Me leva para casa 19

Um conto erótico de R. Valentim
Categoria: Gay
Contém 4377 palavras
Data: 17/12/2024 22:06:07
Assuntos: Amigo, Beijo, Gay

Na sexta chego cedo na sala, Guigo vai precisar faltar de novo, seu pai tem uma consulta hoje e parece que vai fazer um exame e vai precisar dele, agora que seus pais estão se divorciando a mãe dele não está ajudando muito, entendo ela, afinal eles não estão mais juntos, porém ela continua na casa e isso está tornando as coisas mais difíceis para o meu namorado que está ficando no meio do fogo cruzado.

A medida que nossos amigos vão chegando na sala notei algo estranho rolando, André e Mario só me comprimentam e foram para o fundam — pode ser só impressão minha, mas acho que achei eles um pouco indiferentes — eles estão conversando algo entre eles e não quero ser chato sei lá, então só saio da sala, na porta encontro com Giovanna que está com uma cara péssima.

— Bom dia — ela ignora meu bom dia e passa por mim entrando na sala.

Que porra tá acontecendo, Tati, Mari e Ka estão conversando fora da sala, mas foi só olhar para mim que suas expressões mudaram, tô tentando puxar da mente se fiz algo errado, mas não tem como, quando me despedi do pessoal no bar está tudo certo, até quero ir conversar com elas para saber o que aconteceu, mas Bia aparece antes e é a única a sorrir pra mim.

— Amigo vem aqui, tenho que te contar uma coisa — sigo ela até uma mesa da cantina mais afastada — Raylan você ficou com o Gui quando ele ainda estava ficando com a Tati?

— O que, o que isso tem haver? — Aos poucos começo a me dar conta do que está rolando — Bia que porra é essa?

— Amigo, depois que vocês saíram juntos a Tati fico muito mau, tipo muito mesmo, dai o pessoal começou a conversar e ontem vocês faltaram — Bia está escolhendo bem as palavras — amigo o pessoal chegou a conclusão de que ele só terminou com ela por sua causa e que ele meio que traiu ela com você, ao mesmo tempo em que você enganou a Giovanna.

— Mas eu — meu chão se abriu diante dos meus pés, não acredito no que estou ouvindo — eu não tenho nada com a Giovanna.

— Mas vocês estavam ficando, ela até confirmou ontem que você estava com ela e com Gui, a Tati tá muito mal com isso e o pessoal ficou do lado dela, sinto muito.

— Bia, isso é um absurdo, sim eu fiquei com ele, mas ele não estava namorando com ela e tipo só ficamos de novo depois que ele parou de ficar com ela.

— Olha Raylan não estou te julgando, conheço vocês pouco, mas Dan te defendeu ontem, ele disse que você não faria isso e taus e acredito no julgamento dele, então tô te contando porque cê sabe.

— Obrigado Bia, mas ele não terminou com ela por minha causa, a primeira vez que a gente ficou estávamos muito bêbados depois disso ele que quis parar de ficar com ela.

— Logo a galera vai esquecer isso, relaxa — ela segura minha mão tentando me tranquilizar.

Quando voltamos para sala alguém escreveu talarico na minha cadeira com corretivo, fico sem reação, olhos para todo mundo e ninguém se acusa, porém vejo algumas pessoas rindo, está ficando difícil de respirar, Bia tenta dizer algo, mas só pego minha mochila e saio da sala — bando de criança — esse é o pior momento para algo assim acontecer, a mentira da Giovanna sobre a gente era inofensiva até estourar algo assim, ela no lugar de falar a verdade ainda vai e joga gasolina na porra do fogo.

Quando Dan e Ciço se assumiram todos ficaram de boas, mas comigo não pode ser assim, na vida estou sempre me fodendo isso é tão frustrante, Guigo tá passando pelo inferno em casa, nem sei como ele vai lidar com mais isso, sabia que só traria dor de cabeça para ele, que namorar comigo não seria fácil, pois existe uma zona de erros em volta de mim, quero muito falar com ele agora, mas não posso atrapalhar, ele está cuidando do pai dele agora, preciso lidar com isso sozinho, bando de pau no cu, como posso ter culpa do cara não querer mais comer essa mina porra, eles nem namoraram, só na cabeça dela.

Deve ter amadurecido mesmo, por que se falo o que estou com vontade naquela sala acho que nem a Bia ficaria do meu lado mais, e que porra de mundo é esse onde o Dan é quem me defende para galera — quero bater em alguém — estou sem ruma na universidade, não sei se vou para casa ou se volto para sala está uma merda, então me sento no primeiro banco que vejo para tentar organizar as ideias.

— Raylan espera — Dan senta do meu lado, ele parece ofegante.

— Você estava correndo?

— Te procurando, calma, ainda tô começando nesse negócio de academia — ele leva um tempo até recuperar o fôlego.

— Por que não me ligou? — Dan me encara claramente arrependido de não ter pensado nisso.

— Cara que merda você tem na cabeça.

— Eu não furei o olho dessa arrombada Daniel! — Acabei me exaltando.

— Não estou falando disso, estou falando que você contou para todo mundo que está ficando o Guigo e eu tive que ficar sabendo dessa merda pelo pessoal da sala — estou atônito agora — eu disse por Ciço, mas não ele disse que tinhamos que esperar você nos contar, porra cara.

— Espera, você está chateado por isso?

— Foda-se a Tati, eles nem tinham nada haver, Guigo é muito mais afim de ti — esse Dan é completamente novo para mim — mas claro que pegar ele antes deles terminarem foi um pouco de vacilo, mas dai vindo de ti nem fiquei surpreso.

— Cala a boca vacilão — digo empurrando ele com o braço de leve.

— Como você está se sentindo?

— Estou preocupado com ele — digo.

— Guigo é um cara massa, ele vai saber lidar com isso — É estranho ver o Dan como um amigo tão próximo, mas até que é bom — agora vem, vamos pra aula.

— Não vou voltar para lá — estou puto com aqueles merdas.

— Qual é, se alguém mexer com você vai ter que encarar os músculos fantásticos do meu namorado vem — só ele para me fazer rir agora.

— Sinto falta do Rick — Dan me encara.

— Ele ia ficar feliz pela gente, afinal escolhemos os melhores partidos da sala.

Dan me convenceu a voltar para sala, mas meio que ficamos isolados, ele, Ciço, Bia e eu, sobrou até para ela, já que “ficou do meu lado” o pessoal está se comportando feito criança e isso me irrita profundamente, até Ciço que sempre foi idolatrado quase está sendo tratado como pessoa não grata, só que diferente de mim ele não dá a mínima para isso.

— Ele é viado e tralarico foda mesmo — quando estou saindo da sala escuto Mari falando de mim.

— Foi um livramento amiga — Ka diz para ela rindo.

— Ele não era seu namorado sua doente, você que ficou correndo atras dele mesmo depois de ter levado mais de um fora e pro seu governo e de quem mais quiser ouvir, Guilherme não é meu ficante, ele é meu namorado porra. — emburro uma cartira na minha frente derurbando no chão com raiva e saio da sala em um completo silencio, posso ter piorado as coisas agora, mas foda-se também.

— Raylan, calma cara, não vai ser no grito que as coisas vão melhorar.

— Ai Daniel, agradeço sua preocupação, mas me deixa, já tenho coisa de mais para lidar, para aind

a ter que ficar aguentando essas criancices desses babacas, porra o cara só comeu ela, que caralho supera porra! — A raiva que estou guardando pros meus pais me escapa e agora estou gritando na porta da sala, Bia e Dan tentam me acalmar, Ciço só fica na dele, acho que só ele aqui parece entender minha indignação, não tenho esse sangue de barata não, sou uma cara explosivo mesmo, sou assim e pronto.

— VOCÊ É UM TALARICO DE MERDA, SEU VIADO — Tati está aos prantos e berros sendo segurada pelas amigas.

— Vai a merda garota, ele já nem queria mais ficar com você antes até da gente ficar — agora que a caixa foi aberta, estou falando de forma fria e provocativa, meu ódio está fluindo por mim — vão a merda vocês tudo, bando de babaca, as três já deram para o Mario e para André e querem pagar de certas, vão pra casa do caralho! — O barraco está formado, com Dan me puxando de um lado e as amigas puxando a Tati do outro.

— O que tu ta falando ai Raylan — Mário e André vem querer avançar em mim.

— Vocês querem me chamar de talarico, se enxerga seu mané, vocês ficam feito dois gala seca indo atrás das minas dos outros — eles sim são talaricos safados.

— REPETE SEU VIADO — André vem com tudo para cima de mim bem mais alterado.

— Vai dar sua bunda para Mário se é que tu não já deu — digo o provocando mais ainda.

No meio da confusão ele vem certo para me bater, mas Ciço sem esforço algum puxa ele pela camisa que se desequilibra e cai de bunda no chão, eu sei que ele está defendendo o Dan que está do meu lado, mesmo assim fico aliviado de ter escapado de levar um murro, não que eu não fosse revidar, mas prefiro nem apanhar, porém se é briga que esses merdas querem é o que vão ter.

Os seguranças da universidade aparecem e isso é o bastante para acalmar os ânimos, assim o grupo de divide, vai uns para um lado e uns para outro, estou puta da vida, Dan está gritando algo comigo, mas nem escuto, estou cego e surdo pelo ódio que estou sentido, mas não é deles e sim dos meus pais, mesmo assim não sou evoluído a esse ponto para separar as coisas, no momento só quero brigar mesmo, mas aí uma única mensagem do Guigo no meu telefone para sentir a razão tomar de conta de mim de novo.

“Amor já estou em casa”

“Preciso falar com você” — respondo e ele me liga na mesma hora.

— O que aconteceu? — Não devia ter mandado a mensagem da forma que mandei, ele bem preocupado.

— Quebrei o pau com o pessoal da sala hoje — digo.

— Como assim Ray, o que rolou? — Respiro fundo e começo a explicar para ele o que rolou.

— Não tô acreditando nisso não — ele está tão puto quanto eu — mas amor você não tinha que ir responder.

— Nem começa Guigo, já basta o Daniel me alugando — meu amigo me encara com a cara feia.

— Onde você está?

— Saindo da faculdade — respondi.

— Vem para cá — sua voz vem de forma impositiva, não é um pedido pelo jeito.

— Não quero brigar, Guigo, hoje estou sem cabeça.

— Não vou brigar, quero você aqui e pode deixar que vou tirar essa história a limpo — ele está muito sério.

— Tá bom, tô indo.

Me despeço dos meus amigos e até peço desculpas por ter me exaltado e passado do ponto, depois vou para casa do meu namorado, tudo que menos queria era dar mais essa dor de cabeça para ele, devia ter ficado calado na minha, mas agora não tem muito o que fazer, já foi e nem me arrependo não, ela precisava ouvir umas verdades, mina sem noção. Dessa vez tive a feliz sorte de não ver nem meu pai e nem o amante dele, vou direto para casa do Guigo, na porta escuto uma gritaria vindo de dentro da casa, a mãe dele para variar gritando algo sobre o pai dele ter uma puta ou algo assim, mas aí a voz do meu namorado supera a dela em um tom que nunca ouvi ele falar.

— ACABOU PORRA, TODA HORA ESSA MERDA, PAREM COM ISSO.

Ele aparece no portão para me receber, seu rosto está fechado, não tinha visto ainda ele tão estressado assim antes, me sinto agora duas vezes mais culpado por ter piorado as coisas na sala, sou um merda que não faz nada direito mesmo, como posso querer que alguém lute por mim se claramente não vale a pena?

Guigo me beija e seu rosto parece melhorar, estou fazendo o possível para me manter forte, não quero despencar na sua frente, mas ele é muito bom em me ler e já deve ter sacado que estou mau, seus braços me envolvem em um abraço forte seguido de um vai ficar tudo bem sussurrado no meu ouvido — seu sussurro é delicado totalmente diferente da explosão que teve agora a pouco.

— Desculpa amor, só piorei as coisas — digo.

— Não se desculpa, eles estão agindo feito babacas, vamos resolver isso, e não importa o que eles acham tá certo? — Guigo segura meu rosto, eu quem deveria estar falando essas coisas para ele, não quero ser mais um peso na sua rotina complicada. — amor, por favor não fica assim.

— Vou ficar de boas — digo, ele merece que me esforce.

— Vem, você almoçou?

— Não, vim direto da faculdade — respondi com fome.

Guigo coloca um prato feito pra mim e outro para ele na mesa, sua mãe está na sala em um completo silêncio, ela não dirigiu a palavra para mim e o clima está uma bosta, já meu sogro me tratou bem como sempre — isso só fez minha sogra ficar ainda mais irritada — o clima na casa do Guigo parece uma guerra fria que pode estourar para algo maior a qualquer momento, aliás esse guerra não está tão fria quanto deveria.

O almoço está bom, o pai dele cozinha bem mesmo, Guigo está tão estressado e cansado que nem consegue apreciar a comida, não consigo parar de me sentir culpado pelo que aconteceu na faculdade, quero fazer algo por ele, mas não faço ideia do que fazer, depois do almoço o ajudo com a louça e aproveito para dizer a ele o que teve na aula hoje — os conteúdos no caso — ele parece menos irritado por poder falar de outra coisa que não seja problema.

— Amor acho que vou perder mais aulas por esses dias — Guigo me leva para garagem, onde podemos ficar sentados de boas descansando do almoço.

— Eu posso estudar com você — vou ajudar no que eu puder — e também se aparecer algum trabalho eu faço para aliviar sua carga.

— Não, vou acabar sobrecarregando você — ele ainda se preocupa comigo mesmo estando na merda, por isso me apaixonei por ele.

— Guigo vou te ajudar, isso não está aberto a discussão.

— Obrigado — ele beija minha mão — depois desses exames se não aparecer nada vou ter mais tempo para ir para aula, se ele estiver tudo ok pode fazer muita coisa sozinho, ele mesmo quer isso mais que tudo.

— Ele parece bem — pior que olhando para ele se não fosse pela fístula nem saberia que ele faz diálise.

— Pois é, o problema são os sintomas que não são aparentes, ele está com nível alto de sódio e o remédio que controla o sódio aumenta o fósforo, enfim uma coisa impacta na outra.

— Amor, sei que você já está cheio de problemas e que posso ter causado mais um hoje na faculdade, mas posso ter sua opinião sobre os processos, não sei o que fazer?

— Ray, você é a única coisa que me traz felicidade esses dias, não diz mais isso tão bom? Olha sobre a Tati, ela pode ficar chateada o quanto quiser, mas comigo e não com você, vou ter mais uma conversa com ela depois, agora sobre o processo, o que você quer fazer?

— Não sei, tipo não vou ganhar nada contestando minha mãe, sei que no fim ela errou e meu pai errou, reviver isso tudo só vai ser cansativo.

— Então faz isso, ou melhor não faz nada.

— Estou tão puto da vida com eles dois — digo tentando me manter forte, mas é difícil.

— Ray, você passou por muita coisa, estou no meio do divorcio dos meus pais e você vou escanteado completamente no divorcio dos seus pais, eles tornaram algo sobre eles, você é um cara muito mais forte do que pensa, mesmo que meus pais estejam querendo se matar, ainda acho mais facil.

— Você está com o peso de sua família nas costas, Guigo, não sei se isso é mesmo melhor — sei que ele quer me deixar melhor, mas a situação dele está feia.

— Mas acontece que eu tenho um namorado safado que gosta de me satisfazer na cama, essa válvula de escape me dá a paciência que preciso para lidar com as crianças ali dentro — estou rindo da forma que ele falou.

— Por falar nisso comprei aquele lubrificante analgésico que a gente viu — um sorriso safado ilumina seu rosto abatido.

— Não vejo a hora da gente testar — ele senta no meu colo e começa a me beijar, estamos no canto e o carro está meio que nos cobrindo, dando um mínimo de privacidade pelo menos, não dá para transar aqui, mas podemos namorar um pouco pelo menos.

Duas semanas se passaram, a primeira foi complicada, Guigo faltou quase que a semana toda, nossos amigos não falam mais comigo e nem com ele, apenas Ciço, Dan e Bia continuam por perto, Guigo falou com Tati que se vitimizar e chorou horrores, mas ele foi firme de que ela levou as coisas para um lugar que não existe, ainda sim se desculpou com ela e meio que ficou por isso mesmo.

Na segunda semana Giovanna tentou se reaproximar, mas a deixei longe, ela perdeu a chance de ser minha amiga quando resolveu mentir, pode ter tido seus motivos, porém não me sinto bem em voltar a nossa amizade, os meus sogros finalmente colocaram um advogado nesse divorcio e agora meu namorado e seu pai está de mudança para outra casa, fora da vila e um pouco mais próximo do centro do hospital onde seu pai fazer seus exames de rotina.

Mesmo sem o resultado do divorcio ter saído, Guigo conversou com o pai e os dois decidiram que estava insustentável viver da maneira em que estavam vivendo, não os julgo. Sobre meus pais, bem ele segue sumido — ainda bem e com a mudança do meu namorado não vou mais precisar ver meu pai — e com minha mãe seguimos na mesma, não contei que sou bi e que namoro um cara e nem que sei do seu segredo sujo e ela por sua vez parou de me pressionar a conviver com meu pai de novo.

Faltei aula em plena segunda feira, mas dessa vez é por um bom motivo, estou ajudando na mudança do meu namorado, a mãe dele está com a cunhada fazendo o drama de uma vida por que eles estão saindo de casa — mesmo tendo sido ela a expulsar eles de lá — Ciço e Dan se ofereceram para ajudar também, mas não achamos bom pedir para faltarem também e nem é tanta coisa assim, tido as coisas do quarto do Guigo e poucas outras cosias, já que o resto eles tiveram que comprar novo.

— Pai solta essa caixa puta que pariu — Guigo briga com seu pai pela quinta vez.

— Filho eu não sou de vidro.

— Não, mas não quero ter que te socorrer agora coroa.

— Tá vendo ai meu genro como seu namorado me trata — ele joga a bola para mim.

— Não tenha nada haver com isso seu Pedro, você se resolva com ele — Guigo passa me dando um selinho — mas amor, seu pai não é de vidro.

— Eu mereço vocês dois viu — ele diz se arrependendo de ter me dado um selinho.

— Pedro temos que vender o carro logo — minha sogra se agarra a uma chance de arrumar confusão só para nossa mudança não ser tranquila.

— Só depois de vender a casa primeiro se for assim — ele responde com calma.

— Não vamos vender a casa, já combinamos que ela é herança do Guigo.

— Se for assim o carro também é, e você sabe que não posso ficar sem carro — meu sogro tem uma paciência digna de um santo.

— Precisa do carro para que, se tu vai morar perto do hospital, tu vai querer o carro para andar com suas quengas só pode — e lá vamos nós de novo.

— Mãe puta que pariu, a senhora queria a casa, tá ai a casa só para senhora, deixe meu pai de mão pela amor de deus — Guingo implora quase que de joelhos.

— Você é outro ingrato, que filho que fica contra a mãe, eu me sacrifiquei durante anos por essa família Priscila — ela fala para a tia do Guigo — e pra que, para ser a vilã, deu tudo por esse homem todo mundo aqui é testemunha, agora tá aí me abandonando.

— Mãe pelo amor de deus, meu pai já explicou mil vezes o que aconteceu — Guigo virou uma frente de defesa para que os insultos e cenas da mãe não chegassem diretamente no pai, para evitar que ele fique exaltado e passe mal de novo, como já aconteceu algumas vezes desde que esses processo de divorcio começou.

— O Pedro fez a cabeço do meu filho contra mim e ainda tem essa cobrinha ai cercando meu filho, esse senso que deve fazer a cabeça dele também Pricila, nunca gostei desse menino, meu filho estava conhecendo uma moça tão boa, ai esse moleque apareceu e estragou a vida do meu filho — já estou acostumado com seus insultos então apenas ignoro.

— Ele não é o filho do outro lá? — Priscila diz com desdém.

— E não é mulher, filho de cobra cobrinha é, o pai dele arruinou a vida do Paulo e agora o filho dele quer fazer o mesmo com meu filho, colocando ele contra a própria mãe que nem o pai dele fez com meu cunhado.

— Mãe escuta aqui, pode encher meus ouvidos o tanto que a senhora quiser, mas não fale merda do meu namorado, respeite ele porque ele sempre te respeitou! — Guigo se altera com ela por está falando mal de mim, mas puxo ele, não vale a pena.

— Tá vendo Priscila, essa cobrinha entrou na mente do Guigo, meu filho não era assim de me responder, aí essa cobrinha se juntou com o ingrato do Pedro e tão aí tirando meu filho da própria casa.

— Rapaz a senhora é muito descolada da realidade mesmo né, seu filho está indo embora por que a senhora fez da vida dele e do seu ex marido um inferno — não me aguento e acabo respondendo.

— Tá vendo como ainda é atrevido, me respondendo — sei que não devemos chamar uma mulher de doida, mas minha sogra se esforça para parecer uma, é brincadeira velho.

Agradeço a Deus que não tem muita coisa e assim saímos finalmente dessa casa, Guigo respira até mais aliviado quando o caminhão da mudança cruza o portão da vila, parte da revolta da mãe dele é que nem Guigo e nem seu pai contaram para ela exatamente onde fica o novo apartamento dele — ainda bem — mas não dou muito tempo até que ela descubra e comece a encher a porra do saco de novo.

O ap novo é minúsculo, mas a felicidade do meu namorado faz parecer até que ele está se mudando para uma cobertura na praia de Iracema, o lugar é um prédio antigo, mas bem dividido e organizado, fica no no primeiro andar mesmo, tem uma sala, uma cozinha apertadíssima, dois quartos, sendo um uma suite um banheiro social.

— Filho você fica com a suíte mesmo — Pedro diz assim que a última caixa é colocada no chão da sala.

— Pai não precisa me agradar, já estou aqui com o senhor — ele diz rindo.

— Não é para lhe agradar, mas quando Ray dormir aqui não quero meu genro andando com a rola de fora pela casa — tá, tô querendo morrer agora, Pedro é o único ser humano que consegue me constranger só estando na sala.

— Pai.

— Filho você e meu genro parecem dois bezerros no cio, já não basta ter que ouvir vocês, não sou obrigado a ver vocês transitando pela casa depois do coito — agora é definitivo, nunca mais transo com meu namorado na vida.

— Você disse que ele não ia ouvir Guigo — digo repreendendo ele.

— Só colocando um isolamento acústico, aliás aproveitando que estamos nesse assunto — moço pare por favor — esse apartamento é menor e vamos ficar parede com parede, então meu povo vocês vão ter que ser mais discretos para que eu possa fingir que não sei que meu filho transa com o namorado dele toda vez que dormem juntos.

— Se a gente aceitar ficar com o quarto, o senhor para? — Até o Guigo está com vergonha agora.

— Vou falar com o porteiro para finalizar o cadastro e avisar logo que sua mãe não pode passar por lá nem com autorização.

— Tá, a gente vai arrumando aqui e quando estiver voltando bate na porta antes, nunca se sabe vai que o senhor pega a gente no ato de novo — vou matar meu namorado é oficial.

— E precisa avisar? Acho que da portaria vou ouvir.

— Vocês não querem mais que eu volte aqui né? — Os dois caem na risada.

— Nada meu filho, você é mais que bem vindo, já até coloquei seu nome na portaria como morador — meu sogro é constrangedor e acolhedor ao mesmo tempo, ele é tipo um amigo mais velho que faz bullying com você, porém ele te ama.

Depois de mais uma semana a vida do meu namorado finalmente deu uma acalmada, passamos muito tempo na casa dele, mas ele tem vindo bastante na minha essa semana, o pai dele está ótimo graças a deus e como o hospital é perto ele nem precisa ir dirigindo para suas sessões de hemodiálise, não sou desse que acredita em energia e misticismo, mas foi só se afastar da minha sogra que Guigo e o pai começaram a viver de forma mais leve e aos poucos as coisas foram se encaixando.

Fiquei tão envolvido com tudo que aconteceu que perdi minha primeira consulta com a psicólogo, porém nas demais compareci como tinha que ser, ela está me ajudando a reconhecer meus méritos, mas isso é tão difícil às vezes, pensei em parar de ir, já que não estou notando muito resultado, mas Guigo disse que vou continuar nem que ele tenha que me amarrar e me levar para as consultas, sem o apoio dele não teria chegado onde cheguei, nesse nível de paz.

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Comentários

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Quando chega e-mail avisando que publicou capítulo novo, venho correndo ler. A saga de Raylan e Guigo é deliciosa demais.

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