Uma Experiência Maravilhosa

Um conto erótico de Lore <3
Categoria: Lésbicas
Contém 2341 palavras
Data: 22/01/2025 22:32:17

Pela primeira vez, resolvemos soltar o Brad na praia. Em Salvador, não conseguimos encontrar um dia bom e com poucas pessoas para deixá-lo livre.

Achei bonitinho a Júlia conversando como se o cachorro a entendesse o caminho inteiro. Ela segurou a cara dele e disse: — Não ouse fugir, entendeu? A gente não vai conseguir ser tão feliz como somos sem você aqui. — E deu um beijo antes de ir soltando aos poucos a guia, assim que pisamos na areia. Quando soltou completamente, ele circulou em volta de nós e sentou ao lado de Juh.

— Ué??? — Kaique questionou, sem entender a atitude.

— Talvez, se a gente correr, ele venha atrás... — sugeriu Milena.

E assim eles fizeram, tentando instigar o doguinho, mas ele parecia estar muito bem, obrigado, com a língua para fora, curtindo o ventinho que batia.

— Esse cachorro veio com defeito, namoral — disse meu irmão, rindo.

— Ele é sempre tão agitado em casa, eu estou estranhando... — falou minha irmã, desconfiada.

Nós andamos um pouco e o Brad nos seguiu tranquilamente. Mih e Kaká desistiram de tentar fazê-lo correr e foram brincar, enquanto nós encontramos um lugar sossegado com redes e começamos a beber por ali. Após algum tempo, Juh se juntou às crianças que já estavam no mar. Ela partiu rapidamente e, sem que ninguém esperasse, nosso cachorro a acompanhou e até a ultrapassou.

— Rapaz, esse seu cachorro quer te talaricar — brincou Loren, e eu ri.

Eles ficaram um bom tempo na água e depois correram bastante na areia. Como ninguém ali conhece limites quando estão se divertindo, fiquei com a parte chata de intervir, pelo menos para que se hidratassem. Felizmente, resolveram almoçar e, enquanto eu colocava mais água para o safado do Brad, ele achou legal tomar o meu lugar na rede.

— Poxa, aí é sacanagem... É maluco pela minha mulher, toma conta dos meus filhos e ainda rouba meu lugar de descanso... É demais para mim! — brinquei, e enquanto o pessoal ria, o chamei para que viesse se alimentar.

Essa ocasião foi bem divertida e só reforçou a minha concepção de que Brad é fissurado na minha esposa... Mas não tinha como julgá-lo. Eu também sou e acho inevitável não se encantar com a pessoa que ela é.

Estávamos prestes a retornar para Salvador quando começou uma conversa sobre passagem para Lençóis (a primeira cidade da região da Chapada Diamantina que combinamos de ir). O que eu não estava entendendo era: para que passagem, se íamos de carro, que é obviamente mais rápido?

Lorenzo estava em ligação com Sarah, falando sobre um ônibus, e eu resolvi questionar Loren, que se encontrava próximo a ele.

— Que passagem é essa, se a gente vai de carro? — perguntei.

— Não vamos de carro, não. Iremos de ônibus. — ela me respondeu como se fosse óbvio.

— Vocês estão malucos, só pode... — falei, e meu irmão me olhou sem entender.

— Ué, por quê? Ahhhh, bora... PELA EXPERIÊNCIA! Vai ser bem mais divertido assim... — disse minha irmã, me balançando pelo braço.

— Vocês querem transformar uma viagem que eu faria em cinco horas em uma de quase sete? Isso, para mim, é burrice — falei, me desvencilhando dela.

Nesse momento, Júlia apareceu, e as crianças também.

Aquilo estava me estressando muito. Eu odeio complicar coisas que podem ser resolvidas de formas mais simples. Oito pessoas e três carros disponíveis. Preferir ir de ônibus e colocar mais duas horas de percurso não faz sentido para mim.

— Lorenzo, isso aí não existe! — tentei, já que ele estava resolvendo tudo.

— Ah, Lore... Vai ser legal, os meninos vão curtir... Não vão??? — ele desviou o olhar de mim e o direcionou aos meus filhos, que confirmaram, se aproximando bem animados e pedindo para irem de ônibus, por nunca terem feito uma viagem longa assim.

Eu fuzilei meu irmão com o olhar. Ele fez de propósito.

— Calma, que vocês sabem que não é assim que funciona. Deixa a gente resolver primeiro o que é melhor e depois a gente conversa, ok? — falei, e senti a reação triste imediata dos dois.

— Por que vocês não vão brincar um pouco lá fora? — sugeriu Juh, e eles foram.

— O que você acha disso? — perguntei para ela.

— Amor... Creio que você está se estressando à toa, de verdade... É só um detalhe. O que são duas horas? — Júlia respondeu, me abraçando.

— Tá bom, então. Vocês decidem... O que quiserem fazer, está feito. — falei, totalmente contrariada, e eles sabiam disso.

Acredito que já era uma decisão tomada. Não ia adiantar eu ficar argumentando com quem não queria me escutar. Apesar de respeitar o posicionamento de cada um, achei, e ainda acho, um posicionamento burro!

Fui para o quarto terminar de organizar as minhas roupas e coloquei as malas na varanda. A gente ia para casa, fazendo aquele longo percurso e, agora, nos dirigir à rodoviária.

Enquanto fazia isso, me veio outro estresse à mente: a rodoviária de Salvador é horrível para transitar. Nesse altura do campeonato, eu só conseguia pensar: "Puta que pariu, onde eu fui me meter?"

Júlia pediu para as crianças irem com meus irmãos na lancha da frente. Imaginei que ela ia querer conversar sobre o assunto, e foi o que aconteceu.

— Amoooor, você está brava comigo, é? — ela perguntou, recostando-se de leve sobre o meu braço.

— Não, amor, não estou brava com ninguém... — expliquei, e isso realmente era verdade.

— E por que não tá falando comigo? — Juh continuou o questionamento.

— Isso não é verdade. Eu estou irritada com tudo que rolou, que poderia ser evitado. E ficar em silêncio é meu jeito de tentar digeri-la. Para mim, não existe isso de ficar sem se falar, ainda mais com você, e você sabe disso. Isso nunca. — fiz questão de deixar claro e dei um beijo rápido na cabeça dela. Juh levantou o rosto, pedindo um selinho. Eu consegui dar uns três antes de voltar a minha atenção para o mar, que estava belíssimo.

— Que beijo feio — ela falou, rindo, porque é o que sempre digo quando ela está saindo do estado de irritação e a gente se beija. Sempre é algo xoxo. Aí eu brinco, e a gente ri. Só que dessa vez foi ao contrário.

Quando nós chegamos em casa e fizemos de tudo para ser bem rapidinho, peguei meu fone e fomos de Uber para o temido terminal rodoviário. Acho que junho e dezembro são os piores meses para estar ali. Há uma grande movimentação da capital para os interiores, gente indo e voltando. Mas, já que meus queridos irmãos, minha esposa e até meus filhos assim quiseram, nós iríamos desfrutar dessa experiência maravilhosa por quase sete horas. Mas o que são apenas mais duas horas a mais, não é mesmo?!

(Escrevendo e coringando, porque, para mim, até hoje foi uma decisão surreal. PQP! 🤣)

Era para ser uma viagem tranquila, para relaxar, aproveitar as belezas naturais, recarregar as energias para voltar animada e meter marcha na clínica. Eu tinha novas ideias e queria pôr no papel para melhor organização e colocá-las em prática o mais rápido possível. Também queria ajeitar minha agenda para as palestras e voltar a caçar os picaretas da cidade. Porém... Havia começado mal, me estressei de verdade, e quando encontrei novamente com meus irmãos, foi terrível. O clima não estava legal, estava pesado, pelo menos ao meu ver.

Os dois estavam claramente prendendo o riso. É muito difícil me tirar do sério dessa maneira, mas é um esporte que eles gostam de praticar, e quando conseguem triunfar, ficam como se estivessem com medo de expressar a satisfação e eu reagir do meu jeitinho para cima deles.

Sarah e Victor finalmente chegaram, e nós enfrentamos a nossa realidade, que era aquela multidão. Mesmo comprando as passagens antes, pegamos muita fila no embarque, e aquilo só foi o início do caos.

— Que experiência maravilhosa, não é, amor?! — falei, em tom irônico.

— Amoooor... Não começa! — ela me alertou para não procurar conflito com Loren e Lorenzo.

Percebi que Kaká estava me segurando com as duas mãos e todo desconfiado, olhando para o lado e para o outro. E quando a gente parava, ele me abraçava, como se eu fosse fugir. De início, acreditei que era nervosismo, mas, enquanto lentamente a fila progredia, o comportamento continuava.

— Tá tudo bem, filho? Tá sentindo alguma coisa? — perguntei.

— Mih disse que as pessoas sequestram as crianças aqui e levam embora. — ele me respondeu.

— O vovô quem disse. — Milena se explicou quando olhei para ela.

Provavelmente, Sr. José falou mesmo. Ele gosta de assistir jornais e sempre alerta as crianças para ficarem atentas e tomarem cuidado.

— Ninguém vai tirar meus filhinhos de mim. Caso contrário, vão ter que se ver comigo! — tentei aliviar o clima, e funcionou, porque meu filho riu e foi ficando mais leve.

Enfim, adentramos ao ônibus, que atrasou 30 minutos, sabe-se lá por quê. Pelo número da poltrona, Milena ficaria com a janela e Kaique com o corredor, mas eles bateram par ou ímpar porque decidiram intercalar. Kaká venceu e iniciou o percurso lá, só que ficou enjoado, e Juh ficou com ele até que melhorasse. Na verdade, até que os dois dormissem, pelo menos seria uma viagem noturna, e eles poderiam descansar.

Coloquei o fone no máximo em uma playlist de rock, fechei os olhos e permaneci no meu mundinho por um bom tempo. Não consegui adormecer, e algo me incomodava muito: a velocidade do veículo.

Estava bem lento, e eu fiquei tentando observar se alguém havia notado também. Porém, todos pareciam tranquilos. Juh tinha retornado, e eu nem percebi. Quando a vi, abaixei o fone para o pescoço, e ela tinha uma expressão um pouco chateada.

— O que foi, gatinha? — perguntei.

— Não gosto quando vocês brigam. — ela respondeu, se referindo aos meus irmãos, ao mesmo tempo em que sentava no meu colo.

— Nós brigando o tempo inteiro... — justifiquei, mesmo entendendo ao que ela se referia.

— Não assim, vocês brincam de brigar, mas não brigam... — ela explicou, e eu envolvi meus braços em sua cintura, abraçando forte.

— A gente não brigou, vai ficar tudo bem... Confia em mim! — garanti, e dei um beijinho nela.

— Amanhã você vai pedir desculpas para eles. — Juh afirmou, cruzando os braços.

— Não vou, não! — falei, rindo.

— Mas, amooor, essa viagem tem que ser legal. Se vocês ficarem desse jeito, nossa única lembrança vai ser triste. — ela disse, visivelmente chateada.

— Conheço meus irmãos e me conheço, não vai chegar nesse extremo. Quando você menos esperar, vai estar tudo bem. — confirmei.

Passei uma das mãos pelos seus cachinhos, fazendo carinho, e suspendi a sua face. Puxei o rosto para mim e dei um beijo. Depois, ela apoiou o rosto sobre o meu peito, e ficamos assim por algum tempo.

— Sabia que tá sendo a melhor parte do meu dia? — perguntei.

— Acho que era para eu ter feito isso antes, não era? — ela perguntou, mas não me deixou responder. Nos beijamos novamente.

A gente ficou fazendo carinho uma na outra, e novamente voltei a atenção para a velocidade do ônibus.

— Acho que não teremos só duas horas a mais, não, viu?! — falei, e foi então que Juh notou, e concluímos que aquilo estava estranho.

Um pouco de tempo depois, o ônibus parou em um autoposto e nos avisaram que havia quebrado no meio do percurso (duvido muito), mas que outro já estava a caminho para o nosso destino.

Descemos e sentamos em uma mesa. Aproveitei para comprar um suco para a gente, estava bem quente.

Quando voltei, Juh, Sarah e Mih foram usar o sanitário, e Victor levou Kaká para fazer o mesmo. Loren e Lorenzo estavam putos pelo ocorrido, e isso me divertiu. Eles me olhavam ainda como se quisessem rir de mim, pelo meu estresse. Se entreolhavam e mordiam os lábios.

— Quero que vocês dois vão se fuder! — falei, mas de um jeito divertido, e eles explodiram em risadas.

— Porra, esse ônibus só quebrou porque você ficou jogando praga, tenho certeza — disse Lorenzo.

— Comigo dentro dele ou não, quebraria... Porém, se estivéssemos de carro, não nos afetaria — falei, convencida.

— Sua energia pesada ajudou, com certeza — concluiu Loren.

E ficamos assim, culpando um ao outro e rindo da situação. Quando todos voltaram, ficaram sem entender.

— Eles que são irmãos, eles que se resolvam — Sarah disse, rindo.

— Que família estranha a gente foi se meter — falou Victor, também rindo.

— Ebaaaa, finalmente! Eu não aguentava mais vocês calados e mal-humorados!!! — comemorou Juh.

— Victor e Sarah também... — ia perguntando, mas eles entenderam e balançaram a cabeça afirmando. Meus cunhados também estavam trabalhando nos ouvidos deles dois.

— Conta como foi, você pediu desculpas? — Juh perguntou.

— Não!!! — neguei firmemente.

— Ahhhh, você ia pedir desculpas??? Que coisa fofa! — zoou Loren. Ela sabia que eu não pediria.

— Cunhadinha, você tem a senha, viu?! Seria um feito raro! — falou Lorenzo.

— Eu não ia pedir porque não estou errada! — disse, convencida.

— Agora eu quero um discurso, Lore! — disse Sarah, entrando na brincadeira deles.

Eu bati o celular na garrafa de água, como se estivesse pedindo silêncio, e fui para o meio dos meus irmãos.

— Pera, eu vou gravar, quero ter esse momento registrado — falou Victor, e eu dei o tempo necessário. Eu também queria esse vídeo.

— Gostaria de esclarecer que não estou pedindo desculpas — aaaaah... — eles lamentaram, e eu continuei — pois acredito que minha posição foi fundamentada em um entendimento legítimo do contexto e da situação. Minha discordância em relação à decisão tomada reflete uma visão diferente, mas isso não implica em um erro de minha parte. Entendo e respeito a decisão burra de vocês, mas acredito que a discussão e a troca de pontos de vista são fundamentais para a melhoria de qualquer processo. Porém... Gostaria de agradecer aos meus irmãos, minha mulher e meus filhos PELA EXPERIÊNCIA MARAVILHOSA QUE ESTOU TENDO!!!! — E rimos muito.

O outro ônibus chegou e nós tivemos um trajeto tranquilo até Lençóis. Dormimos o dia inteiro, mas conseguimos aproveitar algumas coisas à tarde. O bordão da viagem virou elogiar a experiência daqueles dias em tom irônico. Felizmente, o estresse e a irritação foram deixados para trás, e nós curtimos muito cada lugar.

PS: Brad ficou em Salvador, em uma CRECHE PARA CACHORROS 😂

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Foto de perfil de Lore Lore Contos: 87Seguidores: 34Seguindo: 4Mensagem Bem-vindos(as) ao meu cantinho especial, onde compartilho minha história de amor real e intensa! ❤️‍🔥

Comentários

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O título desse conta é uma ironia então?

Tem um trecho que lembrou minha prima, ela sempre fala quando algo nao da certo que foi pensamento negativo, olho gordo, etc.

Ela também diria que foi bom ter ido de ônibus pois poderia ter acontecido algo se tivesse ido de carro .

Nessa situação, eu TB prefiro o carro, mas eu acho que o importante foi ter visitado a chapada, e o mais importante ainda estar na companhia de pessoas q vc ama.

Chapada Diamantina é um dos lugares q não conheço , mas que pretendo ir um dia.

Obrigado por dividir suas histórias conosco.

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Siiim, eu sou bem ruim com títulos, mas os que consigo fazer um trocadilho, usar a ironia ou causar uma quebra de expectativa no modo positivo são meus preferidos 😅

Segundo minha irmã, meus chácaras não estavam alinhados o suficiente para fazer esse percurso, agora veja 🤌🏽🤷🏽‍♀️🤣🤣🤣

Eu ia responder sua prima assim: "aconteceu algo justamente indo de ônibus 😫" 😂😂😂😂😂

A região inteira é muito bela e estar lá em família foi muito especial. Nós implicamos um com o outro, porém, nos amamos muito e ainda teve uma surpresa nessa viagem que deixou tudo mais incrível 😍

É um ótimo lugar para ir relaxar, se divertir e se reconectar. Assim que puder, vá, só prepare o bolso porque lá você respira e tem que pagar uma taxa 😂

Estou aqui escrevendo o próximo capítulo e rindo porque foi uma EXPERIÊNCIA MARAVILHOSA 😌❤️

Eu quem agradeço,Ryu, por você permanecer por aqui e comentar. Muito obrigada! 😘

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Kkkkk

O que posso dizer...tudo vale pela experiência. Vcs pelo menos estão rindo disso. Se fosse de carro seria apenas um trajeto de uma viagem...não lembrariam a ponto de inclusive fazer um conto sobre isso!!!

Não estou tomando lado...sou libriano convicto!!! Kkk

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Você tem um ponto, Manfi 🧐😂

É legal recordar e rir lembrando dessa experiência maravilhosa! 🤌🏽

O que poderia ser resumido em uma linha com: "fizemos uma viagem tranquila" virou um conto inteiro com 2341 palavras... Pelo menos virou história para contar! 😂

Não sei muita coisa sobre signos, sou de escorpião 🦂

Muito obrigada por acompanhar e pelo seu comentário! 😘

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Lore encheu o saco com isso de experiência maravilhosa 😂😂😂😂

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Ai, amor, eu adorei fazer uma viagem de 5h em quase 10h, foi uma experiência maravilhosa 😂😍

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