7. Beep- Beep
.
Eles acordam juntos no outro dia e, quando abrem cada um a porta de seu quarto, frente à frente no corredor, dão de cara um com o outro.
- Bom dia, mãe - percebendo novamente como era sexy aquele pijaminha
- Oi, filho, bom dia.
Roberto tenta dar um selinho de bom dia, mas ela se esquiva.
- Nem escovei os dentes ainda, rs
- Nem eu, mas é só um selinho - e ela não recusa dessa vez. Bota o cabelo para trás da orelha, com os dedos unidos em conchinha, tímida e feliz e o beija.
Eles vão juntos tomar café e depois se arrumam. Depois de trocarem uns beijos eles partem.
Denise dirige o tempo todo imaginando o que ia dizer aos pais, mas sem ignorar o filho, que pela primeira vez em tanto tempo estava empolgado em ir à casa da avó.
O sentimento de Denise era de namorada, mas também de mãe. Por um lado, estava feliz por estar em um relacionamento, mas por outro, com medo de como seria levar tudo isso adiante; mas por fim, estava feliz em ver o filho tão feliz. Toda mãe sabe que ver a felicidade dos filhos é muito bom. E fazer parte dessa felicidade era tudo para Denise.
Enquanto a mãe dirigia, Beto confere o WhatsApp:
- Mãe, a vó está pedindo pra passarmos no supermercado e pegarmos Coca-Cola e queijo ralado - ele mostra a mensagem de Whatsapp da avó.
- Ai, e ela avisa só agora? Bom, tudo bem, vamos passar ali no próximo mercadinho.
Denise estaciona e, assim que saem do carro, Roberto busca a mão da mãe, como fazem os namorados. Denise gela por dentro. O que fazer agora? Ela temia ser reconhecida por alguma amiga que estivesse por ali.
- Filho, nós...
- O que foi, mãe?
- É que tudo é muito novo pra mim, e...
- Somos namorados, mãe - ele diz firme o suficiente para mostrar que é homem.
- Sim, sim - ela não diz mais nada, apenas o acompanha.
Já na entrada do supermercado, o universo mostra que conspira. Duda, a filha de uma amiga de Denise estava no supermercado, e pior, vestindo uniforme da empresa. Ela reconhece imediatamente Denise e dá um tchauzinho de longe.
"Será que ela viu que estou de mãos dadas? Ai, que vergonha, mas acho que ela não reparou. Todavia, não posso falar para o Beto soltar a minha mão"
Eles vão pelo supermercado pegando as coisas da listinha e em pouco tempo vão para o caixa. Denise ainda temia ver Duda novamente.
Roberto começa a passar as compras, quando o caixa diz em voz alta:
- MARIA EDUARDA! Ô Duda, me cobre aqui, por favor, estão me chamando no almoxarifado.
Denise morre por dentro, não podia acreditar no azar de ser atendida logo por ela. Roberto dá um beijo carinhoso na bochecha da mãe e não solta sua mão, que sua frio, mas disfarça. A menina chega.
- Oi, Denise, tudo bem!? - pergunta Duda, colocando algumas notas no caixa antes de iniciar.
- Oi, Duda... Nossa, faz tempo que não vejo você e sua mãe...
- É, passa um dia lá em casa, Denise. Esse é seu filho?
- ... É... é meu filho, você não o conhecia?
- Não, você tinha falado dele, mas não o conhecia.
Roberto a cumprimenta com um sorriso. A garota continua:
- Vocês estão namorando? - mostrando que havia visto eles de mãos dadas naquela hora.
Denise engole seco. Era como se todos no supermercado estivessem olhando para ela, inclusive na fila que havia se formado logo atrás deles. Roberto não responde, deixa a mãe prosseguir, apenas a observa.
- É, a gente... bom, sim, sim, estamos - o coração saindo pela boca.
- Que lindo, parabéns! Eu já namorei meu pai - ela vai passando as compras, BEEP, BEEP -, mas acabou não dando certo, sabe?
- Ah, que pena - Denise experimenta um alívio enorme depois de perceber que nem Duda nem ninguém ali dava a mínima para seu relacionamento com Roberto.
- É, mas eu vou voltar com ele ainda - BEEP, BEEP -, na verdade a gente já está conversando
- Bom, sua mãe é divorciada dele há anos, então acho que ela não tem ciúme, né?
- Sim, ela é tranquila - BEEP, BEEP
- Ah, que bom, rs
- Mas olha, parabéns, vocês formam um lindo casal. Me convidem para o casório rs
- Ah, sim, claro, rs. E Obrigada - diz Denise, pensativa, e já se despedindo.
Denise e Roberto entram no carro, ela fecha a porta e respira como se o pior já tivesse passado
- Está tudo bem, mãe?
- Me beija!
- Sério? Haha. Ok!
Denise segura a face do filho com as duas mãos, com alguma força; era um beijo tanto de mãe quanto de namorada, cheio de ternura e desejo. As línguas se tocam e os lábios se chupam por alguns segundos.
- Uau, por que isso, mãe? Não que eu esteja reclamando, claro, rs
- É que eu te amo. Você vai ser meu marido?
Roberto se assusta
- Marido? Nós mal começamos a nam...
- Mas você vai casar comigo ou não, quando chegar a hora? Eu disse que gostava de coisa séria, filho.
- ...É claro que vou, mãe. Vamos nos casar, relaxa - ele segura a mão dela, a tranquilizando -, serei seu marido, vai ser a melhor coisa pra mim, porque eu te amo.
- Fala de novo! - ela se arrepia inteira
- Eu te amo
- Não, fala que vai ser meu marido! rs
- Eu vou ser seu marido! - ele diz firme, segurando as mãos dela entre suas duas mãos
- Eu vou ser sua mulher. Te amo, gato! - e beija ele novamente com vontade
Roberto ri, Denise liga o carro e eles partem. No caminho, ele fica tentando interpretar os últimos atos da mãe e chega a conclusão que só agora ela tinha pensado na questão do casamento. Como esse assunto mexe com as mulheres, a mãe ficou radiante.
E, de fato, enquanto dirigia, Denise estava se imaginando em um belo vestido de noiva, num lindo lugar, com muitos convidados; Roberto estaria ao lado dela, com um lindo terno que ela mesma iria escolher pra ele e...
- Tá tudo bem, mãe?
- Ãhn? rs - ela fica vermelha, como se flagrada em pensamentos - Sim, sim, rs
Assim que vão se aproximando do bairro, Roberto lembra que na casa da avó só haviam dois quartos, e que, portanto, tinha uma chance boa de ter que dormir com a mãe. Em um minuto tudo passa em sua mente: a mãe provavelmente insinuaria, quando chegasse a hora, que ele deveria dormir na sala, e nessa hora a avó interviria dizendo: "Pra que isso, Denise? Vocês são namorados, a cama lá é de casal, para de frescura!". Ele pondera e sorri sem perceber.
- Do que você está rindo, gatão? - pergunta a mãe, achando o filho mais lindo que nunca
- Nada, rs
O carro chega e os pais de Denise já os esperavam na calçada para recebê-los.