anos de diferença.
Diana – Bom dia, eu sou Diana. Em que posso ser útil?
Ana Lúcia – Bom dia, Sra. Di Capri. Meu nome é Ana Lúcia e estou aqui representando os interesses do meu esposo Ariano Flores.
Diana – Ah, sim ... Eu sabia que lhe conhecia de algum lugar.
Ana Lúcia – Nós nos vimos rapidamente na festa, há algumas noites.
Diana – Sim. É que foram tantas pessoas que eu vi naquele dia ...
Ana Lúcia – Foi uma noite bem agitada.
Diana – Muito ...
Ana Lúcia – Mas não pense que a nossa vida é sempre assim, daquele jeito. Na maioria das vezes é bem normal, mas de vez em quando acontecem esses eventos.
Fiquei olhando e admirando aquela mulher na faixa dos 45 anos, usando um terno de grife impecável e pelos movimentos e escolha de palavras, ficava claro que ela tinha muita classe, bem diferente da “xerox” que eu conhecia e era a minha melhor amiga.
Ana Lúcia – É um prazer encontrá-la novamente, embora as circunstâncias não sejam tão agradáveis.
Diana – Pois é, mas em que posso ajudá-la?
Ana Lúcia – Primeiramente, eu gostaria de lhe avisar, que geralmente eu gravo as conversas com meus clientes, portanto vou iniciar uma gravação agora. Tudo bem, Sra. Di Capri?
Diana – Sem problemas ... e pode me chamar de Diana.
Ana Lúcia – Ok, Diana. Meu marido está muito preocupado com a situação que se instaurou no fim de semana e está até pensando numa forma de solucionar os conflitos entre vida pessoal e trabalho, mas após uma conversa que tivemos, achamos melhor continuar o que havíamos planejado.
Diana – E o que seria?
Ana Lúcia – Bem, como ele mesmo disse, já conversamos com os diretores da empresa e queremos que você seja a responsável pela divulgação do perfume Pecado Mortal.
Diana – Não sei se posso assumir esse produto agora, ainda mais com uma previsão de lançamento tão apertada. Estou no meio de outros projetos e ...
Ana Lúcia – Já conversei com o seu chefe e todos os seus projetos serão repassados pra outras pessoas.
Diana – Vocês não podem fazer isso sem me consultar antes, e ...
Ana Lúcia – Infelizmente, Diana ... – Disse ela me interrompendo e tirando um documento da sua valise. – Nós temos um prazo a cumprir e o meu marido não mede esforços para realizar os seus objetivos.
Ela me entregou o documento. Se tratava de um contrato e quando eu dei uma lida, quase desmaiei. Eram muitos zeros e uma cláusula dizia que eu iria administrar toda aquela quantia, do jeito que eu quisesse, ficando com o que sobrasse, caso eu não usasse tudo na campanha de marketing.
Uma outra cláusula, dizia que eu teria uma pequena porcentagem de lucro, pra cada frasco vendido. Era uma proposta tão absurda e indecente, que ninguém ousaria recusar.
Diana – Estou vendo que o Ariano não mede mesmo esforços pra realizar os desejos dele, no entanto, eu acho o prazo muito curto e eu não posso deixar, na mão, os clientes que eu fiz ao longo de vários anos. Eles confiam em mim por um motivo. Eu nunca os decepcionei e pretendo continuar dessa forma. Agradeço a proposta, mas eu não posso trair a confiança de algumas empresas que estou trabalhando. Espero que entenda.
Ela me olhou de cima a baixo, analisando a minha expressão corporal e me pediu um momento e em seguida fez uma ligação.
Ana Lúcia – Oi ... Estou bem, sim, mas temos um problema ... Diana está recusando o trabalho ... Eu sei, mas ela diz que não quer trair a confiança dos outros clientes ...
Percebi que, provavelmente, ela estava falando com Ariano e eu devia estar muito louca, pra recusar essa proposta, mas eu estava com medo de assumir essa responsabilidade e tinha outros fatores também. O principal, era o tipo de relacionamento que ele queria ter comigo.
Ana Lúcia – Ok! Eu vou falar com ela ... Beijos.
Diana – Mesmo que ele aumente a proposta, creio que não posso aceitar.
Ana Lúcia – Sim, imaginamos isso ... É uma pena, que você deixe passar essa oportunidade.
Diana – Sinto muito mesmo, pois eu adorei o perfume e ainda mais os zeros que eu vi no contrato, mas eu tenho uma reputação, entende?
Ana Lúcia – Perfeitamente, no entanto temos mais um assunto pra discutir.
Diana – Pois não ...
Ana Lúcia – Como bem sabe, aconteceram algumas coisas no fim de semana, que deixaram o Ariano muito nervoso.
Diana – Olha, eu sinto muito pelo ocorrido e eu estava com intenção de ligar, hoje ou amanhã, pra conversar com ele ...
Ana Lúcia – Diana, o que aconteceu na sua casa foi muito sério. É muito grave e o Ariano está disposto a levar isso até a polícia.
Diana – Polícia? Mas, por quê?
Ana Lúcia – Agatha foi, no mínimo, assediada pelo seu marido, que a agarrou durante a embriaguez. O termo correto pra mim, seria estupro de ...
Diana – Pera aí ... Meu marido disse que não fez ...
Ana Lúcia – Seu marido estava bêbado e Agatha estava lúcida e consciente de suas faculdades mentais.
Diana – Eu não acredito naquela fedelha.
Ana Lúcia – Não importa no que você acredita, mas sim o que se pode provar. Por sorte, a virgindade dela ainda está intacta, mas nós coletamos fluídos que estavam na Agatha, e que após uma análise de DNA, será constatado que se trata de esperma do seu marido.
Diana – Ele não é mais meu marido. Melhor tratar isso com ele.
Ana Lúcia – Nós iremos, mas temos um outro probleminha ...
Ela abre a valise novamente e me mostra algumas fotos impressas de Agatha, que me deixam muito preocupada.
Ana Lúcia – Como você está vendo, iremos também abrir um processo de lesão corporal contra sua filha Suzana.
Diana – Vocês não podem fazer isso ... Minha filha ...
Ana Lúcia – Infelizmente, Diana, teremos que fazer. Eu dei uma sugestão ao Ariano para deixar a Suzana fora disso, mas ele está muito revoltado com o que aconteceu.
Diana – Eu vou conversar com ele ... Tenho certeza de que iremos resolver isso.
Ana Lúcia – A minha proposta é que, como a Suzana é menor de idade, que o delito seja imputado ao responsável legal dela, que estava presente no local e que deveria zelar pela segurança das adolescentes.
Diana – Vocês vão acusar o Adolfo de lesão corporal? Ou a mim? Não se esqueçam que eu também estava lá. Sóbria enquanto o Adolfo, não. – E continuei de forma mais exaltada – Ok. Podem entrar com o processo de lesão corporal, mas eu te aviso, vou me colocar como a principal responsável pelo que aconteceu. Quem irá sofrer as consequências serei eu. Mais um motivo para eu não aceitar este contrato. Não seria bom para o produto, uma Diretora de Marketing sendo processada.
Ana Lúcia – Tudo bem, Diana. Entendi o seu ponto de vista e acho que consigo fazer com que o meu marido desista deste processo por lesão corporal. Mas, quanto ao processo de estupro ...
Diana – Como já disse, ele não é mais meu marido. Resolva com ele.
Ana Lúcia – Veja bem, Diana ... Ariano só está fazendo o que deveria ser feito numa situação normal ... Ponha-se no lugar dele. Seu marido agarrou a Agatha, que ficou assustada e travou. Ela ainda disse que ficou com medo dele ficar violento, porque estava muito bêbado e fora de si ... Se isso tivesse acontecido com a Suzy, tenho certeza de que a sua opinião seria diferente.
Eu conheço o Adolfo e ele não é assim. Quando ele bebe, fica um pouco impulsivo, mas ele logo apaga. Ele nunca foi violento nesse tipo de situação.
Diana – Eu vou conversar com o Ariano e tenho certeza de que ele irá desistir disso.
Ana Lúcia – Acho difícil ... Eu nunca vi o Ariano com tanta raiva de alguém ... Ele queria dar uma surra no Adolfo, ou até coisa pior. Se ele tivesse comido a Agatha...
Por mais que eu estivesse com raiva e magoada, deixar o Adolfo responder por esse delito não parecia ser a coisa mais certa a se fazer. Mesmo assim, ela ainda deu um “tiro de misericórdia”:
Ana Lúcia – Só tem mais um detalhe: acredito que você saiba o que acontece com um estuprador que vai para a cadeia. Esta experiencia pode mudar a vida de uma pessoa. Principalmente neste tipo de crime ... Não pense que seria difícil o Adolfo ir para a cadeia com a influência que o Ariano tem. Agora, imagine seus filhos saberem que isto aconteceu, única e exclusivamente por sua culpa.
Diana – Minha culpa!!! Você só pode estar de brincadeira. Por que minha culpa?
Ana Lúcia – Porque tudo isto pode ser evitado. Basta você passar por cima do seu orgulho e aceitar este contrato.
Eu comecei a ficar um pouco desesperada e me deu vontade de chorar, mas Ana Lúcia se aproximou de mim e fez um carinho na minha cabeça.
Ana Lúcia – Diana, minha querida ... Eu vou te dar uma sugestão. Se você aceitasse o contrato, tenho certeza de que o Ariano ficaria contente e disposto a botar uma pedra nisso tudo. Ele só quer ter uma vitória, entende?
Diana – Não gosto de ser manipulada ... Isso não é brincadeira. Tenho certeza de que o Adolfo não...
Ana Lúcia – Ainda sim ... – Disse a advogada me interrompendo, mas antes que ela falasse qualquer coisa, resolvi aceitar essa manipulação, mas iria conversar com o Ariano e deixar bem claro que as coisas não funcionam assim.
Diana – ... Tudo bem ... Onde eu assino?
Ana Lúcia – Sabia que você seria inteligente.
Assinei algumas páginas, após dar uma lida de forma superficial. Estava tudo certo, sem complicações e cláusulas nebulosas. Eu estava muito aflita com tudo aquilo e eu ainda tinha muitas dúvidas em minha cabeça.
Diana – Doutora, estou preocupada com uma coisa.
Ana Lúcia – Com o que, Diana?
Diana – Naquele after, aconteceu muita coisa, como posso dizer, coisas que ...
Ana Lúcia – Sacanagem e putaria, kkkk – Falou rindo a advogada, deixando o seu lado sério meio de lado.
Diana – Isso! Tinha tanta gente lá ... Não tem perigo de vazamento?
Ana Lúcia – Você diz, alguém sair falando o que aconteceu lá?
Diana – Também ...
Ana Lúcia – Quando a gente fica sabendo de alguma fofoca, a gente não chama mais a pessoa, sendo que o Ariano sabe ser muito persuasivo, quando quer convencer alguém a ficar calado.
Diana – Eita!
Ana Lúcia – Relaxa! Não é nada do que você está pensando. Ariano tem muitas formas de convencimento. Seria uma oportunidade perdida, porque geralmente quem fica do lado dele, é muito bem recompensado.
Diana – É que eu tenho medo, que hoje em dia tem muita situação de vazamento de vídeo. Será que alguém poderia ter filmado as coisas lá dentro?
Ana Lúcia – Geralmente a segurança é muito bem-feita e nós recolhemos todos os celulares, mas sabe como é a tecnologia hoje. Tem câmera em caneta, em óculos, em relógio, em botão de camisa ... Já ouvi até história de câmera no dente.
Diana – No dente?
Ana Lúcia – No aparelho ... E aí, se algum espertinho usar alguma dessas artimanhas, fica mais difícil detectar, mas até hoje nunca tivemos um vazamento de nossas festas, até porque nem todas as festas acontece aquilo.
Diana – Entendo ... Bem, acho que acabamos ...
Ana Lúcia – Mas por que você está me fazendo estas perguntas?
Diana – Nada, não. Só preocupação mesmo. – Eu não queria dizer para ela que tinha ouvido algo estranho do Adolfo, mas eu iria investigar mais a fundo.
Ana Lúcia – Bom. Então, só resta agora mais um assunto pra conversarmos.
Diana – O que foi dessa vez?
Ana Lúcia – Eu gostaria de representá-la na ação de divórcio. O que você acha?
Diana – Melhor não ... Eu tenho uma amiga que é advogada e falarei com ela.
Ana Lúcia – Se mudar de ideia, é só me procurar. Posso ser bem útil pra fazer acordos complicados e fazer com que o processo termine mais rápido.
Diana – Eu vou avaliar.
Ana Lúcia – Não demore muito ... se não, esse dinheiro que você irá receber, vai ser dividido por dois ... Não seria melhor, você receber essa quantia só pra você?
Continua ...