No passado…
Recém-chegada na escola, Quitéria ficou bastante tempo sozinha, observando os demais alunos enquanto não se enturmava. Isso valia para as meninas, mas obviamente para os meninos também. Garotos franzinos como Daniel não a interessavam, mas sim os atléticos. Garotos como Renato e Rodolfo sempre atraiam seus olhares. Sobretudo este último. As tatuagens no braço davam um charmoso ar de rebeldia, elevando alguns graus seu ideal de masculinidade. Tinha vontade de conversar com ele, mas sempre o via em grupos. Foi em um dia que, por acaso, o encontrou sozinho. Havia saído para ir ao banheiro e percebeu o rapaz matando aula no pátio. Desceu e o seguiu até conseguir chamá-lo.
O rapaz era surpreendentemente receptivo, respondendo com um sorriso simpático no rosto. Quitéria se apresentava e perguntava coisas ao rapaz tatuado. Havia uma troca de olhares e sorrisos cada vez mais intensos, interrompida pelos gritos de Rafaela.
— O que essa macaca, filha da puta, está fazendo com o meu namorado?
Rodolfo permaneceu calado, como se não estivesse ali. Quitéria era agredida sozinha.
— Só estava conversando com ele, não posso?
— Não pode. Ele não quer você.
— Do mesmo jeito que seu pai não te quis?
Os olhos de Rafaela se encheram de fúria.
— O que você disse?
— Ao contrário do que você diz, eu não sou bicho. Tenho pai e mãe, não fui largada pelo pai. Você é a rejeitada aqui.
Rafaela avançou sobre Quitéria, mas levou um tapa forte no rosto. Rodolfo ficou apenas olhando, assustado com a violência das meninas que começaram a se agredir no chão. A briga só terminou com funcionários da escola as apartando.
Quinze anos depois…
Fazia pouco tempo que a Éden Couture inaugurou. Quem andasse na galeria da rua do paraíso teria uma surpresa ao chegar aos fundos. A loja de roupas de Quitéria exibia cores vibrantes em cortes elegantes que logo na vitrine mostrava suas virtudes. Dentro, além dos cabides recheados de roupas desenhados pela própria Quitéria, havia fotos da própria dona vestindo as roupas anunciadas. O corpo perfeito da proprietária e seu excelente desempenho como modelo foram essenciais quando ela começou o negócio e se tornaram uma marca registrada. Quitéria era a alma daquela loja, que propunha uma visão inovadora para aquela cidade pequena. Após dias com poucas compradoras e muita propaganda em meios virtuais, a loja começava a atrair a atenção de mais consumidoras. As roupas criadas por elas agradaram às mulheres, que viram uma opção inovadora para se vestirem bem.
Naquele dia, Rafaela estava lá para conhecer a loja e não foi sozinha.
Após realizar o fetiche de Rodolfo em assisti-la com Michele, indo um pouco além até, ela tinha seu namorado voltando a ficar mais atencioso. Um passeio nas lojas de braços dados era um dos vários momentos a dois que há tempos ela sentia falta. Tendo Rodolfo de volta para si, parecia o momento ideal para uma pequena vingança.
Ela não quis saber detalhes sobre o tal boato espalhado sobre Quitéria e Michele na academia, mas fazia questão de defender a amiga incondicionalmente. Se isso também envolvesse Quitéria, ela o faria com gosto.
Rafaela tinha problemas em controlar o namorado, constante alvo de flertes das mulheres que se derretiam pelas suas tatuagens e sua aparência. Quando sabia de alguém se aproximando de seu namorado, fazia questão de intimidar a concorrente. Quitéria, por sua vez, nunca abaixou a cabeça, o que sempre gerava brigas entre as duas.
A ruiva entrou de braços dados com Rodolfo, evocando a imagem de um casal apaixonado. Usava um vestido curto, justo ao corpo, como se quisesse chamar a atenção para si. Exibia um sorriso falso ao encontrar a dona da loja, que os cumprimentou educadamente.
— Você lembra de mim? A gente brigava tanto na escola — provocou Rafaela.
— Lembro um pouquinho. Só não lembro do seu nome — respondeu Quitéria, voltando sua atenção em seguida para o homem que acompanhava a ruiva. — Você é o Rodolfo, não é? Nossa, está ainda mais tatuado do que naquela época.
Rodolfo sorriu, sem graça. Ele olhou aquela mulher que usava um vibrante vestido amarelo, contrastando com a cor da pele. As formas generosas daquela mulher eram evidenciadas por um corte justo, sobretudo pelo decote. O mecânico pensou em responder ao elogio, mas percebeu a ruiva com um olhar nada amigável. Quitéria percebeu.
— Pode ficar tranquila, eu não vou tentar nada com o seu marido. — provocou Quitéria.
Rafaela abriu um sorriso amarelo e Rodolfo olhou para os lados, constrangido. Ao longo dos anos, o relacionamento dos dois nunca foi estável, cheio de idas e vindas. Apesar da obsessão de Rafaela, Rodolfo pouco se importava em ter um relacionamento sério. Era comum ele estar com outras mulheres enquanto Rafaela buscava atraí-lo de novo para si de formas diversas. O menáge com Michele havia sido sua melhor cartada, dando-lhe esperança de o relacionamento vingar de vez. A suposição de um casamento dos dois lhe fez refletir por um instante, se não estaria jogando seu tempo fora correndo atrás daquele homem.
Quitéria, como uma boa vendedora, não deixaria uma cliente com aquela expressão constrangida por muito tempo. Convidou-a para caminhar pela loja, mostrando algumas roupas que julgava cair bem nela. Com muita conversa, Quitéria ofereceu uma quantidade grande de roupas, deixando a ruiva com uma pilha razoável de roupas para provar.
Com Rafaela ocupada no provador, ela voltou as atenções ao mecânico, que, por nunca frequentar lojas de roupas femininas, olhava perdido para as fotos de Quitéria espalhadas pelo ambiente.
— Que tal fazer uma surpresa e comprar algo para ela? Tenho coisas que ainda não disponibilizei na loja e posso fazer um desconto para vocês. O que acha?
A proposta deixou Rodolfo confuso, mas Quitéria o segurou pela mão e o conduziu. Não foram para o provador, mas para uma sala nos fundos da loja. Era um escritório pequeno, mas tinha um sofá no canto, onde Rodolfo se sentou. Quitéria saiu, voltando rapidamente com um pacote na mão.
— Essa lingerie é um desenho novo meu. Ainda não estou vendendo, então ela terá uma peça exclusiva.
Rodolfo segurou a embalagem, confuso.
— Será que esse é do tamanho dela?
— Sim, ela tem o quadril bem largo, mas já tenho bastante experiência e identifico o tamanho de uma mulher só de olhar.
O mecânico olhou para a embalagem e depois para Quitéria. Ficou um tempo ameaçando falar algo até que finalmente tomou coragem.
— Tem fotos suas com essa peça?
— Como é? — perguntou Quitéria, fingindo não entender.
— Eu não entendo dessas coisas. Queria saber como ficaria nela e vi que tem muitas fotos suas, com as roupas que vende.
Quitéria olhou para ele, pensativa.
— Bom, não fiz o ensaio dessa coleção ainda, mas posso te ajudar.
Quitéria tirou o vestido, exibindo uma calcinha caleçon, rendada e um sutiã sem alças. O contraste de cores valorizava ainda mais suas curvas. A preta tinha coxas grossas e um largo quadril. O abdômen seco deixava sua cintura marcada, evidenciando ainda mais a silhueta. O sutiã abraçava os seios fartos. Rodolfo estava boquiaberto.
— Nas fotos, a gente tem uma iluminação ideal para mostrar melhor como a roupa fica no corpo. Acho que, mesmo assim, me olhar vestindo deve te ajudar.
— Ajuda muito — disse Rodolfo, com um sorriso malicioso no rosto — será que posso ver como fica atrás? Claro, se isso não foi incômodo. — perguntou Rodolfo.
— Não me incomoda, não. Também sou modelo e estou acostumada. — respondeu Quitéria ao se virar de costas. As laterais largas faziam a calcinha cobrir quase todo o bumbum, deixando uma pequena parte exposta. Os detalhes rendados formavam um desenho que realçava o volume do bumbum. Ela empinou levemente o quadril enquanto ajeitava a calcinha com os dedos. — Quero que tenha certeza de que é uma calcinha bem sexy. — completou.
— É muito sexy — disse Rodolfo, com um sorriso bobo no rosto.
— Tem mais — disse ela, se aproximando dele — essa renda é muito delicada e cria uma textura macia.
Quitéria segurou a mão de Rodolfo e levou ao seu quadril. Ele sentiu de fato a textura macia do tecido, mas logo percorreu a mão pelas coxas. Um sorriso brotou no rosto de Quitéria e, quanto ela sentiu aquelas mãos quererem envolver seu corpo, ela virou de costas.
— Pode encostar à vontade — provocou, ao empinar sutilmente o bumbum.
— Estou cogitando comprar roupas aqui todos os dias — disse Rodolfo.
— Eu não deixo nenhum cliente tocar em mim, fique sabendo. É só com você. Pode tocar e apertar o quanto quiser.
As mãos de Rodolfo já deslizavam por dentro da calcinha para lhe apertar a bunda diretamente.
— Está gostando do atendimento? — provocou Quitéria.
— Muito!
— Então, vai levar a minha calcinha?
Rodolfo entendeu a provocação de Quitéria, puxando sua calcinha até os tornozelos. Ela sentiu as mãos lhe abrirem as nádegas e ela facilitou, ajeitando as pernas. A respiração dele aqueceu sua intimidade enquanto a barba rala arranhava sua pele mais sensível. Uma língua macia e úmida investigava sua intimidade e Quitéria tampou a boca para não gemer.
Estendendo uma das mãos para trás, Quitéria segurou Rodolfo pelos cabelos, o puxando contra si. Da boceta às pregas, aquele homem a chupava por inteira. Rebolava discretamente, ajudando aquela língua a alcançar lugares mais prazerosos do seu corpo. Levou dedos ao grelo e mexeu no mesmo lento ritmo em que aquela língua lhe explorava. Quitéria gozou na boca de Rodolfo, mas não pararia.
Disposta a retribuir, Quitéria se ajoelhou entre as pernas de Rodolfo. Abriu sua calça e abocanhou-lhe o pau com desespero. — Delícia de pau — disse ela. Ávida por chupar aquele homem, fez Rodolfo gemer com as mãos na boca para não fazer barulho. Seus movimentos de vai e vem com a boca macia contorciam aquele corpo musculoso. Sentia aquele homem ficar desesperado, preste a gozar, e então interrompeu.
Montou em cima dele, alinhou o pau à boceta e sentou devagar, sentindo a grossura daquele homem lhe preencher. Os dois gemeram juntos, se esquecendo de tampar a boca. Riram da própria indiscrição, sem se importar se Rafaela os ouviria. Quitéria balançou seu quadril com vigor, batendo seu corpo forte contra Rodolfo. O sofá batia forte contra a parede nos movimentos ininterruptos dela. Ela o fodeu o quanto quis.
Saindo de cima dele, se pôs de quatro no sofá. — Agora me fode — pediu. Rodolfo se colocou atrás dela e meteu tudo em um único movimento. Arrancando um gemido de Quitéria.
— Me fode com força, Rodolfo! — implorou Quitéria. O mecânico atendeu ao pedido, metendo na boceta dela com força. Movimentos firmes e contundentes chocavam seu quadril à bunda dela, assim como o sofá à parede. Quitéria segura ao encosto do sofá com força para resistir às estocadas firmes contra seu corpo.
— Isso, porra. Mete igual ao homem. — exigia Quitéria. Rodolfo pôs ainda mais intensidade nos movimentos, fodendo aquela mulher com tudo de si. Não levaria muito tempo para ele gozar. Enquanto ele a agarrava por trás, com o corpo tremendo, Quitéria acelerava os dedos no seu grelo, evocando o próprio orgasmo.
Os dois não tinham tempo para ficarem ali e se vestiram rápido. Quando Rafaela terminou de provar todas as roupas, já estavam de volta à loja conversando. Rodolfo mostrou à namorada a lingerie que queria lhe dar de presente. A ruiva segurou a embalagem com dois dedos, num gesto de nojo, e jogou a embalagem no chão. — Acha mesmo que iria usar uma coisa dessas? — debochou.
Rafaela revoltou todas as roupas que levou ao provador. — Me desculpa, querida, experimentei tudo, mas não vi nada de bom gosto aqui. É você mesma que desenha as peças, não é? Que pena. Pensei até em fazer um vídeo sobre essa loja, mas não consigo tirar nada de bom daqui. — disse.
— É uma pena. Espero que mudem de ideia e voltem logo. — disse Quitéria com um sorriso no rosto, apesar de tudo que havia ouvido.
Rafaela saiu da loja como entrou, de braços dados com Rodolfo. Exibia um sorriso vitorioso, de quem esfregara na cara dela seu relacionamento, além de humilhá-la em sua própria loja. Quitéria sorria, já que, após anos, finalmente sentou no pau de Rodolfo. O mecânico sorria de orelha a orelha, pensando em Michele e Quitéria e sentindo-se no paraíso.