CAPÍTULO 16
Depois de atingir seu objetivo e transar com seu pai, Milena mudou da água para o vinho. De filha mimada e patricinha arrogante, ela passou a ser uma garota alegre, que estava sempre ao lado de seu pai procurando adivinhar os desejos dele e também solícita com todos, inclusive, muito participativa na hora de assumir as tarefas que lhe eram dirigidas, parando de reclamar por causa disso. A sua maior felicidade não residia apenas no fato de ter conseguido transar com o Ernesto, mas sim por ele assumir o desejo que sentia pela filha diante de todos, pois todas as noites era ela que dormia ao lado dele, sem se importar de partilhar o prazer que recebia com alguma das outras mulheres. Não importava se era a Pâmela, a Diana.
Ernesto até chegou a comentar com Pâmela, em tom de brincadeira, que se soubesse que o resultado seria esse, já tinha ido para a cama com Milena há muito tempo. A única coisa que Milena não se conformava é que, das seis mulheres que viviam na ilha, apenas a Pam e a Diana estavam disponíveis para o seu pai. Isso acontecia porque a Cahya e Na-Hi continuavam a manter o trisal que formaram com o Henrique e a Marguerithe não estava mais disponível para transar, pois a Chantal não lhe dava espaço.
E se Margie não transava, também não ajudava em nada. Passava os dias dando atenção ao seu animalzinho de estimação que, apesar de pesar mais que o dobro que ela, era tratado como se fosse um gatinho inofensivo. Algumas vezes as brincadeiras deixavam a todos com a respiração suspensa, com Chantal abocanhando uma de suas pernas e a arrastando pela areia, mas quando ela se via livre, rindo sem parar, não se via uma única marca em sua pele.
Enquanto isso Na-Hi continuava com afinco o trabalho de construir um abrigo. Em uma excursão que ela e o Nestor fizeram do lado sul da enseada, onde o mar invadia a floresta, voltaram com muitas novidades. Conforme ela explicou a todos quando voltaram, lá havia um mangue com uma quantidade enorme de caranguejos e ela, para provar isso, trouxe vários com ela não escondendo sua felicidade por ter descoberto uma nova fonte de alimentos que lhes daria uma maior diversidade. Porém, segundo ela mesma, essa não foi a maior descoberta. Avançando até o final do mangue, Na-Hi viu uma lama de um tom avermelhado e resolveu examinar. Qual não foi sua surpresa ao descobrir que se tratava de argila e, quando lhe perguntarem no aquilo poderia ajudar, ela explicou que com aquele material ela podia cobrir todas as falhas que o bambu entrelaçado apresentasse, não deixando nenhuma brecha para a entrada de insetos ou mesmo de infiltração de água da chuva. Isso tudo e mais o fato de que, com a argila, poderia construir um fogão.
A Diana levantou o problema do transporte desse material e foi o Nestor que explicou que bastava levar um dos dois botes salva vida que ainda restava e puxá-lo através do mangue e depois do mar.
Depois que todos se banharam na lagoa, tiveram peixe para o jantar, com a reclamação de Margie que já estava enjoando de peixe, ao que Na-Hi a desafiou:
– Está reclamando porque é boba. Mande a Chantal caçar para você, já que você não faz nada.
Margie, amuada por ter levado a bronca, falou para Chantal que estava ao seu lado:
– Você ouviu isso, sua folgada? Vai caçar vai. Mata essa sua fome que nunca acaba e aproveita e traga algo para a gente comer.
– De preferência um porco selvagem. A pele do cervo já está quase curtida e vou usar para fazer roupas para nós. Mas a pele de porco é mais fácil de curtir e fica mais macia, o que deixa essa tarefa mais fácil. – Disse Na-Hi com um sorriso, indicando que estava caçoando de Margie.
– Você ouviu. Vai caçar vai.
Margie disse isso enquanto fazia carinho na cabeça de Chantal que, depois de ouvir, arreganhou os dentes para Na-Hi como se estivesse reclamando por ter que fazer alguma coisa, deu uma lambida na face de Margie que reclamou como todas as vezes que a pantera fazia algo assim e depois saiu andando, a princípio com lentidão, mas quando chegou à margem da mata, já estava correndo.
Depois de comer, os sobreviventes costumavam se reunir para discutir os progressos e problemas do dia a dia e depois cada um procurava o seu canto para transarem e depois dormirem. Nesse dia resolveram não se reunirem e passaram direto ao passo seguinte. Milena, ao pegar na mão de Ernesto e o puxar em direção ao local onde dormiam todas as noites, olhou para as demais mulheres e, como se lembrasse de alguma coisa, falou para a Marguerithe:
– Vem com a gente Margie. Aproveita que a Chantal foi caçar e vamos nos divertir um pouquinho.
– Bem que estou precisando. – Respondeu Marguerithe enquanto se levantava com a ajuda da Milena que segurava em sua mão.
Ernesto abraçou as duas garotas e as conduziu para o seu cantinho do prazer. Diana e Pâmela já sabiam que para elas só sobrava o Nestor, mas não reclamaram e, sem dizer nada, se deram a mão, foram até onde ele estava sentado e o rebocaram com elas. Nessa altura, Cahya, Na-Hi e Henrique já estavam se dirigindo ao ‘dormitório’ deles.
A noite foi insana, com os gritos de Margie ecoando pela praia fazendo com que até os golfinhos se aproximassem para ver o que acontecia. A princípio a reação da ruivinha provocou risos nos demais, porém, com as sacanagens que ela falava, exigindo ser chupada e fodida por Ernesto e Milena, que atendiam a todos os seus desejos, atiçou ainda mais o tesão dos demais que passaram a se dedicar aos seus parceiros.
Quando todos estavam cansados, naquele momento em que a letargia do prazer obtido conduz para um sono tranquilo, algo aconteceu que chamou a atenção de todos.
A lua já ia alto no céu, o que significava que já era tarde, quando alguém gritou:
– Olha gente Um eclipse. Que lindo!
Todos olharam para o céu onde a enorme lua, quase duas vezes o tamanho da que eles estavam acostumados a ver antes de chegarem àquela ilha, começava a ficar com a extremidade voltada para o leste tomada pela sombra. Era como se um monstro com uma enorme boca tivesse lhe dado uma mordida. Ernesto foi para a praia em companhia das duas garotas, porém, se lembrou de Pâmela e foi chamá-la para que ela também assistisse ao espetáculo. Encontrou sua esposa nua e deitada de lado, com uma das pernas dobrada sobre as pernas de Nestor enquanto sua cabeça repousava no peito dele. Um de seus braços estava enganchado em baixo do braço dele e o outro repousava na barriga do rapaz, com sua mão pousada sobre o pau flácido e brilhante, indicando que ele tinha visitado as profundezas das duas mulheres. Diana também dormia na posição de conchinha com Pâmela, com a mão livre segurando um de seus seios. Ernesto sentiu tesão ao ver a esposa naquela situação e pensou em acordar aos três amantes para recomeçarem a foda, mas foi despertado de seu desejo por Milena que exigia sua companhia.
Pâmela e Diana foram despertadas com carinhos em seus rostos e quando abriram os olhos o Ernesto apenas apontou para a lua. As duas ficaram sentadas, esfregaram os olhos para espantar o sono e, depois de acordarem o Nestor, foram se juntar ao grupo que, da praia, olhava o fenômeno provocado pela natureza. O trisal também já se juntou ao grupo e todos olhavam com admiração para o céu.
Durante algum tempo não aconteceu nada. Todos os olhares voltados para a lua que ia sendo devorada pela sombra, centímetro a centímetro. Para as nove pessoas que olhavam para o céu, um eclipse não era novidade. O que chamava a atenção deles era que, como se protestasse por ter seu brilho coberto, a lua alterava suas cores. De prata passou para dourado, depois para um tom laranja e em seguida um vermelho escuro. Mas quando faltava apenas uma pequena fatia para ser totalmente coberta, a cor mudou para lilás e nessa hora o Ernesto olhou para os olhos de sua filha e não conseguiu evitar um gemido que ele creditou à admiração, mas que no fundo sabia que foi originado por tesão.
Milena estava banhada pela luz lilás e seu corpo dourado foi escurecendo até que sua pele adquiriu o mesmo tom da de Diana, se transformando em uma mulher negra, com os seios fartos empinados e os mamilos duros como se as alterações sofridas pela lua causasse essa influência nela. Olhou para o rosto da filha e sua respiração falhou. Um rosto negro, com os olhos violeta faiscante como se toda a luminosidade emitida pela lua se concentrasse ali. Seus lábios carnudos entreabertos mostrando duas fileiras de dentes perfeitos que pareciam estar sob o efeito de uma luz negra, muito comum em bares e boates daquela época, mostrando um brilho que feria seus olhos.
Olhou então para Margie e viu sua pele branquinha de exibia um tom azul turquesa e parecia estar coberto por uma aura porque resplandecia. Pâmela, a única morena, também exibia um tom azul, mas esse era mais escuro. Cahya e Na-Hi pareciam gêmeas com o tom de amarelo queimado que também era irradiado de suas peles enquanto a cor da pele de Diana não mudara de cor e exibia o negro mais escuro que ele já vira, porém, contrariando a definição dessa cor que e dado com a ausência de luz, nela havia um brilho como se seu corpo tivesse sido polido. As peles dos homens reagiam ao efeito do eclipse quase da mesma forma. O de Henrique imitava o de Pâmela, o de Nestor o de Diana e apenas o dele era diferente, pois sua pele se tornara vermelha e brilhava como um enorme rubi.
Olhando mais uma vez para o céu notou que a sombra estava a minutos de cobrir totalmente a lua. Se até então a impressão é que estavam em uma paisagem de sonho, o que aconteceu depois superou tudo o que eles tinham visto até então. A lua, totalmente encoberta, começou a emitir raios luminosos em todas as direções. E esses raios tinham uma variedade tão grande de cores que mais tarde causou discussão entre eles, pois nenhum concordava com o número de cores que ela emitia. Alguns diziam que eram as cores do arco-íris enquanto outros afirmavam que contaram mais cores, variando em número. Ela não se importou com a zombaria e riu junto com eles, porém, ia chegar o dia em que todos ficariam sabendo que a Africana tinha uma acuidade visual muito maior do que os outros, embora, naquele momento, ela mesma não soubesse disso.
Entretanto, as surpresas não terminaram aí. Foi a própria Diana que, apontando para um ponto próximo àquele que a lua fazia sua exibição e disse:
– Olhem lá gente! Tem outra lua ali!
Todos olhavam na direção que ela apontou e confirmaram o que ela tinha dito. Pairando em um céu escuro, uma bola de um tom vermelho decorado emitia brilhos fracos. Aquilo só serviu para dar início à outra discussão. Houve quem começasse a acreditar que aquela ilha não pertencia ao planeta terra e que eles, ao atravessarem o portal, foram remetidos a outro mundo, mas tinha também os mais céticos que encontravam uma explicação mais plausível para aquela aparição. A primeira a sugerir foi Pâmela que disse que era Vênus, ao que Henrique contestou dizendo:
– Vênus não pode ser. Eu prestei atenção em Vênus hoje e ele estava no horizonte logo depois que o sol se pôs. Ele não poderia estar ali nesse momento,
Também foi Henrique que combateu a ideia de Ernesto que podia ser Mercúrio, explicando que esse planeta jamais poderia aparecer naquela direção, pois girando em torno do sol na órbita mais interna entre todas as outras, haveria apenas três possibilidades. A primeira de ele estar entre a terra e o sol, e nesse caso não seria possível vê-lo. A outra era ele estar atrás do sol em relação à posição da terra e, também nesse caso, estaria invisível para quem estivesse na terra. A última seria ele estar em uma posição à direita ou à esquerda da terra e aí sim poderia ser avistado, mas em ambos os casos, sempre mais para o horizonte e nunca naquela posição, pois o próprio eclipse era uma prova que, naquele momento, sol, terra e lua estavam alinhados.
Quando ele foi elogiado por Pam por seu vasto conhecimento de astronomia, ficou envergonhado e confessou que jamais tinha pensado nisso daquela forma e não sabia explicar porque tudo isso havia lhe ocorrido naquele momento.
Nessa altura a sombra que cobria a lua começava a escorregar para o outro lado e os efeitos vistos antes começaram a se repetir e ninguém arredou o pé da praia até que o fenômeno se completasse. Quando terminou, todos voltaram para o lugar de onde estavam antes, mas Milena abordou o Henrique dizendo que tinha algo para lhe revelar e se ele podia ir com ela.
Henrique olhou para Cahya que antes caminhava na frente dele de mãos dadas com Na-Hi e, ao ouvir o pedido de Milena, parou e se virou para ela. Diante do olhar de interrogação que seu marido lhe deu, ela falou:
– Poder ir, só não demorar que também ter coisa importante aqui.
Sem entender direito o significado das palavras da esposa, pois ele esperava na verdade que ela se mostrasse com ciúmes. Henrique concordou e saiu andando atrás de Milena que, ainda sob o efeito da lua, exibia sua pele negra,
Foram até o local onde costumavam ficar nas horas das refeições e, chegando lá, viu Ernesto sentado na cama improvisada e depois assistiu Milena se virar para ele. A garota nua e ele olhou admirado para o corpo dela fazendo com que ela se sentisse vitoriosa em seus planos:
– Então. O que você tem de tão importante para me falar que não pode esperar até amanhã?
– Você tem certeza de que quer apenas conversar? – Respondeu Milena se aproximando dele e colocando a mão direita sob seu peitoral e depois ir descendo com ela deixando que seus dedos mal tocassem sua pele.
Quando os dedos passaram pelo umbigo e Henrique viu até onde ela iria, segurou seu pulso e falou com voz calma:
– Não faça isso Milena. Não vai acontecer. Não é que você não seja uma mulher linda e desejável. O problema sou eu que não quero arriscar o que já tenho.
Apesar da educação do rapaz, Milena ficou furiosa e por isso foi derrotada. Se ela fosse mais insistente em seu jogo de seduzir o rapaz, se ela demonstrasse que o desejava, talvez tivesse conseguido, pois a pele arrepiada dele e seu pau apontado para cima de tão duro que estava indicava que ele estava com tesão, porém, ela resolveu entrar no seu papel de dondoca e falou com voz ríspida:
– O que foi? Eu não sou mulher suficiente para você? Pois fique sabendo que sou muito mais mulher que aquelas duas japinhas que você está fodendo, viu?
– Em primeiro lugar, elas não são japonesas. Uma é da Indonésia e a outra da Coréia. Em segu…
– Foda-se você e sua fidelidade seu viado. Fica aí se achando o tal porque está fodendo duas mulheres e nem presta atenção que todos os homens aqui estão fazendo isso, não é mesmo papai?
Ernesto se preparou para uma resposta diplomática. Ele não apreciou nada ter sido envolvido naquela conversa pela filha e agora tinha que dizer algo, mas tinha que ser algo que não a deixasse ainda mais enfurecida e também não magoasse ao Henrique. Ele tinha uma admiração profunda por aquele rapaz, sem falar que tinha o pressentimento que ele ainda seria de vital importância na vida de todos ali. Mas ele acabou não dizendo nada. Depois de gaguejar algo, a voz de Henrique se sobrepôs à sua.
– Tudo bem então. Você fez sua tentativa e não deu certo. Agora me dá licença que eu já estou indo. Passe bem.
Sem esperar pela resposta de Milena e muito menos pelo comentário de Henrique, ele deu meia volta e se afastou dali, sendo seguida pelos impropérios que Milena atirava contra ele:
– Volta aqui seu viadinho. Eu ainda não acabei com você. Idiota. Maldito filho da puta. VOLTA AQUI.
De nada adiantou a revolta de Milena contra Henrique que se afastou dela sem olhar para trás. Foi Ernesto que tentou acalmá-la dizendo:
– Desse jeito você não vai conseguir nada com o Henrique. Nem com ele e nem com ninguém.
– Ele é um merdinha. Ah papai! Eu queria tanto transar com dois homens. – Ao ver que o pai olhava para ela com uma expressão indefinida, pensou que ele estivesse com ciúme dela e tentou consertar dizendo: – Desde que um dos dois fosse você, lógico.
Milena se surpreendeu ao ver que o pai sorria para ela e mais ainda quando ele disse:
– Eu ia adorar ver você brincando em outro pau querida. Mas não é agindo assim que você vai conseguir. Além disso, tem o Nestor. Por que você não pede a ele?
– Vou acabar pedindo papai. Eu só pensei no Henrique porque com ele seria novidade. Afinal, a gente ainda não transou.
– Pode ser que você consiga, filha. Mas você tem que direcionar seus esforços para outra pessoa.
– Para quem?
– Para a Cahya. Faça com que ela deseje isso e você vai ter o que tanto quer. Talvez a Na-Hi possa te ajudar.
Milena pulou no pescoço do pai e lhe deu um beijo sugado na boca e depois falou>
– Obrigada papai. Você é mesmo o melhor pai do mundo.
– Sou? Então vou te ajudar um pouco mais. Amanhã cedo, a primeira coisa que você deve fazer é pedir desculpas para o Henrique.
Ernesto falou isso e já esperou pela reação de Milena que não costumava se desculpar por seus erros, porém, para sua surpresa, ela olhou nos olhos dele para demonstrar que estava sendo sincera e falou:
– Vou fazer isso sim. Acho que é um bom começo.
Enquanto isso, Cahya e Na-Hi dormiam tranquilas. Ele deitado, com as duas mulheres que se enroscaram em seu corpo e com as cabeças apoiadas em seus ombros. Com a cabeça apoiada sobre os dois braços cruzados sob ela, ele olhava para o Nestor que estava deitado em sua cama improvisada enquanto a Pâmela chupava seu pau e a Diana estava sentada sobre seu rosto lhe oferecendo a buceta para ser chupada. Em sua mente, se formou a ideia de que Nestor é que estava se dando bem, pois ele podia fuder com qualquer uma das outras quatro mulheres enquanto ele estava restrito a transar com apenas duas. Seu pensamento foi além e ele se viu fodendo a bundinha de Milena que estava cavalgando seu pai, em uma selvagem dupla penetração e seu pau começou a se levantar. Porém, logo os pensamentos se transformaram nos problemas que isso causaria para ele, pois tinha certeza que Cahya nunca aceitaria isso e balançou a cabeça com violência para tirar tudo o que tinha na cabeça. Não conseguiu e passou a noite em claro.
Na manhã seguinte todos se levantaram e se prepararam para mais um dia de sobrevivência, o que não chegava a ser um grande problemas, pois com alimentação e água potável, aquela praia estava mais para uma colônia de férias do que uma ilha deserta onde os náufragos foram parar e lutavam para sobreviver.
Sobreviver para eles ainda não representava um desafio, era apenas questão de aproveitar o que a natureza fornecia e ir vivendo um dia de cada vez. Isso tudo com o acréscimo dos momentos prazerosos que usavam para transar todas as noites e, durante o dia, ver o resultado de seus esforços, pois a cada dia que passava a cabana que construíam ia adquirindo a aparência de um abrigo confortável.
Mas o sossego da cálida manhã logo foi quebrado por Margie que, andando de um lado para outro na margem da mata, gritava por Chantal. A ruivinha ficou mais de uma hora nessa tentativa até que, com os nervos em frangalhos, foi até Na-Hi e pediu:
– Por favor, Na-Hi. Me ajude. Vamos procurar a Chantal.
– Não precisa disso Margie. Ela sabe se defender melhor do que nós.
– É. Só que ela está grávida. Você não se esqueceu disso, não é?
– Esquecer como? Ninguém aqui pode sequer olhar feio para aquele animal que você toca nesse assunto!
A reação de Margie já era esperada. Ela baixou a cabeça e começou a chorar enquanto falava entre soluços que ninguém ali gostava dela e outras coisas que nada mais eram que uma tentativa de chantagem emocional. Diana, que sempre caia no truque da garota, se aproximou dela e tentou resolver a situação dizendo:
– Não fique assim Margie. A Na-Hi está certa. A Chantal sabe se cuidar. E olha, eu acho que se você entrar nessa selva, você vai acabar piorando as coisas. Pense em como a Chantal vai ficar se chegar aqui e não te... – Diana não concluiu a frase, pois justo nesse momento a pantera surgiu na praia, vindo do lado sul, arrastando um porco que devia ter quase o mesmo peso dela. Então falou: – Pronto Margie. Pode parar com o drama. Lá está o seu xodó.
Margie, ao olhar na direção que Diana apontava e ver o animal vindo, saiu correndo enquanto gritava com ela:
– Chantal, sua maluca. Largue isso já. Você não pode fazer esforços porque você está grávida. Esqueceu sua boba? VOCÊ ESTÁ GRÁVIDA!
A cena a seguir foi hilária, pois quando Margie se aproximou de Chantal, a pantera se desviou dela com agilidade e correu enquanto ela corria atrás pedindo para que ela largasse sua presa e repetindo sem parar que ela não podia se esforçar daquele jeito. De nada adiantou, pois a pantera foi até onde estava Cahya e depositou o porco selvagem morto aos seus pés, enquanto Na-Hi, falava:
– Lá vamos nós. Trabalho para todos. Nestor, vai buscar água na fonte enquanto a Cahya e eu reativamos o fogo para ferver água. Henrique, pegue as ripas de madeira que estão no fundo dos botes e coloque sobre as folhas de bananeiras para a gente trabalhar em cima.
– Isso vai foder com as folhas, Na-Hi. Aonde vamos dormir depois?
– Nas folhas de bananeiras novas que você vai buscar. Ande logo Henrique.
Naquela noite, depois de uma refeição diferenciada, pois carne suína era uma novidade para eles, todos estavam cansados e mais uma vez resolveram ficar sem a reunião diária e foram se deitar.
Já deitados, o Henrique comentou com suas duas mulheres o que a Milena queria quando o chamou para conversar na noite anterior. Na-Hi ouviu a tudo calada e quem primeiro se pronunciou foi Cahya que perguntou:
– Henrique querer foder Milena? Ser isso que pau Henrique estar duro
– Nãããoooo. Imagine! – Respondeu ele tentando disfarçar o que estava espelhado em seu rosto.
– Se querer foder, Cahya deixar. – Falou Cahya já segurando pau dele.
– Para com isso, Cahya. Eu não vou fazer isso.
– Fala não fazer, mas querer muito. Eu deixar. – Henrique olhou para ela admirado, porém, o que ela disse depois o deixou preocupado: – E aí Cahya foder com alguém também. E chamar Na-Hi para foder junto.
Aquela frase foi o suficiente para que a mente de Henrique imaginasse a cena em que Cahya transava com Ernesto ou com Nestor e ele foi invadido por um tesão maior do que já estava sentindo em se lembrar da proposta de Milena.
– Ver só. Pau safado ficar mais duro. – Falou Cahya dando um apertão no pau de Henrique
– O que meus dois amores estão cochichando aí? – Na-Hi que voltava do mar onde fora se lavar se aproximou dos dois e perguntou antes de explicar: – Olha que eu não gosto de segredos. Tudo o que um de nós pensarmos tem que ser repassado aos outros dois.
Cahya, sem a timidez de antes, repetiu o diálogo que tivera com o Henrique que, achando que a coreana ajudaria a convencê-la de que não queria isso, colaborou com a narrativa. Na-Hi ouviu tudo, deu uma demorada olhada para o pau de Henrique e depois, para desespero dele, falou:
– Isso é uma boa ideia. Sempre ouvi falar que variar de vez em quando é bom para sair da rotina. – Depois deu uma olhada na direção em que se encontravam o Ernesto e o Nestor e avisou: – O Ernesto não é de jogar fora, mas por agora eu vou preferir o Nestor. Olha o tamanho daquele pau negro!
Enquanto Cahya ria, Henrique tentava controlar o ciúme que sentiu ao ouvir a Na-Hi, que hoje era praticamente sua segunda esposa, falar sobre sua preferência e ainda por cima elogiar o pau de Nestor que, segundo ele, nem era muito maior que o dele, sem se dar conta que, realmente não era maior que o dele em tamanho, porém, na grossura do levava grande vantagem. O rapaz começou a achar que aquela ideia não ia trazer nada de bom para ele. Pensando nisso ele tentou marcar território e perguntou com bom humor:
– Quando foi que uma conversa sobre eu foder a Milena passou para vocês duas foderem com o Nestor.
– Não Cahya. Na-Hi querer Nestor. Cahya já saber como ser transar Nestor.
Aquela frase acabou fazendo com que a mente de Henrique entrasse em parafuso. Ele não conseguia entender como é que, ainda se sentindo rival de Nestor, sentia tesão ao imaginar o negro a foder sua esposa. Enquanto isso, Na-Hi continuava a provocação, perguntando para Cahya:
– Então me conta Cahya. Ele é gostoso?
Cahya fez uma carinha de prazer e falou:
– Hum! Quando não estar drogas ele ser ma... ma... Como ser mesmo?
– Maravilhoso. – Ajudou Na-Hi.
– Esse. Ser maravilhoso. Pau grosso fazer sentir buceta abrir toda. Cahya imaginar pau grosso assim no cuzinho.
– Você nunca deu o cuzinho pra ele?
– Não. Cuzinho Cahya ser só Henrique até hoje. Muito grosso. Doer muito. Mas Cahya achar que, depois entrar, fica gostoso também.
– Hei vocês duas! Eu estou aqui, sabiam? Ficam falando em me trair na minha frente!
As duas orientais riram alto e depois Na-Hi falou:
– Não é traição Henrique. Isso só vai acontecer se você concordar. Mas, pense bem. Você também vai ganhar com isso. Eu dou para o Nestor, a Cahya para o Ernesto e você vai poder foder qualquer uma das mulheres daqui.
– Ele já foder Na-Hi. Henrique safado foder Diana e Margie no iate.
– Verdade isso? Eu não sabia! Quer dizer que o homem que quer que a gente seja fiel e já deu os seus pulinhos. Que safado!
– Não foi bem assim. Naquele dia a Cahya e eu... O que foi? Por que vocês estão com essa cara?
As duas mulheres olhavam para ele com uma expressão que indicava que estavam zombando dele. Lógico que Na-Hi já sabia disso. Afinal, ela sempre sabia de tudo.
– Vocês estão com gozação pra cima de mim? – Falou Henrique tentando demonstrar estar com raiva.
Entretanto, de nada adiantou sua demonstração de raiva, pois as duas começaram a rir e o riso logo se transformou em gargalhada. Ainda rindo dele, as duas se deitaram sobre ele e começaram a beijar todo o seu corpo. Logo Cahya se dedicava a chupar seu pau enquanto Na-Hi beijava sua boca. Em um intervalo nesse beijo, Na-Hi fez uma proposta irrecusável para Henrique:
– Vamos dormir perto do lago. Quero que você foda o meu cuzinho e não pode ser aqui porque vou gritar muito.
Com a velocidade de um raio, Henrique estava em pé juntando as folhas para improvisar uma cama na margem do lago e logo saíram de forma sorrateira.
O cuidado de Na-Hi em se afastar para não ser ouvida de nada adiantou, pois ela gritou tão alto quando sentiu o pau de Henrique invadindo seu cuzinho apertado que, mesmo estando a centenas de metros, todos no acampamento ouviram.
Na manhã seguinte, Na-Hi se disse indisposta para trabalhar e todos ficaram brincando no mar. A descontração entre os nove sobreviventes estava em uma crescente quando o clima foi quebrado por um golfinho que apareceu entre eles, nadou até Cahya e ficou parado diante dela com a cabeça fora da água. O animal foi se aproximando e tocou a face dela com o seu focinho fazendo com que ela sorrisse e depois dissesse:
– Não Lumba. Não poder isso.
– Lumba! – Exclamou Henrique sem entender nada.
– Golfinho na Indonésia ter nome de Lumba-Lumba.
Enquanto isso, o animal se afastou de Cahya e depois começou a nadar à sua volta. Ela entendeu aquilo como um convite e segurou com cuidado na barbatana dela que logo a seguir saiu nadando para onde não dava pé e depois mergulhou.
Todos olhavam admirados para o local onde Cahya submergiu e quando começaram a se preocupar com o tempo em que ela estava embaixo da água, ela apareceu ainda mais distante, ficou alguns segundos com a cabeça fora da água e depois mergulhou novamente, o que logo se tornou uma rotina. Ela aparecia, respirava e logo era levada para o fundo por seu amigo golfinho. A brincadeira durou por mais de quinze minutos até que, a cada vez que ela aprecia, estava mais próxima da praia, até que chegou a um local onde ela podia ficar em pé na areia.
Foi logo depois disso que Na-Hi deu um grito e começou a nadar em direção aonde antes se encontrava Cahya, pois quando todos olharam para aquele lado ela tinha desaparecido. Todavia, ninguém teve tempo de se preocupar, pois logo a seguir o corpo dela apareceu sendo empurrado para a areia pelo golfinho. O que dava para perceber é que ela estava desmaiada. O animal nadou até o Henrique que tentava se aproximar e praticamente a entregou nos braços dele que a levou para a areia, tendo a Na-Hi atrás deles.
– Ela não engoliu água. Só está desmaiada. – Informou a coreana depois de um breve exame e depois começou a chamar por Cahya enquanto fazia carinhos em seu rosto.
Cahya abriu os olhos e ficou olhando à sua volta. Então, como se lembrasse de alguma coisa, ela se sentou e arregalou os olhos em direção ao mar, enquanto Na-Hi perguntava para ela com voz calma:
– O que aconteceu, Cahya? O que foi que você viu?
Cahya balançou a cabeça de um lado para outro como se quisesse se livrar de um pesadelo enquanto recebia carinhos de Na-Hi e de Henrique que tentavam acalmá-la. A coreana insistia em repetir as mesmas perguntas até que ela começou a explicar:
– Não saber. Muito estranho. Eu olhar para Lumba, depois eu não ver mais ele. Eu ver mim mesma. Depois tudo escuro.
Henrique e Na-Hi trocaram um olhar, só que o dele era de preocupação e o dela de pura admiração. Era como se ela tivesse entendido algo que o rapaz não conseguia. Nessa altura, Cahya era cercada por todos os demais. Mantendo sua voz calma, Na-Hi comentou como se tivesse certeza do que dizia:
– Você estava se vendo através dos olhos do golfinho.
– Não poder. Isso ser impossível.
– Cahya, me escute, por favor. Você e aquele animal tem uma ligação especial. Você se lembra que foi salva por golfinhos quando os tubarões iam te atacar? E isso não é novidade. É igual a Margie e a Chantal.
– O que Na-Hi querer dizer?
– Estou dizendo que você e aquele animal…
– Não dizer animal. Nome dela ser Ratu.
– Ratu? Quer dizer que ela é fêmea?
Cahya balançou a cabeça consentindo e Na-Hi explicou para todos que o significado do nome Ratu é rainha. Depois voltou ao que estava falando antes.
– O que quero dizer é que você e Ratu têm uma comunicação especial. O que você me contou foi que estava se vendo através dos olhos dela. Você sabe o que isso significa?
Mais uma vez Cahya não falou nada, apenas negou com a cabeça. e Na-Hi continuou:
– Isso significa que você, ou seu espírito, se preferir, estava dentro da cabeça da Ratu.
– Quanta baboseira! – Exclamou Nestor enquanto a expressão de todos também era de incredulidade.
– Você acha que é baboseira? Então espere. – Falou Na-Hi sem se virar para Nestor e depois continuou se dirigindo a Cahya:
– Você pode tentar isso de novo?
– Não poder. Não saber como.
– Se concentre na Ratu. Feche os olhos e imagine estar diante dela. Depois imagine que você está vendo tudo do ponto de vista dela. Você pode tentar isso?
Cahya não respondeu. Apenas fechou os olhos e a expressão que fez era de pura concentração. Na-Hi aguardou até que viu a expressão dela mudar, primeiro para uma de surpresa e depois de deleite, como se o que estivesse vendo a agradasse. A garota estava vendo todos eles na praia como se estivesse olhando de dentro do mar. A coreana resolveu então fazer um teste e falou:
– Agora você vai mergulhar indo o mais para o fundo que puder e depois de um salto fora da água e faça um giro antes de cair na água.
Imediatamente ouviu-se um barulho na água e todos olharam naquela direção e viram o golfinho nadando suavemente no sentido contrário à praia e depois desaparecer. Alguns segundos depois, a cerca de cem metros de onde estavam, viram o corpo do golfinho se projetar no ar, dar uma volta completa em uma autêntica pirueta e cair graciosamente na água. Mais cinco segundo e a cabeça de Ratu apareceu próximo ao local onde eles se encontravam. Entretanto, Na-Hi ainda notou um ar de descrença em algumas das fisionomias que estavam ao seu lado e pediu para Cahya:
– Agora capture um peixe e jogue aqui para nós. Um grande de preferência.
Cahya demonstrou maior concentração e o golfinho desapareceu novamente. Dessa vez demorou mais de cinco minutos até que apareceu segurando um peixe que se debatia em sua boca. Com um movimento gracioso ela se deslocou até próximo a praia e atirou o peixe longe da água. Exultante, Na-Hi falou para ser ouvida por todos:
– Hoje o almoço vai ser peixe na brasa. Ah sim. Quando vocês estiverem bem alimentados, tirem essa expressão de dúvida do rosto de vocês e acreditem no que eu digo. Essa garota aqui tem uma ligação com aquela fêmea de golfinho. E se alguém quiser dizer alguma coisa sobre isso? E Margie, mande a Chantal largar nosso almoço.
Margie saiu correndo para a areia enquanto gritava para Chantal largar o peixe, enquanto Na-Hi continuava a falar:
Lembrem-se de que essa ilha não é normal. Existe alguma coisa mágica aqui. Olhem para a lua. Olhem para nossos corpos e o efeito que o sol produz neles e depois me digam que isso tudo é normal. Se isso tudo não bastar, ainda tem o fato de o Ernesto voltar a andar, do ferimento de Nestor ficar ter sido curado em tão pouco tempo e da ligação entre a Margie e a Chantal, muito embora isso não seja um milagre, mas um pesadelo.
– Eu ouvi isso, viu Na-Hi! – Gritou Margie da areia e depois falou para Chantal: – Vamos embora daqui. Vamos para o lago que aqui não tem ninguém que goste da gente.
Dizendo isso ela saiu pisando duro enquanto Chantal corria à sua volta.
Na-Hi, sem se importar com o piti de Margie, falou para Cahya:
– Vai lá. Vai brincar com a Ratu e não se esqueça de agradecer a ela pelo alimento que ela nos deu.
Sem abrir os olhos, Cahya se levantou e andou em direção à água e todos notaram que, ao mergulhar no mar, seus movimentos eram muito mais graciosos do que já eram normalmente. Logo ela se divertia mergulhando na água e acompanhada, não apenas por Ratu, pois outros golfinhos tinham se juntado a ela.
– Será que ela consegue entrar na cabeça de todos os golfinhos? – Perguntou Henrique.
– Eu acho que não. – E antes que ele pedisse uma explicação por Cahya estar interagindo com todos os golfinhos, Na-Hi, que tinha respondido, explicou: – O nome ‘Ratu’ não foi escolhido em vão. Significa rainha e isso quer dizer que, quando Cahya está dentro da cabeça dela, pode dar ordens aos outros golfinhos e é obedecida. – Mas não estava tão certa nisso e apenas acrescentou: – Isso é uma coisa que podemos confirmar depois, agora, vamos apenas deixar que eles se divirtam.
Dizendo isso, Na-Hi pediu ajuda para juntar lenha seca. Depois orientou ao Henrique de como ele devia fazer uma fogueira e foi se dedicar a limpar o peixe que ganharam de Ratu.