Sob o céu de Brasília - O segredo de Francisco

Um conto erótico de Gabriel
Categoria: Gay
Contém 953 palavras
Data: 12/12/2024 00:24:40
Assuntos: Amor, Drama, Gay, suspense

O dia amanheceu cinzento, com o vento carregando a poeira do canteiro de obras para todos os cantos. As máquinas trabalhavam incessantemente, mas o clima no local estava estranho. Não apenas pela tempestade que se formava no céu, mas também pela tensão que se sentia no ar. Francisco, normalmente sempre imerso no ritmo frenético da construção, havia se afastado de tudo e todos. Ele caminhava entre as máquinas e operários, mas parecia estar em um mundo à parte, absorto em seus próprios pensamentos.

Adriano, que sempre o observava com um olhar atento, notou a diferença imediatamente. Francisco não falava com ninguém, nem mesmo com ele. O silêncio que se formava entre os dois era pesado, quase insuportável. Nos poucos momentos em que seus olhares se cruzavam, algo estava diferente. O que antes era uma troca de olhares rápidos, agora parecia carregar uma tensão imensa, uma promessa de algo que não podia ser dito.

Adriano estava sentado na mesa, olhando para o prato sem realmente ver a comida. O cheiro de arroz e feijão misturado com cimento e concreto parecia um reflexo do turbilhão em sua mente. Ele não conseguia parar de pensar em Francisco. Havia algo nele, algo sombrio e misterioso, que Adriano não conseguia entender, mas ao mesmo tempo, algo o atraía de uma maneira que ele não conseguia controlar.

Foi então que o chefe de segurança, Paulo, se aproximou da mesa e sentou-se ao seu lado com um olhar furtivo.

**Paulo**: *(sussurrando, olhando ao redor)* “Ouvi dizer que o Francisco anda estranho. Dizem que ele está fugindo de algo... e não é só o trabalho, não.”

Adriano se inclinou para frente, o interesse tomando conta de seu rosto. Ele sabia que Francisco carregava um peso, mas agora, ouvir aquilo o deixou ainda mais curioso.

**Adriano**: *(baixando a voz)* “O que você sabe sobre ele?”

**Paulo**: *(olhando ao redor, com a expressão de quem guarda um segredo)* “Não é coisa pequena. Tem gente de Brasília por trás disso, sabe? Ele é filho de um político influente. Mas isso... isso não é tudo. Ouvi dizer que ele tá no meio de um rolo grande, algo que pode cair na nossa cabeça, se der errado.”

Adriano ficou em silêncio por um momento, absorvendo a informação. *Filho de político?* Isso explicava parte da distância de Francisco, sua frieza, e o comportamento misterioso. Mas o que ele estava fazendo ali, na obra? Por que estava se envolvendo com algo tão sujo?

O relógio marcava quase sete horas da noite quando Adriano encontrou Francisco sozinho, sentado no canto da sala de descanso. O trabalhador estava com o olhar perdido, olhando pela janela, como se estivesse buscando algo lá fora, algo que não podia alcançar.

Adriano, sem saber ao certo o que dizer, aproximou-se lentamente. Quando Francisco percebeu sua presença, um arrepio percorreu seu corpo. Ele não queria ser notado, mas, ao mesmo tempo, não conseguia afastar a atração que sentia por Adriano. Era algo que ele tentava esconder de todos – principalmente de si mesmo.

**Adriano**: *(tentando iniciar uma conversa casual)* “Você não está no seu melhor hoje, Francisco. O que está acontecendo?”

Francisco olhou para ele, os olhos escuros, vazios, como se carregassem o peso de um segredo profundo.

**Francisco**: *(com um sorriso amargo)* “Eu sou um homem simples, Adriano. Nada de mais. Só... só tenho muito o que lidar.”

Adriano não acreditou. O tom de Francisco, a forma como se fechava a cada palavra, o olhar fugidio... ele sabia que havia mais ali, muito mais.

**Adriano**: *(aproximando-se, com mais intensidade)* “O que você está escondendo? Sei que tem algo mais em você, Francisco. Não precisa esconder.”

Por um momento, Francisco não disse nada. Ele fechou os olhos, como se estivesse lutando com seus próprios demônios internos. Então, de repente, ele se levantou, afastando-se de Adriano, como se o contato fosse um peso insuportável.

**Francisco**: *(desviando o olhar, com a voz carregada de dor)* “Eu... eu queria poder fugir. Fugir de tudo isso. Mas não posso, Adriano. Tem algo... algo grande por trás de tudo isso. Algo que pode destruir muita gente. Eu... eu sou só um peão nesse jogo.”

Adriano ficou em choque, sem saber o que dizer. Ele nunca imaginara que Francisco carregava uma carga tão pesada. Mas havia algo em sua voz, algo que o tocava profundamente, algo que fazia Adriano querer protegê-lo.

**Adriano**: *(com um impulso que não conseguiu controlar, tocando o braço de Francisco)* “Você não está sozinho, Francisco. Eu posso te ajudar.”

A reação de Francisco foi imediata e brusca. Ele se afastou violentamente, como se tivesse sido tocado por fogo.

**Francisco**: *(com os olhos arregalados, ofegante)* “Não! Não se atreva a se aproximar mais, Adriano. Você não sabe o que está pedindo. Você não entende... eu não posso envolver mais ninguém nisso. Não posso colocar mais vidas em risco. A minha já está perdida. A sua... não.”

O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Adriano sentiu o peso daquelas palavras em seu peito, como se a verdade estivesse se abrindo diante dele, mas ainda fosse incompleta.

E então, sem uma palavra, Francisco saiu da sala. Adriano ficou ali, com a mão ainda esticada no ar, o coração batendo forte. Ele sabia que havia algo mais entre eles, algo mais profundo do que simples curiosidade ou amizade. Mas o que era? O que havia naquela tensão, no olhar que Francisco lhe lançou antes de sair?

A chuva começava a cair lá fora, e Adriano ficou ali, sozinho, tentando entender as palavras não ditas e o que elas significavam. A cada minuto, o mistério em torno de Francisco se aprofundava, e com ele, a conexão que eles compartilhavam. Mas a pergunta ainda pairava no ar: *o que, exatamente, Francisco estava tentando esconder?*

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