Renascimento - parte 5

Um conto erótico de Gabriel
Categoria: Gay
Contém 1050 palavras
Data: 02/12/2024 13:38:36
Assuntos: Gay, Drama, suspense, Amor

O sol estava se pondo, tingindo o céu de um laranja profundo, enquanto Chico e Bernardo se encaravam à beira do rio. A água correu suavemente, refletindo a luz dourada, mas nada parecia suave entre os dois. A tensão entre eles era palpável, um sentimento que se acumulava a cada olhar, cada passo, cada respiração. As palavras que ainda não tinham sido ditas pendiam no ar, pesadas e carregadas de desejo reprimido.

Bernardo franziu a testa, encarando Chico com um misto de confusão e frustração. Ele sentia algo por aquele homem, algo que não conseguia controlar, mas que também não podia ignorar. O desejo se misturava com a raiva, e o choque se tornava insuportável.

"Chico", começou Bernardo, sua voz baixa, mas tensa, "o que está acontecendo entre nós? Eu... eu não consigo entender. Você sabe o que está acontecendo, não sabe?" Ele deu um passo à frente, tentando alcançar o olhar do outro. "Você sente, não sente?"

Chico deu um longo suspiro, as palavras escapando lentamente, como se estivesse revelando um segredo que o consumia. "Eu não posso negar o que sinto, Bernardo. Mas... há algo que preciso te contar." Seus olhos se desviaram brevemente, como se procurassem palavras que escapavam da mente. "Fui salvo do rio por Indianara, a filha do cacique da tribo. Ela me tirou das águas, me deu a vida de volta."

Bernardo piscou, surpreso, o peito apertando com a revelação. "Indianara?" ele repetiu, o nome soando estranho na boca dele. "E o que isso tem a ver com... nós?" Sua voz tinha uma dureza que não disfarçava a inquietação.

Chico olhou para o rio por um momento antes de voltar o olhar para Bernardo. "Ela... ela me fez uma promessa. Uma dívida, Bernardo. E essa dívida, segundo ela, exige que eu me case com ela. É uma tradição da tribo. Não posso simplesmente ignorar."

A palavra "casamento" soou como um estalo no ar. Bernardo sentiu a raiva se formar em seu peito, uma raiva que crescia em proporções descontroladas. "Você vai se casar com ela?" A pergunta saiu quase como um grito, mas Chico permaneceu firme.

"Eu tenho que cumprir minha palavra, Bernardo. Não posso desonrar a tribo nem a minha gratidão a ela. Eu não posso." A voz de Chico estava carregada de pesar, mas também de uma necessidade de ser fiel a algo maior que ele.

Bernardo deu um passo atrás, como se fosse fisicamente afetado pela revelação. "Então, tudo o que aconteceu entre nós... isso não significa nada? Não é nada?" Ele podia sentir o peso de sua indignação, uma mistura de dor e desespero tomando conta de seu coração. "Eu pensei que éramos... algo, Chico. Que éramos mais do que isso."

O silêncio que se seguiu foi pesado. As águas do rio continuaram a correr, mas para Bernardo o mundo parecia ter parado. Ele olhou para Chico, sentindo seu corpo em chamas, mas com os olhos nublados pela confusão e pela dor.

Chico não respondeu imediatamente. Em vez disso, ele deu um passo em direção a Bernardo, mas a distância entre eles parecia insuperável. "Não é simples assim", disse, sua voz agora mais suave, mas ainda carregada de angústia. "Eu... também sinto algo por você, Bernardo. Mas minha palavra, minha honra, a dívida que tenho com ela... tudo isso me prende de alguma forma."

Bernardo olhou para ele com uma mistura de dor e raiva. "Você me traiu, Chico", disse, a voz quebrando. "Eu pensei que nós tínhamos algo, mas, na verdade, tudo o que você fez foi me usar como uma distração enquanto se prepara para seguir seu destino com ela. Não sou apenas uma opção, Chico."

Aquelas palavras acertaram Chico como um golpe. Ele recuou, os olhos carregados de arrependimento, mas a responsabilidade que ele sentia em relação à tribo e a Indianara era maior do que qualquer coisa que ele pudesse explicar para Bernardo. "Não é isso, não é o que você pensa. Eu..."

"Chega!" Bernardo gritou, interrompendo-o. "Eu não posso mais ouvir isso. Eu... eu não quero mais saber." Com essas palavras, ele deu meia-volta, caminhando em direção à floresta. Cada passo que ele dava era um peso a mais em seu peito, e, no entanto, ele não conseguia parar. A dor era demasiada, e a raiva que o consumia o empurrava para longe de Chico.

Chico ficou ali, estático, sentindo a perda arranhar sua alma. Ele queria correr atrás de Bernardo, abraçá-lo, pedir desculpas, mas algo dentro dele o impedia. Ele olhou para o rio uma última vez e, com um suspiro pesado, se virou e se afastou, ciente de que o amor deles, por mais forte que fosse, talvez fosse impossível de se concretizar.

A tensão que se formou entre Chico e Bernardo levou-os a caminhos diferentes, mas o destino tinha outros planos. Durante os meses seguintes, a relação deles ficou marcada pela distância e pela raiva não resolvida. Bernardo se envolveu em outras batalhas pessoais, enquanto Chico sentia o peso da promessa que não podia quebrar.

Mas a paz que ambos procuravam estava longe. Uma noite, Bernardo, agora imerso em seus próprios conflitos, é abordado por Indianara, que se revela uma figura muito mais enigmática e perigosa do que ele jamais imaginou. Ela revela que sabia da paixão entre ele e Chico desde o início e que, na verdade, sua intervenção era uma peça de um jogo maior. Ela queria algo muito mais do que um simples casamento: ela queria controlar as forças do destino e manipular a vida de todos ao seu redor.

"Você não entende", disse ela, com um sorriso frio. "Chico não é o único que deve cumprir uma dívida. Você também tem uma. E o que você sente por ele... bem, isso está muito além de simples amor."

Bernardo olhou para ela, incrédulo. "O que você quer de mim?"

"Eu quero tudo", ela respondeu, a voz agora sussurrante e ameaçadora. "E você vai me ajudar a conseguir."

A revelação deixou Bernardo em estado de choque. Ele precisava decidir se ia se render a essa teia de manipulações ou se enfrentaria Indianara e a verdade que ela guardava. Mas algo dentro dele dizia que, no final, ele teria que enfrentar não apenas Indianara, mas também os próprios sentimentos por Chico, que agora pareciam mais intensos e perigosos do que nunca.

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