Eu estava atônita. Realmente não conseguia acreditar que o meu marido, digo ex, talvez futuro, estava me propondo aquilo. Sem saber o que falar, pedi que fosse embora que eu precisava cuidar da minha vida. Ele concordou, mas não antes de eu prometer que pensaria na proposta dele e que lhe daria uma resposta o quanto antes.
Capítulo 12 - Carinho e nada mais
No dia seguinte, acordei péssima, exausta e com profundas olheiras escuras. A proposta do Kaká me tirou o sono, literalmente. Todos na escola notaram que eu não estava exatamente bem, menos meus alunos, aliás, teve um malandrinho que me apelidou de “panda”, tamanho eram as manchas sob os meus olhos.
O dia transcorreu sem maiores novidades. Leo quis saber qual o meu problema para me ajudar, mas preferi não contar para ele o absurdo da proposta, mesmo porque eu ainda estava brava com ele, aliás, com eles, porque o Kaká também havia participado daquela situação toda lá em casa.
No final do dia, Leo me ofereceu carona e, apesar de eu não querer aceitá-la, aceitei. Eu estava cansada, estressada, confusa e não queria voltar a pé para casa, mas também queria era evitar discussão ou uma “DR”. Ele até tentou conversar quando estacionou na frente de casa, mas eu pedi desculpas, inventei uma desculpa de que estava cansada (que no final das contas não era mentira alguma!), me despedi dele e entrei. Fui direto para o chuveiro e tomei um longo banho morno para tentar desestressar. Depois fui até a cozinha só para me certificar de que não tinha sequer arroz para fazer um jantar para mim:
- Saco! Parece que tudo dá errado pra mim. - Falei em voz alta para mim mesma.
Voltei à minha suíte, troquei de roupa e chamei um Uber para me levar até o supermercado mais próximo. Em quinze minutos, eu já estava lá fazendo minha comprinha; em vinte, eu já estava arrependida de ter ido, pois encontrei com o Kaká, também fazendo algumas compras:
- Vê, você está bem? Está meio abatida… - Falou, colocando a mão em minha testa.
- É… Por que será, né? - Falei, dando pista do motivo de eu estar assim.
Homem é tudo bobo e lerdo. Ele não notou minha indireta, mas sua preocupação parecia ser verdadeira, principalmente depois que ele me olhou mais de perto e voltou a colocar sua mão, agora em minhas bochechas:
- Você não está com frio? Parece que você está meio quente…
- Não, Kaká, só tô cansada. Inclusive, quero terminar logo essa compra e ir embora. Tenho que tentar dormir…
- Não vai me falar que fui eu que…
Ele não terminou de falar, nem precisava, porque eu o encarei com a cabeça inclinada e quando levantei minha sobrancelha, a resposta foi dada:
- Desculpa! Eu só quis abrir meu coração com você. - Ele falou agora, encabulado: - Juro que não queria que você ficasse assim.
- Eu sei, eu sei, Kaká. - Falei e insisti: - Deixa eu terminar minha comprinha. Quero mesmo ir embora e descansar. Acho que não vou sequer jantar hoje.
- Eu te levo, então. Só vim pegar umas coisinhas pra mim também. Daí te deixo em casa, digo, na sua casa.
- Ah, olha, eu vou aceitar, viu! Hoje, eu tô só o pó.
Terminamos cada qual de pegar os produtos de maior urgência e, quando saíamos da sessão de hortifruti, indo em direção aos caixas, o Kaká pegou um pacote de ravioli recheado:
- Vou fazer pra você. Dormir com fome não vai te ajudar a ficar melhor.
- Não quero nada pesado, Kaká. Só quero dormir.
Ele me encarou contrariado, mas sabia que havia certa razão em eu negar uma comida mais pesada. Voltou então para trás e voltou com um pacote de peito de frango:
- Vou fazer um arroz branco e um peito de frango grelhado, com aquele molho branco que você gosta, e batatinhas fritas. Pelo menos, assim, você não dorme de barriga vazia.
Dessa vez eu não neguei, porque eu adorava o molho branco que ele fazia e me cairia muito bem. Saímos de lá para a minha casa. Ali, ele me ajudou com minhas compras, pediu-me que tomasse um bom banho e vestisse algo mais confortável. Protestei, porque já havia tomado, mas aceitei a segunda sugestão. Assim que me troquei, voltei até ele com o termômetro em mãos e lhe entreguei. Ele tirou minha temperatura e, como eu já imaginava, nada de febre. Sentei-me à mesa, mas ele me tocou para a sala, dizendo que me chamaria quando tudo estivesse pronto. Liguei a televisão e minutos depois apaguei, literalmente. Só acordei, sei lá quanto tempo depois, com ele me chamando.
Fomos até a cozinha e ele havia cumprido sua promessa: um arroz branquinho, filezinhos de peito de frango grelhados com ervilha salteadas no azeite e uma saladinha leve de repolho picadinho e batatinhas fritas. Dei por falta do molho branco:
- Achei que não combinaria direito com os pratos e decidi fazer aquele molho de salada com iogurte que você gosta. É mais leve e refrescante. - Justificou-se.
Sentei-me e me servi, enquanto ele foi lavar a louça. Lógico que não concordei:
- Nada disso! Senta e come comigo, senão eu vou fazer greve de fome.
- Duvido!
- Duvida!? Você, mais do que ninguém, deveria saber que não se deve duvidar de mim.
Ele riu, constrangido com alguma lembrança que deve ter esbarrado em um toco de seus chifres passados e se sentou à mesa. Passamos a comer e estava tudo muito bom, saboroso na medida certa, com exceção do molho para salada que achei um pouquinho azedo, mas nada que prejudicasse a experiência. Quando terminamos, fomos lavar a louça. Ele não queria me deixar, mas a casa era minha (nossa ainda, ok!), mas eu era a moradora. Acabou que combinamos dele lavar e eu secar a louça. Foi rapidinho e fomos sentar no sofá para assistir um pouco de televisão. Apaguei novamente, óbvio, só fui acordar horas depois já na minha cama.
Olhei em meu celular e era alta madrugada. Pela fresta da porta, vi claridade vindo da sala e me dirigi para lá, onde a televisão estava ligada num filme qualquer e o Kaká dormindo de boca aberta no sofá, todo bonitinho, encolhidinho, agarrado no almofadão:
- Kaká… - Sussurrei.
- Humm…
- Psiu, Kaká! - Insisti, agora lhe cutucando de leve.
- Hum, não, não.
- Vem dormir na cama. Cê tá todo torto.
- Não, não, Vê, pode dormir com ele, sem problema…
“Safado! Já tá sonhando essas safadezas comigo.”, pensei e ri. Insisti nos cutucões e ele acordou de sobressalto:
- Oi!? O quê? O que foi, Verônica? Tá bem? Tá sentindo algo?
- Estou bem, relaxa. Vem dormir na cama. Você tá todo torto aí.
- Não precisa…
- Para com isso! - Eu o interrompi: - Há alguns dias você tava até me comendo. A gente só vai dormir. Vem.
Ele se levantou e veio meio cambaleando pelo corredor até a suíte. Tirou suas roupas, ficando só de cueca, mas não quis se deitar. Perguntou se poderia tomar uma ducha e naturalmente autorizei. Não vi quando ele voltou, porque apaguei novamente, só acordando de manhãzinha com um homem me abraçando de conchinha e um pau me cutucando o traseiro. Sorri para mim mesma e logo comecei a rir baixinho, acordando-o:
- Hum… Hum? Vê!? Que horas são?
- Quase sete. Dá pra gente dormir um pouco mais, principalmente se você parar de me cutucar a bunda. - Brinquei.
- Desculpa. Eu não quis colocar minhas roupas usadas então… então…
- Tá tudo bem. - O interrompi e continuei: - Só não vai rolar. Dorme aí, vai.
Ele se virou ao contrário e eu o repreendi:
- Nã-na-ni-na! Pode voltar. Tava gostoso de conchinha.
Ele se virou novamente, me abraçando e me deu um beijo na nuca que me arrepiou inteira. Ainda assim apagamos logo depois, pelo menos eu apaguei. Só voltei a acordar com o despertador do meu celular. Virei-me para ele e ele já estava bocejando, acordando também:
- Bom dia. - Falei.
- Bom dia, aliás, ótimo dia! Bom demais acordar assim. - Ele respondeu, dando-me um selinho em seguida.
- Bafinho… - Resmunguei.
- Cê também tá. - Retrucou, sorrindo.
Ficamos ali encostados, sorrindo e curtindo aquela leseira gostosa entre casais em harmonia curtem. Algo me incomodava e decidi perguntar:
- Você tem certeza que conseguiria me dividir com outros? - Cortei na raiz aquele clima gostoso de namorico de adolescente e ainda cutuquei: - Conseguiria me assistir dando para outro?
Ele me olhou surpreso e gaguejou:
- Ó… Então… Eu… Ué! Dividir, acredito que sim, mas assistir, então… - Parou por um instante e falou: - Acho que sim, por que não?
- Você não respondeu nada, Kaká. Acho, não é resposta!
- Dividir eu conseguiria. Eu tenho até curiosidade em saber como foram suas outras transas. Eu já te falei isso, não falei?
- Falou, mas uma coisa é imaginar, outra é ouvir e outra que acredito que seja ainda mais complicada é presenciar ou participar. - Falei, sendo mais que sincera: - Eu, por exemplo, não sei se consigo te assistir fodendo outra mulher. Para falar a verdade, hoje, eu não conseguiria. Tenho até medo de mim mesma, da minha reação. Acho que eu rodaria a baiana e espanaria a sirigaita.
- Ora, ora, ora… - Disse e começou a sorrir maliciosamente: - Então, a senhorita sente ciúmes de mim?
- Não sei se é ciúme, não sei mesmo, mas sei que hoje eu não conseguiria. Então, já estou te avisando, se a gente voltar, eu não vou te dividir com ninguém, pelo menos, não por enquanto.
- Tudo bem. Eu entendo que você ainda não confie plenamente em mim para me liberar, mas eu confio em você e já te digo que você está liberada para manter suas “puladas de cerca”. - Falou e riu, zombando da cara de “nhééé!” que eu lhe fiz: - A única coisa que te peço é que seja sincera e transparente comigo: Está de conversinha com alguém? Avisa e, se puder, me mostra a conversa. Vai se atrasar porque vai sair com alguém? Avisa para eu não ficar preocupado. Transou gostoso e ainda está com tesão, nem precisa me avisar, é só sentar essa boceta gostosa e usada na minha boca que eu faço você gozar novamente.
- Gente, o que é isso!? - Falei baixinho para mim mesma, inconformada com a safadeza que o meu ex e talvez futuro marido estava escancarando para mim.
- Estou falando muito sério, Verônica! - Ele insistiu.
Aliás, ali eu vi em seus olhos que ele parecia realmente querer aquilo ou, pelo menos, estava disposto a passar por aquela experiência. Resolvi testá-lo novamente:
- Já faz uns dias que eu não transo com o Leo… - Falei e fiquei o encarando.
- Então vá! Dá uma trepada gostosa e depois vem me contar tudo, eu vou adorar.
- Kaká, isso não tá certo, cara! Você não é assim! Você só pode estar me testando, não tem outra explicação…
- Quer ir na minha terapeuta? - Ele perguntou e insistiu: - Estou falando sério. Eu te levo lá e autorizo ela a explicar toda essa fantasia de “cuckold”.
- Fantasia de quê?
- “Cuckold”! É um termo em inglês que, no português, significaria mais ou menos corno.
- Então, você não quer ficar com outras? Quer apenas que eu fique com outros, é isso?
- Lógico que não, né? Eu também gostaria de ter sexo com outras, mas com a sua permissão. A diferença é que estou disposto a reconstruir a confiança que você perdeu em mim, então estou disposto a deixar você descer para o “play” antes de mim. Assim, depois que você entender que falo sério e voltar a confiar em mim, eu passo a brincar também.
Eu o encarava abismada e tentei testá-lo novamente:
- Então, se eu quiser transar com o Leo aqui em casa, está tudo bem para você?
- Eu só não queria que fosse na nossa cama, porque aqui eu gostaria de reservar para fazer amor com a minha esposa e gostaria que você também reservasse esse espaço para a gente se lembrar de quem realmente importa.
Achei tão bonitinha a proposta que não consegui conter um sorriso. Ele continuou:
- Mas na sala, cozinha, banheiro, menos o da suíte, no quintal, vocês podem ficar à vontade, até no quarto de hóspedes não teria problema.
- E onde você ficaria nessa história?
- Onde você quiser.
- Como assim?
- Isso mesmo! Você define se quer que eu fique em casa, assistindo vocês, ou na suíte, ou mesmo fora, se você se sentir meio acanhada com a minha presença. Aí eu só retornaria depois que o Leo saísse.
- Leo! Que Leo, homem!? Você fala como se ele já tivesse aceitado isso. Ele nunca aceitaria. - Comecei a ponderar com meus botões, agora encarando o teto de nossa suíte: - Bom, pelo menos eu acho que não…
- Aí é você que tem que saber. Eu praticamente não conheço o palmitão.
- É… - Falei, mas já me corrigi na sequência: - Quê!? "É" o caramba! Eu não saberia sequer como abordar isso com ele.
- Ah, qual é, Verônica!? Uma mulher quando quer dar, sabe muito bem como fazer, ainda mais uma safada como você.
- Vai começar com ofensas?
- E não é uma safadinha, gostosa, linda, tesuda… - Falava e me beijava, intercalando as palavras: - Você é quase uma “hotwife”.
- Como?
- “Hotwife” é a esposa do “cuckold”. É a chifradeira do corno, entendeu? - Falou e caiu numa gostosa risada, debochada de si mesmo: - Quer ver como estou falando sério?
Nisso ele jogou o lençol de lado e me mostrou o pau duro feito uma pedra, balançando-o com a mão. Cheguei a salivar, mas ali, naquele momento e situação, não achei que fosse correto me entregar a ele, pois poderia dar a impressão de que eu estava de acordo e, sinceramente, eu não sabia se queria aquilo para mim. Ele, claro, ficou frustrado, mas também sabia que havia muito em jogo para insistir.
Levantei-me e fui preparar um café para a gente. Um tempinho depois, ele surgiu já vestido e se sentou à mesa. Tomamos, comemos, conversamos mais um bom tanto e nos despedimos, não sem antes eu receber um convite:
- Vem jantar comigo hoje? Quero te mostrar meu cafofo.
- Você quer é me foder no seu cafofo, isso sim!
- Ué, se você der chance, fodo mesmo.
- Se for só para jantar, eu topo. Estou falando sério! Se você quer me reconquistar, vai ter que caprichar, porque sexo não é tudo e estou muito bem servida nesse quesito.
- É!? Então, o palmitão é um palmitão mesmo?
Comecei a rir de sua pergunta e mais ainda das minhas lembranças, pois o pau do Leo mais parecia um cogumelo, rosado e com a copa grande e vermelhinha:
- Tá rindo de quê? - Ele me perguntou.
- De nada, não! - Respondi, contendo-me e complementei: - Certo, um jantar entre amigos e nada mais, ok?
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