Júlia voltou ao Brasil em fevereiro, de férias, e Luís a esperava no aeroporto com o coração disparado. Quando ela surgiu entre os passageiros, não houve palavras: os dois se abraçaram como se a distância tivesse durado décadas. Ele sentiu o perfume que tanto amava, e ela reconheceu o calor do toque dele.
Logo partiram para Imbassaí, no Litoral Norte, onde haviam alugado um pequeno sítio isolado. A viagem foi repleta de conversas, risos e olhares que diziam mais do que qualquer palavra. Ao chegarem, a saudade acumulada explodiu em um instante inevitável. Mal fecharam a porta, e os corpos já estavam colados, as bocas buscando o tempo perdido.
O quarto do sítio tornou-se um santuário para os dois. Luís explorava cada centímetro de Júlia como se fosse a última vez, suas mãos e lábios redescobrindo cada detalhe que ele tanto amava. Júlia, por sua vez, entregava-se completamente, guiando-o com suspiros e gemidos, enquanto sentia o desejo dele invadir todos os seus sentidos.
A noite parecia interminável. Eles se moviam juntos como se tivessem nascido para aquilo, para a fusão de seus corpos e almas. O prazer era tão intenso que os fazia esquecer de tudo: da distância, do tempo, da vida além daquele momento. Quando o corpo de ambos não respondia mais, exaustos, deitavam-se lado a lado, sorrisos saciados iluminando o rosto.
Os dias em Imbassaí foram um misto de paixão e cumplicidade. Caminhavam pelas praias de mãos dadas, riam como adolescentes e se amavam sob o som das ondas, onde ninguém os via. Durante as tardes, descansavam em uma rede compartilhada, trocando carícias preguiçosas enquanto falavam sobre tudo e nada.
Quando o Carnaval chegou, Salvador os chamou de volta para a folia. Entre blocos e trios elétricos, dançaram, beberam e se perderam na energia da cidade que sempre fora deles. Mas a euforia escondia uma sombra: os dois sabiam que os dias juntos estavam contados.
Na última noite, sentados na varanda do sítio, decidiram enfrentar o inevitável. Júlia segurou a mão de Luís, com os olhos marejados.
— Eu te amo. Mas você sabe que... isso... não pode continuar.
Ele assentiu, mesmo que cada fibra do seu corpo quisesse gritar o contrário.
— Eu sei. A gente tem sonhos diferentes. Você tem sua vida lá, e eu a minha aqui.
O silêncio pesou por um instante, mas ela o quebrou com um sorriso triste.
— Vamos prometer que a amizade vai sobreviver? Que o desejo não vai destruir o que a gente construiu?
Luís respirou fundo, encarando-a.
— Prometo. Eu faria qualquer coisa por você.
Eles se beijaram pela última vez naquela noite, um beijo carregado de tudo o que sentiam: amor, saudade, e a dor de um adeus.
Na manhã seguinte, despediram-se com um longo abraço. Júlia partiu para Dublin, levando com ela as lembranças de dias inesquecíveis. Luís ficou em Salvador, determinado a preservar a promessa que haviam feito.
Mesmo à distância, mantiveram o contato. Mas, desta vez, limitaram as conversas ao carinho e à amizade. Ambos sabiam que esquecer o desejo não seria fácil, mas também sabiam que o vínculo entre eles era forte o suficiente para resistir a isso.
E assim, entre continentes e saudades, Júlia e Luís seguiram suas vidas, carregando no peito a certeza de que viveram algo único, algo que, mesmo à distância, jamais seria esquecido.