A festa estava animada. Música alta, risadas ecoando, e a sensação de uma noite leve pairando no ar. Amigos em comum haviam convidado Alex para o evento, um daqueles encontros em que ele se sente mais observador do que participante. Ele era alguém que gostava de ficar no canto, se misturando, mas sem ser o centro das atenções. Mas naquele lugar, algo o fez olhar mais uma vez.
Breno estava ali, encostado em uma mesa perto da janela, conversando com um grupo, mas sempre com os olhos vagueando para o ambiente. Quando Alex entrou no salão, seus olhares se cruzaram por um instante que pareceu se arrastar. Não foi um olhar comum; houve algo ali, uma fricção silenciosa, algo que tirou Alex do seu mundo e o puxou para o de Breno.
**Alex** (pensando, quase sem perceber): *O que foi isso?*
Breno parecia saber exatamente o que fazer com aquele olhar. Ele sorriu levemente e, por um segundo, a cena ao redor desapareceu para Alex. O sorriso de Breno era tímido, mas também cheio de algo mais, como se ambos estivessem cientes de algo que ainda não podiam tocar.
Alex não sabia exatamente o que estava sentindo. Já tinha se envolvido com mulheres e até saído com alguns homens em encontros casuais, mas nada nunca o preparara para o que aquela troca de olhares estava criando dentro dele. Sentia um calor crescente no peito, misturado com uma sensação desconfortável, quase de confusão.
Ele tentou desviar os olhos, mas não conseguia. Quando Breno se afastou do grupo e começou a caminhar na direção de Alex, seu coração acelerou, embora ele tentasse disfarçar.
**Breno**: "Oi, eu sou o Breno. Acho que a gente ainda não se conheceu, né?"
A voz de Breno era baixa, suave, com um tom que parecia convidativo, mas com um toque de cautela. Alex sentiu uma onda de nervosismo, mas ao mesmo tempo, algo dentro dele se abriu.
**Alex**: "É, acho que não. Eu sou o Alex." (forçou um sorriso) "Parece que estamos no mesmo grupo, mas você sabe como essas festas funcionam, né? Sempre tem gente que a gente nunca conhece de verdade."
**Breno**: "Verdade." (pausa) "Mas o que importa é que a gente se conheceu agora."
Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos, observando o movimento ao redor. As conversas e a música pareciam cada vez mais distantes enquanto eles estavam ali, sozinhos, sem saber o que fazer com a tensão crescente.
**Alex** (pensando): *Não sei se quero isso, mas parece que é mais forte do que eu…*
**Breno**: "Sabe, acho que já vi você em algum outro lugar." (um sorriso tímido apareceu) "Você não tem cara de quem vem a essas festas frequentemente."
**Alex**: "Eu gosto de evitar multidões. Geralmente fico mais na minha." (ainda com aquele sorriso nervoso)
**Breno**: "Eu também. Mas às vezes, é bom sair da zona de conforto." (se aproximando um pouco mais, o olhar de Breno encontrou o de Alex mais uma vez) "É bom, às vezes, ver o que a gente não espera."
O clima estava se tornando mais carregado, e a conversa se arrastava, como se ambos estivessem dançando em torno de algo que não sabiam como abordar. A atração era palpável, mas ainda havia receios não ditos.
Então, a noite avançou, e os dois passaram a conversar com mais frequência. Alex tentava não deixar que os sentimentos confusos transparecessem, mas a cada palavra de Breno, ele se via mais envolvido. O toque sutil das mãos ao se cumprimentarem, o modo como os corpos se aproximavam sem querer — tudo isso fazia com que Alex se sentisse em um labirinto emocional.
Finalmente, em um momento em que estavam mais afastados da multidão, Breno se aproximou, sua voz mais baixa, como se estivesse falando apenas para Alex.
**Breno**: "Alex…" (pausa) "Tem algo aqui, não tem? Entre a gente."
Alex sentiu o estômago virar. A pergunta de Breno não era um pedido de confirmação, mas uma constatação silenciosa. Ele engoliu em seco, o peito apertado, e suas palavras saíram com mais dificuldade do que imaginava.
**Alex**: "Eu… não sei o que está acontecendo, Breno. Eu não esperava… Não sei como lidar com isso."
**Breno** (se aproximando mais, quase sem conseguir se conter): "Eu também não sei, mas… não posso mais ignorar." (um sorriso inseguro surgiu no rosto de Breno, antes que ele fizesse algo mais decisivo)
Sem mais palavras, Breno inclinou-se e beijou Alex. O beijo foi breve, mas carregado de uma intensidade que os dois sentiram até a alma. A sensação era estranha, ao mesmo tempo que libertadora. Para Alex, foi como uma válvula de escape, uma liberação de algo que ele não sabia que estava preso dentro de si. Mas também foi confuso — ele ainda tinha muitas perguntas, muitas inseguranças.
**Alex** (quase em um sussurro, depois de se afastarem): "Eu… não esperava que fosse assim. Não sei o que isso significa."
**Breno** (respirando fundo, seu rosto ainda próximo ao de Alex): "Eu também não. Mas… significa algo, isso eu sei."
Eles ficaram em silêncio, olhando um para o outro, com os olhos cheios de perguntas e algo mais — algo que nem eles tinham palavras para definir. O mundo ao redor parecia ter se tornado irrelevante. A festa, os amigos, a música — tudo parecia distante enquanto ambos se viam em um turbilhão de sentimentos novos, mas ao mesmo tempo intensos.
A conversa voltou a fluir, mas agora de uma maneira diferente, mais íntima, mais consciente da conexão que começava a se formar entre eles. Nenhum dos dois sabia onde isso os levaria, mas, de certa forma, ambos sabiam que havia algo ali que não podiam simplesmente ignorar.
**Breno**: "Eu acho que estamos no mesmo barco. Não sei o que fazer com isso, mas…"
**Alex** (cortando, com uma sinceridade que nem ele sabia que tinha): "Mas a gente tem que tentar, né?"
Os dois sorriem, o tipo de sorriso que diz mais do que palavras poderiam expressar. Eles sabiam que o caminho à frente seria cheio de descobertas — tanto internas quanto um do outro. Mas, naquele momento, o mais importante era o que estavam sentindo agora: a certeza de que algo profundo estava começando a se formar entre eles, algo que nenhum dos dois estava disposto a negar.
E assim, entre olhares, palavras e toques, Alex e Breno começaram a explorar um território desconhecido. Não sabiam o que o futuro reservava, mas sabiam que aquilo era apenas o começo de algo muito maior do que imaginavam.
Fim.