Amante Secreto - Parte 12: O Pós Festa

Da série Amante Secreto
Um conto erótico de Fabio N.M
Categoria: Heterossexual
Contém 3856 palavras
Data: 31/12/2024 13:22:02

A luz fraca do amanhecer infiltrava-se pelas cortinas do quarto, pintando as paredes com tons suaves de dourado e laranja. O silêncio preenchia o espaço, quebrado apenas pelo som tranquilo da respiração de Alice e André, que ainda estavam entrelaçados sob os lençois macios. O corpo nu de Alice repousava no abraço caloroso de André, suas pernas se tocando casualmente, criando uma intimidade serena.

Alice foi a primeira a acordar. Seus olhos abriram-se lentamente, ajustando-se à luz difusa. Por um momento, ela ficou imóvel, tentando compreender onde estava e o que havia acontecido. Quando finalmente sentiu o braço forte de André ao seu redor e o calor de sua pele contra a dela, flashes da noite anterior começaram a invadir sua mente.

A dança vendada… o toque de André… o beijo que eles haviam compartilhado e, finalmente, a conexão que consumiu os dois no quarto. Cada memória vinha acompanhada de um turbilhão de emoções: culpa, excitação e uma curiosidade ardente que ela não podia ignorar. Alice sabia que algo dentro dela havia mudado. O desejo que ela experimentara com André era diferente de tudo o que já havia sentido antes, e, pela primeira vez em muito tempo, ela sentiu-se viva de uma forma que não conseguia descrever.

Mas esse desejo não era exclusivamente por André. A intensidade do que havia acontecido apenas despertou em Alice a possibilidade de querer mais. Mais daquela liberdade. Mais daquela entrega.

Ela virou a cabeça ligeiramente, observando André enquanto ele dormia. Seu rosto parecia tranquilo, os traços relaxados, e havia uma leve curva em seus lábios, como se ele estivesse sonhando algo agradável. Alice não pôde evitar um sorriso. Ele parecia tão diferente daquele homem confiante e provocador da noite anterior.

André começou a se mexer, despertando lentamente. Seu braço apertou gentilmente o corpo de Alice antes de seus olhos se abrirem. Quando finalmente ele percebeu que ela já estava acordada, deu-lhe um sorriso preguiçoso.

— Bom dia — ele disse, a voz rouca do sono.

— Bom dia — respondeu Alice, com uma timidez que não sabia de onde vinha.

Eles permaneceram assim por um momento, simplesmente se olhando. André passou os dedos suavemente pelo ombro dela, traçando linhas invisíveis enquanto se lembrava dos momentos da noite anterior.

— Você está bem? — ele perguntou, com genuína preocupação em sua voz.

Alice assentiu lentamente, mas algo em sua expressão fez André franzir a testa. Ele sabia que havia mais em sua resposta do que ela estava deixando transparecer.

— Foi intenso — Alice finalmente admitiu, virando-se para encará-lo completamente — Eu não sei… o que isso significa. Para mim. Para nós.

André a observou em silêncio por um momento, sua expressão suavizando enquanto ele considerava suas palavras. Ele sabia que Alice estava lidando com algo profundo, algo que talvez nem ela soubesse como articular.

— Não precisamos definir nada agora — ele disse, sua mão encontrando a dela sob os lençois — O que aconteceu foi… real, mas também foi parte do que todos nós concordamos em experimentar aqui.

Alice balançou a cabeça, concordando, mas seus pensamentos ainda estavam emaranhados. Ela queria acreditar que poderia separar o que aconteceu ali do resto de sua vida, mas a intensidade das sensações e emoções a deixava incerta.

— Você sabia? — ela perguntou de repente, sua voz carregando uma curiosidade que surpreendeu até a ela mesma.

André ergueu uma sobrancelha.

— Saber o quê?

— Que seríamos nós. Aqui, no quarto.

André hesitou antes de responder, seu sorriso ligeiramente culpado.

— Não, mas… fiquei feliz ao ver que era você entrando por aquela porta.

Alice riu suavemente, mas não havia humor em seu tom.

André inclinou-se para ela, aproximando-se até que seus rostos estivessem a poucos centímetros de distância.

— Não vou fingir que não gostei — ele disse, sua voz grave e carregada de emoção — Mas, Alice, quero que você saiba que isso… isso foi mais do que eu esperava. Você foi mais.

As palavras dele a pegaram de surpresa, e ela sentiu suas bochechas corarem. A maneira como André a olhava era diferente. Não era apenas desejo; havia algo mais profundo ali, algo que ela não estava pronta para enfrentar.

Alice desviou o olhar, mas André ergueu o queixo dela com delicadeza, obrigando-a a encará-lo novamente.

— Sei que isso pode parecer confuso agora — ele continuou — mas quero que você saiba que não há pressa. O que quer que você sinta, o que quer que decida fazer com isso… está tudo bem.

Ela engoliu em seco, suas mãos instintivamente apertando os lençois.

— E quanto a Lara?

André suspirou, inclinando-se para trás enquanto passava uma mão pelo cabelo.

— Lara e eu... temos nossas complicações. Não vou mentir, Alice, isso vai complicar ainda mais as coisas, mas, por enquanto, eu só quero focar no que aconteceu entre nós. No que isso significou.

Alice ficou em silêncio, processando as palavras dele. Por mais que quisesse negar, havia algo reconfortante na honestidade de André.

O silêncio que se seguiu não era desconfortável. Era cheio de pensamentos não ditos e emoções não expressas, mas também de algo inesperado: um entendimento mútuo.

André inclinou-se novamente, seus lábios roçando os dela em um beijo suave e lento. Alice respondeu, permitindo-se mergulhar naquele momento uma última vez antes que a realidade os alcançasse.

Quando o beijo terminou, ela descansou a cabeça no peito dele, ouvindo o som constante de seu coração. Pela primeira vez em muito tempo, Alice sentiu-se viva. Não apenas uma esposa, ou uma mãe, ou uma professora, mas uma mulher, com desejos e necessidades que finalmente estavam sendo descobertos.

Enquanto Alice e André permaneciam juntos, o som distante das ondas quebrando contra a praia preenchia o silêncio. Ambos sabiam que o dia à frente traria decisões e conversas difíceis, mas, por enquanto, escolheram se perder na serenidade daquele momento.

Alice fechou os olhos novamente, seu corpo relaxando no abraço de André, enquanto ele passava os dedos gentilmente por seu cabelo. Seus pensamentos eram um redemoinho de dúvidas e desejos, mas havia uma certeza: algo dentro dela havia mudado para sempre.

A luz matinal entrou pelos grandes janelões do quarto, refletindo suavemente nos móveis luxuosos e nos lençois bagunçados que cobriam parcialmente o corpo adormecido de Marcelo. Fabíola estava acordada há algum tempo, sentada na beira da cama com o corpo nu e sua pele ainda emanando o calor dos momentos intensos daquela noite.

Seus olhos percorreram o quarto até se fixarem no homem que dormia ao seu lado. Marcelo estava deitado, o peito subindo e descendo em um ritmo tranquilo. Seu corpo, definido pela malhação e pela disciplina, era como uma obra de arte viva, e Fabíola não conseguia desviar o olhar.

Ela inclinou-se levemente, sua mão deslizando com cuidado pelo peito dele, os dedos seguindo as linhas dos músculos até pararem sobre a curva de seu ombro. Enquanto o tocava, ela sentiu uma mistura de admiração e gratidão. Marcelo havia dominado ela de uma forma que poucos homens já haviam feito. Ele havia seguido cada instinto, atendido cada pedido, e, ao mesmo tempo, mantido um respeito que ela raramente encontrava em outros.

Enquanto Fabíola acariciava Marcelo, flashes da noite anterior inundaram sua mente. Ela se lembrou da intensidade de seus toques, da forma como ele a segurava, como se quisesse protegê-la e possuí-la ao mesmo tempo. A entrega absoluta que compartilhavam era algo que ela não sabia que precisava até o momento em que aconteceu.

Fabíola suspirou, um leve sorriso curvando seus lábios. Ela se sentia satisfeita, mas também inquieta. A lembrança de Marcelo era doce, mas a ausência de Rodrigo era como um peso em seu coração.

Fabíola levantou-se da cama, recolhendo suas roupas e enrolando-as ao redor de seu corpo enquanto caminhava lentamente até a janela. Lá fora, o céu estava limpo, e o mar reluzia como uma extensão de prata líquida sob o sol da manhã. O cenário era perfeito, mas dentro dela, uma tempestade silenciosa começava a se formar.

“Rodrigo”.

Ela não sabia com quem ele estava, mas não conseguia tirar da cabeça a ideia de que pudesse ser Lara. Fabíola sempre soube do fascínio que Rodrigo tinha por Lara, uma atração que ele fazia questão de esconder, mas que era evidente para ela.

Seu peito apertou com a suspeita, e uma onda de ciúme invadiu seu corpo. Ela odiava sentir isso. Sempre foi uma mulher confiante e liberal, segura de si, mas a ideia de Rodrigo estar com Lara a deixava vulnerável de uma forma que ela não conseguia controlar.

O som de um movimento na cama interrompeu seus pensamentos. Fabíola virou-se e viu Marcelo acordando lentamente, os olhos piscando contra a luz do dia. Ele a viu perto da janela e sorriu, um sorriso sonolento, mas genuíno.

— Bom dia — ele murmurou, sua voz grave e rouca.

Fabíola sorriu de volta, mas o gesto não alcançou seus olhos.

— Bom dia.

Marcelo sentou-se na cama, os lençois caindo para revelar seu torso nu. Ele estendeu a mão para ela, um convite silencioso para que voltasse para a cama. Fabíola hesitou por um momento antes de se aproximar e sentar-se ao lado dele.

Marcelo notou a expressão distante no rosto de Fabíola e franziu a testa.

— Você está bem?

Ela balançou a cabeça, tentando dissipar a nuvem de pensamentos que a envolvia.

— Estou. Só… refletindo sobre tudo isso.

Marcelo inclinou a cabeça, seu olhar fixo no dela.

— Sobre a gente na noite passada? Ou sobre o que está acontecendo nos outros quartos?

Fabíola soltou uma risada curta, sem humor.

— Um pouco dos dois, talvez.

— Você se arrepende? — perguntou Marcelo, sua voz suave, mas carregada de preocupação.

Fabíola olhou para ele, surpresa com a pergunta.

— Não. Nem por um segundo — Ela segurou a mão dele, apertando-a com firmeza — O que aconteceu entre a gente foi… incrível. Você foi incrível.

Marcelo sorriu, relaxando visivelmente. Mas Fabíola sabia que precisava ser honesta sobre o que realmente a estava incomodando.

— Eu só… Não consigo parar de pensar em Rodrigo — ela admitiu, sua voz quase um sussurro.

Marcelo não respondeu imediatamente, mas sua expressão permaneceu compreensiva.

— É natural — ele disse finalmente — Ele é seu marido, e tudo isso é… complicado.

Fabíola assentiu, mas não disse mais nada. Ela sabia que Marcelo estava parcialmente certo. O problema não era Rodrigo estar com outras mulheres, mas com Lara.

Enquanto o silêncio pairava entre eles, Fabíola voltou a olhar pela janela. Ela se perguntou com quem Rodrigo estava, e se ele estava pensando nela.

Uma parte dela queria confrontá-lo, perguntar diretamente, mas outra parte tinha medo da resposta. E se ele realmente estivesse com Lara? Como ela lidaria com isso?

Marcelo, percebendo a luta interna de Fabíola, colocou uma mão reconfortante em seu ombro.

— Fabíola — ele disse suavemente — se precisar de alguém para ouvir… estou aqui.

Ela olhou para ele, tocada por sua gentileza. Por mais que Marcelo fosse o homem mais intenso e apaixonante que ela já conhecera, havia uma suavidade nele, uma disposição de estar presente para ela, mesmo quando ela estava perdida em seus próprios pensamentos.

Mas, apesar do conforto que Marcelo oferecia, Fabíola sabia que o verdadeiro conflito precisava ser resolvido com Rodrigo. Ela precisava saber com quem ele estava, o que ele sentia, e se essa experiência os aproximaria ou os afastaria.

Fabíola suspirou profundamente, apertando a mão de Marcelo em agradecimento antes de se levantar.

Enquanto ela se preparava para sair do quarto, uma última olhada para Marcelo trouxe um leve sorriso a seus lábios. Ele era uma lembrança de que, mesmo em meio à confusão, havia beleza e conexão a serem encontradas.

Jorge sentia o peso confortável do cansaço da noite anterior, seu corpo afundado no colchão macio. Ele estava entre o sono e a vigília, seus sonhos mesclando-se com uma sensação deliciosa e inebriante que o fez gemer suavemente, um som grave e rouco.

Seu corpo começou a responder antes mesmo de sua mente processar o que estava acontecendo. Ele sentiu uma pressão quente e molhada em sua virilha, e o prazer que irradiava dessa área o despertou completamente. Quando abriu os olhos, viu Yasmim entre suas pernas, a cabeleira loira cobrindo sua cabeça como um véu enquanto ela trabalhava com os lábios e a língua, criando uma sinfonia de sensações em seu corpo.

Jorge piscou algumas vezes, como se para se certificar de que aquilo não era um sonho. Ele levantou levemente a cabeça, apoiando-se nos cotovelos, e viu o sorriso travesso de Yasmim enquanto ela deslizava o membro rígido, quente e babado pelo rosto.

— Bom dia — ela disse, sua voz baixa e sedutora, sem parar o movimento das mãos.

— Bom… dia — Jorge respondeu, mas sua voz tremeu, quebrada pela onda de prazer que ela acabara de provocar.

Yasmim riu suavemente, aumentando o ritmo por um momento antes de parar e subir até ele, apoiando-se sobre o peito musculoso e nu de Jorge.

— Eu não queria te acordar assim — ela brincou, claramente mentindo.

— Eu não estou reclamando — respondeu Jorge, sua mão subindo automaticamente para acariciar o rosto dela.

Enquanto Yasmim o observava, seus olhos azuis brilhando com diversão, Jorge sentiu uma batalha interna começando a emergir. A mulher diante dele era deslumbrante, segura de si e completamente livre em sua expressão de desejo. Ele, por outro lado, ainda estava preso em seus próprios pensamentos e inseguranças, questionando o que essa experiência significava para ele e, mais importante, para Alice.

Jorge era um homem simples. Tudo em sua vida girava em torno de trabalho, família e moralidade. No entanto, a noite anterior, e agora esse momento com Yasmim, estavam mexendo com as bases de quem ele achava que era.

— Você está pensando demais — Yasmim interrompeu seus pensamentos, inclinando-se para beijá-lo suavemente nos lábios.

— Desculpe — ele disse, desviando o olhar momentaneamente — Isso tudo é… novo para mim.

— Eu sei, não se preocupe — Yasmim respondeu, com uma paciência que ele não esperava — Você está aqui agora. E merece aproveitar cada segundo.

Yasmim colocou um dedo sobre os lábios de Jorge, silenciando qualquer protesto que ele pudesse ter. Ela sorriu, inclinando-se novamente para beijá-lo, mas desta vez o gesto foi mais profundo, mais intenso. Jorge respondeu, sentindo algo dentro dele se render à energia confiante e sedutora de Yasmim.

Ele passou as mãos pela cintura dela, subindo até os ombros enquanto ela se ajustava sobre ele. Lentamente, Yasmim deslizou para trás, posicionando-se sobre ele enquanto ambos trocavam olhares que diziam mais do que palavras poderiam expressar.

Yasmim removeu o lençol que a cobria, revelando seu corpo esculpido e bronzeado. Jorge segurou sua respiração por um momento, admirando a visão diante dele. Ela era uma visão de beleza, uma mistura perfeita de força e suavidade.

— Eu quero que você relaxe — Yasmim sussurrou, guiando as mãos de Jorge para seus quadris enquanto ela assumia o controle.

Yasmim começou a se mover lentamente, permitindo que o membro dele se acomodasse dentro de si de uma forma que fez Jorge soltar um gemido baixo. Ela ditava o ritmo, movendo-se com uma confiança que o hipnotizava. Suas mãos exploravam o corpo dele, traçando os músculos e os pelos grisalhos e macios do peitoral.

— Você é tão forte — ela murmurou, inclinando-se para beijar seu peito — E tão gostoso.

Jorge não sabia como responder. Ele estava completamente absorvido pela experiência, sua mente incapaz de formular pensamentos coerentes. Tudo o que ele podia fazer era segurar Yasmim e deixar-se levar.

Quando o ritmo deles começou a aumentar, Jorge sentiu a confiança crescer dentro dele. Ele agarrou Yasmim pelos quadris, assumindo o controle enquanto ela soltava uma risada de aprovação.

— Isso — ela incentivou, inclinando-se para trás e apoiando as mãos nos joelhos dele para dar a ele mais controle.

Jorge aumentou o ritmo, seus movimentos tornando-se mais intensos e firmes. O som de seus corpos se encontrando enchia o quarto, acompanhado pelos gemidos de ambos.

— Você é mesmo incansável, heim — Yasmim sussurrou, suas palavras um incentivo que ele nem precisava.

Yasmim parou por um momento, inclinando-se para frente e beijando Jorge profundamente antes de se mover para o lado, indicando que queria mudar de posição. Jorge, agora mais confiante, seguiu sua liderança, posicionando-se sobre ela enquanto ela deitava-se de costas, com um sorriso satisfeito no rosto.

Ele a observou por um momento, admirando a mulher que o havia ajudado a descobrir um lado de si mesmo que ele não sabia que existia.

— Coloca no meu buraquinho — ela disse suavemente, e essas palavras foram o suficiente para dissipar qualquer dúvida restante que Jorge pudesse ter.

Ele entrou nela novamente, desta vez assumindo uma postura mais dominadora. O ritmo que eles estabeleceram era mais selvagem, mais intenso, e cada movimento os levava mais perto do abismo.

Jorge inclinou-se para beijar Yasmim enquanto se entregava completamente ao momento, seus corpos tremendo de prazer, descarregaram com ímpeto todo seu gozo . O quarto parecia ficar em silêncio absoluto, exceto pelo som de suas respirações ofegantes enquanto ambos tentavam recuperar o fôlego.

Yasmim acariciou o rosto de Jorge, um sorriso satisfeito em seus lábios.

— Eu não sabia que tinha tudo isso em você — ela disse, sua voz suave e cheia de admiração.

Jorge riu, um som baixo e rouco que parecia aliviado.

— Você me deixa sem jeito, Yasmim.

— E você me impressiona — ela respondeu, puxando-o para um último beijo antes de ambos caírem de lado, exaustos, mas satisfeitos.

Yasmim observava Jorge, sentindo-se realizada, mas também curiosa sobre o que essa experiência significaria para ele. Para ambos.

O som distante das ondas batendo na praia ecoava pelo quarto, trazendo uma sensação de serenidade que parecia contradizer o turbilhão de emoções que se desenrolava dentro deles.

A luz suave do amanhecer penetrava pelas cortinas entreabertas, iluminando o quarto com um brilho cálido. Lara despertou lentamente, o corpo dolorido, mas dominado por uma sensação estranha de satisfação e cansaço. Cada movimento a fazia lembrar dos momentos intensos da noite anterior: os toques de Rodrigo, a intensidade de seus beijos e o arrebatamento dos múltiplos orgasmos que ele a proporcionara.

Mas junto com essas lembranças, veio uma onda de culpa.

Lara suspirou profundamente, jogando os pés para fora da cama enquanto se sentava na beirada, tentando processar tudo. Ela passou as mãos pelo rosto, como se pudesse apagar as imagens que dançavam em sua mente. Por mais que quisesse culpar o momento, o ambiente, ou até mesmo Rodrigo, ela sabia que, no final, a escolha havia sido dela.

Atrás dela, Rodrigo dormia profundamente. Seu corpo nu estava parcialmente coberto pelos lençois, um braço pendendo relaxadamente para fora da cama. O rosto dele tinha uma expressão tranquila, quase angelical, que contrastava completamente com a presença dominante e provocadora que ele demonstrava quando estava acordado.

Lara virou-se para olhá-lo por um momento, seu coração apertando-se com uma mistura de raiva, desejo e confusão. Ela balançou a cabeça, tentando se livrar da montanha-russa emocional que a consumia.

Lara abaixou-se para pegar seu vestido no chão, encontrando-o misturado às roupas de Rodrigo. Quando puxou a peça de tecido, algo caiu do bolso da calça dele: dois cartões eletrônicos.

Ela os pegou, franzindo a testa. Um deles era familiar: era o cartão branco que Rodrigo havia sorteado na primeira fase do jogo, algo que todos os participantes tinham. Mas o outro cartão chamou sua atenção imediatamente. Era preto, e, ao examiná-lo mais de perto, Lara percebeu algo que fez seu coração acelerar.

No canto inferior direito, havia um código que ela reconheceu. Era o cartão que ela mesma havia sorteado no início do jogo, aquele que deveria ter usado para entrar no quarto onde estaria o homem designado aleatoriamente.

Lara colocou os dois cartões sobre a cama e vasculhou apressadamente as roupas que havia usado na noite anterior. Dentro do bolso de seu vestido, encontrou outro cartão preto, diferente do que tinha em mãos. Os códigos não correspondiam.

Uma sensação de desconforto tomou conta dela. Em algum momento, os cartões haviam sido trocados. Rodrigo tinha manipulado o jogo.

Lara respirou fundo, tentando manter a calma. Ela colocou os cartões sobre a mesa ao lado da cama e virou-se para Rodrigo, que ainda dormia tranquilamente.

— Rodrigo — ela chamou, sua voz firme, mas baixa.

Ele não respondeu.

— Rodrigo — repetiu ela, agora mais alto, cutucando-o no ombro.

Ele abriu os olhos lentamente, um sorriso preguiçoso curvando seus lábios.

— Bom dia — murmurou, sua voz rouca.

— Bom dia? — Lara cruzou os braços, olhando para ele com dureza — Acho que você me deve algumas explicações.

Rodrigo ergueu uma sobrancelha, inclinando-se sobre o travesseiro.

— Sobre o quê?

Lara pegou os cartões e os ergueu para ele.

— Sobre isso.

Rodrigo suspirou, sentando-se na cama. Ele passou a mão pelos cabelos, como se tentasse ganhar tempo antes de responder.

— Sim — ele admitiu, olhando diretamente para ela — Eu troquei os cartões.

— Por quê? — Lara perguntou, sua voz cheia de incredulidade e raiva.

Rodrigo sorriu, mas era um sorriso melancólico.

— Porque você é a razão de tudo isso, Lara. Toda essa festa, esses jogos… foi por você.

Lara ficou em silêncio, suas mãos tremendo enquanto segurava os cartões.

— Sou apaixonado por você desde que te conheci. Sempre senti algo especial — continuou Rodrigo — Algo que nunca consegui ignorar. Meu mundo desabou quando descobri que André havia se declarado pra você. Durante anos guardei esse sentimento. E quando a ideia dessa festa surgiu, vi isso como uma oportunidade. Uma chance de te mostrar algo diferente, algo que você talvez nem soubesse que precisava.

Lara balançou a cabeça, sua raiva crescendo.

— Então você manipulou tudo pra que eu entrasse no seu quarto?

Rodrigo assentiu.

— Sim. Pedi para uma das camareiras trocar os cartões enquanto limpava os chalés. Foi arriscado, mas deu certo.

As palavras de Rodrigo atingiram Lara como um golpe. Ela sentiu seu coração apertar, a raiva lutando contra a culpa e a confusão. Parte dela queria gritar com ele, estrangulá-lo, mas outra parte… outra parte sentia o completo oposto.

Era difícil negar que a noite com Rodrigo havia despertado algo nela, uma satisfação que ela não atingia há anos. Mas a maneira como ele havia manipulado tudo a fazia questionar seus próprios sentimentos.

— Você não tinha o direito… — ela disse finalmente, sua voz baixa, mas carregada de emoção.

— Eu sei — Rodrigo respondeu, sua expressão sincera — Mas faria tudo de novo, Lara. Porque valeu a pena. Você vale a pena.

Antes que Lara pudesse responder, a porta do quarto abriu-se abruptamente. Fabíola entrou, os olhos imediatamente caindo sobre Lara e Rodrigo.

A tensão no ar era densa, e Fabíola franziu a testa ao notar os dois cartões eletrônicos nas mãos de Lara.

— O que está acontecendo aqui? — perguntou ela, sua voz carregada de suspeita.

Lara olhou para Fabíola, seu rosto pálido.

— Eu estava perguntando a mesma coisa.

Fabíola cruzou os braços, seus olhos alternando entre Rodrigo e Lara.

— Alguém vai me explicar o que esses cartões significam?

Rodrigo inclinou-se para frente, tentando manter a compostura.

— Fabíola, eu posso explicar…

— Não — interrompeu Fabíola, sua voz firme — Eu quero ouvir de você, Lara.

Lara hesitou, seu olhar cheio de culpa e raiva.

— Rodrigo trocou os cartões — ela disse finalmente — Ele fez com que eu viesse para este quarto de propósito.

Fabíola estreitou os olhos, seus lábios formando uma linha fina.

— E por que ele faria isso?

Lara não respondeu, mas Rodrigo, com sua habitual confiança, levantou-se da cama, colocando-se entre as duas mulheres.

— Porque eu queria Lara aqui — ele declarou, sua voz firme.

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Comentários

Foto de perfil de J67

E agora, a Lara vai assumir que teve a melhor noite de sexo da sua vida com o calhorda do Rodrigo ou vai cuspir fogo pelas ventas?

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Fabio, eu achava que a última parte era aquela anterior, e sem saber que faria, sugeri a parte "do dia seguinte", não imaginando que você ia fazer. Achei que o conto terminava na noite da virada. Gostei muito, pois é aqui que veremos as verdadeiras naturezas de cada um. O despertar de cada casal foi muito bem desenhado, suas reações muito bem concebias e descritas, embora ache contraditória a atitude repentina de insegurança e de ciúme da Fabíola em relação ao que aconteceu com Rodrigo e a Lara. Durante todo o tempo ela é a maior estimuladora do jogo, parecia que sabia tudo que iria rolar. Parecia preparada para esse jogo. A possibilidade do Rodrigo ficar com a Lara era muito grande. Agora, ela acorda insegura? Ficou complicado para eu entender isso. Do meu pontoo de vista do argumento, achei meio forçada a reação, embora até que seja compreensível, desde que não sendo ela uma das organizadoras de tudo. Só elas duas não percebiam o que estava acontecendo? O conto é excelente e nos coloca diante da possibilidade real que a vida nos apresenta a cada nova oportunidade. Cada noite de um casal pode ser como essa. Uma revolução. Construção de personagens muito bons e coerentes, exceto essa reação da Fabíola agora. Excelente conto.

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Leon, é bom lembrar que a insegurança de Fabíola em relação à Lara é plantada lá atrás. Talvez reforçar essa insegurança em outros capítulos deixasse a coisa mais crível, mas o autor prefere não deixar certas coisas tão evidentes.

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Sim, Turin, entendi o objetivo dele, mas foi algo que mesmo eu entendendo que é intencional, me soou forçado. Entre roteiristas, chamamos de "roteirada", algo que vai contra a lógica do personagem, apenas para favorecer a trama. Pois o Fabio construiu tão cuidadosamente cada personagem, que deixar essa "lacuna" na Fabíola me incomodou. Pareceu uma reação despropositada. Por outro lado, também entendo que as pessoas se deitam de um jeito, e depois, no dia seguinte, acordam de outro. Tenho que admitir. É assim na vida real.

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Por outro lado, o “É assim na vida real” nem sempre dá para encaixar numa história. Um ser humano é muito mais complexo do que um personagem.

Às vezes é coisa sutil que fala… algumas linhas de diálogo em alguns capítulos já poderiam fazer a diferença para deixar essa postura dela mais autêntica.

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Vejamos a questão por outro ângulo: Todos sabíamos que o Rodrigo armou a festa para mexer com todos os amigos, e ele, como o próprio Fábio reconheceu, tinha a intenção de pegar a Lara. A história seguiu nesse rumo perfeito, poderia ser feita de forma que a manipulação dos cartões fosse feita sem ser descoberta. Perfeitamente possível. Mas, no momento em que o autor colocou a troca dos cartões sendo descoberta, e as reações de Lara e Fabíola, que até são cabíveis, entendi que é uma solução intencional para provocar um plot twist na história. E como o Fábio é muito sutil nas suas colocações, eu achava que ele não iria fazer isso. Quando ele toma partido dessa solução, revela que quer mesmo o fogo no parquinho, e caracterizar o Rodrigo como o manipulador de forma apelativa, quando não precisava, pois já estava conseguindo tudo com muita habilidade. Aí, vai do autor e seu objetivo, revelar esse lado dele, e temos que respeitar e seguir acompanhando.

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As 14 partes do conto já estavam escritas antes de eu publicar a parte 1. O diálogo entre Rodrigo e Fabíola na Parte 7 eu deixei uma pista do que poderia surgir. Ela sabia que Rodrigo e Lara tinham uma história pregressa e já desconfiava que havia alguma intenção por trás, mas preferiu acreditar em Rodrigo. O cara sempre foi bom de lábia 😅

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Quero ver os defensores dos cornos mansos conseguirem defender esse Talarico agora,kkkkkkk, Talarico, filho de uma puta e manipulador, um cara escroto.q.se.baleu do dinheiro q tem pra furar o olho do amigo, Rodrigo não chega nem perto de ser um comedor, e só mais um filha da puta manipulador q precisou ser medíocre e usar armação pra conseguir ter uma mulher q ele nunca foi capaz de ter nem a empatia dela quem dirá a oportunidade de ter ela como mulher ao seu lado, esse Rodrigo realmente e patético,.ser repugnante

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Eu não sei qual o tamanho pretendido para essa história, mas para mim, a história de verdade começa aqui, com as consequências.

É interessante ver que nem todos estão quebrados, pois Marcelo e Yasmin parecem ter lidado muito bem com tudo.

Três estrelas pelo desenvolvimento até aqui. A história promete cada vez mais.

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Pensei a mesma coisa enquanto decidia se teria uma segunda temporada 😁

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Não brinque com a minha ansiedade, rapaz! Rs. Fala logo, vai ter ou não segunda temporada?

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Desenrolar incrível! Será que a onda liberal permanecerá, ou as verdadeiras intenções de Rodrigo farão com que todos reprimam tudo aquilo que viveram?

Apesar das linhas tortas, cada um dos participantes do jogo viveu algo inesquecível. Sensações que certamente gostariam de permanecer vivendo, mesmo que eventualmente. Inclusive, a própria Lara e Fabíola, supostamente manipuladas na história e André que já não se conecta mais a Lara há um tempo. Curioso com os próximos capítulos, torcendo por mais putaria kkkkk

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Kkkkkkkkkk aí os defensores de Rodrigo, kkkkkkk eu sabia q esse cara era filho da puta e manipulador. Tem alguém aqui q precisa prestar mais atenção nos contos kkkkkkk. Velhaco estávamos corretíssimos em suspeitar desse Rodrigo

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Sim,.o cara é Talarico e manipulador, fez tudo isso pra furar o olho do amigo, Rodrigo na verdade é.um menino mimado q.passou metade da vida frustrado por não conseguir conquistar a Lara com sua soberba e arrogância, é um cara mau caráter q não mede as consequências de seus atos pra conseguir o q quer, nem q pra isso tenha q armar, trapacear, mentir e manipular outras pessoas, ele nunca se importou com a libertação de ninguém,.tudo foi só um pretexto pra conseguir comer a Lara e satisfazer seu ego ferido

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Wall Street, Av. Paulista, o mundo do sucesso milionário, está repleto de Rodrigos que são invejados, imitados e seguidos nas redes sociais. Elon Musk, Donald Trump, e muitos outros seguem o mesmo modelo. Aqui no Brasil tivemos Eike Batista, entre outros. Existe até um reality Show na TV, Shark Tank Brasil: Negociando com Tubarões é um reality show de empreendedorismo produzido e exibido pelo Sony Channel desde 13 de outubro de 2016. O programa é uma versão da franquia japonesa Dragons' Den, lançada em 2001, e que ganhou destaque no ocidente com a versão estadunidense Shark Tank.

O programa apresenta aspirantes a empreendedores que realizam a apresentação do negócio aos investidores "tubarão", que então podem decidir se fazem uma proposta para colaborar com a empresa. A maioria dos Big shots no mundo corporativo, C.Os., e mega empresários agem dessa forma. Aposto que muitos adorariam ser como o Rodrigo. Neymar, vai pelo mesmo caminho. Dinheiro, poder e ambição, são combinações fortes. Eu não fico revoltado. Quem pode mais, chora menos. Essa é a lei da sociedade capitalista.

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