Desde aquela noite, minha mãe transformou a casa em um campo minado. Suas palavras, medidas e calculadas, apenas cortavam o essencial. Bom dia. Boa noite. Está na mesa. Cada frase saía como se fosse arrastada para fora, um esforço visível para manter uma fachada inabalável. Mas eu via além. Havia algo na maneira como ela evitava meus olhos, no jeito como suas mãos tremiam levemente ao pegar um prato ou dobrar uma toalha.
Não que eu estivesse melhor. Minha cabeça era um redemoinho. Entre a lembrança do calor dos lábios dela e o olhar ferido que lançou antes de me mandar embora, minha mente não me dava descanso. Eu alternava entre momentos de arrependimento genuíno e uma obsessão insaciável de querer mais. Mais dela. Mais de nós.
Estava afundado no sofá maior da sala, lutando para manter a mente distraída. A televisão exibia um filme qualquer, mas eu não tinha ideia do que estava passando. Minha cabeça estava cheia demais, tentando decifrar cada gesto, cada palavra contida de Marta nos últimos dias.
Ouvi passos leves na escada, seguidos pelo som de pés descalços no piso de madeira. Manuela entrou na sala, vestindo um pijama curto demais para alguém que compartilha a casa com um irmão. Era um conjunto de algodão azul-claro, com um short que mal cobria o essencial e uma regata fina que deixava transparecer o contorno do sutiã, ou talvez a falta dele.
Ela deu uma olhada rápida em minha direção, depois se jogou no sofá menor, o de dois lugares, deitando-se de lado com as pernas dobradas, os pés descalços balançando no ar.
— Esse filme é bom? — perguntou, ajeitando o cabelo com uma mão e puxando uma almofada com a outra.
— Não faço ideia. — Respondi com um suspiro, ainda meio distraído, mas agora com o olhar preso na curva da coxa dela, parcialmente exposta pelo short que subiu quando ela se mexeu.
Manuela era um desastre ambulante em muitos aspectos, mas ninguém poderia negar que era incrivelmente bonita. Ela tinha 22 anos. A pele clara com uma leve tonalidade dourada, as pernas longas e torneadas, os traços suaves que contrastavam com uma personalidade mais ácida. Enquanto eu olhava para ela, frustrado pela distância que minha mãe vinha mantendo, a ideia ridícula passou pela minha cabeça: talvez eu devesse tentar algo com Manuela. Ela é tão gostosa quanto a mãe, afinal.
Afastei o pensamento tão rápido quanto veio. Um resquício de sanidade ainda segurava as rédeas.
Logo, os passos de minha mãe ecoaram pela casa. Ela entrou na sala com a expressão tensa que vinha carregando nos últimos dias. Quando viu Manuela esparramada no sofá menor, franziu o cenho.
— Manuela, eu preciso sentar aí.
Manuela ergueu uma sobrancelha, divertida. — Por quê? Tá cheio de espaço no sofá do Miguel.
Minha mãe apertou os lábios, hesitante, como se estivesse avaliando todas as alternativas antes de responder. — Só quero um pouco de espaço.
— Então senta com ele, ué. — Manuela deu de ombros, voltando a atenção para a TV.
Els hesitou por mais alguns segundos antes de finalmente caminhar até o sofá maior, sentando na ponta oposta da minha.
A tensão entre nós era quase palpável, mas Manuela, como sempre, não percebeu nada. Continuava assistindo ao filme e jogando comentários aleatórios sobre os personagens, as cenas, a trilha sonora.
— Vocês estão estranhos ultimamente. — Soltou de repente, olhando de um para o outro com os olhos estreitados. — Alguma coisa aconteceu?
— Claro que não. — Marta respondeu rápido demais.
— Nada demais. — Repeti ao mesmo tempo, tentando soar casual.
Manuela ergueu as sobrancelhas, claramente desconfiada, mas não insistiu.
Alguns minutos depois, ela se espreguiçou, bocejando. — Acho que vou subir. Divirtam-se com o filme.
Antes de sair, ela lançou um último olhar curioso para nós dois, mas não disse mais nada. Assim que seus passos desapareceram escada acima, minha mãe começou a se levantar, como se o simples ato de ficar no mesmo ambiente que eu fosse insuportável.
— Não. — Minha voz saiu baixa, mas firme, enquanto minha mão segurava o pulso dela. — A gente precisa conversar, e dessa vez você não vai fugir.
— Miguel, não comece. — Ela tentou se soltar, mas não com força suficiente para que eu acreditasse que realmente queria ir.
— Mãe, olha pra mim. — Pedi, apertando levemente o pulso dela, a pele quente contra meus dedos.
Ela relutou, mas acabou se sentando novamente, ainda mantendo a distância entre nós. Seus olhos estavam cheios de algo que parecia misturar raiva, tristeza e… desejo.
— O que você quer de mim? — Ela finalmente quebrou o silêncio, a voz baixa e trêmula.
— Quero que você seja honesta. Comigo e consigo mesma. — Inclinei-me ligeiramente em sua direção, tentando suavizar o tom. — Você sente o mesmo que eu, mãe. Por que tá lutando contra isso?
— Porque isso é errado, Miguel. — As palavras saíram rapidamente, como se fossem um escudo que ela usava para se proteger. — Eu sou sua mãe. Você é meu filho. Nada disso faz sentido.
— Faz pra mim. — Minha voz era quase um sussurro.
Ela fechou os olhos, como se quisesse apagar o que estava ouvindo, mas permaneceu em silêncio.
— E você sente isso também. — Continuei, pressionando suavemente. — Eu vejo nos seus olhos. No jeito como você me evita, mas não consegue ir embora de verdade.
— Para. — Ela finalmente me encarou, os olhos brilhando com lágrimas contidas. — Eu não posso, Miguel. Se eu ceder… não tem volta.
— Talvez a gente não precise voltar. — Meu coração estava batendo tão forte que era difícil ouvir meus próprios pensamentos. — Talvez isso seja exatamente o que a gente precisa.
Ela balançou a cabeça, mas não disse mais nada. E então, pela primeira vez, sua mão se moveu na direção da minha, hesitante, mas consciente. Foi um toque rápido, quase imperceptível, mas cheio de significado.
— Isso não é fácil pra mim. — Sua voz estava quase inaudível. — Mas não pense que isso significa…
Ela não terminou a frase, mas o jeito como desviou o olhar e mordeu o lábio inferior me dizia tudo o que eu precisava saber.
Ela se levantou novamente, dessa vez sem que eu tentasse segurá-la. Ela parou na porta por um momento, como se estivesse decidindo se deveria dizer algo.
— Boa noite, Miguel.
E desapareceu no corredor.
Fiquei sozinho na sala, o toque breve dela ainda queimando na minha mão. Ela podia tentar se convencer de que não cederia, mas algo havia mudado. E agora, era apenas uma questão de tempo.
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