Eram novinhos, abaixo dos trinta. Casados há cinco anos, queriam botar a cabeça (e o corpo) fora da bolha da convencionalidade em que sempre viveram. Rígida formação religiosa, criados em famílias conservadoras, sexo apenas para procriação... Essas bobagens. Ele não foi o primeiro dela, mas todos pensam que sim – inclusive ele. Ela não foi a última dele, mas ela acha que sim. O mofo do tédio logo se instalou, e passados os primeiros tempos de novidades, começaram a sentir necessidade de abrir as asas. Conversavam muito sobre isso, liam putarias, assistiam a sacanagens, e eram devassos na cama – guardadas as devidas proporções do que foram domesticados, claro. Mas o mundo lá fora e os hormônios por dentro conspiravam, e eles estavam dispostos a experimentar o que lhes fosse possível.
Tudo isso me contaram em conversas separadas. Lígia que encontrou o anúncio do apartamento, e conversamos. Depois ela passou para Jorge, e também conversamos. Esse preâmbulo os dois fizeram, antes de dizer que desejavam dar esse passo abissal (palavra usada por ela!) em suas vidas: partilhar o nudismo com alguém. Nunca haviam se desnudado, senão sozinhos, entre quatro paredes, e achavam que começar a grande virada de chave de suas vidas pela nudez seria simbólico. E me achavam um cara que leva muito a sério essas transformações de vida, alguém vivido, que poderia dar boas dicas de como avançar no caminho sem se machucarem. Tudo isso me contaram numa conversa a três que tivemos.
Pareciam sinceros e ávidos por novidades. Fiquei feliz por confiarem em mim. Aceitei-os como inquilinos. Acertamos tudo, vencemos as paradas burocráticas e marcamos para o final de semana seguinte.
Chegaram na manhã de um sábado alagado, sob forte temporal. O curto espaço descoberto entre a portaria do condomínio e a porta do apartamento foi o suficiente para encharcá-los. Mas pareciam contentes, mesmo com o aguaceiro, como se fosse uma brincadeira inicial daqueles dois dias de mudanças. Pingantes e sorridentes me apareceram e meio que hersitaram ao me verem já sem roupa – mesmo sabendo (porque os prevenira, nas conversas virtuais) que eu não usava roupa de modo algum em casa.
Olharam-se por uma fração de segundos e Jorge estendeu-me a mão molhada, que deixei se perder no vácuo e passei direto para um abraço: “Eita, estou todo molhado...!” – disfarçou a timidez com a preocupação em me molhar. “Não se preocupe, estou mesmo querendo me refrescar!” – devolvi, também sorridente. A roupa de Lígia colada no corpo antemostrava um corpo no frescor da idade e da gostosura. No mesmo ritmo que abarquei o marido, também a abracei, procurando demonstrar naturalidade, mas já sentindo a rola se inquietando.
Passei-lhes toalhas com as quais os esperava, para tirarem o excesso de água, e não pingarem o chão. Descalçaram-se e entraram. Encaminhei-os ao quarto e pedi que, quando estivessem acomodados, viessem para a sala, para conversarmos um pouco e eu lhes apresentar o local.
Ouvi cochichos e risos abafados. Alguns minutos depois, assomaram à porta... vestidos! Ele estava de cueca e ela de calcinha enterrada na bunda e a frente transparente e com uma blusinha curta, suspendida pelos seios rígidos. Verdadeiros tesões, endureceram de imediato meu cacete, sob a mesa. Chegaram ainda sorrindo, mas evidentemente nervosos. Olhei-os em silêncio por instantes, ao mesmo tempo em que tentava conter a ereção. Quando consegui ficar a meio-mastro, respirei fundo, preparando-me para o discurso; fiz sinal para que sentassem no sofá.
“Vejam bem, ninguém tira um prego ou um caco de vidro do pé aos poucos, primeiro uma parte, depois outra. Puxamos de vez, porque o que tivermos que sentir, vem tudo de uma vez. Pelo que já conversamos, sabem que vieram para ficarem nus, e que podem confiar nesse desnudamento – senão não estariam aqui, não é mesmo? Além do mais, do jeito que estão vestidos, são muito mais provocantes, porque a imaginação que endurece a rola e umedece a buceta trabalha com o insinuado mais do que com o visto!” Peguei meio pesado, reconheço, mas os dois precisavam de um choque de realidade, ora porra!
Ameaçaram se levantar para voltar ao quarto, mas os refreei, incisivo: “Não, já que estão aqui, tirem a roupa aqui mesmo!” E arrematei, sorrindo: “É o castigo por já terem quebrado a principal regra da casa.” Meio sem jeito os dois, ela livrou-se de imediato da blusinha, liberando seios muito mais lindos do que eu imaginara, e levantaram-se ao mesmo tempo, para descerem o resto. Ela não me mostrou muita novidade, ao retirar a calcinha, pois que com ela já estava tudo à mostra; ele, ao baixar a cueca, liberou uma rola rígida ao máximo, que pinotou para cima, deixando-o constrangido, tentando disfarçar com a mão a forte ereção.
“Jorge, não se preocupe, meu querido. Se seu cacete está duro, deixe-o duro. O meu também está (de fato, minha rola voltara a endurecer, com o desnudamento dos dois), e não vou ficar paranóico com isso. Isso é natural. Daqui a pouco eles sossegam, depois podem acordar de novo, e logo em seguida relaxam... Não há com o que se preocupar.”
Ele pareceu relaxar um pouco, deixou a rola voltada para o alto e voltou a sentar no sofá:
“Cláudio, você há de convir que estamos nervosos, que é tudo muito novo pra nós e vai precisar ter muita paciência conosco. Não temos ainda a sua naturalidade...”
Enquanto o marido falava, tentando se explicar, Lígia parecia inquieta e lançava angustiados olhares para ele. Chegava mesmo a tocar-lhe o braço, como instigando-o a algo, que ele relutava em atender. Fui lá no meu porão mental, saquei uma boa quantidade de paciência, e procurei ser o mais delicado possível:
“Lígia, você está querendo dizer alguma coisa? Fique à vontade! Somos todos iguais sem roupa. Não temos nada a esconder, percebe?”
Jorge silenciou e a esposa respirou fundo, tomou coragem e começou a balbuciar, aos solavancos:
“Bem... assim... a gente vinha conversando... quer dizer... faz tempo que a gente conversa sobre isso... e eu... a gente... queria perguntar se haveria... é... se rolava a gente transar...” E se calou, vermelha e desfigurada, pelo esforço em falar aquilo a um estranho, ao lado do marido, que estava de cabeça baixa. Eu meio que senti uma pena danada, juro! Tentava a todo custo segurar o riso, mas me mantinha o mais simpático e receptivo possível.
Na verdade, eu não tinha entendido bem, se ela pedia autorização para os dois transarem ou se... Não, aí já seria para além do limite deles, eu imaginava – embora a ideia tenha me agradado bastante. Primeiro, procurei dar uma de João-sem-braço, e me certificar sobre as intenções dos novinhos: “Você está falando vocês transarem? Claro que podem! Em qualquer lugar, a qualquer hora, comigo por perto ou fora... Lembrem-se da regra: podem fazer aqui tudo que fazem em sua casa...”
Aí foi Jorge que se remexeu, e parecia mais disposto em “puxar o prego” todo de uma vez: “Bem, o que a gente queria era saber se rolava uma transa a três!” Os fogos de artifício espocaram de felicidade na minha mente, e espero que seu brilho não tenha saído pelos meus olhos, e entregado minha satisfação. Busquei seriedade e serenidade ao responder.
“Olhe, Jorge! É perfeitamente possível rolar, sim, uma transa de nós três. Eu me sinto muito atraído por vocês e se vocês também sentem tesão, pode rolar sexo a três, sim. A gente só precisa, Lígia, conversar bem, antes, para que não nos traumatizemos com algo para o que não estávamos preparados. Eu já fiquei inúmeras vezes com mais de uma pessoa, e sei como isso é bom, quando dá tudo certo, mas como é um desastre quando não rola como a gente imaginou.”
Assumi um ar professoral:
“Se vocês estiverem a fim de transarem comigo, precisamos esclarecer algumas coisas. Esta seria a primeira vez de mais alguém na cama com vocês, certo? [Aquiesceram que sim, com a cabeça, olhos ansiosos em mim] Então, a primeira coisa que deve ser trabalhado é o ciúme. Não pode haver qualquer tipo de sentimento de posse, de ciúme, porque isso é uma merda e estraga tudo. Lígia vai poder fazer tudo que quiser, gemer, gritar, tomar iniciativas – e você, Jorge, não vai poder encucar tipo ‘ela está mais solta, ela não faz isso comigo...’ ou bobagens assim. Precisa mergulhar de cabeça e rola na transa e liberar geral, entende?”
E falando diretamente nos olhos de Jorge:
“E tem outra coisa, amigo. Não seremos dois homens fodendo uma mulher, seremos três corpos se fodendo entre si. [Senti o impacto da minha frase no sutil arregalar de pupilas do rapaz]. Sim, estou a fim dos dois e nós três vamos fazer com o outro tudo que estiver a fim de fazer, e que o outro aceite, naturalmente. E sim, Lígia, posso chupar e comer sua buceta, fazer você gozar, mas também vou querer chupar a rola de seu marido e dar o cu a ele; vou querer que você e ele me chupem, vou querer foder o cu de vocês... Claro, havendo concordância. Por isso esta conversa prévia é fundamental, para dizermos o que pode e o que não pode, o que é permitido e o que não é; se as proibições forem maiores que as aceitações, e a gente perceber que não vale a pena, não tem problema... Continuamos os mesmos amigos, de boa, sem emburramento. Se a gente perceber que mesmo com as censuras, ainda vale a pena a foda, a gente se come. O que precisa é haver sinceridade...”
Os dois se olharam e devem ter conversado eloquentemente com os olhos por segundos, após os quais Lígia virou-se para mim e perguntou, num impulso: “O que você permite?” “Tudo”, respondi de pronto. “Só tenho restrição quanto à violência e à sujeira. Não bato nem aceito que me batam. E precisamos estar limpos e frescos, sem escatologia. Tudo o mais é liberado.” Ela pareceu respirar aliviada. Devolvi a pergunta: “E você? O que proíbe?” Ela pensou um pouco... “Nada! Nada além do que você proíbe”
Eu queria escutar Jorge, que parecia ainda estar em transe com a ideia de uma transa bi... Ele finalmente se abriu:
“Eu realmente nunca pensei na possibilidade de transar com um homem. Pelo menos até hoje. Esta conversa parece que está me abrindo o apetite, um apetite que eu nunca tinha experimentado...”
Ele falou isso de um jeito tão despojado, tão bonito e contrastante com o convencional estado de tensão que vivia colado nele, que eu por pouco não avancei e enchi a boca linda dele de beijos. Mas me mantive na sobriedade leve em que eu estava desde o início, e a conversa foi rolando por mais um bom tempo, sobre os gostos e desejos de cada um. Senti-os ansiosos desde que chegaram, e sabia que se partisse para os finalmentes, como eles desejavam, queimaria a saída, e poderia estragar o que tinha tudo para ser excelente. Então fui conversando, fazendo-os falar, naturalizando as coisas, retirando as cracas de pressa que costumam estragar as coisas boas...
Enquanto eu me dirigia à cozinha para pegar o vinho das boas vindas, o toró voltou com intensidade maior, e o rolo d’água tornava o horizonte branco e a rua líquida. Fomos para a varanda, apreciar a chuvarada, deliciando-nos com o excelente nectar tinto que fazia aquele momento tão especial.
A rola de Jorge mantinha-se impávida e rígida, mas ele já não mais encucava com isso. Se não me engano, até o vi balançando o corpo para agitá-la. Lígia era de fato uma tentação, e a bebida foi liberando sua timidez, transformando-a em discreta ousadia.
Os dois estavam agora lado a lado, debruçados sobre a grade da varanda, olhando para a rua cheia d’água lá embaixo, e recebendo respingos da cascata que vinha do alto; eu, na retaguarda, apreciava inebriado aqueles espetáculos da natureza – a forte chuva adiante e as duas bundas voltadas para mim. Num momento em que uma sorridente Lígia inclinou-se mais incisivamente, mostrou-me a buceta entre suas coxas, e o fio de baba entre os lábios me gritavam o quanto ela estava excitada, o quanto chovia também dentro dela.
A rigidez do meu falo falou mais alto e me aproximei deles, falando qualquer coisa sobre aquela enxurrada; quando cheguei perto, encostei suavemente nas costas dela, minha rola se encaixando perfeitamente sobre sua buceta. Ela arqueou um pouco mais e seus lábios vaginais mais se abriram sobre a cabeça da minha pica, que a foi penetrando suavemente. Ao me sentir inteiro dentro dela, catei a rola dura do marido e passei a punhetar suavemente, enquanto iniciava o sutil movimento de entra e sai.
Os três olhavam (sem ver) a chuva à frente, fingindo paisagem, enquanto os corpos mesclavam-se naquela foda inusitada. Larguei a pica de Jorge, e, sem sair de dentro de Lígia, toquei no belo rosto masculino, trazendo-o para mim e encostei meus lábios nos seus – sua língua veio lépida e agitada para dentro da minha boca e nos beijamos fortemente. Gostosamente. Lígia já gemia com as estocadas que recebia.
Senti que poderia gozar, e retirei-me dela; ela virou-se, agachou e tomou na boca minha pica lambuzada de seu lubrificante natural, passando a chupá-la com competência, e depois alternando com a rola do marido, na mesma altura e dureza da minha. Chegou a – que loucura! – acomodar os dois caralhos na boca e passear a língua por cima e entre os dois. Larguei a boca de Jorge e sussurrei em seu ouvido: “Agora me come!” e me agachei sobre a grade, como encontrara Lígia, ao fodê-la. Jorge girou o corpo e o senti forçando minha entrada e em segundos fazendo sua rola deslizar por dentro do meu cu.
Estava divina aquela conjunção carnal tripla e bissexual, mas a cama, a pouca distância, nos chamava para mais conforto. Lá, Lígia se pôs aberta, para receber o macho que a fosse foder primeiro; deixei que o marido fizesse as honras da casa – que, afinal, era dele. Ele enfiou-se por dentro da mulher e o barulho molhado que sua pica fazia ao entrar e sair da buceta de Lígia tinha qualquer coisa de angelical e diabólico. Os gemidos eram em uníssono.
Então me aproximei, untei o cu de Jorge com vaselina e pressionei sua bunda, fazendo-o diminuir o ritmo das estocadas e demorar mais fodendo Lígia, o que me permitia também aproveitar a calmaria e penetrar seu cu, suavemente. Ele pareceu sentir o início da penetração, mas meu carinho, seu cu fartamente lubrificado e ele estrepado na buceta da mulher foram anulando qualquer desconforto, e transformando tudo em prazer.
Tanto quanto era delicioso sua rola em meu cu, como há pouco, também era a minha enterrada nele. Os movimentos necessariamente suaves faziam o prazer dos três se espalhar pelo corpo de cada um e se demorar por mais tempo, até finalmente começarem a eclodir as bombas de prazer. O primeiro foi Jorge, que explodiu, aos gritos, dentro de Lígia, que, ao sentir o marido preenchendo-a de prazer, também deixou-se detonar num orgasmo pleno, enquanto eu parava de socar e esperava a natureza expulsar, aos jatos, dentro do cu de Jorge, todo o meu prazer.
Quando conseguimos nos recompor minimamente, a muralha de corpos desabou sobre a cama, mas sem se soltarem, pernas e braços entrançados, os dois rindo feito crianças satisfeitas. Foi Lígia que resumiu o sentimento dos dois (ou dos três):
“Ah, Cláudio... Foi lindo! Exatamente como eu sonhei que seria...” E caiu de boca sobre minha boca, num beijo tão saboroso quanto o do marido, minutos atrás.