Renascimento - parte 8

Um conto erótico de Gabriel
Categoria: Gay
Contém 1367 palavras
Data: 02/12/2024 13:44:01
Assuntos: Gay, Drama, suspense, Amor

A tensão na aldeia era palpável. Os dias haviam se tornado longos e sombrios desde as tentativas de Indianara contra Bernardo. A cada encontro, o rancor entre as tribos se intensificava, e os ecos de um conflito iminente se faziam cada vez mais presentes. Bernardo sentia o peso da responsabilidade sobre seus ombros, mas algo mais profundo e pessoal estava prestes a surgir, algo que mudaria tudo.

Ele estava na clareira, sozinho, esperando por Chico. A brisa fria da manhã parecia acentuar o clima de tensão, e o som distante das folhas que se moviam nas árvores só fazia aumentar a sensação de inquietação. Mas Bernardo estava acostumado com o perigo. O que ele não estava preparado para enfrentar era o homem que apareceu na sua frente: **Álvaro**, filho do juiz Paulo.

Álvaro apareceu repentinamente, surgindo das sombras da floresta, como se estivesse esperando o momento exato para se revelar. Ele se aproximou sem pressa, mas sua presença tinha algo de ameaçador.

— **Você não me viu chegando, não é?** — Álvaro disse, com um sorriso sutil nos lábios, como se estivesse gostando de ver o desconforto de Bernardo.

Bernardo o encarou, desconfiado. Ele sabia que Álvaro era filho do juiz Paulo, um homem que ele odiava com toda a sua força. O juiz havia sido responsável por tantas tragédias em sua vida, e agora o filho aparecia como uma sombra do passado. A última coisa que Bernardo imaginava era que ele viria com uma revelação que o abalaria profundamente.

— **O que você quer, Álvaro?** — Bernardo perguntou, a voz endurecida pela desconfiança.

Álvaro deu um passo à frente, e o sorriso em seu rosto desapareceu. Ele estava mais sério agora, seus olhos fixos em Bernardo com uma intensidade desconcertante.

— **Eu sei quem você é, Bernardo. Sei o que aconteceu com sua mãe.** — As palavras de Álvaro caíram pesadas no ar, e Bernardo congelou. Como ele poderia saber disso? Ele nunca havia contado a ninguém sobre o sofrimento que sua mãe havia passado, e muito menos sobre o responsável.

— **O que você está dizendo?** — A voz de Bernardo saiu como um sussurro, a surpresa e a raiva se misturando em seu peito.

Álvaro olhou ao redor, como se garantisse que ninguém mais estivesse por perto para ouvir. Ele deu um passo mais perto de Bernardo, como se estivesse prestes a revelar algo que ninguém jamais soubera.

— **Sua mãe... Ela foi vítima do meu pai, o juiz Paulo, durante a despedida de solteiro dele.** — Álvaro disse, sem hesitar. Suas palavras foram como uma lâmina afiada cortando a mente de Bernardo.

A revelação o atingiu com a força de um soco. Seu estômago se revirou, e o chão pareceu se mover sob seus pés. **O juiz Paulo**... o homem que havia sido a causa de tantas dores em sua vida, que ele odiava com todo o seu ser, havia destruído sua mãe, e ele nunca soubera a verdade. O homem que ele via como um monstro era também o responsável pela tragédia mais profunda de sua existência.

— **Não... isso não pode ser verdade!** — Bernardo gritou, os olhos se enchendo de lágrimas de raiva. Ele sentiu o ódio crescer dentro de si, uma raiva que queimava como fogo. **Meu pai nunca me contou isso!**

Álvaro manteve o olhar fixo, sem se mover, como se estivesse esperando a reação de Bernardo. Ele não estava mentindo, sabia disso. Mas as palavras que acabara de revelar estavam desconstruindo tudo o que Bernardo acreditava saber sobre si mesmo e sobre sua história.

— **Há mais, Bernardo.** — Álvaro continuou, sua voz agora mais suave, como se o momento tivesse se transformado em algo mais íntimo, mais pessoal. — **Eu sou seu irmão.**

Bernardo estremeceu com a afirmação. **Irmão?** Como poderia ser possível? Ele nunca soubera de outro irmão. A ideia de ter sido tão próximo de alguém como ele e não saber... era insuportável.

— **Irmão? Você está louco! — A incredulidade em sua voz era clara, mas algo dentro dele dizia que a verdade estava ali, nua e crua, na frente dele.

O choque era tão grande que Bernardo não conseguia processar tudo o que acabava de ouvir. As palavras de Álvaro giravam em sua mente como um redemoinho, e ele não sabia o que fazer com essa nova verdade. **Álvaro, seu irmão?**

— **Você está mentindo. Deve estar mentindo!** — Bernardo vociferou, a dor e a raiva se acumulando dentro dele. Ele estava a ponto de explodir, mas não conseguia. Ele sentiu uma necessidade urgente de entender, de encontrar respostas para todas as perguntas que ele nunca soubera fazer.

Álvaro se aproximou, sua expressão séria, mas de alguma forma, compreensiva.

— **Eu sei que isso é difícil de aceitar, Bernardo. Eu entendo. Mas você precisa saber que, quando o juiz Paulo fez o que fez, ele destruiu tanto sua mãe quanto a minha.** — Álvaro pausou, como se estivesse lidando com suas próprias cicatrizes, e isso fez Bernardo hesitar por um momento. — **Eu vivi com o peso disso também. Ele nos traiu a todos. Você e eu... não somos diferentes, Bernardo. Estamos no mesmo barco, apenas com histórias diferentes.**

Bernardo sentiu o calor da raiva e da dor se transformando em uma frieza insuportável. Ele estava diante de seu próprio irmão, o filho do homem que destruiu sua vida, e ele não sabia como lidar com isso.

— **Eu...** — Bernardo começou, mas as palavras não saíam. Ele queria gritar, mas não sabia por onde começar. A verdade era tão grande, tão avassaladora, que ele não conseguia processá-la de uma vez.

— **Eu sei o que você está pensando.** — Álvaro interrompeu, seu tom agora mais suave, mais pessoal. — **Você quer vingança. Eu sei disso. Eu também quero. Mas, antes de fazer qualquer coisa, você precisa entender o que realmente aconteceu. Eu posso ajudar, Bernardo. Posso te ajudar a fazer justiça.**

Bernardo olhou para ele, o ódio, a dor e a confusão se misturando em um turbilhão. Ele sentia uma necessidade intensa de destruir tudo o que o juiz Paulo representava. Mas a verdade de que ele tinha um irmão, alguém que compartilhava da mesma dor, o fazia questionar tudo o que ele pensava saber sobre si mesmo.

— **Você está dizendo que podemos nos vingar juntos?** — Bernardo perguntou, com a voz baixa, como se o simples ato de verbalizar essa ideia fosse lhe dar algum tipo de controle sobre a situação.

Álvaro olhou para ele com seriedade.

— **Sim. Juntos. Vamos fazer o juiz Paulo pagar por tudo o que ele fez. Por tudo o que fez com nossas mães. Mas antes de começarmos, você precisa saber uma coisa mais... Algo que o juiz Paulo escondeu de todos.** — Álvaro deu uma pausa dramática, fazendo Bernardo sentir uma ansiedade crescente.

— **O que é?** — Bernardo perguntou, já não sabendo o que esperar mais.

Álvaro olhou em volta, e só então falou, com uma intensidade perturbadora:

— **O juiz Paulo... ele não é quem você pensa. Existe algo muito mais sombrio sobre ele. Algo que você nunca imaginou.**

Antes que Bernardo pudesse perguntar mais, Álvaro o interrompeu.

— **Mas, se você quiser saber a verdade, terá que correr o risco de enfrentar um passado que ele fez questão de esconder de todos. E posso te garantir que essa verdade mudará tudo o que você acha que sabe sobre ele.**

O silêncio caiu sobre eles, pesado e profundo, como se o próprio ar tivesse se tornado denso. Bernardo estava em choque, a mente em frangalhos. Ele sabia que sua vida, a partir daquele momento, nunca mais seria a mesma.

E o jogo de vingança havia apenas começado.

Consumido pela raiva e o desejo de justiça, Bernardo começa a arquitetar um plano para destruir o juiz Paulo. Ele utiliza tudo o que sabe sobre o homem e seus aliados, criando uma trama meticulosamente planejada. Com a ajuda de Álvaro, Bernardo coloca seu plano em ação, resultando na exposição pública do juiz e no seu desgraçamento. A vingança é bem-sucedida, mas a sensação de vitória é amarga. Apesar de ter derrubado o homem que destruiu sua mãe, Bernardo se sente ainda mais perdido, como se o ato de vingança não tivesse trazido a paz que ele esperava. Ele percebe que a dor que sente e as escolhas que tomou o afastam de tudo o que já conheceu.

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