A chácara de Maria, minha avó, parecia um cenário saído de um filme clássico. As luzes amareladas davam um toque quente e acolhedor, enquanto as músicas selecionadas por algum primo com gosto duvidoso ecoavam pela sala espaçosa. A festa estava no auge. Velas decoravam a mesa principal, enquanto um bolo extravagante ocupava o centro, cercado por uma porção de doces organizados com precisão quase arquitetônica. Entre risadas, conversas altas e o tilintar constante de taças, a energia era vibrante, mas minha atenção estava presa em um ponto fixo: minha mãe.
Ela estava deslumbrante. O vestido vermelho que havíamos escolhido juntos parecia um crime de tão perfeito. Justo na medida certa, com uma fenda ousada que revelava suas pernas em movimentos calculados, mas ainda assim casuais. A cada passo que ela dava, eu sentia o ar sumir dos meus pulmões. Ela sempre foi linda, mas naquela noite, era diferente. Talvez fosse o ambiente. Ou talvez fosse o que pairava entre nós desde as últimas conversas.
Manuela ria ao meu lado, comentando algo sobre o bolo estar exagerado. Eu mal registrei o que ela dizia, porque minha mãe riu. Um riso que atravessou a sala como um trovão disfarçado de brisa. Ela estava com um primo, ou algo assim — um sujeito alto, bem-apessoado demais para o meu gosto.
Quando percebi, minha avó, Maria, estava na minha frente, estendendo a mão como uma rainha convocando um cavaleiro.
– Vai me negar uma dança, Miguel? – disse ela, com um sorriso que tinha algo de desafiador.
Recusar não era uma opção. Ela tinha essa presença. Com 55 anos, Maria conseguia ser intimidante e irresistível ao mesmo tempo. Vestia um conjunto elegante, preto, que valorizava cada linha do corpo que parecia ignorar o peso do tempo. A blusa marcava discretamente o busto, enquanto a saia lápis moldava os quadris de forma impecável. O salto alto só completava o quadro.
Enquanto dançávamos, meu olhar percorria seus traços: a pele levemente bronzeada, as mãos firmes e suaves, os olhos que sempre pareciam saber mais do que diziam. A postura dela era impecável, e os movimentos tinham um ritmo que, sinceramente, me faziam questionar como ela podia ter tanto controle sobre o próprio corpo.
– Você está quieto demais, querido. Alguma coisa na sua cabeça? – perguntou, com aquele tom que sugeria que ela já sabia a resposta.
– Nada demais, vó. Só pensando na vida.
Ela arqueou uma sobrancelha, cética.
– Pensando na vida... ou em alguém? – O sorriso dela era uma armadilha. Maria nunca perguntava nada por acaso.
Tentei disfarçar com um sorriso de canto.
– Acho que ambos. Você sempre teve essa mania de me ler, né?
– Não precisa ler muito quando você está tão transparente – respondeu, girando levemente, enquanto eu a acompanhava no movimento. – Mas cuidado, Miguel. Pensar demais pode ser perigoso. Principalmente quando os pensamentos são... complicados.
Por um instante, senti o peso das palavras dela. Era como se ela soubesse, ou suspeitasse, mas ao mesmo tempo escolhesse deixar o silêncio dizer mais do que as palavras poderiam.
Agora, girávamos ao som de uma bossa nova antiga. Maria sabia exatamente como comandar os passos, e eu só precisava seguir. Mesmo assim, minha atenção era dividida. minha mãe, a poucos metros de distância, movia-se com uma graça quase cruel. O vestido parecia conspirar comigo, moldando-se a cada curva dela enquanto girava nos braços daquele primo.
– Miguel, preste atenção – disse Maria, com um olhar de quem não tolerava distrações.
– Estou, vó. Estou.
Ela riu suavemente, mas seus olhos tinham aquele brilho astuto que eu conhecia bem.
– Está mesmo? Porque, pelo que vejo, você está olhando mais para o lado do que para mim.
A sala estava cheia, mas minha atenção estava focada em apenas dois pontos: minha mãe e aquele maldito primo, Felipe. Ele estava próximo demais, rindo alto demais, e suas mãos, ainda que aparentemente inocentes, deslizavam perigosamente perto do limite aceitável.
Ele dançava com minha mãe com um entusiasmo que beirava o desespero. Ele se inclinava um pouco demais, falava perto demais, e ela, tentando ser educada, ria de um jeito tenso, claramente desconfortável. Meu sangue ferveu.
Enquanto girávamos pela sala, minha atenção continuava desviando para minha mãe e Felipe. Ele se aproximava demais. As mãos dele, embora discretas, pareciam explorar cada vez mais o território dela. Meu sangue ferveu.
Maria percebeu.
– Miguel, o que está acontecendo? Parece distraído – disse ela, sorrindo com o canto dos lábios.
– Nada, vó. Só acho que Felipe já passou do ponto.
Ela olhou para onde eu encarava e soltou um riso baixo.
– Felipe sempre foi ousado demais para o próprio bem. Vai lá. Salve a pobre Marta.
Não precisei de mais incentivo.
– Com licença, vó – disse, deixando-a na pista e caminhando em direção aos dois.
Felipe falava algo no ouvido da minha mãe, e ela, embora ainda sorrisse, parecia desconfortável. Meus passos ficaram mais rápidos.
– Felipe – interrompi, minha voz baixa, mas carregada de firmeza –, que tal uma troca? Você dança com minha vó, e eu fico aqui com a minha mãe.
Felipe franziu a testa, mas ao olhar para Maria, que agora o chamava com um aceno, ele sorriu.
– Claro, por que não? – disse, afastando-se.
Quando ele saiu, Marta me olhou com um misto de alívio e curiosidade.
– Obrigada – disse ela, suavemente.
– Não agradeça. Talvez você só tenha trocado seis por meia dúzia – brinquei, embora meu olhar deixasse claro que não era o caso.
Ela riu, mas seus olhos evitaram os meus por um instante, como se tentasse processar o que estava acontecendo.
– Com você é melhor – murmurou, quase como se quisesse que eu não ouvisse.
Melhor. As palavras ficaram no ar entre nós, como um convite disfarçado. Ela tentou disfarçar o que acabara de dizer, desviando o olhar, mas a leve curva em seus lábios me dizia que não era por acaso.
Puxei-a para perto, o suficiente para que a música ditasse nossos movimentos, mas não tão perto a ponto de ultrapassar os limites. Pelo menos, não ainda.
– Você parecia desconfortável com o Felipe – comentei, quebrando o silêncio.
– Ele não sabe a hora de parar – respondeu, a voz suave, mas carregada de uma exasperação contida.
– E eu sei? – perguntei, provocando.
Ela ergueu o olhar para mim, os olhos castanhos fixos nos meus, como se estivesse tentando decidir se eu merecia uma resposta.
– Você sabe quando deveria parar. Mas nem sempre para – retrucou, deixando claro que havia mais naquelas palavras do que parecia.
Minha mão, posicionada nas costas dela, pressionou levemente.
– Talvez eu não queira parar – murmurei, próximo o suficiente para que apenas ela ouvisse.
Por um momento, pensei que ela fosse recuar. Mas minha mãe permaneceu onde estava, os lábios ligeiramente entreabertos, como se estivesse prestes a dizer algo e tivesse mudado de ideia. Seus olhos buscaram os meus novamente, e, embora houvesse hesitação, havia também algo mais profundo, algo que ela não conseguia esconder.
– Miguel... – começou ela, mas o tom vacilante indicava que ela estava se segurando.
– Mãe – interrompi, minha voz firme, mas baixa. – Só dança comigo. Não pensa, não fala... só dança.
Ela obedeceu. Por alguns minutos, movemo-nos em silêncio, os corpos próximos, mas não próximos o suficiente para que alguém ao redor notasse algo. Apenas nós sabíamos o que estava acontecendo naquele momento, o turbilhão de emoções que parecia nos envolver como a música suave que tocava.
Quando a puxei para mais perto, notei a tensão em seus ombros. Mas não demorou para que ela relaxasse levemente sob meu toque, embora ainda mantivesse uma rigidez proposital, como se lutasse contra algo maior que ela mesma.
Minha mão descansava firme na parte inferior das suas costas, tocando o tecido macio do vestido justo que moldava suas curvas. Era impossível não sentir o calor que emanava dela. O corpo dela era um contraste de suavidade e força: a cintura fina que cabia perfeitamente na minha mão, os quadris que se moviam com uma elegância natural, quase hipnótica, e a curva delicada de suas costas, que parecia implorar por um toque mais ousado.
Enquanto nossos corpos se moviam no ritmo da música, diminuí a distância entre nós. O movimento parecia casual, mas cada centímetro a menos deixava claro que aquilo não era apenas uma dança inocente. minha mãe percebeu. O rubor em suas bochechas era inconfundível, mesmo sob a luz difusa da sala.
Minha outra mão subiu suavemente pelas costas dela, os dedos pressionando levemente a linha de sua coluna, enviando um arrepio que percebi pelo modo como ela suspirou, curto e quase inaudível. Sua respiração estava mais rápida, irregular. Tentei controlar o sorriso que ameaçava escapar; saber que eu estava provocando essas reações nela era um prazer quase cruel.
Então aconteceu. Meu corpo, traidor e sincero, reagiu à proximidade dela. A ereção era inevitável, e quando meu quadril encostou no dela, senti minha mãe congelar por um breve instante. Sua respiração parou por uma fração de segundo, e ela inclinou a cabeça ligeiramente para trás, como se buscasse espaço. Mas não se afastou.
Na verdade, parecia o contrário. Apesar das palavras que vieram logo depois – sussurradas e tensas –, seu corpo permaneceu colado ao meu.
– Miguel... – disse ela, quase sem fôlego. – Se controle.
Minha resposta veio sem pensar, a voz baixa, carregada de desejo:
– Não consigo.
Aquela confissão simples fez algo em Marta mudar. Seus olhos se fecharam por um instante, como se ela estivesse lutando contra cada fibra de autocontrole que ainda restava. Seus dedos, que até então apenas repousavam no meu ombro, se apertaram, agarrando levemente o tecido da minha camisa.
Continuei guiando-a pela pista, aproveitando cada oportunidade para pressionar nossos corpos ainda mais juntos. Meu quadril encontrou o dela novamente, e dessa vez ela não recuou nem disfarçou. minha mãe mordeu o lábio inferior, tentando conter alguma emoção que parecia à beira de transbordar.
– Isso... – começou, mas a frase morreu em seus lábios quando minha mão na base de suas costas deslizou levemente para o lado, quase alcançando a curva de seu quadril.
O corpo dela reagiu antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa. Um suspiro mais longo escapou, e senti sua postura ceder um pouco, como se o peso da luta interna estivesse se tornando insustentável. A proximidade era quase sufocante, mas nenhum de nós parecia disposto a acabar com aquilo.
O perfume dela – um misto de algo floral e um toque sutil de especiarias – parecia intensificar tudo. A cada movimento, sentia o calor do corpo de Marta contra o meu, e a maneira como ela se ajustava à minha postura só tornava tudo mais intoxicante.
– Mãe – sussurrei, minha boca próxima ao seu ouvido –, por que não diz logo que está gostando?
Ela ergueu os olhos para mim, e havia algo neles que parecia um pedido mudo. Talvez um pedido para parar, talvez para continuar.
– Porque não posso – respondeu ela, a voz trêmula, mas sem força suficiente para soar convincente.
Minha mão subiu novamente, agora repousando entre as omoplatas dela. Minha ereção continuava firme contra a virilha dela, e mesmo que ela tentasse manter uma expressão neutra, seus olhos semicerrados e os lábios ligeiramente abertos entregavam o que estava sentindo.
– Não parece que você quer que eu pare – provoquei.
Marta balançou a cabeça, um gesto quase imperceptível.
– Miguel... você está me deixando louca.
Essas palavras, sussurradas com um tom de rendição, foram como uma faísca em um barril de pólvora. Meu desejo por ela, já insuportável, pareceu crescer ainda mais. A mão que estava em suas costas apertou com mais firmeza, trazendo-a ainda mais para perto.
Quando a música terminou, minha mãe se afastou ligeiramente, mas não soltou minha mão de imediato. Seus olhos estavam mais suaves, quase vulneráveis, e, por um instante, parecia que ela estava à beira de dizer algo.
– Isso foi... melhor do que eu esperava – disse ela finalmente, com um sorriso pequeno e um tanto nervoso.
– Sempre tento superar expectativas – respondi, sorrindo de lado.
Ela balançou a cabeça, mas não conseguiu conter um pequeno riso.
– Você é impossível, Miguel.
– E você é maravilhosa, mãe.
Ela desviou o olhar, mas não antes que eu visse o rubor subir por suas bochechas. Então, com um pequeno gesto, soltou minha mão e deu um passo para trás.
– Acho melhor eu voltar para a mesa – disse ela, sem olhar diretamente para mim.
– Ou você pode ficar – sugeri, minha voz baixa o suficiente para ser um sussurro.
Ela hesitou, mas acabou balançando a cabeça.
– Boa tentativa – respondeu, mas o sorriso nos lábios dela mostrava que, no fundo, a batalha estava longe de terminar.
Enquanto ela se afastava, algo em seu olhar antes de virar de costas me deu a certeza de que estava disposta a ceder, mais cedo ou mais tarde. E, dessa vez, eu estava disposto a esperar.
A festa continuou animada ao redor de nós, mas o que antes parecia uma celebração familiar se transformou em um cenário distante. Quando finalmente começaram a cantar os parabéns para Maria, todos se reuniram em torno do bolo, e o som de vozes alegres invadiu o ambiente. Marta deu uma última olhada em mim, como se quisesse dizer algo, mas se conteve. Ela não precisava. O silêncio entre nós já falava por si.
Após os parabéns, minha mãe sugeriu, de forma quase imperceptível, que era hora de ir embora. A tensão entre nós ainda estava palpável, mas ela parecia aliviada por querer escapar. Minha resposta foi rápida, talvez mais impetuosa do que o necessário.
– Concordo, está tarde.
Mas, antes que pudéssemos nos mover para nos despedir, Manuela, que parecia ter se divertido a noite inteira, interrompeu.
– Eu quero ficar mais, mãe. Está tão bom aqui! – Ela estava visivelmente animada, aproveitando o ambiente descontraído e a companhia.
Marta olhou para ela, com uma leve expressão de exasperação, mas tentou não demonstrar.
– Manuela, já está tarde... – Marta começou tentando ser firme.
Foi então que Marcia, que estava ali por perto, com um sorriso maroto no rosto, sugeriu algo que só intensificou a sensação de estranheza na situação.
– Deixa a Manuela ficar, Marta. Ela está se divertindo. Eu posso levar ela para a minha casa depois, não tem problema. Vocês podem ir logo.
minha mãe hesitou por um instante. Olhou para Marcia, depois para Manuela, e então para mim. Era claro que ela queria ir, que ela precisava sair dali, mas as circunstâncias estavam se desenrolando de forma que ela não podia simplesmente ceder àquilo que estava sentindo. Era como se cada olhar, cada gesto, estivesse pedindo um afastamento, um refúgio. Mas, em algum nível, ela também sabia que isso estava se tornando impossível.
– Tá bom, Marcia – Marta disse, com um suspiro. – Manuela, aproveite a festa. Vamos conversar depois.
Manuela fez um sinal de positivo, satisfeita com a decisão. Ela estava mais que contente por poder ficar.
Com isso decidido, Marta e eu trocamos um olhar. Uma despedida silenciosa que parecia carregada de promessas não ditas.
Antes de sair, minha mãe pegou sua bolsa e caminhou em direção à porta. Eu a segui, tentando esconder o turbilhão de emoções que estavam surgindo dentro de mim. O caminho até o carro foi silencioso, e a tensão, em vez de se dissipar, parecia aumentar a cada passo.
Quando chegamos ao carro, minha mãe entrou no banco do passageiro sem uma palavra, e o som do motor ligando foi a única coisa que quebrou o silêncio que estava começando a nos envolver.
Durante a viagem até em casa, as palavras pareciam faltar. Os olhares trocados entre nós eram intensos, mas também havia uma sensação de algo inacabado, algo que ainda estava por vir, e que agora, finalmente, parecia impossível de ignorar.
A distância que havia entre nós durante toda a viagem parecia cada vez mais opressiva, mas ao mesmo tempo, mais um sinal de que as coisas não poderiam mais continuar como estavam.
Quando chegamos em casa, o som da porta batendo atrás de nós ecoou em nossos corações. Mais um silêncio, mais uma pausa. O que aconteceria a seguir estava claro, mas ainda assim, os dois sabíamos que a última palavra estava longe de ser dita.
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