Alice estava sentada à mesa da cozinha, o teste de gravidez à sua frente como um símbolo inescapável do caos em que sua vida havia se transformado. O nome de Alberto ecoava em sua mente, mas era o rosto de Marcos que fazia seu coração apertar. O que diria a ele? Como contar que estava grávida de outro homem?
Nas últimas semanas, Alice havia se afastado de Marcos. Evitava os encontros e, quando estavam juntos, a chama que antes ardia entre eles parecia reduzida a cinzas. Ele notou, claro. Marcos sempre foi perspicaz.
— Você tá diferente, Alice — ele disse numa das poucas vezes em que conseguiu convencê-la a sair. — Tá acontecendo alguma coisa?
Ela desviou o olhar, murmurando algo sobre estar ocupada com os estudos. Mas ele sabia que era mais do que isso. A conexão que tinham não se apagava facilmente, e o silêncio dela era ensurdecedor.
A chegada de Júlia, sua prima de Riachão do Jacuípe, trouxe um pouco de luz ao turbilhão de pensamentos de Alice. Júlia era prática e direta, e não demorou a arrancar a verdade da prima.
— Você precisa contar pra ele, Alice. Ele te ama, e você não pode carregar isso sozinha.
Depois de muita hesitação, Alice decidiu enfrentar a situação. Chamou Marcos para ir até seu apartamento, e ele apareceu com a mesma expressão preocupada que vinha exibindo ultimamente. Sentaram-se no sofá, e ela começou a falar, as palavras saindo como um fluxo descontrolado.
— Marcos, eu preciso te contar uma coisa... Eu tô grávida. Mas o filho é do Alberto.
O silêncio que se seguiu foi pesado. Marcos olhou para ela, o rosto uma mistura de dor e incredulidade. Ele passou as mãos no rosto, tentando absorver o impacto da revelação.
— E você ainda me quer? — ele perguntou, a voz baixa, mas firme.
Alice sentiu as lágrimas encherem seus olhos enquanto assentia.
— Sim. Eu quero você, Marcos.
Ele se levantou, respirando fundo, e a fitou de cima. Por um instante, ela temeu que ele fosse embora. Mas, em vez disso, ele abaixou lentamente a bermuda e a cueca, expondo-se diante dela com uma intensidade que fazia o ar do quarto parecer mais quente.
Sem dizer uma palavra, ele se aproximou, guiando o rosto dela com suavidade, mas sem hesitação. O gesto era ao mesmo tempo possessivo e carinhoso, carregado de desejo e um toque de desafio. Quando o momento terminou, Alice limpou o rosto com as mãos, um sorriso ligeiramente provocador surgindo em seus lábios.
Marcos a olhou, sério, mas com um brilho inconfundível nos olhos.
— Eu sou seu, Alice, contanto que você seja minha.
Ela assentiu, sabendo que, apesar de tudo, Marcos continuava sendo o centro do mundo dela. No fundo, compreendeu que o amor que compartilhavam era forte o suficiente para suportar até mesmo a tempestade mais difícil.