Europa

Da série Amizade do peito
Um conto erótico de Alberto Sousa
Categoria: Heterossexual
Contém 421 palavras
Data: 19/12/2024 20:06:52

A decisão de Júlia foi recebida com um misto de tristeza e compreensão por Luís. A proposta de trabalho em Dublin era irrecusável, e ele sabia que era a oportunidade da vida dela. Ainda assim, não pôde evitar o aperto no peito ao imaginar a distância. Ele apoiou a amiga sem hesitar, escondendo sua dor atrás de um sorriso encorajador.

Os primeiros dias após a partida de Júlia foram difíceis para Luís. Salvador parecia vazia sem a presença dela. Ele sentia falta das tardes de risadas, das noites cheias de conversas e do calor dos momentos mais íntimos que compartilhavam. Por outro lado, Júlia também sentia o vazio. As ruas de Dublin, embora cheias de novidades, não preenchiam a saudade que ela carregava.

Mantinham contato constante pelo WhatsApp. No início, as mensagens eram longas e detalhadas, cheias de relatos sobre o dia a dia, lembranças e palavras de carinho. Mas, com o tempo, o tom começou a mudar. A distância, ao invés de apagar o desejo entre eles, parecia alimentá-lo.

Uma noite, depois de algumas trocas de mensagens mais íntimas, Júlia tomou a iniciativa. Enviou a Luís um vídeo gravado no calor do momento, a câmera captando os contornos do desejo em seu corpo, acompanhados por sussurros que revelavam o quanto pensava nele. Luís ficou sem palavras. Assistiu ao vídeo mais de uma vez, sentindo uma mistura de excitação e saudade.

Em resposta, ele gravou algo para ela. Mostrou-se vulnerável, entregue ao desejo que Júlia provocava, sussurrando seu nome enquanto seus movimentos revelavam o quanto ela ainda o afetava. Quando ela recebeu, mordeu o lábio, o coração acelerado, sentindo-se mais próxima dele, mesmo a milhares de quilômetros de distância.

Essas trocas tornaram-se frequentes. Era a forma que encontraram de manter viva a chama que existia entre eles. Júlia, em sua cama na Irlanda, imaginava as mãos de Luís tocando-a como tantas vezes fizeram. Luís, em Salvador, via nas imagens dela a lembrança de cada momento que haviam vivido juntos: as tardes nas praias, as noites compartilhadas, o calor dos corpos entrelaçados.

— Quando vamos nos ver de novo? — ele perguntou certa vez, em uma chamada de vídeo.

— Logo, espero — ela respondeu, o olhar carregado de saudade. — Mas, até lá, vamos continuar assim. Quero você comigo, mesmo de longe.

A distância era cruel, mas cada vídeo, cada palavra, cada suspiro compartilhado pela tela mantinha vivo o desejo e o amor que sentiam um pelo outro. Ambos sabiam que, no próximo encontro, todo o tempo separados desapareceria no instante em que se tocassem novamente.

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