– Boa tarde... Meu nome é Cecília Naomi. Eu gostaria de informações sobre a locação de um apartamento pelo aplicativo...
– Ah, pois não, Cecília. Aqui é o Cláudio Newgromont, sou o proprietário do imóvel. É uma locação diferenciada do convencional, por isso preciso antes conversar com o locatário, e somente depois liberar o link para os procedimentos normais.
– Tudo bem. Isso é bom pra gente que vai alugar, porque eu tenho várias dúvidas, e gostaria de tirar.
– Então, Cecília, eu moro no apartamento. Sozinho. E disponibilizo um quarto para locação. O tempo que você passar aqui será convivendo comigo. Acontece que sou nudista, e por isso só hospedo pessoas que pratiquem o nudismo. O inquilino tem o quarto e um banheiro social, ao lado do aposento, para seu uso. Afora isso, tem ampla liberdade para circular em todo o espaço, inclusive na varanda do meu quarto, e na cozinha, onde poderá utilizar a geladeira e armários para guardar os alimentos que trouxer, fazer uso dos utensílios para preparar suas refeições, porque não sirvo refeições aos hóspedes. Naturalmente, deve lavar e limpar o que usar.
– Entendi. E quanto ao nudismo, eu poderei ficar sem roupa em qualquer parte do apartamento?
– Exatamente. Mais do que poder, você “deve” ficar sem roupa em qualquer espaço, senão eu, que não uso roupa nunca, é que me sentiria constrangido com alguém vestido.
– Você poderia me passar as regras, o que pode e o que não pode?
– Na verdade, Cecília, apenas uma regra compõe o regulamento daqui – uma regra e seu contraponto. Que é assim: tudo o que você faz de bom e útil na sua casa, você pode fazer aqui. E o contraponto: o que você não faria na sua casa, também não é permitido fazer aqui.
– Uau, que massa! Adorei!
– Qual sua idade, Cecília?
– Tenho 26 anos.
– Você viria com mais alguém?
– Não, é somente para mim. Tem algum problema?
– Problema nenhum. Você ficaria sozinha na sua casa?
– Eu moro sozinha.
– Então... aqui também pode.
Este foi o início da conversa que tive, pelo whatsapp, com a Cecília, que soube da nova modalidade de acomodação por aplicativo que eu oferecia e entrou em contato comigo. Conversamos mais algum tempo e ela me demonstrou ser uma pessoa que eu receberia numa boa no meu ap nudista. Era a primeira vez que eu partilharia meu lar com uma mulher sozinha, mas eu não me preocupava com isso. Era uma pessoa que curtia viver sem roupa, era o bastante. Acertamos tudo, encaminhei o link para ela se cadastrar, efetuar o pagamento e essas providências normais de toda locação. Disse que viria no sábado pela manhã, e ficaria até a segunda-feira.
Esperei-a, e na hora combinada o interfone chamou. Liberei sua entrada e a esperei à porta do apartamento, como faço sempre. Era uma jovem simpática, vestida em roupas folgadas, sem qualquer detalhe extraordinário, trazia apenas uma bolsa de mão. Cabelos negros, presos num rabo de cavalo, olhos castanhos, seios pequenos, mãos grandes e finas... um corpo proporcional. Foi o que registrei em minha primeira olhada. Estava séria, mas sorriu enquanto me estendia a mão, em cumprimento.
Eu estranhei um pouco a atitude, diria meio fria, mas não encuquei muito com isso. Eu estava ficando mal acostumado com as efusivas demonstrações descontraídas logo na porta, dos inquilinos anteriores, não poderia esperar isso de todos. Ainda mais que era uma mulher sozinha, que iria viver uma experiência inusitada – passar o fim de semana nua, com um desconhecido. Obviamente, estava de alguma forma apreensiva, inquieta.
Procurei tranquilizá-la, falando sobre a naturalidade daquele ambiente, que em pouco estaria completamente à vontade... coisas assim. Ela concordava, com monossílabos de aquiescência, mas não conseguia disfarçar a ansiedade e a inquietação. Estava claro que ela queria dizer algo que não falara na conversa virtual, e que a incomodava. Não quis forçar nada, só aguardei, prosseguindo com o protocolo. Levei-a ao quarto, disse-lhe que poderia tirar a roupa e em seguida eu iria lhe apresentar o ambiente.
Sua hesitação alcançou o auge, então. Levemente ruborizada, meio trêmula – eu já estava ficando preocupado, achando que não havia feito uma opção acertada –, Cecília parou na porta do quarto e falou, muito séria: “tem algo que não disse na nossa conversa, porque você poderia... quer dizer... eu não sabia qual seria sua reação... se me aceitaria aqui ou não... e eu queria tanto viver essa experiência...” Eu estava à beira de um infarto, com todo aquele mistério, minha mente construindo milhões de hipóteses, uma mais estrambólica que a outra. “Relaxe, pode falar...” Ela ainda fez um pequeno silêncio, procurando a forma mais adequada de se expressar, jogou os olhos para cima por segundos, baixou, fechou-os, respirou fundo... E finalmente: “É que eu sou trans...”
Parecia que um fardo de duas toneladas fora retirado de minhas costas. Respirei aliviado, e saiu, num ímpeto: “Ah, é isso? Relaxe, Cecília! Problema nenhum!” O suspiro de alívio dela foi eloquente, o sorriso verdadeiro (e não a estampa convencional) instalou-se no seu rosto, e parecia ter baixado outra pessoa. Somente então se sentiu à vontade para me dar um abraço e dizer o quanto estava feliz por eu tê-la aceito. Entrou no quarto, eu retornei a minha mesa de trabalho.
Minutos depois, saiu, com alguns mantimentos, para a cozinha. Os seios pequenos não eram siliconados, mas resultado de tratamento hormonal; a rola era mediana, a bunda bonita, com um sinalzinho marrom numa das nádegas, coxas proporcionais. Passou cantarolando. Parecia feliz agora.
Transformação total: Cecília, depois que se libertou do que a oprimia, mostrava-se lépida, foi conhecer os outros cômodos do apartamento, voltou para a cozinha, e, quando menos esperei, estava ao meu lado, sorrindo lindamente, com duas taças de vinho, oferecendo-me uma, dizendo sem nada falar, apenas com o gesto, que estava na hora de eu dar um tempo no meu trabalho. Sorri, agradecido, com um rabo de olho no seu rabo e outro na rola, levemente dura, aceitei a taça e fomos para a varanda, eleito o lugar mais icônico do apartamento, já que reunia ar livre, visão do mundo e privacidade.
Degustamos nosso vinho, inicialmente em silêncio, olhando a paisagem. A visão de há pouco, de seu corpo harmônico, das nádegas redondas e da pica semiereta, insistiu em voltar ao meu cérebro e fui sentindo a minha rola endurecer. Tentei passar naturalidade, comentando aleatoriamente sobre a manhã que se encaminhava para a tarde, e as nuvens carregadas que prometiam um fim de semana de pouco ou nenhum sol. Não sei se motivada pela visão da minha ereção, pelo vinho ou por qualquer outa emoção, a rola de Cecília também endurecia, e como se retomasse uma conversa que havíamos iniciado antes, falou, de olhos ao longe:
Eu me sinto mulher desde que me entendo de gente. Passei por todo o constrangimento de ser vestida com roupas masculinas, de ser incitada a ter comportamentos de homem, de namorar garotas... mas aquilo tudo me parecia serem coisas de um outro mundo, não do meu. Minha cabeça, meus desejos, minhas vontades moravam na casa oposta: eu adorava vestir roupas da minha irmã mais velha, pintar as unhas, sempre brigava e não aceitava que cortassem meu cabelo. Claro que essas coisas preocupavam minha mãe, que sacou logo que havia algo desconexo. Meu pai, com quem eu não tinha muita proximidade, morreu quando eu estava com 12 anos, e não foi um choque muito grande para mim: é como se um conhecido tivesse falecido, em nada me abalou. Minha mãe não casou mais e cuidou da gente, eu e duas meninas. Até o dia em que ela me flagrou com um vestido da minha irmã, ficou sem entender, e eu sentei junto dela e disse que ela não tinha duas filhas, tinha três. Eu estava com 15 anos, já me vestia de mulher de forma escondida, em noites de festinha, saía homem de casa e me trocava na casa de amigas – que logo me identifiquei com outras pessoas que tinham o mesmo problema que eu. Aquela revelação a minha mãe me abriu caminho para eu assumir de vez e abandonei para sempre minhas roupas masculinas. Ensaquei todas e fui para a frente da casa, na hora em que passava um senhor com aparência pobre, puxando um garoto pela mão. Falei que tinham sido do meu irmão que morrera. Aí caí no mundo, enfrentando todos os transtornos que uma mulher trans encontra na vida. Meu corpo sempre foi meio feminino, e os hormônios apenas acentuaram algumas características. Vivi feliz, na medida do possível. Namorei, me apaixonei por homens e por mulheres, fodi e fui fodida, sempre tive uma vida sexual normal.
Eu a escutava, com atenção e interesse pela sua história. Imaginava o quanto estava sendo saudável para ela aquele derramar-se de si mesma para um homem a quem via pela primeira vez. E é exatamente aí que eu entro em sua história.
Quando eu me pensava completamente adaptada ao mundo, sem qualquer paranóia, vi seu anúncio no aplicativo, de um apartamento nudista, partilhado com alguém que não vestia roupa dentro de casa. Então, eu que pensava estar de bem com tudo em mim, com meu corpo, senti-me abalada: como eu me sentiria desnuda, diante de um homem também nu, sem que estivesse necessariamente ligado a foda? A curiosidade de mais esta experiência na minha vida excitou-me e fiz contato. Mas não tive coragem de contar da minha transição na conversa virtual. Por isso que cheguei uma pilha aqui, sem saber qual seria sua reação, e como isso quase me fundia a cuca ao longo do tempo que eu tive que esperar para estar aqui. Também não tem ideia de como respirei aliviada com sua reação tão amistosa, como me tranquilizou, me deixou à vontade – como estou até agora. Acho que só faltava mesmo essa experiência para minha completa autoafirmação. Muito obrigada por isso.
E me abraçou efusivamente; pude sentir toda a suavidade de sua pele na minha, seu perfume delicioso, seus seios miúdos pressionando o meu peito, e principalmente seu pau ereto entre minhas coxas – o meu também rígido imprensado em sua barriga. Ficamos assim algum tempo, e eu evitava até me mexer, para não detonar o “desabraço”. Mas este se deu, retomamos nossas taças, e eu não soube o que falar. Apenas observava a luminosidade do seu rosto, o seu sorriso feliz, o seu olhar vivo cravado nas nuvens que haviam coberto completamente o sol.
Saímos para almoçar, vadiamos pela cidade, passeando de mãos dadas, abraçando-nos de vez em quando, em sorrisos bobos por tudo e por nada. Mas, estranhamente, não rolava clima de sexo – era pura amizade, carinho. Sequer conversávamos sobre o que poderia rolar entre nós, ainda que falássemos do nosso histórico particular de transas e nos erigíssemos os paus, ao contar detalhes mais picantes, vivíamos uma espécie de platonismo diferenciado.
Na volta para o apartamento, novamente desnudos, no restante do sábado e durante todo o domingo, ainda que eu admirasse seu corpo e sentisse prazer em abraçá-la, ainda que deitássemos juntos na cama ou na rede, ainda que nossos cacetes endurecessem constantemente, não pintava clima. Não precisávamos foder, não precisávamos nos chupar, nos penetrar e gozar, para nos sentirmos felizes.
Na noite do domingo, ela dormiu na minha cama, comigo. Sem eu chamar, sem ela pedir. Simplesmente aconteceu. Estávamos deitados, conversando e bebericando, e em pouco dormíamos. Acordamos agarrados, chuva caindo lá fora, paus rígidos sob as cobertas, nossos rostos a milímetros um do outro. Foi quando nos olhamos demoradamente nos olhos, e, como teleguiados, concentraram-se nos lábios um do outro. Aí aconteceu nosso primeiro beijo. Sem pressa, sem ânsia, ao contrário, com suavidade, com leveza... Nossas línguas se tocaram, se roçaram, enquanto nossos corpos se movimentavam e se envolveram.
Ela estava sobre mim, seu pau na abertura do meu cu, e foi entrando suavemente, enquanto mais nos beijávamos. Eu acariciava sua bunda e enfiei o dedo em seu buraquinho, querendo-a mais e mais dentro de mim; ao girar o dedo em seu cu, ela gemeu forte e senti jatos de seu leite invadir meu interior. Até seu gozo foi suave, sem o costumeiro arroubo que um orgasmo costuma provocar.
Como se nada de extraordinário tivesse acontecido, ela deitou a cabeça sobre meu peito, e seus cabelos perfumados cobriram meu rosto; seu peito, arfante, rivalizava com o meu, e ela deslizou de lado, fechou os olhos e adormeceu mais um pouquinho. Eu sabia que aquele momento era somente dela, completamente dela, e eu não deveria quebrar o encanto, embora meu cacete pedisse urgente explosão. Esgueirei-me da cama, ela se movimentou um pouco, procurando adaptar o corpo à ausência do meu; sentei no banheiro, e tendo seu robusto traseiro como inspiração e seu leite ainda descendo do meu rabo, arrepiando-me com sua descida, toquei no meu cacete rocha e me punhetei suavemente, até gozar forte, as últimas golfadas do meu líquido lambuzando meus dedos. Ela abrira os olhos aos meus gemidos e, sorrindo docemente, acompanhara pelo espelho meu gozo.