Depois de uma noite muito bem dormida ao lado da minha loirinha, eu acordei toda animada no outro dia. Naomi não estava mais ao meu lado, provavelmente tinha se levantado para ajudar sua mãe. Ainda não eram nem sete da manhã, mas resolvi levantar e fazer minha higiene matinal. Quando terminei, voltei para cama e logo ouvi a porta do meu quarto se abrir. Era Naomi equilibrando uma bandeja no braço. Ela tinha me trazido o café da manhã na cama. Aquilo foi muito gentil e fofo da parte dela.
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Depois do café eu fui com ela até a cozinha. Simone me recebeu com um sorriso e um bom dia bem animado. Acabei tomando uma dose de café puro ali conversando com as duas e depois Naomi me chamou para ir até a cidade fazer umas compras com ela. Como eu precisava comprar algumas coisas básicas e abastecer meu carro, eu fui com ela. A cidade era realmente bem pequena, mas tinha tudo que eu precisava. Depois de comprar o que eu queria a gente foi fazer as compras em um supermercado. Naomi o tempo todo andava de mãos dadas comigo. Ela realmente estava levando a história do namoro a sério e aquilo me deixou bem feliz. Na volta para a pousada a polícia me parou na saída da cidade. Achei que tinha acontecido algo de errado, mas era o tio da Naomi querendo dar um abraço na sobrinha. Ela me apresentou como sua namorada e o tio dela foi bastante simpático comigo. Ainda mais quando falei que era policial. A conversa durou um bom tempo e depois seguimos de volta à pousada.
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Durante o tempo que fiquei na cidade, eu notei como as pessoas olhavam para mim e Naomi. Cheguei a ver uma senhora fazendo o nome do pai com as mãos enquanto nos olhava como se fossemos algum demônio ou algo assim. Eu nunca liguei para isso, até porque onde moro não tem muito isso. Cidade maior e com as pessoas mais acostumadas a ver casais homoafetivos circulando de mãos dadas. Mas em cidades pequenas do interior as coisas eram diferentes, imagino o quanto foi difícil para Naomi crescer em um lugar assim.
Quando voltamos para a pousada já era quase hora do almoço. Eu fui para meu quarto guardar minhas coisas e Naomi foi ajudar a mãe a terminar o almoço. Quando fui almoçar a maioria do pessoal já tinha se servido. Peguei meu prato e depois de encher ele bastante, fui me sentar. Não demorou muito e Naomi veio se sentar comigo. Ela trouxe seu prato e almoçamos juntas. Depois do almoço ela me chamou para ir nos canyons. Eu tinha planejado descansar na primeira semana, mas como iríamos de lancha pela represa, eu aceitei o convite.
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Foi a melhor escolha que eu fiz. Da pousada até onde ficava as lanchas era uns trezentos metros. Essa parte foi meio ruim, o sol estava muito quente. Mas assim que saímos de lancha eu percebi que valeu a pena. A paisagem era linda e sentir aquele vento no rosto era muito gostoso. Os cabelos da Naomi eram jogados para trás por causa do vento, aquele loiro meio dourado chegava a brilhar com o reflexo do sol. Seu sorriso era uma das coisas mais lindas que eu vi e seus olhos combinavam com o azul das águas. Como ela era linda!
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Ficamos umas 2 horas na lancha. Os canyons eram lindos, um verdadeiro espetáculo da natureza. Tirei um monte de fotos e fiz alguns vídeos nossos e do lugar. Eu queria ter pelo menos a chance de ver aquelas imagens e o sorriso da Naomi quando eu fosse embora. Mas não fiquei pensando nisso, já doía em pensar na minha partida. Não seria fácil dizer adeus a ela, ficar longe dela para mim já era algo que me machucava só de pensar. Isso porque só era o segundo dia ali ao lado dela.
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Nossos dias foram seguindo e nossa conexão só aumentava. Eu sabia que eu não estava naquela sozinha, era óbvio para mim que Naomi sentia o que eu sentia e tinha o mesmo medo. A hora da nossa despedida. Entre passeios incríveis e noites fantásticas regadas de muito prazer, às minhas férias foram chegando ao fim. Simone já tinha se tornado uma grande amiga. Ela era alguém que nos apoiava e sabia que ia ser muito sofrido para as duas aquela separação. A gente conversava muito e ela ficava triste com a situação.
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Faltavam cinco dias para o fim das minhas férias e uma tristeza começou a tomar conta de mim. Eu queria poder resolver a situação, achar um jeito de poder ficar com Naomi ao meu lado. Até cogitei pedir transferência para sua cidade, mas eu tinha acabado de comprar minha casa e tinha conseguido uma transferência para o pelotão perto do meu bairro. Seria praticamente impossível eu conseguir outra transferência naquele momento, ainda mais para outra cidade.
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Eu não queria demonstrar tristeza e não transformar meus últimos dias ali com ela em algo ruim. Então eu sempre tentava me manter alegre perto dela. Mas eu já tinha deixado algumas lágrimas escaparem durante o banho. Naquela noite quando ela veio dormir comigo, eu percebi que ela também não estava bem. Tentei animá-la, mas aquele sorriso lindo não apareceu, no seu lugar tinha um sorriso meio forçado e totalmente sem vontade.
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Greta: O que você tem? Aconteceu alguma coisa?
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Naomi: Desculpe, eu não estou muito legal. Mas não quero falar sobre isso porque se não eu vou chorar e não quero estragar nossas últimas noites juntas.
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Greta: Prefiro que você fale, mesmo que seja algo ruim. Lembra só que eu disse. Não fique pisando em ovos, pode falar o que quiser. Vamos tentar resolver.
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Naomi: Não é só eu que estou pisando em ovos dessa vez. Eu já notei que você está se esforçando assim como eu para não pensar na nossa despedida. Eu sei que você sempre procura me animar, mas está cada vez mais difícil não ficar triste. Eu não quero te perder!
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Greta: Você tem razão. Me desculpe, mas eu só não queria ver você triste. Mas acho que não está funcionando não é?
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Naomi: Não, mas não é culpa sua, nem de ninguém. É que só de pensar que você tem que ir embora me dá um nó na garganta. Eu não consigo não ficar triste, eu não queria te perder, mas não vejo solução. Se pelo menos eu tivesse dinheiro para bancar minha estadia na sua cidade, mas infelizmente não tenho. Eu já pensei e pensei, mas não acho uma solução. Isso está me matando por dentro. Eu não quero mais ficar longe de você. Eu amo você, Greta! Te amo demais!
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Greta: Eu também amo você meu amor! A última coisa que quero é te perder.
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Ela me abraçou e começou a chorar, eu não aguentei e chorei junto. Aqueles próximos dias com certeza seriam muito difíceis e eu precisava achar uma solução. Ouvir aquele eu te amo pela primeira vez e ouvir seu choro ali me fez perceber que não tinha como eu ficar mais longe dela. Mas algo que ela falou me deu uma esperança. Ela disse que se tivesse como bancar a estadia dela na minha cidade, teria como ela ir comigo. Naquele momento passou uma ideia louca pela minha cabeça. Mas eu precisava ter certeza se funcionaria primeiro antes de falar algo com ela. Eu não queria dar falsas esperanças a ela. Se não desse certo, a decepção seria só minha.
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No outro dia de manhã eu chamei Simone para conversar no meu quarto. Naomi tinha ido à cidade fazer compras. Eu tive que inventar uma dor de cabeça para poder ficar e falar com a mãe dela a sós. Assim que sentamos na minha cama eu já comecei a tirar minhas dúvidas.
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Greta: Simone, a Naomi me disse que se tivesse como ela bancar a estadia dela na minha cidade, ela poderia ir comigo. Isso é verdade?
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Simone: É sim. Naomi quer fazer o curso de direito. Ela até pesquisou os preços do curso em duas universidades da sua cidade. Uma delas tem um preço que eu consigo pagar as mensalidades, mas não sobra dinheiro para nada. A gente já tinha olhado isso nas universidades de Passos, Franca e Arcos. E os resultados são os mesmos. Eu consigo pagar o curso com alguma dificuldade, mas consigo. O problema é que não tem onde ela ficar e mesmo se tivesse, eu não conseguiria ajudar ela com mais nada. No momento não tem como ela ir por isso. A única solução era ela ganhar uma bolsa, mas não tem como. As notas da Naomi eram ótimas, mas nos últimos três anos caiu muito. Foi muita coisa para ela lidar. O vídeo que espalharam dela, a rejeição do pai, o divórcio, o fim do namoro e o afastamento das pessoas. Ela é uma menina muito forte e inteligente, se não, ela podia ter entrado em uma depressão e nem ter concluído o colegial. Mas ela conseguiu, porém as notas não foram boas o suficiente para ela conseguir uma bolsa.
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Greta: Então se ela tiver um lugar para ficar sem despesas alguma, ela poderia ir para uma dessas cidades estudar?
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Simone: Poderia, desde que tivesse alguém para pelo menos orientar ela. Não quero deixar minha filha sair daqui para ir para um lugar sozinha. Eu tenho medo dela em uma cidade grande sem ninguém de confiança para ajudar ela. Naomi tem um coração muito bom e infelizmente essa qualidade se torna um defeito se ela encontrar alguém ruim que aproveite disso.
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Greta: Se você concordar eu acho que tenho uma solução, mas você vai ter que confiar em mim.
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Simone: Confiar em você não seria um problema. Nesses dias que tive contato com você, eu percebi que você é uma boa pessoa e principalmente que você realmente gosta da minha filha.
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Greta: Fico feliz em ouvir isso e eu amo muito sua filha, Simone. Se você confiar em deixar ela morar comigo, acho que daria certo.
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Simone: Como seria isso? Você pode me explicar melhor?
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Greta: Claro. Eu tenho casa própria e ganho um salário razoável. Eu posso dar moradia e bancar as despesas da Naomi. Só não consigo pagar os estudos dela porque acabei de comprar meu carro e ainda estou pagando alguns móveis que comprei. Mas mesmo assim eu posso ajudar se caso você precisar. Mas eu só vou fazer isso se você concordar comigo, não quero fazer nada sem sua aprovação.
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Simone: Eu confio em você e deixaria a Naomi ir morar com você sim. Na verdade, se você fizer isso, você vai me ajudar muito e assim que puder eu vou te pagar por tudo.
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Greta: Não precisa me pagar nada, só de você confiar em mim a esse ponto é o suficiente para mim. Agora só falta falar com a Naomi e conseguir a vaga para ela, mas isso eu consigo. Eu me formei a pouco tempo no mesmo curso que ela quer fazer, conheço os professores e a diretora da universidade. Vou ligar para ela e resolver isso.
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Conversamos mais um pouco ali no quarto e quando Simone foi sair, eu pedi para ela falar para Naomi vir no meu quarto assim que ela chegasse. Simone saiu e eu fui fazer uma ligação. Conversei com a diretora e expliquei a situação. Graças a Deus ela ainda se lembrava bem de mim e me ajudou. Disse que era para eu mandar a documentação e o histórico escolar da Naomi que ela mesmo resolveria tudo. Eu fiquei muito feliz e agradeci ela pela ajuda. Me deitei na cama e fiquei esperando meu amor chegar. Eu estava muito feliz, aquela tristeza que eu estava, simplesmente sumiu.
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Naomi demorou um pouco para chegar e mais ainda para ir no meu quarto. Eu estava muito ansiosa e quase fui até onde ela estava, mas acabei me segurando. Quando ouvi ela me chamar na porta, eu pedi para ela entrar e já me levantei para ir até ela.
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Naomi: O que aconteceu? Você está com o mesmo sorriso bobo que minha mãe estava quando cheguei. O que eu perdi?
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Greta: Você quer ir morar comigo?
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Naomi: Como assim ir morar com você? Não brinca com isso por favor amor!
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Greta: Eu estou falando sério. Você quer ir morar comigo na minha casa?
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Naomi: É claro que eu quero amor! Seria um sonho, mas preciso falar com minha mãe primeiro.
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Greta: Eu já falei e já arrumei sua vaga na mesma universidade que eu estudei. Só depende de você agora. Se você aceitar, no final de semana a gente vai para minha casa.
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Ela não respondeu, ela simplesmente se jogou em cima de mim e me abraçou muito forte. Depois ela disse um monte de obrigados e começou a chorar. Mas dessa vez o seu choro era de felicidade e eu amei ver ela emocionada daquele jeito. Quando seu choro diminuiu ela me encheu de beijos. Aquele sorriso lindo dela voltou ao seu rosto e ver ela com aquele sorriso de volta era o que eu mais queria.
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Os beijos dela foram ficando mais demorados. De repente ela me soltou e foi até a porta. Ela trancou e voltou me olhando com aquela cara de safada que me deixava doida. Ela me pegou pela mão e me arrastou para o banheiro. Perguntei se ela iria tomar banho e sorri. Ela disse que a gente iria comemorar no melhor estilo possível.
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Continua..
Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper