Durante aquele período até o Ano Novo, não tivemos outra oportunidade para outra suruba familiar. No entanto, como o Kayke estava dormindo no mesmo quarto que eu e o Bernardo, acabava rolando umas brincadeiras entre nós, e algumas vezes meu tio Alysson ou tio Raul aparecia, mas era tudo muito rápido, devido a movimentação na fazenda, era arriscado, porém como já falei várias vezes, eu gostava dessa adrenalina, me dava muito tesão. A química com todos da família era incrível, e tudo parecia fluir naturalmente.
Enquanto isso, o Lucas continuava de birra e ainda não tinha me respondido. Mas, no dia 30, recebi uma mensagem dele que, pelo tom, parecia ter sido escrita sob o efeito de umas boas doses de bebida. As palavras estavam todas confusas:
"Carffsaaa eu to cnnn saudddse de vce, tooo mtuu bebaaado, achhho que fz bestaaraaaaa."
Apesar do texto não fazer muito sentido, respondi de imediato, preocupado, mas ele não me respondeu mais naquela noite. Só no dia seguinte, já na manhã do dia 31, ele finalmente retornou:
"Oii, sai ontem com meu primo e uns amigos, estava muito bêbado, desculpa =x."
"Relaxe, tá tudo bem com você? Fiquei preocupado. O que você aprontou? Porque, pelo que entendi, você fez besteira."
"Pessoalmente ACHO que te conto, enfim, muita ressaca aqui. E como estão as coisas na fazenda? Tô com saudades de você."
"Aqui tá tudo ótimo, estou aproveitando bastante. Você vem para a posse do meu tio?"
"Acho que não... vou analisar direitinho e te aviso."
Depois disso, optei por não continuar a conversa. Não queria me envolver em um bate-papo que provavelmente ocuparia meu dia inteiro. Conhecendo o Lucas, se eu desse abertura, era isso que aconteceria. Além disso, eu estava tentando organizar meus sentimentos, que já estavam confusos o suficiente.
Mesmo assim, não consegui evitar que as mensagens dele ficassem martelando na minha cabeça. Minha intuição dizia que ele havia ficado com algum menino na noite anterior. Só essa possibilidade me deixou chateado e com ciúmes. Por quê? Essa era a pergunta que mais me perturbava.
Passei o resto do dia tentando analisar meus próprios sentimentos. Por mais que eu tentasse, ficava evidente que algo estava errado. Aquilo definitivamente não era normal. Eu precisava colocar na minha cabeça, de uma vez por todas, que o Lucas era apenas meu amigo. Não podia confundir as coisas.
Naquela tarde, meu pai e eu tivemos uma conversa que, de certa forma, eu já vinha adiando. Ele parecia perceber que algo não estava normal comigo, e, como sempre, quis saber o que estava acontecendo.
– O que aconteceu, filho? Estou percebendo você um pouco tenso. Brigou com o Bernardo?
– Não, pai, está tudo bem. Só preocupado mesmo com… coisas da vida.
– Que coisas da vida? Está precisando de dinheiro?
– Não, nem se preocupa. Se fosse isso, acho que nem teria mais vergonha de pedir.
Ele sorriu de leve, mas manteve o olhar firme, demonstrando que queria ir mais a fundo na conversa.
– Então o que é? Fala com seu pai. Se eu puder, vou tentar te ajudar.
Senti uma onda de confiança, misturada com um desejo de me abrir. Talvez conversar com ele realmente ajudasse. Eu estava carregando esse turbilhão de sentimentos sobre o Lucas sozinho havia tempo demais.
– Eu ando meio confuso, pai… Acho que estou gostando de uma pessoa.
– Gostando como? É o tio Alysson ou alguém da nossa família?
– Não, não. É… um amigo. Não queria falar o nome, porque está tudo muito confuso. A gente passa horas conversando, saímos juntos… Mas ele é hétero.
Meu pai ficou em silêncio por alguns segundos, como se analisasse minhas palavras. Então, respondeu com uma tranquilidade que me surpreendeu:
– Filho, ninguém é 100% hétero. E como fica o Bernardo nessa história?
Engoli em seco. Era justamente isso que mais me perturbava.
– Esse é o problema, pai. Eu amo o Bernardo, mas acho que amo esse outro carinha também. São duas pessoas completamente diferentes. Vim para a fazenda tentando organizar meus sentimentos, mas está difícil.
Meu pai respirou fundo e se inclinou levemente para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos.
– Filho… olha, não me leve a mal, mas que tal você fazer terapia com um psicólogo? Ele pode te ajudar a entender essas questões e outras mais. Lembra que eu procurei ajuda anos atrás? Até hoje faço terapia, e é muito bom. Se você quiser, pode ir no meu terapeuta ou posso procurar outro para você. Acho que te ajudaria a resolver essa bagunça.
– Sério que o senhor ainda faz terapia?
– Claro! As questões nunca param. Preciso manter minha cabeça boa para cuidar dos meus pacientes, dos meus filhos, da sua mãe, da minha ex-esposa… e de outras coisas.
– Acho que eu quero, pai. Acho que pode ajudar, afinal, estou guardando isso há um certo tempo.
Ele sorriu, me dando um leve tapinha no ombro.
– Sim, percebi que você está um pouco diferente nos últimos meses. Mais calado, mas às vezes risonho demais. Então quer ir ao meu terapeuta?
– Acho que sim. Ele é bom?
– Muito. Tenho certeza de que ele vai te ajudar.
No fim da conversa, meu pai prometeu verificar com o psicólogo se ele tinha vaga e se poderia me atender. Confesso que fiquei aliviado, até feliz. Apesar de não ter me aberto completamente, eu sentia que tinha dado um grande passo. Não estava pronto para conversar sobre tudo com ele, nem com ninguém, mas talvez a terapia fosse o que eu precisava para, finalmente, me entender.
Chegou a noite de Ano Novo, e fizemos uma grande festa na fazenda. A família toda estava reunida, junto com vários amigos. O clima era de alegria, risadas e abraços. Eu, no entanto, passei boa parte da noite grudado no celular, esperando por uma mensagem ou uma ligação do Lucas quando o ano virasse.
Assim que 2017 chegou, troquei abraços e votos de felicidade com todos: meu pai, minha mãe, tios, tias, primos e outras pessoas. Mas, a cada momento que sobrava, eu olhava o celular na esperança de alguma mensagem dele.
A mensagem só chegou quase uma e meia da madrugada:
“Feliz Ano Novo, Rafinha! Quero dizer que foi muito bom ter me aproximado de você este ano. Que em 2017 a gente possa se aproximar mais e mais. Queria muito que você estivesse aqui comigo. Estou com muitas saudades de você. Enfim, Feliz Ano Novo! TMJ.”
Sorri ao ler. Uma felicidade genuína tomou conta de mim, e respondi quase de imediato:
“Feliz Ano Novo, Lucas! Te digo o mesmo: foi muito bom essa aproximação entre a gente. Te considero um grande amigo. Que 2017 seja ainda melhor pra nós. Saudades de passar horas conversando com você no carro.”
A mensagem do Lucas finalmente tinha chegado. Um sorriso tomou conta do meu rosto, e meu humor mudou completamente. Fiquei feliz por ele lembrar de mim, e isso me deu uma energia nova para curtir o restante da noite.
Continuei bebendo e, em um momento, acabei fugindo da multidão com o Bernardo. Fomos para um lugar mais afastado, longe da música alta e das pessoas. Lá, conversamos um pouco até que nos aproximamos de verdade. Foi quando nos beijamos pela primeira vez.
O beijo foi rápido, mas intenso, e logo terminou com a gente se entregando um ao outro, fazendo amor sob o céu estrelado daquela noite. Era algo especial, nosso momento, e ainda trocamos juras de amor e palavras que deixavam clara a conexão que existia entre nós.
O Ano Novo havia começado de um jeito que eu jamais imaginaria, mas que fazia todo o sentido naquele instante.
No dia seguinte foi a posse do meu tio. A cerimônia foi carregada de emoção. Ele fez um belo discurso que tocou a todos. A praça da cidade estava lotada, com pessoas de todos os cantos celebrando aquele momento histórico. A partir dali, uma nova era se iniciava na cidade, marcada pela promessa de uma gestão inovadora e voltada para o progresso.
Fiquei extremamente feliz por ele. Assumir a prefeitura era um grande passo, algo que ele sempre quis. Apesar de não precisar financeiramente, meu tio adorava desafios, e liderar a cidade seria um dos maiores que ele já enfrentou.
Após a posse, seguimos para a fazenda, onde houve um jantar de comemoração reservado às famílias. Todos estavam animados e orgulhosos, e a atmosfera de felicidade preenchia o ambiente.
Na manhã seguinte, seria oficialmente o primeiro dia do meu tio na prefeitura. Decidi visitá-lo logo cedo para cobrar o que ele havia me prometido durante a campanha. Assim que cheguei à sede da prefeitura, fiquei encantado. Nunca havia entrado naquele lugar antes, e tudo parecia imponente e cheio de significado.
A secretária do meu tio prontamente avisou que eu estava lá. Em poucos minutos, ele apareceu para me receber. Me levou até a sala dele, orgulhoso, e começou a mostrar as instalações, explicando sobre a estrutura da prefeitura e os planos para os próximos meses.
A sala do prefeito era espaçosa e imponente, com janelas amplas que deixavam entrar a luz do dia e móveis de madeira escura que exalavam elegância. Enquanto ele falava, aproveitei uma pausa para brincar:
– E então, senhor prefeito? Vim cobrar o que o senhor me prometeu durante a campanha.
Ele me olhou com um sorriso discreto, fingindo não entender:
– E o que foi que eu prometi? Posso saber? – disse ele, sussurrando, com um tom provocador.
Eu não me deixei enganar:
– Não se faça de desentendido, você sabe muito bem.
A porta estava fechada, garantindo que ninguém interrompesse. Num instante, ele se aproximou, me segurou firme e me puxou para um beijo.
– Você está muito à vontade para alguém que veio cobrar promessas, Rafa.
Cruzei os braços enquanto encostava na mesa de madeira polida.
– Talvez seja porque eu sei que você sempre cumpre suas promessas.
O tom desafiador do meu tio parecia incendiar o ar entre a gente. Alysson, com o olhar fixo em mim, se aproximou, parando a poucos centímetros de distância. A tensão crescia, e o silêncio na sala parecia amplificar cada detalhe: a respiração da gente era leve e o som do da fivela do meu tio abrindo eram músicas para os meus ouvidos.
– Você sabe que está brincando com fogo, não sabe? – Alysson disse em voz baixa, um sorriso no canto dos lábios.
– Talvez eu goste do risco – respondi, dando uma pegada forte no pau do meu tio que já estava duro feito pedra.
Meu tio então me puxou para outro beijo, e começou a sussurrar coisas no meu ouvido, que iria me fuder, que iriamos inaugurar a a prefeitura com chave de ouro, e que tínhamos que ser rápidos e discreto, ele então ligou para a secretaria e disse que não queria ser interrompido. Então me virou de costas, me puxou para um beijo e abaixou minha bermuda, ele apalpou minha bunda, e sussurrava no meu ouvido que eu era o sobrinho favorito dele, ele então me virou de frente me deu outro beijo, e então guiou minha cabeça para o seu pau, que estava pra fora da braguilha da calça, comecei a chupar, passava a língua em toda a cabeça, olhava com cara de safado para o meu tio, lambia as bolas, e engolia todo o seu pai, meu tio dava gemidos baixo, não tínhamos muito tempo, então ele me colocou apoiado na sua mesa, eu empinei a minha bunda, e ele se abaixou e passou a língua no meu cú, chupou por alguns segundos, e então pegou um pouco de lubri, passou ao redor do meu cú e lambuzou seu pau, e então finalmente começou a meter em mim, a gente não estávamos pelados, somente tinha baixado o suficiente para ele meter em mim, o que me deixou com muito tesão, ele metia e me puxava para um beijo, e também dava leves tapas na minha bunda, e me chamava de gostoso, que queria me comer sempre, enquanto ele sussurrava isso e outras coisas e metia em mim, e tocava uma punheta, não demorou e meu tio gozou dentro de mim, e eu gozei melando toda a sua mesa, me virei e ficamos frente a frente e trocamos mais um beijo, meu tio guardou seu pau, e eu subi minha bermuda.
Voltamos a agir como se nada tivesse acontecido. Conversamos sobre outras coisas, assuntos leves, e logo parti de volta para a fazenda. No caminho, meu celular vibrou. Era uma ligação do Lucas.
– Bom dia, dorminhoco – ele disse com a voz leve, quase cantada.
– Bom dia, Lucas!
– E aí, quando você volta pra capital?
– Acho que só no dia 10, mas talvez vá antes pra levar minha irmã e o Bruninho. Ainda não sei... depende se meu pai vai querer estender a estadia por aqui ou não.
– Tô com saudades de você – ele soltou, sem rodeios.
Aquilo me pegou de surpresa. Mesmo sabendo do quanto a gente tinha se aproximado, ouvir algo tão direto assim sempre mexia comigo.
– Eu também tô com saudades, Lucas. Por que você não vem pra fazenda passar uns dias aqui?
– Até queria ir, mas não quero dividir sua atenção com o Bernardo.
Soltei uma risada curta. Lucas era assim: jogava a frase como quem brinca, mas sempre com um toque de verdade.
– Deixa de ciúmes, Lucas. Tenho tempo pros dois – respondi, sorrindo. A verdade é que eu adorava aquele jeito dele, um pouco possessivo, mas nunca exagerado.
– Não é ciúme – ele rebateu, com um tom mais sério, mas ainda leve. – Só acho que prefiro ter você só pra mim.
Fiquei em silêncio por um momento, meio sem saber o que responder. O clima da conversa tinha mudado um pouco, e ele continuou:
– Você sabe que eu não gosto de dividir, Rafa.
A provocação estava no ar. Resolvi entrar no jogo.
– Você não é meu dono, Lucas.
– Ainda não... mas em breve vou ser – ele retrucou, com aquela confiança que me desarmava.
– É mesmo? – falei, rindo. – Tá pra nascer o homem que vai mandar em mim.
Ele soltou uma risada baixa e provocadora.
– Só aguarde, Rafa. Vamos ver.
Seguimos conversando nesse tom por mais alguns minutos, e como sempre, eu não sabia se era brincadeira ou algo mais sério. Essa era a verdadeira confusão que ele trazia pra minha vida. Lucas tinha o dom de me deixar sem chão, mexendo comigo de um jeito que ninguém mais fazia.
Quando a ligação terminou, fiquei olhando para o celular por alguns segundos. Suspirei. Mesmo tendo tirado esses dias pra tentar organizar meus sentimentos, parecia que quanto mais tempo passava, mais confuso eu ficava. Bernardo, Lucas, minha vida na capital, a fazenda... era como se eu estivesse tentando montar um quebra-cabeça onde as peças simplesmente não se encaixavam.
Dois dias depois, precisei voltar para a capital. Eu havia passado em uma liga de férias e tinha compromissos a cumprir. Levei minha irmã e o Bruninho comigo, e o Bernardo também voltou no mesmo dia.
Na hora da despedida, abracei cada pessoa com carinho. Foram dias incríveis, cheios de momentos que ficariam guardados na minha memória. Enquanto o carro avançava pela estrada, olhei pelo retrovisor e vi a fazenda ficando pra trás. Meu coração estava cheio de lembranças, mas também com aquele peso familiar, aquele nó que eu não sabia como desatar.
Eu havia conseguido uma vaga na liga do Hospital do Câncer, um estágio de férias que prometia ser uma experiência intensa e enriquecedora. Praticamente todos os dias, eu estaria no hospital, mergulhado em aprendizado e vivências que, sem dúvida, marcariam minha trajetória.
Enquanto isso, o Bernardo passava a semana comigo na capital, mas meu tio exigia que ele estivesse regularmente no Alto. Como filho do prefeito, ele precisava cumprir o papel de bom filho e representar a família em eventos e compromissos. Isso significava que, durante o mês de janeiro, passamos pouco tempo juntos. Enquanto eu me dedicava ao estágio, ele, sempre que tinha um momento livre, estava no Alto, acompanhando minha tia e se adaptando à nova rotina da família.
O reencontro com o Lucas foi como eu imaginava: intenso e reconfortante. Depois de um treino pesado na academia, sentamos para conversar e matar a saudade. Ele me contou como havia sido o Ano Novo, descrevendo a festa com seu jeito espontâneo e divertido. Em um momento, não resisti e perguntei sobre a mensagem que ele me enviou naquela noite, insinuando que tinha feito alguma besteira.
– Não foi nada de mais, Rafa – ele respondeu, desviando o olhar.
– Ah, Lucas, fala sério. O que foi? – insisti, mas sem pressionar.
– Prefiro não falar disso. Não tem importância, de verdade.
Resolvi respeitar e não tocar mais no assunto. Por mais que minha curiosidade estivesse aguçada, percebi que ele não estava pronto para compartilhar.
Enquanto isso, uma novidade trouxe alívio para minha rotina: meu pai finalmente conseguiu marcar a vaga no psicólogo. Comecei a ter encontros semanais, e, aos poucos, fui me abrindo. Era um processo lento, mas libertador. Cada sessão parecia um pequeno passo para me entender melhor, para organizar a bagunça emocional que eu vinha acumulando.
A verdade era que minha vida estava um caos por dentro. Meus sentimentos pareciam um emaranhado de dúvidas, inseguranças e confusões que eu não sabia como resolver. Mas, ao mesmo tempo, havia uma certeza crescente: o tempo e o esforço seriam meus aliados. A cada conversa no consultório, sentia que um nó se desfazia, ainda que vagarosamente.