Parte 14 – O tiro que mudou nossas vidas
Pedro mandou me chamar e assim que cheguei na mansão e entrei no seu escritório, era tudo clichê nele, uma mesa grande de madeira, ambiente escuro e velho, cheiro de charuto e Whisky.
Ele estava sentado atrás da mesa e tinha uma morena pele clara, cabelos curtos até os ombros, ajoelhada e mamando ele, enquanto ele virava um copo de Whisky. Quando eu entrei ela tomou um susto e ameaçou levantar, ele segurou na nuca dela e mandou continuar mamando.
- Mandou me chamar ?
- Eu tenho um serviço para você, me espera lá fora, que assim que eu terminar aqui, eu mando você entrar.
Me sentei no sofá e analisei toda a casa, era muito luxuosa, e tinha câmeras espalhadas, contei pelo menos 10 delas só naquela sala.
Depois de um certo tempo a mulher saiu, com um vestido preto e salto alto, era deslumbrante e parecia bêbada ou drogada. Talvez os dois. Lá de dentro ele me gritou para entrar.
- Qual próximo serviço ? - perguntei assim que abri a porta
- Você vai gostar desse, pegue – Me jogou um envelope
Eram pelo menos umas 30 páginas com relatórios e fotos, o que me fez pensar do motivo de algo tão detalhado, era só me dar o nome que eu faria o serviço, era um policial que não servia mais pra eles e estava incomodando pegando arrego de máquinas de jogos clandestinos, e uma parte do bicho, eu foleava até chegar um pouco mais de metade e uma foto me fez gelar.
Era Rose, filha de Jack e Rodrigo, as páginas que seguiam eram da corregedoria da Polícia que foi roubada pelo Pedro para safar aquele bandido, o tiro que matou ela foi dele. Esse fato mudou a vida de Rodrigo e Jack. Eles nunca mais quiseram ter filhos e até hoje buscam saber quem era o cara.
Por um momento eu pensei em matar Pedro por ter livrado a cara desse bandido, conhecido como Pereira. Típico Miliciano, gordo cabelos grisalhos e sempre cercado de capachos. Pereira na época já trabalhava para Pedro e os 12.
- Você deve tá pensando que devia me matar por safar ele dessa não é?
Fiquei em silêncio, provavelmente a expressão de ódio no meu rosto havia me entregado.
- A verdade é que se não tivéssemos sumido com ele, vocês não conseguiriam justiça, ele estar preso não iria pagar pelo crime, mas agora solto, você pode fazer o que quiser. Um pouco atrasado mas você é criativo.
Eu não disse nada e sai da sala com um turbilhão de emoções, algo pesava sobre meus ombros e os passos pareciam lentos, eu fui até a casa da Jack e do Rodrigo
- Irmão, o que veio fazer aqui? – Disse ela me abraçando
- Eu vim te ver, estou com saudades
- Entra, estou terminando o jantar, Rodrigo daqui a pouco chega.
Ela fez estrogonofe e eu amava, enquanto ela preparava a mesa para servir, eu perguntei meio encabulado
- Jack, vocês deixaram de procurar o assassino da Rose ?
Ela parou como se buscasse palavras, mas na verdade a garganta dela deu um nó. Pude ver seus olhos vagarem e as lágrimas começarem a se formar.
- Eu ouço aquele tiro todos os dias, sinto o cheiro do sangue dela misturado com cheiro de escola de criança, nunca deixamos de procura-lo. Nunca! Vem comigo
Segui ela até o quarto trancado, ela abriu e o quarto da Rose estava exatamente como ela deixou. Até os brinquedos no chão, a única coisa diferente naquele quarto era a camisa da escola manchada de sangue e um furo queimado feito pela bala.
- Eu nunca tive coragem de tirar nada daqui, eu prometi que só viraria a página depois de pagar aquele assassino, mas acho que nunca mais vou conseguir. Eu não entendo como tudo sobre quem é o cara sumiu, tudo!
Na época Jack buscava a filha na escola, não tinha confronto, briga, nada que justifique o disparo, ele acertou ela pelas costas, e as últimas palavras de Rose foram “Mamãe, eu estou com roupa da escola, porque ele atirou em mim?”. Nós três caçamos o cara, a Trindade do mal, mas ele parecia um fantasma, a viatura sumiu, as armas sumiram, até a bala alojada no corpo dela sumiu. Eram outros tempos e tudo passou, mas não para Jack e Rodrigo.
Eu vi Jack pegar uma foto da pequena, e acariciar enquanto as lágrimas rolavam, eu a abracei e choramos juntos, o jantar seguiu normal, Rodrigo chegou e comeu com a gente na despedida ele me levou até a porta
- Não vai me contar porque veio aqui? Eu e sua irmã te conhecemos e sabemos que tem algo.
- Tem sim, mas eu preciso que confie em mim, na hora certa vocês vão saber.
- Certo, eu sempre confio em você irmão
Me despedi dele e fui ler com calmas as páginas, seria um caso difícil, mas eu sabia seu ponto fraco, mulheres. Me lembrei da morena gostosa de outro dia e fui até Pedro pedir o contato dela.
Se chamava Patrícia, e eu fui até onde ela estaria, era na Vila Mimosa, para quem não conhece, é o maior ponto de prostituição do Rio de Janeiro. Não foi difícil achar ela e para minha sorte não me reconheceu.
Subimos para um quarto, ela cheirou uma carreira de cocaína, e foi tirando a roupa.
- E aí gato, serviço completo ?
- Não, eu preciso da sua ajuda para outro serviço, topa ?
- Depende de quanto vai pagar
- Coloca teu preço, mas precisamos te preparar para isso, vai ter que virar puta de luxo.
- Vai falando ... Espera, aqui não, vamos para minha casa.
Eu não entendi porque ela insistiu em sair dali, mas não questionei. Saímos e levei ela no carro para uma casa pequena em um dos bairros da Baixada Fluminense.
Quando entramos uma criança veio abraçar ela.
- Mamãe, mamãe
Ela abraçou e encheu de beijos aquele garoto, que se chamava Cauã
- Eu preciso prepara algo para ele comer, você espera ?
Fiquei ali brincando com o Cauã, jogava para o alto, me fiz de goleiro, me lembrou de quando minha filha era pequena, enquanto eu brincava olhei para o lado e vi Patrícia nos olhando, estava com uma camisa velha e calcinha preta.
Ela chamou o Cauã para comer e depois colocou ele para dormir.
- Patrícia, me desculpa, esse serviço não é para você
- Por favor, eu preciso disso, eu preciso sair dessa vida por ele, somos só nós dois, e eu não sei mais o que faço.
- Parar com a cocaína é um bom começo
- Eu uso para aguentar o tranco, é foda ser puta, mas eu quero parar, eu tenho que parar, por ele.
- Se der errado, você morre, consegue entender isso?
- Eu vou morrer cara, se eu não sair dessa vida, eu vou morrer, então me ajuda, por favor. Eu não posso continuar contando com minha irmã para olhar ele.
Parei para pensar e decidi seguir com ela mesmo.
- Você precisa seduzir um cara, mas ele só transita pela alta sociedade, e puteiros caros, vamos ter que te colocar lá, eu preciso que você o alguém na cama e o resto deixa comigo. Topa ?
- Vamos nessa!
No outro dia eu passei para buscar ela, a primeira missão eram as roupas, pedi ajuda para Jack e as duas pareciam grandes amigas fazendo compras. Eu esperava e do lado de fora e do nada a Patrícia apareceu vestida com uma calça verde e um camisa, e girou para eu analisar.
- Está perfeita
Patrícia tinha um jeito meio inocente no falar e andar que me encantava, meio moleca me mostrou várias roupas e saímos de lá para almoçar, conversamos coisas banais e quando Patrícia saiu para jogar as coisas no lixo e ir ao banheiro Jack se manifestou
- Gostei dessa
- Não temos nada, eu só estou ajudando ela
- Mas deveria, acho que ela gosta de você.
- Porra Jack, não fala besteira
- Se permite porra, Camila é passado, mas a Patrícia tá aí
- Vamos parar com esse assunto que ela tá chegando
Conversamos mais algumas coisas e as duas realmente se deram bem, deixei Jack em casa e fui deixar a Patrícia, guardamos as roupas e ela ficou pelada na minha frente no quarto dela, e saiu caminhando pro banheiro sem dizer nada.
Eu sem perceber segui ela que já estava debaixo do chuveiro e eu vestido, ela me puxou pela camisa para dentro do chuveiro e disse.
- Me beija
Começamos a nos beijar ferozmente, ela subiu com as pernas entrelaçadas em mim, eu encostei ela na parede aos beijos, ela desceu e eu virei de costas, coloquei o pau pra fora e fui roçando.
- Me come, mete por favor, eu não tenho doença, eu deixo ir sem camisinha
Meti nela e mordia sua orelha, e aumentava o ritmo enquanto ela gemia, apertei seu pescoço e ela delirava
- Caralho, que pau gostoso, mete, mete, aiiiii
Virei ela de frente e comecei a comer ela ali em pé, até gozar dentro.
- Não se preocupa, eu sou ligada
Tirei a roupa e tomei banho, mas não tinha nada para vestir, dormimos então de conchinha, eu pelado esperava minhas roupas secarem, pela manhã eu comprei um café para a gente e doces para o Cauã, mandei ele esconder
Repassei o plano com ela, e durante duas eu introduz ela nas mesmas festa que ele, enfim chegou o dia.
- E aí gato? Vamos nos divertir, disse ela para Pereira
- Eu sou policial, você não vai querer se divertir comigo
- Aí eu adoro umas algemas e sei fazer coisas que você não vai se arrepender. Mas não pode ser aqui, vamos ?
Isso deixou ele maluco, uma mulher gostosa com voz sedutora consegue qualquer coisa.
Ela levou ele para o meu refúgio, a antiga casa de Jonas e no quarto eles se beijavam, ela mandou ele tirar a roupa e deitar, algemou uma mãos em cada lado da cama, enquanto estava em cima dele. Ela saiu e colocou sobretudo e eu entrei
- Me solta sua vadia, eu vou te matar – Gritava ele
- Não, você não vai, e infelizmente não serei eu a te matar
- Você não sabe com quem está se metendo, não sabe o que vai acontecer contigo
- Com quem estou me metendo ? Me conte ? Não vai dizer ? Eu digo então, eu estou me metendo com o filho da puta assassino de crianças - E passei a jogar fotos da Rose sobre a cama.
- Ela tinha quatro anos caralho! Quatro anos seu arrombado, e você vai pagar por isso
- Foi o Pedro! Aquele filho da puta do Pedro, ele está te manipulando seu otário.
- Como?
- Me solta e eu te conto
- Não vai rolar, você já está morto, mas pode se vingar dele
- Foi ele seu otário, ele mandou eu matar a garota, vocês estavam fodendo os negócios dele, estouraram vários dos seus esquemas, ele queria vingança e mandou eu fazer isso. Deu certo, depois disso vocês se perderam.
Ouvi aquilo tudo e não fiquei surpreso, Pedro era capaz disso, mas ele também poderia estar mentindo, fazer perguntas não adiantaria, eu ia ter que me afundar naquilo para descobrir a verdade. Mas agora eu tinha que fazer algo mais importante.
Fiquei para Rodrigo e Jack passando o endereço, e os dois chegaram lá.
- Que casa bonita, é sua irmão ?
- É do Jonas, agora minha, mas eu chamei vocês aqui para dar um presente.
Levei eles até o quarto e Pereira estava já pelado e amordaçado, e tinha um rádio tocando baixinho. Entreguei a eles o relatório e vi os dois chorarem muito. Sai do quarto e deixei eles lá. Mas não sem antes ver Jack apertar o saco dele tão forte que iria com certeza arrancar, enquanto Rodrigo aumentava o rádio para abafar os gritos.
Não sei quanto tempo eles ficaram lá, mas saíram em silêncio e foram embora. Pereira estava desfigurado de tanto apanhar, sem pau e ainda vivo mas desacordado. Pedi ajuda a 2N para descartar ele no buraco, mas não sem antes crivar uma bala na cabeça dele.
Cheguei na Patrícia e quando ela abriu a porta eu já fui pegando ela no colo, transamos como dois casais apaixonados. Pedi ajuda a ela para limpar a casa do Jonas, e transamos mais uma vez lá. Quando estávamos no sofá conversando eu perguntei se ela não queria ficar ali com o Cauã.
- Seria um sonho, posso mesmo?
- Claro, com duas condições, uma parar de cheira e qualquer outra droga e a outra é parar de se prostituir, eu vou ajudar vocês financeiramente, e você me ajuda em alguma trabalhos, parecidos com esse, topa ?
- Claro! – me abraçou ela e dormimos no sofá.
Os dias foram de ajeitar a casa, meu refúgio agora era nosso, era pra lá que eu ia para planejar minhas coisas, eu me sentia em casa, sem mentiras, sem traições e com afeto de Patrícia e Cauã.
Fui visitar Jack e Rodrigo, e eles tinham tirado tudo do quarto, aquele capítulo para eles tinha se fechado, não pra mim, eu precisava saber se o que aquele cara disse era verdade, mas não contei a eles. Me deram uma foto da Rose comigo quando ela era neném que guardou na carteira.
O terceiro serviço envolvia gente grande.
É proibida a cópia, reprodução e/ou exibição fora da "Casa dos Contos" sem a devida autorização dos autores, conforme previsto na lei.
Deixarei um e-mail para contato, caso queiram que eu escreva sobre a história de vocês, dar sugestão, mandar fotos e vídeos, trocar ideia e só mandar para: freitascontos@gmail.com