Era um dia quente e abafado em São Paulo. A cidade parecia pulsar, agitada, como sempre. O trânsito caótico, os carros apressados e a gente apressada, como se o tempo fosse algo a ser conquistado a todo custo. Mateus Bueno, um motoboy com um sorriso fácil e olhos intensos, cortava as ruas da cidade com a precisão de quem já conhece cada detalhe da selva de pedra. Ele não era apenas um motoboy qualquer — sua fama já ultrapassava as avenidas e chegava aos olhares curiosos dos pedestres. Forte, musculoso e com o corpo esculpido por horas de treino, Mateus se destacava. Seu uniforme, uma camisa justa de malha e calça de couro, parecia quase uma armadura, destacando os músculos do seu corpo de forma provocante. E ele sabia disso. Conhecia o poder que seu corpo tinha sobre os outros.
Naquele dia, ele recebia uma chamada para uma entrega em uma empresa de tecnologia no centro da cidade. Quando chegou, estacionou sua moto em frente ao prédio moderno, o barulho da cidade ainda ecoando em seus ouvidos. Ele subiu até o andar que lhe haviam indicado e foi recebido por uma recepcionista que o conduziu até a sala de reuniões. Mas foi quando a porta se abriu que algo inesperado aconteceu.
Gabriel Pattis, o gerente de vendas da empresa, estava de pé, falando ao telefone. Alto, com óculos que lhe davam um ar intelectual, e um sorriso simpático, ele era o tipo de pessoa que transmitia uma confiança tranquila, mas seu corpo — mais forte do que muitos imaginariam — escondia uma força que poucos conheciam. Ele usava uma camisa social de manga curta e calças que, embora formais, destacavam as coxas musculosas, que Gabriel sempre tentou esconder sob roupas largas. Seu estilo mais retraído e nerd fazia com que ele se sentisse desconfortável diante de certos olhares. Mas o que ele não esperava era o olhar que Mateus lançou sobre ele.
**Gabriel** (pensando, ao ver Mateus pela primeira vez): *Que homem... ele é... irresistível.*
Mateus, com aquele sorriso sincero, estendeu a mão, interrompendo o pensamento de Gabriel.
**Mateus**: "Oi, tudo bem? Sou o Mateus. Trouxe a entrega para vocês."
O calor de seu aperto de mão fez Gabriel prender a respiração por um momento. Ele era muito mais do que o simples motoboy que Gabriel imaginava. Havia algo em Mateus que o fazia sentir um desconforto delicioso, uma mistura de atração e surpresa. Nunca, em seus dias de trabalho, ele tinha se deparado com um homem como aquele.
**Gabriel** (tentando esconder o nervosismo, com um sorriso amarelo): "Oi, Mateus. Prazer em te conhecer. Vou assinar a entrega."
Enquanto Mateus pegava o tablet para Gabriel assinar, ele podia perceber os olhos de Gabriel se demorando em seu rosto, como se tentasse entender alguma coisa. Havia algo ali, uma troca silenciosa que ele não sabia explicar, mas que fazia seu coração bater mais rápido.
**Mateus** (sentindo a tensão, mas sorrindo com simpatia): "Você parece ocupado, né? Parece que tem uma rotina pesada aí, hein?"
**Gabriel** (tentando manter a calma, mas não conseguindo esconder o interesse): "Ah, é... Eu... bom, meu trabalho nunca para. Mas, na verdade, não é tão difícil quanto parece. Só preciso... me concentrar."
A conversa foi se arrastando, mas Mateus percebeu que Gabriel parecia mais à vontade à medida que os segundos passavam. Os dois trocaram algumas palavras sobre a entrega, mas Mateus não podia deixar de reparar nos detalhes de Gabriel — o modo como ele arrumava os óculos, o jeito como ele mordia o lábio quando pensava, e, especialmente, como o corpo de Gabriel, que antes parecia tão contido, agora parecia mais relaxado.
**Mateus** (tentando descontrair, com um sorriso travesso): "Sabe, você tem cara de alguém que nunca sai daqui, né? Fica preso aí nesse escritório o dia inteiro..."
**Gabriel** (rindo, mais relaxado): "Bem, eu sou um pouco caseiro, confesso. Mas às vezes... eu gosto de sair. Só não sou muito bom em fazer amigos."
**Mateus** (sorrindo, sentindo que a conversa estava fluindo de forma natural): "Eu sou bem diferente. Vivo na rua, no asfalto... Eu adoro encontrar gente nova. Você parece ser do tipo que tem muito o que contar, só não tem quem ouça."
Gabriel sentiu um impulso de rir, mas algo na conversa o fez hesitar. Não era apenas o charme de Mateus que o atraía, mas algo mais profundo. Algo que o fazia querer saber mais, querer se abrir, mas ele não estava pronto para isso.
**Gabriel** (tentando se manter cauteloso): "Talvez. Mas você é o tipo de pessoa que me deixa curioso, sabia? Quero dizer, você tem... uma energia diferente."
**Mateus** (com um olhar que misturava interesse e brincadeira): "Energia? Eu gosto de ver as coisas de forma simples, Gabriel. Quando a gente não complica, as coisas fluem. Tipo... tomar um café. Que tal?"
A proposta foi simples, mas a maneira como Mateus disse fez Gabriel sentir que não poderia recusar. Havia algo de magnético em Mateus que o puxava para ele de uma maneira que ele não conseguia explicar.
**Gabriel** (pensando por um momento, mas então sorrindo): "Café... É, acho que você tem razão. Vamos tomar esse café, então."
Os dois saíram do prédio juntos, caminhando até um café próximo, onde a conversa logo se aprofundou. Aquelas primeiras palavras descontraídas logo deram lugar a algo mais íntimo. Gabriel falava sobre sua vida reclusa, sobre como preferia passar os fins de semana em casa lendo ou jogando, enquanto Mateus falava sobre o quanto a rua o fazia se sentir livre, a sensação de velocidade e adrenalina que o preenchiam.
Mas a química entre os dois não se resumia apenas ao intelecto ou aos assuntos superficiais. Havia algo mais — algo no ar, uma tensão crescente, que ficava mais forte a cada palavra trocada, a cada olhar compartilhado.
**Mateus** (baixando a voz, com um sorriso malicioso): "Eu fico imaginando... um cara como você, tão fechado, deve ter uns segredos bem interessantes, né?"
**Gabriel** (tentando se esquivar, mas os olhos já brilhando): "Segredos? Não sei... acho que sou bem normal. Só... não sou bom em... sei lá... em me entregar."
**Mateus** (aproximando-se um pouco mais, os olhos fixos em Gabriel): "E se, de repente, você se entregasse um pouquinho? Só um pouquinho..."
Gabriel sentiu um calor subir pelo seu pescoço. O tom de Mateus era baixo, quase um sussurro, e aquilo o fazia sentir-se mais vulnerável do que gostaria. Ele olhou para os olhos de Mateus e, por um momento, tudo ao seu redor desapareceu.
A tensão estava no ar, palpável, como se ambos soubessem que aquele momento era apenas o começo. O que quer que fosse que estivesse crescendo entre eles, Gabriel sabia que não seria fácil se afastar. Mas ele também sabia que precisava se proteger.
**Gabriel** (respirando fundo, quebrando o silêncio): "Você me deixa sem palavras, Mateus. Eu... não sei o que fazer com tudo isso."
**Mateus** (com um sorriso suave, quase um convite): "Não precisa fazer nada. Só... deixa acontecer."
A noite estava caindo, e a cidade continuava a girar, mas ali, naquele pequeno café, os dois sabiam que algo havia mudado. Eles eram de mundos diferentes, mas ali, naquele instante, as diferenças pareciam desaparecer.
No final daquele encontro, quando Mateus se levantou para ir embora, Gabriel ainda o olhava com uma mistura de desejo e receio. Eles não sabiam o que viria a seguir, mas sabiam que algo profundo e irresistível havia começado entre eles. Algo que nem o asfalto nem o veludo poderiam apagar.
_Continua_